História Amnesia - Capítulo Treze

some things to be proud on, some stuff to regret

POV Annie

– Louis? – Chamei, sentindo o medo tomar conta de mim. A expressão dele era de completa insanidade, como se um único e evidente desejo que estivesse o controlando agora. Vacilei uns dois passos pra trás quando ele se aproximou, com um sorriso sarcástico no rosto

– Você nunca me escuta – Ele sussurrou, se aproximando. Eu já estava quase na parede, quase sem saída.

– Você pediu...

– Você nunca me escuta! – Ele repetiu, só que em um tom bem mais alto. Num movimento rápido, ele avançou pra cima de mim, prendendo meus braços na parede. Tentei puxá-los, mas a força era tanta que isso só acabou deixando marcas vermelhas nos meus pulsos.

– Louis, olha pra mim – Sussurrei, o encarando – Pelo amor de Deus, eu não sei quem eu sou, o que você quer fazer comigo?

– Sabe o que eu quero, Grace? Quero você inteira pra mim, pra depois te largar em qualquer canto e voltar pra minha vida.

– Você não sabe o que diz – Sussurrei. Meu tom de voz era cada vez mais baixo, enquanto o dele era cada vez mais alto. O brilho nos olhos dele fariam qualquer um acreditar que ele me queria morta, mas ele não era assim. Eu tenho certeza disso.

– Annie Grace – Ele gritou, com voracidade – Eu quero você, Grace. Pra mim, só pra mim. Eu vou te trancar nesse quarto.

– Não – Gritei, e ele sorriu. Se abaixou e me pegou no colo, me jogando na cama – Louis, por favor, por favor! Me escuta, seja lúcido um momento!

– Eu não consigo – Ele sussurrou, enquanto eu tentava entender aquela situação. Ele não era assim, nunca tinha feito nada próximo a isso comigo. Será que agora eu estava conhecendo o verdadeiro monstro?

– Para com isso, pelo amor de Deus – Choraminguei, e ele riu, me empurrando pra que ficasse deitada. Então se sentou sobre meu corpo e segurou meus braços pro alto, levando o indicador até a minha boca, clamando por silêncio.

– Você é minha. Sua vida acabou, Grace. Você é minha – Ele disse, ainda me segurando

– Louis? – Ouvi Zayn chamar do corredor. Arregalei os olhos. Louis olhou pra trás, como se não houvesse nada de errado.

– Annie teve um pesadelo – Ele respondeu simplesmente.

– Tudo bem? – Ouvi ele perguntar. A voz dele estava cada vez mais próxima, e eu já ouvia os passos dele se aproximarem da porta.

– Zayn! – Gritei, batendo o cotovelo na mão do Louis, o assustando – Socorro!

– Annie? – Ouvi ele chamar, acelerando os passos até o quarto. Louis se debruçou sobre mim e colocou a mão sobre a minha boca, irritado.

– Tudo bem, é um pesadelo – Ele gritou, e eu senti minhas esperanças desfalecerem outra vez.

– Eu só vim saber se você ainda precisava daquele favor – Zayn disse.

– Não – Louis gritou. Relaxei na cama, vendo que não tinha mais jeito. Era aquilo.

– Você parece meio nervoso e... – Zayn disse, aparecendo na porta – O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

– Intrometido! Falei que estava tudo bem! – Louis gritou, partindo pra cima dele

– Não – Gritei, levantando de imediato – Zayn, ele está drogado, não faça isso!

– Tomlinson, sai daqui! – Ele gritou, bravo. Nunca tinha presenciado uma briga de tão perto, e eu desejava manter isso, porque era algo horrível de se ver. Zayn jogou Louis no chão e o empurrou pra fora do quarto, batendo a porta com força. Mas ele tinha deixado a chave do lado de fora.

– Por que ele fez isso? – Choraminguei, enquanto ele corria até onde eu estava

– Tudo bem. Vou te proteger. Só preciso que você fique quietinha

– Sai de cima dela – Louis disse, olhando furiosamente pra nós dois – Ela é minha

– Ela não é sua coisa nenhuma. Ela não é de nenhum de nós, Louis. Volte a ser lúcido por um momento, por favor. Olha o que você fez com ela.

– Ela... – Ele disse, em uma respiração entrecortada. Parecia estar em um conflito consigo mesmo – Eu não consigo. Ela fez isso comigo.

– Ela quem, Louis?

– Claire fez isso comigo – Ele disse. Pisquei os olhos, impressionada

– Aquela desgraçada está morta – Zayn gritou, me puxando pra cima e segurando minha mão – Annie estava aqui dando a maior atenção pra você, e você jogou tudo isso no lixo.

– Eu não queria...

