História Amizade: O Maior Amor - Segunda Temporada - Especial Lukyan

Especial Lukyan

Yan nunca se sentiu tão pequeno quanto naquele dia. Entrou no grande corredor da escola e observou os grupos de alunos conversando. Achou que era o momento certo para passar pelo corredor sem chamar a atenção, afinal ele era o novato.

Seu plano falhou miseravelmente. Foi só dar o primeiro passo que a conversa diminuiu de volume. Alguns grupos ainda fingiam estar conversando, outros nem tentaram disfarçar. Yan sentiu seu rosto esquentar, a vermelhidão tomar conta e tomou a decisão que mudaria sua vida.

Ergueu a cabeça, abriu um sorriso e andou até a sala do diretor como quem passava por uma passarela. Não era de seu feitio sentir vergonha. Lhe atraía muito mais a ideia de ser o centro das atenções. A calça jeans Abercrombie, a camisa  Pólo, o tênis Nike de cano alto e a mochila da Hollister visivelmente cara, definitivamente, não passariam em branco naquela escola onde o dinheiro era parâmetro para amizade.

A verdade é que Yan tinha pais muito ricos. Desde muito pequeno foi acostumado com roupas e sapatos caros. Apesar disso, não era esnobe.

Parou em frente a sala do diretor, abriu a porta e deu de cara com ele. Luke estava apoiado na mesa, tinha os braços cruzados e uma expressão animada no rosto. A tara de Yan por militares chegou a um novo nível naquele momento. Luke notou o novo aluno e se remexeu desconfortável com o olhar luxurioso que recebia. As alunas o olhavam daquele jeito sempre que passava pelos corredores da escola, receber esse olhar de um aluno, um garoto, era a  novidade ali.

Analisou o perfil do garoto, suas roupas de marca, sua pose prepotente e percebeu que teria problemas. Apesar disso, durante os primeiros dias, Yan não passou dos olhares maliciosos.

Apesar de chamar a atenção das garotas da escola, Yan não andava com os jogadores de futebol populares. Preferiu estar com seus novos amigos, principalmente depois de descobrir por si só que Renan e Bernardo eram namorados. Havia se encontrado no meio daqueles garotos. E neles sentia uma confiança como se se conhecessem a muito mais tempo. Por isso eles foram os primeiros a saber da atração que que o garoto nutriu por Luke. E Yan não ficou surpreso quando soube da namorada do inspetor. Era impossível que alguém como ele não tivesse alguém.

Mas outra coisa que não combinava com o perfil de Yan era desistir. Até porque Luke ficava mexido com os olhares, mesmo que negasse até a morte.  Depois de um tempo, os olhares não eram mais suficientes. Ele queria estar perto de Luke, queria tocá - lo.

Armou o plano perfeito, e conseguiu sua primeira advertência. Não que ele se importasse com isso. Ter as mãos fortes de Luke em si foi o melhor daquele dia. Desenhou na porta da sala de aula e levou a segunda advertência. A terceira veio quando explodiu uma bomba fedorenta dentro do vestiário do time de futebol.

- Eu deveria ter imaginado que o plano era esse - Luke entrou na sala da detenção e não se surpreendeu por ver só Yan ali - três advertências geram detenção automática. O que você quer comigo afinal?

- Eu quero você - Yan respondeu se levantando da mesa e indo até o inspetor. Luke fugia de Yan como o rato foge do gato, andava de costas e não percebeu a mesa atrás de si. Não havia mais para onde ir - E você me quer - o garoto sussurrou na nuca de Luke, fazendo um arrepio nascer ali.

- Não, eu não quero - Luke beirava ao desespero, principalmente quando sentiu as mãos atrevidas do garoto passearem em sua cintura e a boca do adolescente deu um selinho na pele exposta do pescoço do militar. Luke tentou empurrar o corpo do aluno para longe de si, mas como ímã suas mãos se dirigiram para os bolsos traseiros da calça jeans do garoto.

“Essa calça apertada, que marca cada pedacinho da bunda desse garoto. Maldita calça!” passou pela cabeça de Luke antes que ele pudesse renegar tais pensamentos. Apertou a região e escutou Yan soltar um gemido arrastado contra a pele de seu pescoço.

E, infelizmente, isso o fez voltar a realidade.

- Yan Parker, não toca mais em mim - esbravejou empurrando para longe o corpo do aluno - cada vez tenho mais impressão de que seus pais não souberam te dar limites. Se eles não fizeram, me deixa ajudar: Eu tenho uma namorada. Pode tentar o quanto quiser, mas não vai chegar a ser metade do que ela é na minha vida.

Yan manteve um sorriso presunçoso até o fim do que desabafo de Luke. No fim, apenas pegou sua mochila e foi embora da detenção. Luke tinha raiva de si mesmo por permanecer olhando o movimento dos quadris do garoto até que ele desaparecesse pela porta.

