História Amnesia - Capítulo Vinte e Um

cause i knew you were trouble when you walked in, so shame on me now

– Louis! – Gritei, saindo do estado de choque por ter um corpo morto ao meu lado e correndo até quem merecia toda a minha atenção. Virei seu corpo pra que ficasse de barriga pra cima, então apoiei sua cabeça em meu colo, olhando diretamente pra seu rosto – Acorda, por favor. Sou eu.

– Annie! – Niall disse, correndo até onde eu estava. Caroline veio logo atrás, seguida de Harry e Liam. Todos ficaram um passo atrás de onde eu estava com Louis, tentando fazer que ele acordasse.

– Cara, foi só uma pancadinha. Por favor, você não pode me largar aqui – Choraminguei, fechando os olhos e dando um beijo em sua testa

– Como se isso fosse possível – Ouvi ele sussurrar. Então o encarei e ele sorriu, e eu fiz o mesmo – Vai, Grace. Me beija logo

– Idiota – Falei, então ele me puxou pra um beijo. Ouvi Caroline gritar, Liam dizer o quanto aquilo era obsceno enquanto Harry gritava, incentivando cada vez mais. E eu só conseguia sentir o quanto aquele beijo era uma necessidade minha agora. Era como se despertasse o desejo de me fazer querer mais e mais, como se fosse impossível separar nós dois agora. Parti o beijo e o encarei, com um dos sorrisos mais maravilhosos que eu já pude ter.

– Ei, casal – Zayn disse, saindo do carro – Temos que ir. Daqui a pouco vão chegar, e eu não quero me responsabilizar por esse cadáver

– Claro – Caroline disse, me estendendo a mão para que eu me levantasse. Aceitei sua ajuda e subi, então Louis se levantou e passou o braço ao meu redor. Olhei pro lado, vendo Caroline e Niall andarem esbarrando um no outro, rindo e fazendo palhaçadas. Liam jogou a chave da Range Rover pro Louis, que a agarrou no ar, então mudamos de caminho.

– O que faremos com seu pai? – Ele perguntou, me encarando – Ele me odeia, e pode me prender a qualquer momento. Culpa sua.

– Cale a boca – Falei, empurrando ele e rindo – A culpa é minha que eu fui atropelada por um mafioso bonitinho que me sequestrou?

– Bonitinho? Annie Sophie Grace, eu sou o garoto mais gostoso da terra – Ele disse, abrindo a porta e me colocando pra dentro do carro – Você deveria dobrar seus joelhos na minha presença.

– Dobrar os joelhos? – Perguntei, enquanto ele se sentava no banco do motorista e fazia uma cara maliciosa pra mim – Seu pervertido imundo.

– Sério, preciso saber pra onde levaremos seu pai. Porque depois que cuidarmos dele, eu vou fazer o que eu quiser com você.

– Sonha – Falei, rindo – Meu pai vai ficar em casa. Preciso ter uma longa conversa com ele, por isso você vai me deixar lá e me buscar só amanha.

– Nem em sonhos – Ele disse, enquanto eu ria e mexia no rádio. Acabei deixando em uma estação que estava tocando Pumped Up Kicks, mais uma que eu descobri que adorava – Você, Annie Grace, vai passar a noite toda comigo, trancada naquele quarto.

– Você acha que manda em mim? – Respondi, e ri alto – Louis, você me surpreende todos os dias. Vamos, estacione o carro. Você fica sentado aqui enquanto eu resolvo as coisas.

– Nunca pensei que fosse deixar uma garota resolver as coisas pra mim

– Louis, Caroline ensinou uma coisa antes que eu fosse embora

– O que é?

– A garotinha é quem manda. E você é um exemplo, porque vai ficar sentadinho ai. Até – Falei, dando as costas pra ele e seguindo em frente. Ainda tinha muito a aprender com Caroline, claro, e com qualquer um dos outros garotos. Depois que você se acostumava com a ideia de que já não tinha mais volta, era legal ter amigos mafiosos. Abri a porta de casa, subindo as escadas rapidamente. Encontrei meu pai ainda desmaiado, e xinguei Georgia mentalmente. Arrastei seu corpo até que ficasse ao lado da cama, pensando em recomendar uma dieta quando ele acordasse. Apoiei suas costas em travesseiros, então peguei um pedaço de papel e comecei a escrever.

