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História Amnesia - V


Escrita por: starburst

Notas do Autor


⋆*ೃ hello :D

⋆*ೃ obrigada pelos comentarios e por todo o apoio e suporte que estao dedicando a mim e a fic. é muito gratificante pra mim saber que voces gostam dessa historia porque ela é muito importante. obrigada!

⋆*ೃ aqui verao a depressao psicotica como ela realmente é, se se sentir muito mal nao continue a leitura!

⋆*ೃ espero que gostem ♥

Capítulo 3 - V


Fanfic / Fanfiction Amnesia - V

"A broken mess, just scattered pieces of who I am"

Min Yoongi vivia em um mundo de tons cinzentos.

Sua rotina cansativa o tornava lentamente um adulto amargurado, exausto e perigosamente sem um propósito para continuar respirando e realizando tarefas simples do dia a dia. Odiava seu emprego, a profissão dos seus falecidos sonhos infantis necessitava de mínimo talento com câmeras que o loiro julgava não possuir, nunca teve amigos em todos os seus vinte e três anos de existência, os pais o rejeitaram quando descobriram sobre a sua única companhia — a depressão — e, ainda por cima, Yoongi tinha uma intensa e incompreendida vergonha do próprio corpo.

Para completar, não há como esquecer as vozes que o atormentavam todos os dias com sussurros negativos e destruíam o que havia restado da sua vontade de viver.

Min Yoongi vivia em um mundo de tons cinzentos, mas a culpa não era totalmente dele.

Deitado em seu colchão amarelado, o rapaz sentia-se entorpecido após ingerir uma cartela inteira de comprimidos. Havia finalizado seu turno no supermercado vinte e quatro horas e sentia as pernas formigarem, a dor esquecida relembrando-o que suas exageradas horas extras estavam destruindo o seu físico.

Necessitava descansar, porém julgava-se desmerecedor de tal dádiva.

Você é inútil.” Sim, ele concordava, realmente havia se tornado um ser humano inútil. “Ninguém sentiria a sua falta”. Corretas novamente, as vozes sussurrando dentro da sua cabeça eram donas de uma verdade absoluta e irrefutável: Yoongi estava sozinho. Não faria falta caso finalmente se matasse.

Aish, vocês deveriam ficar quietas. — Murmurou, fechando os olhos e engolindo mais um gole da bebida alcoólica em suas mãos.

Jamais se livraria das sádicas vozes em sua mente, então acostumou-se a conviver com elas e frequentemente se encontrava retrucando o que elas diziam — afinal, embora indesejadas, eram suas únicas companhias.

O cigarro que antes pendia entre seus dedos caiu perigosamente perto do único tapete que seu pequeno apartamento possuía. Ele revirou os olhos, sentando-se no colchão e removendo o objeto do chão. Fitou-o, o pensamento rapidamente correndo em sua mente; e se queimasse o próprio quarto? Jogaria álcool por todo o lugar e depois seria uma simples questão de “descuidar-se”, derrubando o cigarro em um canto qualquer.

Seria um trágico acidente e ele provavelmente não sobreviveria. Perfeito.

“Você deveria tentar.”

“Tente, fracassado.”

— Eu vou. — Seus olhos vagavam entre as pequenas e dolorosas marcas de dentes em suas mãos, sentia lentamente a dormência dominar os seus membros. O efeito dos comprimidos estavam adormecendo-o e Yoongi finalmente conseguira dormir.

O mundo cinzento de Min Yoongi fora mergulhado em escuridão.

{⋆*ೃ}

Os fios vermelhos extremamente vívidos dos cabelos de Taehyung atraíam olhares.

Exibia um cativante sorriso, seus fones de ouvido transmitindo uma pacífica sequência de instrumentais. Gostava de músicas calmas — principalmente de seus instrumentais —, a arte presente nos instrumentos musicais aquecia o seu coração tal como uma lareira.

Entretanto, seus gostos eram sempre mantidos em segredo.

Taehyung era conhecido por ser uma pessoa de coração leve e sorrisos dóceis, amigável e sereno, porém eram poucos os seres humanos que realmente o conheciam. Ele transmitia paz e confiança, consequentemente atraindo os outros e oferecendo suas filosofias de vida a qualquer um que precisasse escutar algumas palavras bonitas.

— Bom dia, Taehyung! — Seu melhor amigo o cumprimentara. Park Jimin.

— Bom dia. — Ele suspirou, sentando-se na cadeira e abrindo sua mochila. Retirou um caderno de capa azul-celeste e uma caneta de ponta extremamente fina.