– Não queria o caralho! Olha o que você fez, olha bem aqui. Perdeu uma garota maravilhosa pensando em uma vagabunda. Você podia se dar muito bem na vida, mão você escolheu ser idiota. E eu não me responsabilizo por isso. Agora você vai calar a boca e sair desse quarto agora.

– Annie, me desculpa – Ele disse. Senti uma pontada de lucidez naquela frase, mas não me deixei enganar.

– Saia daqui – Sussurrei, e ele se virou e saiu – Obrigada, Malik. Obrigada mesmo.

– Tudo bem com você? Ele te machucou?

– Não – Respondi, respirando fundo – Acho que ele vai se recuperar. Pode voltar a fazer suas coisas.

– Você ficou louca? – Ele disse, rindo – Você vai dormir com a Caroline hoje. Ela deve chegar daqui a pouco, eu acho. Pegue o que precisar e vamos descer.

– Mas vocês arrumaram o aquecedor só pra eu dormir aqui...

– Grace, o aquecedor que se dane – Ele disse, e eu sorri. Juntei uma troca de roupas já que eu já estava de pijama, uma escova de dentes, travesseiro e cobertor. Descemos as escadas silenciosamente, e ele abriu a porta do quarto dela. Estava totalmente bagunçado, com roupas em todos os cantos. Deixei minhas coisas em um canto, e Zayn me puxou de volta.

– Onde vamos? – Perguntei.

– Pro meu quarto, lógico. Se você não se importar.

– Se você não trancar a porta, por mim tudo bem

– Não vou te assassinar, fica tranquila – Ele respondeu, rindo e abrindo outra porta.

– Obrigada.

– Mas você fica um pitelzinho de pijama curto, Grace

– Vá pro inferno – Respondi, e ele riu. Me sentei na beirada da cama gigante dele, que estava encostada na parede. O quarto dele era duas vezes mais espaçoso que o sótão, e também não tinha quase nada. Só um guarda roupa grande no fim do dormitório, uma escrivaninha com um notebook e algumas roupas em cima e a cama na qual eu estava sentada. Nada de janelas ou coisas chamativas demais, exceto uma parede que eu ainda não tinha notado. Havia uma televisão presa ali, e a parede atrás dela estava tomada por desenhos de grafite. Olhava pra ele tão impressionada que nem me dei conta que Zayn estava andando pelo quarto sem camisa.

– O que foi? – Ele disse, quando eu olhei indignada pra ele e comecei a fazer gestos, procurando palavras, parecendo uma completa idiota.

– Vá vestir uma roupa – Falei, como se fosse óbvio.

– Mas eu estou de calças, cueca e meias. O que mais precisa?

– Uma camisa, já que eu estou aqui.

– Querida – Ele disse, colocando as mãos na cintura – Meu quarto, minhas regras.

– Querido – Respondi, colocando as mãos na cintura – Eu não quero ver seu corpo esquelético enquanto espero Caroline chegar. Se você não se vestir, vou juntar minhas coisas e me trancar no banheiro.

– Já derrubei o seu namoradinho lá em cima, acha mesmo que eu não consigo derrubar uma porta?

– Ele não é meu namoradinho – Respondi, deitando na cama. Ele veio e deitou do meu lado, se espalhando tanto que eu tive que me encostar na parede gelada.

– Tudo bem, eu não namoraria com ele se eu fosse uma garota também.

– Quantos segredos você tem, Malik? – Perguntei, o encarando. Ele virou o rosto e me encarou friamente, porém com um sorriso.

– Quantos segredos você pode manter, Grace?

– Todos – Falei, e ele afagou meus cabelos.

– Guarde esse então – Ele disse, me puxando e me dando um beijo na nuca – Guarde bem guardado

– Tudo bem – Sussurrei, enquanto ele saia do quarto. Me espalhei na cama mais uma vez, pensando naquilo. Não, eu não poderia ficar aqui depois do que tinha acontecido. Ajudaria meu pai a se recuperar, e iria morar com ele. Estava imersa em vontade de sumir dali, me esconder desse mundo insano. Eram coisas demais pra mim. Ouvi alguns passos se aproximarem no corredor, e como um reflexo agarrei o travesseiro no caso de ser o Louis. Pra minha surpresa, Niall enfiou a cabeça pra dentro do quarto.

– Você estragou o sexo de hoje, Grace.

– Ah, meu Deus. Me desculpa, sério. Se quiser eu durmo na sala ou no sótão mesmo – Falei, e ele começou a rir

– Brincadeira. Vamos, você precisa dormir pra esquecer o que aconteceu hoje.

– Esquecer é uma palavra muito forte. Talvez me distrair.