Depois daquele encontro, Yan alimentou uma esperança de um dia conquistar Luke. E mesmo abalado com as palavras do inspetor, vestiu um sorriso superior.

Já Luke, após o episódio da detenção, se masturbou como nunca antes, pensando no que aconteceria se ele houvesse cedido.

*****

Luke resistiu firme a quase dois anos de provocações. Estava sempre munido de palavras agressivas, as quais o inspetor sabia que magoavam Yan. Principalmente quando era comparado a Luna.   Apesar disso, as pernas de Yan o renderam diversas masturbações intensas. Ele abusava de seu auto controle para não gemer o nome do garoto em suas noites com Luna.

Doía seu coração dizer palavras para machucar o garoto. Não o achava metido, na verdade, quase suspirava quando Yan agia de forma tão confiante. Ninguém mais ficava tão atraente com aquele sorriso prepotente. 

Mimado era outra característica que só o tornava mais interessante. Luke mesmo tinha vontade de mimá-lo todos os dias. As roupas de marca só o deixava mais bonito.

Sobre ser despreocupado, talvez fosse fosse o único defeito que o militar enxergava no garoto. Yan precisava pensar no futuro. Mal sabia ele que Yan já havia pensado nisso, queria ser oficial da aeronáutica antes mesmo de se conhecerem, mas o mais velho debaixo de tanto desprezo, não o via por esse ângulo. 

Ele deveria estar feliz naquela noite, a do baile. Yan iria se formar. Ele estaria livre das provocações. Se tudo desse certo, Yan estaria na festa curtindo suas últimas horas de ensino médio. Luke havia pedido a namorada em casamento e seria feliz em um relacionamento heterossexual.

Mas talvez ele não quisesse se livrar disso tudo.

*****

Dois anos depois do baile, Luke teve a mais absoluta certeza: não deveria ter deixado Yan partir.

Após chegar em casa pedindo a separação para a esposa, pegou algumas roupas e disse que buscaria as outras depois. Naquele momento, sozinho em seu carro, se permitiu chorar todo o arrependimento de ter tomado decisões estúpidas que levaram seu grande amor para sempre. O “EU SOU GAY, LUNA!” que ele gritou quando a moça pediu explicações ainda ecoava em sua cabeça. Queria que Yan tivesse escutado, talvez ele ficasse orgulhoso por Luke finalmente assumir quem era de verdade.

A menção do nome do mais novo até em pensamentos aquecia seu coração cheio de arrependimento e saudade. Acelerou o carro, dirigiu o mais rápido que as leis permitiam, para voltar ao quartel antes que Yan fosse embora.

A cena de Luke desesperado chorando no heliporto do quartel foi algo que ninguém ousou interromper.

- YAAAN - Luke gritou para quem quisesse ouvir, mas era tarde.

O helicóptero da aeronáutica já havia partido e ele perdeu outra vez a chance de ser feliz. 

*****

Naquela noite, Yan esperou. Pediu para conhecer o quartel, atrasou a saída do helicóptero na intenção e na esperança de ver Luke e provar a ele que não era mais o garoto que ele desprezava no ensino médio.

- Esquece ele - falou para si mesmo vendo as pessoas se tornando pequenas a medida que o veículo aumentava altitude - de novo, ele não se importou. Foi ver a mulher adulta e madura. Nem me deu a chance de provar que eu mudei. Mudei para merecer estar com ele. E ele não se importa. Talvez eu devesse parar de me importar também.

E secou a lágrima que escorria de seu rosto, prometendo que aquela seria a última que derramaria por Luke.

*****

“- Soldado Carter - disse Yan quando já estavam de frente para o outro. O coração do mais novo acelerou mais que Yan achou necessário. Nem todos esses anos foram suficientes para apagar a chama que o consumia na adolescência por Luke.

- Yan - Carter falou simples sentindo seu peito apertar.

- Você odiava quando eu te chamava pelo primeiro nome - Yan falou sem cortar o contato visual. Era intenso demais.

- Eu odiava muitas coisas. Mas nunca odiei você - Luke falou baixo. Os outros soldados já tinham os deixado sozinhos. Precisavam daquele tempo.
- Eu sempre amei você - Yan falou sentindo algumas lágrimas escorrendo por seu rosto agora másculo e adulto - você sempre preferiu sua namorada adulta e madura a mim.

- Eu nunca preferi a ela, Yan - Carter tomou coragem para pegar na mão do oficial - sempre foi você.

Nada mais foi dito. Nem precisava. Luke puxou o mais novo pela mão que segurava. Tentou dizer que é era nele que pensava quando estava com Luna, mas as palavras não saiam. Ficaram ainda mais difíceis de serem ditas quando Yan disse magoado.

- Eu estou aqui, adulto e maduro. Sou o suficiente para você agora?”

“Amizade: o maior amor”