Jimin uniu as sobrancelhas, observando Taehyung virar as páginas até encontrar uma em especial. Havia um desenho enfeitando a branquidão, um bonito rapaz de cabelos coloridos em um amarelo pálido e olheiras escuras escorrendo por suas bochechas. Possuía um hematoma arroxeado no lábio inferior e uma expressão de tristeza que deixava o Park, no mínimo, curioso.

— Desde quando desenha coisas tão deprimentes? — Cortou o silêncio, chamando a atenção do falso ruivo. Taehyung soltou um pequeno sorriso, dando de ombros. — Quem é, hyung? — Continuou, sua curiosidade palpável.

— Não sei. — E era verdade, Taehyung não sabia quem era Min Yoongi.

— Como não? Está desenhando um desconhecido? — Jimin soltou uma risada engraçada que obrigara Taehyung a rir também.

O professor cumprimentou a turma e interrompera a conversa dos dois amigos, forçando Jimin a girar em sua cadeira — o que deixara Taehyung muito feliz, afinal necessitava de silêncio para finalizar sua mais nova arte favorita: Min Yoongi. Em toda a sua ausência de falas e olhares vazios.

O rapaz possuía uma energia poderosa nos olhos, negativa e pesada. Taehyung não o conhecia, sabia apenas o seu nome, porém sentia-se motivado a se aproximar do loiro. Ele aparentava ser uma pessoa solitária e a interpretação experiente do ruivo gritava que aquele hyung estava precisando de um amigo.

Silenciosamente, Taehyung prometera que seria amigo de Min Yoongi.

Esse objetivo o guiou até a mesa que o loiro ocupava, horas mais tarde. As aulas matinais haviam terminado e o solitário Yoongi comia ramen, mastigava rapidamente e aparentava estar atrasado para algum compromisso. Taehyung ensaiou o seu melhor sorriso e sentou-se na cadeira ao lado do outro, recebendo um olhar confuso.

— Oi. — Disse, os fios vermelhos chamando os olhos de Yoongi.

O loiro continuou alimentando-se do macarrão em silêncio, suas sobrancelhas bem unidas e os olhos analisando o visual de Kim Taehyung por trás da máscara branca que protegia suas narinas sensíveis. O falso ruivo utilizava jaqueta jeans dessa vez, rasgadas nos ombros e cotovelos, sua cor clara contrastando com a camiseta preta e a calça jeans escura.

Ele não utilizava roupas tão chamativas como da primeira vez que o vira, porém curiosamente ainda possuía aquele brilho alegre e colorido. Como um arco-íris, trazia consigo a beleza de um dia ensolarado após dias chuvosos.

Por alguns segundos, Yoongi pensara em retribuir ao cumprimento inocente dele.

“O que você está pensando? Ele não gosta de você, por que gostaria? Não fale com ele, ele vai ver como você é sujo!”

— Vá embora. — Disse, colocando um macarrão nos lábios e sugando-o rapidamente. Desviou os olhos do rapaz e fitou a própria refeição, disposto a ignorá-lo até que fosse embora.

— Na rua onde eu moro vende o melhor ramen que eu já comi. — Taehyung ignorou sua ordem, ajeitando-se na cadeira e puxando as mangas da jaqueta até os cotovelos. Parecia entusiasmado para falar sobre o restaurante. — Posso levar você para comer, é barato e o ambiente é amigável. Eu me sinto comendo macarrão feito pela minha avó. — Ele exibiu um bonito sorriso, seus olhos fechando-se em dois pequenos riscos.

Yoongi o ignorou novamente, revirando os olhos. Não conseguia acreditar que aquele hippie realmente continuava ali, tagarelando sobre um lugar que ele não dava a mínima e invadindo o seu espaço pessoal. Ele não queria companhia, era difícil entender?

— Eu não me importo. — Murmurou, ainda sem olhá-lo. — Por que não vai embora?

Taehyung respirou fundo e apoiou a cabeça na palma da mão, o cotovelo descansando em cima da mesa gélida. Como aquele hyung era cabeça dura!

— Porque estou fazendo companhia para um amigo.

— Não somos amigos. — Yoongi o cortou, rápido e preciso. Não poderia permitir que aquele insolente se iludisse pensando que possuíam qualquer tipo de relação, estava começando a se irritar com toda aquela persistência.

— Por enquanto. — Ele corrigiu, rindo da expressão raivosa que o loiro exibia. — Yoongi-

— Não me chame de Yoongi, não somos amigos. — Definitivamente ele estava ficando irritado.

— Então só os seus amigos podem te chamar pelo primeiro nome, Yoongi? — Ele repetiu o nome do seu hyung, observando a sua expressão facial radicalmente mudar. Aparentava estar profundamente incomodado com a pergunta de Taehyung, afinal não possuía nenhum amigo para chamá-lo de qualquer maneira. — Tudo bem, a partir de hoje eu serei seu amigo.