''Papai,

Foram dias insanos que eu vivi. Desde que eu fugi pra voltar a morar com você, foram todos dias insanos, totalmente diferentes. Em uma de minhas aventuras, perdi minha memória. Não posso te contar pessoalmente, porque você me mataria. Um garoto me levou pro hospital, e se propôs a cuidar de mim, uma completa desconhecida, e que mal sabia quem era. Ele me deu casa, me deu comida, me deu roupas e como diria uma sábia raposa, me cativou.

Lamento dizer que eu me apaixonei por esse garoto. Sei que isso pode não parecer o melhor pra mim, mas eu garanto que é. Descobri que esse mesmo garoto por quem eu me apaixonei foi o culpado de me fazer perder a memória, mas eu não consegui ficar brava. Em uma noite, ele pulou minha janela como Romeu só pra me ver, e eu tenho que admitir que eu amei isso. Estou apaixonada por um criminoso, papai.

Mas não me julgue por isso. Eu sei o que eu vou fazer. Sei a vida que eu vou ter. E eu preciso ir, papai. Mas eu queria agradecer por ter contado as estrelas comigo. Por ter me ensinado cada coisa que eu sei hoje, por ter me ajudado a sair do sofrimento. Simplesmente por ser quem você é. Mas eu vou embora com Louis Willian Tomlinson, e peço que não me procure, nunca mais. Estarei bem, e espero que esteja também.

Com amor,

Annie.''

Eu sei, eu sei que é insano apenas deixar uma carta depois de tudo isso, mas eu não posso fazer nada. Se ele acordar, não vai me deixar ir. E eu preciso ir com o Louis. PE uma necessidade minha agora, estar sempre perto dele, sempre sob as asas dos garotos. Eu me tornei família deles, e deixei pra trás hoje tudo o que mais importava, pra seguir a vida com alguém que eu considerava o amor da minha vida.

Deixei a carta entre as mãos dele, e o encarei. Dormia como se fosse um cara normal, sem problema algum na vida. Suspirei e me virei, pegando uma mala na parte de cima do meu armário e colocando todas as roupas que couberam lá. Perfumes, um antigo porta retrato de família, todo o tipo de coisa que pude, coloquei na mala gigantesca. Olhei ao redor do quarto, e sorri ao pegar a última coisa daquele lugar.

A grande enciclopédia.

Agarrei ela e puxei minha mala para a porta do quarto. Encarei meu pai, que ainda dormia. O quarto que tinha abrigado meu romance ao estilo de Shakespeare agora ficava pra trás, e eu nunca mais voltaria a vê-lo. Suspirei, então voltei a encarar o senhor que dormia no canto da minha cama.

– Tchau, papai – Falei, encostando a porta. Respirei fundo e desci as escadas, arrastando a mala e o livro comigo. Corri até o carro do outro lado da rua, e joguei a mala no banco de trás, subindo no banco do passageiro. Louis me encarou, com cara de quem não estava entendendo absolutamente nada.

– Vai embora comigo?

– Pra qualquer lugar que você for – Falei, sorrindo. Louis deu de ombros

– Planejei algumas coisas. E seu pai?

– Não virá atrás de nós dois – Respondi, e ele ligou o carro

– Vamos passar em casa. Vou te contar tudo lá, tudo bem?

– Ótimo – Falei, ligando o rádio outra fez. Fomos cantando Arctic Monkeys o percurso todinho, por vezes até fazendo duetos. Pode até se dizer que eu não tenho a mínima noção do que eu estou fazendo, porque realmente não tenho. Larguei meu pai, e eu quero seguir meu caminho com Louis. Não ligo se ele vai ter que correr ou roubar magnatas pra me sustentar, mas e com ele que eu quero ficar. Contei meus planos sobre faculdade, e ele sorria e apenas concordava. Estacionou em frente de casa, onde os garotos carregavam uma minivan com montes de caixas

– Annie Grace – Liam disse, me abraçando. Me encolhi no meio de seus braços que davam a volta em mim, me aconchegando em seu abraço – Qual a sua escolha?

– Vai comigo – Louis disse, sorrindo. Ele vinha trazendo a minha mala, com a enciclopédia junto – E suponho que nós estamos indo todos juntos.

– Zayn foi pra Londres – Harry disse, fechando o porta malas – Disse que precisa de um tempo.

– Uma pena – Louis disse, suspirando – Vem, Annie. Vou te explicar tudo.

