História Amnesia - Nós podemos ir?

Point of view: Claire Walker. — Miami. 

A música Amnesia foi a grande sensação do inverno. Milhares de pessoas falavam que ouvir essa canção com um cobertor em volta de si e com um copo de chocolate quente era tudo para favorecer aquela época do ano. Eu, obviamente, já tinha feito isso, mas acrescentava algo: as minhas lágrimas.

A banda resolveu lançar a música na época em que Michael e eu nos conhecemos e, segundo Rachel, só não lançaram no dia pois os produtores estavam animados demais e só conseguiriam lançar naquele mês mesmo. 

Muitas pessoas já tinham suas teorias que a música foi feita para mim, mas os meninos viviam falando que foi baseado em um outro relacionamento de um conhecido deles. Eles omitiam as coisas, por assim dizer.

— Animada? — Rachel para ao meu lado no intervalo da aula de dança.

— Por que estaria? — devolvo com outra pergunta, tomando um pequeno gole de minha água. Meus cabelo estava preso em um coque bem mal feito e alguns fios rebeldes já se encontravam fora do lacinho que os prendiam.

— Talvez porque daqui há exatas 3 semanas você vai fazer uma apresentação para várias pessoas?! — diz como se fosse óbvio, balançando a mão como se estivesse trocando uma lâmpada.

— Você fala como se eu nunca tivesse feito uma apresentação. — reviro os olhos, andando até o outro lado da sala, onde tinha algumas frutas e outras coisas saudáveis.

— Ok, você já fez diversas apresentações, mas dessa vez, tu é que faz a atração principal, e além disso, fiquei sabendo que vai ter alguns artistas famosos. — paro de andar para olhar a criatura a minha frente. 

— É incrível como você sempre tá sabendo de alguma coisa. — reviro os olhos novamente. — E outra, vai ser uma apresentação normal, tendo artistas ou não. — pego um morango, mordendo um pedaço.

— E se Michael estiver presente?! — pergunta empolgada, abrindo a boca em sinal de animação.

— Michael não vai estar presente. — tento fugir de sua pergunta. Imaginá-lo a minha frente depois de meses é terrivelmente assustador. Rachel tenta falar mais uma vez, mas eu a calo. — Nem ouse falar mais nada. A professora voltou.

(...)

Ao sair do estúdio, percebo um carro muito familiar parado do outro lado da rua. Dou uma volta com os olhos pelo automóvel e encontro na frente dele um homem parado com os braços cruzados e um olhar sério. Christian. Vou até ele. 

— O que faz aqui? — pergunto incomodada. Nós havíamos terminado já faz algum tempo e ele não me ligava e nem mandava mensagem. Não que Christian deveria fazer tais coisas, mas se ele me ama como diz que ama, ao mínimo teria procurado saber se estou bem.

— A porra da música me trouxe aqui. — ele diz na lata, parecendo ferver de raiva. Oh, não... — Entra no carro. — prefiro fazer o que ele mandou e me acomodo no estofado de couro. Assim que bato a porta do carro, Christian arranca com o carro o mais rápido possível e dirigi que nem um louco até sua casa. 

— Precisava ter... — não consigo terminar minha reclamação ao vê-lo sair do banco do motorista e entrar em casa. O sigo.

— Dá para me dizer que showzinho é esse aqui? — questiono levemente irritada.

— Por que ele continua nas nossas vidas? — interroga, se referindo ao Michael e passa as mãos pelo seu rosto.

— Foi difícil o término do nosso namoro... — deixo a resposta vaga. Nem eu sei uma resposta para essa pergunta.

— A partir do momento em que um relacionamento acaba, o laço que unia ambas as partes se quebra, há não ser se tiver uma criança envolvida no meio. — ele me olha com o maxilar travado. 

— Sim, eu sei disso. O problema é que talvez nós não quisemos quebrar esse laço. O que nós vivemos não foi só um namoro, mas também uma amizade. — tento justificar, agora parada na sua frente.