Taehyung sorria, feliz pela honra de ser o primeiro e único amigo do loiro. Yoongi analisava a sua expressão com olhos de falcão, as vozes gritando em sua mente e forçando-o a encarar o fato de que não merecia alguém para chamar de amigo. Não merecia nada, nem ninguém.

— Você não sabe o que está falando, rapaz. — Yoongi estava sério, seu tom de voz em um tom baixo e perigosamente triste. Falava como um sobrevivente de guerra. — Você não sabe quem eu sou, não é tão simples ser amigo de alguém.

O ruivo franziu o nariz, desmanchando o sorriso e puxando as mangas até os pulsos novamente. Sentia-se encurralado, pois sabia que Yoongi estava absolutamente certo; ser amigo significava, principalmente, conhecer a pessoa e estar ao lado dela em todos os momentos. Taehyung era um completo estranho, como o depressivo e solitário Min poderia considerá-lo amigo?

Sua mente esperta planejava inúmeras coisas, os olhos vagando pelo comprimento da mesa acinzentada. Impediu-se de sorrir e fitou Yoongi novamente, encontrando-o com o olhar perdido nas próprias mãos e percebendo, pela primeira vez, que ele utilizava luvas escuras. Esforçou-se até lembrar que o loiro também estava de luvas no primeiro encontro também.

— Tudo bem, então vamos nos conhecer. — Ele ignorou momentaneamente as mãos do outro, focando em seu rosto cansado. — Eu sou Kim Taehyung, estudo artes cênicas e sonho em ser modelo profissional algum dia. Hm… Gosto da cor vermelha e de comer com hashis, não gosto de filmes tristes e de mentiras. Agora é a sua vez, me fale de você.

Yoongi quase gargalhou. Aquele hippie estava mesmo tentando forçar uma amizade entre eles?

Não conseguira ignorar, entretanto, que Taehyung fora a primeira pessoa em toda a sua vida que quis saber mais sobre ele. O falso ruivo não o julgara como todos os outros fizeram, tampouco se afastou quando percebeu que o loiro era um maldito fracassado depressivo que odiava companhias. Ele estava disposto a realmente ser seu amigo — ou, pelo menos, aparentava estar. Quase sentiu-se feliz, porém rapidamente relembrou-se de como era um ser humano sujo e que provavelmente destruiria toda a felicidade que o rapaz possuía.

E Yoongi jamais permitiria que sua sujeira e escuridão contaminasse outra pessoa.

— E-Eu preciso ir. — Levantou-se, deixando para trás seu almoço e um confuso Taehyung.

As informações eram intensas e difíceis de assimilar. Yoongi não estava acostumado a se importar com outra pessoa, afinal sempre fora somente ele no mundo cinzento que vivia, sua cabeça estava uma completa bagunça com a aproximação indesejada de Kim Taehyung e toda a sua inocente alegria.

Jamais mancharia alguém tão vívido como Taehyung com toda a sua depressão e tentativas frustradas de suicídio.

Taehyung, entretanto, sentia-se entusiasmado. Sabia que suas atitudes haviam penetrado a barreira resistente e forte que o loiro construíra ao redor de si mesmo, a maneira como o fotógrafo literalmente fugiu após sua pergunta demonstrava exatamente o que ele desejava: Yoongi havia considerado permitir que o ruivo entrasse em sua vida.

Essa sabedoria já era suficiente.

Horas mais tarde, Yoongi havia finalmente finalizado o seu turno no pequeno mercado vinte e quatro horas. Destrancava a porta do apartamento, sentindo seus membros dormentes e os pés doloridos, afinal o sapato apertado e de dois números a menos haviam espremido seus dedos durante, aproximadamente, oito horas.

“Você deveria desistir.” A voz que o incentivava ao suicídio era dócil e amigável, soava como uma querida amiga oferecendo o melhor dos conselhos.

Ele deixou a mochila escorregar por seus braços, observando-a cair em um baque silencioso no chão. Engoliu em seco, fechando os olhos e sentindo o corpo lentamente ceder, deslizando até enfim alcançar o piso gélido.

Yoongi estava vivenciando o pior inverno de todos os tempos. O frio congelava os seus ossos frágeis, dificultando que seus machucados cicatrizassem e atrasando sua melhora física – possuía o vício incontrolável de se ferir, causando dor a si mesmo todas as noites, quando escondia-se em seu pequeno apartamento e bebia inúmeras garrafas de bebidas alcoólicas baratas.

“Ninguém sentiria sua falta se você morresse, querido”.

— Eu sei… — Ele deixou o cansaço o vencer, deitando no chão frio e fitando o teto do local onde morava com olhos perdidos, mergulhado em um vazio infinito e desconectado da realidade.