– Como quiser – Ele disse. Entramos no quarto da Caroline, que estava jogada em sua cama, olhando fixamente pro teto.

– Car? – Chamei, e ela não olhou – Caroline? McCourty? Terra chamando Caroline, alô?

– Olha o chá quentinho – Niall disse, e ela despertou do transe imediatamente

– Você disse chá? – Ela perguntou, e eu revirei os olhos

– Um chá cairia bem agora.

– Harry e Liam estão na cozinha – Niall disse, dando de ombros – Pode ir fazer se quiser.

– Vou dar privacidade pra você dois – Falei. Os dois sorriram e eu fechei a porta, descendo o lance de escadas o mais rápido que pude. Passei direto pela sala sem nem conferir se havia algo lá, então adentrei a cozinha. Harry e Liam estavam sentados, conversando

– Annie? – Liam perguntou, me encarando – O que faz acordada essa hora com essa cara de assustada?

– Pesadelo – Falei, depois de um tempo – Vim tomar um chá.

– Ótimo, faça pra mim também – Harry disse, sorrindo.

– Eu tenho cara de escrava agora? Ta escrito ''empregada do Harry'' na minha testa? Não né? Então se vira

– O choro é livre – Liam disse, e eu ri. Fiz o chá e coloquei um pouco de leite, e como sobrou um pouco, entreguei uma xícara dele puro pro Harry. Me sentei na mesa com os dois, mas Liam subiu logo em seguida, alegando que estava com sono e precisava de um banho. Fiquei sozinha com Harry, tomando chá.

– É verdade? – Ele perguntou, bebendo um gole de sua xícara – Ele voltou drogado?

– Acho que ninguém em seu juízo perfeito faria o que ele fez – Falei, e pousei a xícara de chá na mesa – Quem te disse?

– Zayn. Só não contamos pro Liam, ou ele ia derrubar essa casa hoje mesmo. Como se sente?

– Com vontade de ir embora. Quero minha vida outra vez, Harry. Vocês foram legais comigo, mas eu não posso ficar aqui pra sempre.

– Ora, não precisa ir embora e nunca mais nos visitar. Acha mesmo que vai se livrar assim? Só pegar suas malas e ir embora? Claro que não, Annie – Ele disse, e eu sorri.

– Com que frequência ele faz isso? Digo, voltar desse jeito pra casa?

– Tinha parado há algum tempo. Fez isso enquanto namorou aquela garota, e dois meses depois que ela sumiu. Sabe, Caroline o ajudou bastante aquela época. Mas ele gritava coisas que faziam as pessoas se sentirem destruídas. Um dia, deixamos os dois sozinhos em casa. Estava tudo bem, mas quando voltamos, Caroline estava em prantos. Até hoje nenhum de nós sabe o que ele disse, mas esse é um dos motivos da rivalidade deles até hoje.

– Achei que era só por causa da garota

– Ah, não. Eles eram muito amigos antes dela. Por isso Caroline sempre perde o controle quando tocamos no assunto. Não escute nada que ele disser, Annie. Apenas ignore e tente se manter longe. Tranque as portas e não o deixe entrar.

– Eu tentei avisar – Alguém disse. Me levantei instantaneamente da cadeira ao reconhecer aquela voz, e me coloquei atrás o Harry. Ele se levantou, com toda a calma desse mundo, pousando a xícara na mesa antes de se levantar completamente.

– Não dificulte as coisas. Você assustou Annie, Louis. Se mantenha distante dela, por favor.

– Eu tentei avisar. Pedi que deixasse a porta trancada e só abrisse pra Caroline – Ele disse, provavelmente sem escutar o que Harry tinha falado – Eu tentei te proteger, Sophie. Tentei, mas você não me deu ouvidos.

– Mas você pediu – Sussurrei.

– Você prometeu que não abriria, e abriu – Ele disse, avançando um passo. Segurei firme no braço do Harry, tentando controlar o meu medo.

– Por que você fez isso, cara? – Harry perguntou, tão calmo quanto uma brisa marítima

– Não fui eu. Não foi por vontade – Ele disse, olhando pras próprias mãos, como se tivesse nojo delas.

– Quem foi então? – Perguntei, tentando encarar todo o pavor que me dominava naquele momento – Diga a verdade, só isso.

– Você vai me perdoar? – Ele perguntou. Seus olhos brilhavam em lágrimas, mas ele não chorava. Respirei fundo e assenti

– Me diga quem foi e eu te dou meu perdão.

– Louis? – Harry chamou, avançando um passo – Conte-nos. Quem foi?

– Foi ela, Styles. Foi ela quem fez isso.

– Ela quem?

– Claire Domenick fez isso comigo.