– Estão de mudança – Deduzi, sorrindo – Vocês são mafiosos, não podem ficar no mesmo lugar por muito tempo. Agora que Caroline matou Claire e Zayn entregou Georgia, vamos embora.

– Adorei o jeito que você usou o vamos. Não somos apenas nós, é você também.

– Abandonei minha família por vocês.

– Nós somos sua família – Ele disse, me abraçando – Estamos indo pra um lugar que você vai adora. Planejamos isso desde o dia que você voltou pra casa. Estamos nos organizando, e vamos sair dentro de trinta minutos

– Ainda bem que eu vim de malas prontas – Comentei, rindo – Pra onde vamos, novo membro da minha família?

– Adivinha, amore mio.

– Não acredito – Falei, arregalando os olhos – Louis Willian Tomlinson, nós vamos para a Itália e você só me fala agora?

– Iria perder a graça se eu contasse antes – Ele disse, rindo – Annie, preciso que me prometa algumas coisas antes de nós partimos.

– Tudo bem – Respondi, o encarando. Louis estava bem na minha frente, então tomou minhas duas mãos e as segurou, sem tirar os olhos de mim. Respirou fundo antes de começar.

– Me prometa, Annie Sophie Grace, que não vai se meter com máfia nenhuma, que não vai colocar nenhum dedinho nessa vida de mafioso que eu levo. Vamos passar quatro anos na paz pra você fazer uma faculdade e ser uma pessoa decente, mas eu não vou largar dessa vida. Me prometa que vai se comportar, que não vai se arrepender. Prometa que você vai terminar a faculdade e prometa que vai ser fiel a todos nós, Annie. Você promete?

– Eu, Annie Sophie Grace, prometo que vou ser uma ótima aluna italiana – Falei, forçando o sotaque e fazendo Louis rir – Não vou me meter em corridas e em roubos, e vou ser fiel a todos vocês. Isso é um voto de confiança, e eu quero morrer se ele for quebrado.

– Me prometa uma última coisa.

– O que você precisa, Louis?

– Prometa que vai me amar, apesar de tudo que eu fizer.

– Prometo – Falei, me equilibrando na ponta dos pés pra dar um beijo em seu queixo – Rumo à Itália?

– Claro – Ele disse, rindo. Puxou minha mala até uma Porshe 918 prata, que me fez deixar de coração disparado. Sim, eu estava indo pra Itália com um mafioso maravilhoso, digno de ser meu Romeu, em um carro maravilhoso. As malas foram todas colocadas na Range Rover que Liam ia dirigir sozinho, já que Caroline e Niall iam em uma McLaren P1 e o Harry em um Audi R8. Se o intuito era chamar atenção, concluiríamos com todo sucesso.

Sentei no banco do passageiro, e reparei uma pequena sacola. Abri ela e vi que tinha montes de cds, que incluíam tudo que eu gostava. Por que? Era exatamente a minha sacola de cds que eu tinha salvo de meu quarto, que provavelmente Louis achou. Ri disso e revirei eles. Montanhas de cantores como Beatles, Jake Bugg, Foster the People, Arctic Monkeys e vários outros reinavam naquela sacola. Escolhi um deles e coloquei pra tocar, esperando Louis vir até o carro para que partíssemos. Minutos depois ele se sentou e deu partida, indo em direção à estrada

– Sabe, Annie – Ele disse, entrando na estrada e acelerando o carro, acima dos limites permitidos – Espero que tenha superado seu medo de velocidade.

– Não muito bem – Confessei, rindo – Mas posso suportar.

– Lembra que eu te disse que não existia destino? Que não há destino pra se buscar?

– Lembro muito bem – Falei, o encarando – Você disse que os dois corriam ao vento, porque não há destino pra se buscar. Romeu e Julieta da atualidade.

– Estamos correndo ao vento – Ele disse, rindo – Mas talvez eu estivesse errado. Porque, olha só, há duas semanas atrás você era só a garotinha que eu tinha atropelado, e hoje estamos indo pra Itália, juntos. Acho que se está sendo assim, é porque era pra ser. Você está aqui por mim, e eu estou aqui por você. Se não houvesse destino, quem garante que estaríamos aqui agora, juntos?

– Louis, você se preocupa demais – Falei, rindo – Diga apenas que estamos buscando nosso destino. Porque é isso que estamos fazendo agora.