Então por que não acabamos com isso de uma vez por todas?” O rapaz sentia as lágrimas beijarem suas bochechas, o coração bater lentamente e a mente barulhenta reiniciar a sua batalha por controle. As vozes lutavam para controlá-lo, moldar as suas ações, mas ele estava cansado demais para impedi-las.

Fechando os olhos, lembrava dos momentos em que tivera alguém para abraçá-lo. Parecia que estava vivendo outra vida, muito distante daquela em que possuía pais que se preocupavam com ele e uma avó que o presenteava com uma meia quente e confortável no natal.

Adoecer foi a sua desgraça.

Ninguém poderia negar que Min Yoongi não tentara resistir. Lutou contra a depressão, ignorou todas as vozes que gritavam em sua mente e até conversou com um especialista, anos atrás. Porém, quando ouvira da boca do psiquiatra que estava tão doente, observou, de mãos atadas, tudo se perder; os pais o negligenciaram, repentinamente ocupados demais com viagens a trabalho para prolongarem qualquer conversa, a família o julgava pelas costas, o encarando como se o loiro fosse uma aberração desgostosa.

Como se a solidão familiar não consumisse todas as suas forças, seus dois únicos amigos o abandonaram. “Não sabemos lidar com isso” fora a desculpa dos gêmeos idênticos. Tudo bem, Yoongi não os culpava, afinal nem ele sabia lidar consigo mesmo, porém amizades não deveria ser para momentos bons e ruins? Seus amigos não o amavam o suficiente para permanecer ao seu lado?

Durante anos, o depressivo e solitário Min Yoongi se perguntava “o que há de errado comigo?”

Ainda assim todos observaram, boquiabertos, o rapaz se formar. Os pais de todos estavam na formatura, cochichando sobre o “garoto doente que não valorizava a vida”, desfrutando das comidas oferecidas pelo diretor e compartilhando sorrisos com seus filhos.

Os pais de Yoongi não foram. Ninguém da sua família estava presente.

Tudo bem, ele não os culpava. Se formar era a sua obrigação, o fato de estar doente não interferia em absolutamente nada. Seus pais não possuíam orgulho dele simplesmente porque ele não havia feito nada que merecesse.

Ainda assim, não conseguia parar de pensar em como desejava um abraço.

— Eu não consigo mais… — Ele voltou à realidade, fechando os olhos e deixando as lágrimas mancharem o chão.

Você vai se sentir melhor se fizer um corte no braço.” A voz masculina o oferecia a automutilação, uma técnica misteriosa que o fazia esquecer momentaneamente as vozes, a dor, a depressão e a solidão. Ele não sentia nada, ficava vazio, oco.

Entretanto, naquela fria noite de inverno, Min Yoongi não possuía forças o suficiente para se auto destruir. Quebrado demais para levantar do chão e se machucar. Exausto. Ferido.

— Eu desisto. — Ele sussurrou, rendendo-se ao sono.

Imerso em tanta dor, o loiro não conseguia enxergar uma saída para toda aquela nuvem negra que o sugava. Sua mente fora consumida pela depressão, sua auto estima inexistente o cegava e forçava o seu isolamento social. Yoongi estava tão afastado das pessoas, de si mesmo, de qualquer vestígio de amor que acreditava ser desmerecedor da felicidade — havia perdido as esperanças, fora derrotado pela depressão.

Taehyung, inocente e ignorante, não muito longe do apartamento do loiro, preparava-se para dormir. Seu colega de apartamento e amigo Jung Hoseok passaria a noite acordado estudando, então o silêncio abençoava seus ouvidos e o lembravam Min Yoongi.

— Tsc… — Murmurou, esboçando um pequeno sorriso.

Pensar nos olhos desesperançosos do loiro o deixava angustiado, havia alguma coisa presa no olhar daquele hyung que o absorvia como esponja abraça a água. Ele não conseguia descrever suas razões, apenas sentia-se na obrigação de ser a mão amiga que Yoongi aparentava necessitar.

Estava disposto a quebrar todas as barreiras que impediam a sua aproximação.

Incluindo o profundo isolamento no qual o loiro se afogava.

"You call my name
            I come to you in pieces"


Notas Finais


⋆*ೃ foi isso, é. espero que nao esteja tao ruim D:

⋆*ೃ se voce se identificou com o que o yoongi esta passando: calma. voce nao ta sozinho (a). primeiramente procure um profissional, procure ajuda! nao deixa essa doença maldita acabar com voce. voce nao é fraco como as vozes dizem, muito pelo contrario, voce é extremamente forte! nao desista, eu prometo que ha uma luz no fim do tunel ♥

⋆*ೃ se quiser conversar, meu tt é @awntaegi. beijos!


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