— Eu ia te pedir em casamento. — ri sem vida. — Sabe, apesar de todas as nossas brigas, eu sentia que você era a mulher que estaria me esperando na mesa de jantar com um sorriso doce, ou a mulher que iria me dar o prazer de ver várias crianças correndo pela casa. Eu imaginava tudo isso, Claire. — me olha com os olhos lacrimejando. — Sei que toda vez que brigamos, eu lhe digo palavras estapafúrdias, mas eu queria tentar ser melhor, por nós. — naquele momento, nós dois estávamos deixando as lágrimas cair. Minha única reação é abraçar o homem que eu jurei ser o melhor para mim. Seus braços fortes e quentes me circulam, e eu deixo-me desfrutar um pouco daquele carinho.

— Eu não sou essa mulher que você procura, Chris. Não vou te dizer mil e uma palavras para voltar atrás e querer me pedir em casamento, porque eu não estou preparada para dividir minha vida com outra pessoa, principalmente uma que eu nutro apenas um afeto, não um amor. Tudo o que vivemos foi maravilhoso, mas já estava na hora de acabar. Eu quero que saiba que sempre serei uma boa amiga que vai estar do seu lado para tudo, porém não passa disso. — declaro o acalmando.

Christian foi um bom companheiro para mim nesses últimos meses. Querendo ou não, ele foi um dos únicos que realmente conseguiu me compreender em cada palavra. Eu tentei levar nossa amizade para algo a mais, mas acabei o iludindo. Eu ainda amo Michael com todas as minhas forças e prendi Chris em algo que eu mesma sabia que não ia ir muito longe.

— Eu vou te deixar sozinho. Qualquer coisa me liga, ok? — ele apenas acena com a cabeça, ainda abalado com minhas palavras. Deposito um beijo carinhoso em seu cabelo e saio depressa de sua casa.

Point of view: Michael Clifford — Los Angeles.

Eu encarava aquele convite atordoado. Era isso mesmo que eu li?!

— Você também recebeu? — Ashton entra apressado no quarto, começando a andar de um lado para o outro.

— Sim, eu recebi. — levanto o convite, lhe mostrando.

— Nós vamos? — questiona curioso. 

— Por que está me perguntando como se eu mandasse em você? — devolvo com outro pergunta, arqueando as sobrancelhas.

 — Ela é sua ex namorada. — diz como se fosse óbvio. — E nós fomos convidados para vê-la dançar. Isso não te abala não? — indaga suspirando, mas eu vi que ele queria que eu dissesse que iríamos.

Ashton e Claire se tornaram bons amigos quando namorei com ela. Assim que terminamos, ele ficou bem chateado, pois ela se mudou para outra cidade. Eu disse que apesar de nós termos terminado, a amizade deles deveria continuar, e continuou. Quando Claire começou a namorar aquele tal de Christian, ele se afastou dela e disse que não gostava de vê-la com outro cara que não fosse eu, pois ele a conheceu com ela namorando e para ele era estranho. 

Com esse convite, aposto que ele quer reencontrá-la, mas não iria sem mim. Primeiro porque ele diz que não queria ir lá ver ela com o namorado. Ashton falou que é como se ele estivesse me traindo. Segundo porque ela está chateada com ele após o afastamento repentino do mesmo. 

— O que tivemos foi maravilhoso, mas nem tudo são rosas. — digo apenas. Ligo a televisão e coloco em um canal de músicas, que por incrível que pareça, estava passando o clipe Amnesia.

— Nós podemos ir? — pergunta por fim.

— Não quero vê-la. — minto. Eu estava louco para ver aquela garota, porém o orgulho falava mais alto.

— Michael, você a ama! — ele joga isso na minha cara e eu respiro fundo.

 — E ela ama outro. — dói dizer tais palavras. Ainda era duro lembrar de que ela conseguiu seguir em frente.

— Não, ela não ama outro. Ela simplesmente ACHA que ama outro. — dá ênfase no "acha". Suspiro.

— Tudo bem, nós podemos ir vê-la. — cedo. Eu não iria deixar o coitado se remoendo por dentro por não tê-la visto. Bom, seria essa pelo menos a minha desculpa para os outros.