1. Spirit Fanfics >
  2. Amnesia >
  3. R

História Amnesia - R


Escrita por: starburst

Notas do Autor


⋆*ೃ ola, como voces estão? obrigada por todo o apoio, é muito importante pra mim.

⋆*ೃ contem gatilhos indiretos, mençoes a autolesão. nao continue se te fizer sentir muito mal!

⋆*ೃ boa leitura!

Capítulo 5 - R


Fanfic / Fanfiction Amnesia - R

"why am I standing here?"

“Taehyung estava desorientado.

A chuva molhava seu corpo, deixando suas roupas extremamente pesadas e seu cabelo encharcado. O frio intenso o fazia corar e seus lábios estavam tingidos em um tom intenso de roxo, porém o moreno possuía toda a atenção direcionada ao homem embriagado que jogava suas roupas pela janela.

— Não quero que volte nunca mais!

Onde ele havia errado?

Sem forças, com o nariz sangrando e o lábio inferior dolorosamente cortado, Kim Taehyung sentou-se no asfalto molhado e acompanhou uma das pessoas que mais amava o expulsar da sua vida.”

Park Jimin uniu as pequenas sobrancelhas ao notar o estranho comportamento do melhor amigo. O falso ruivo mordiscava um canudo enquanto batia freneticamente com os pés no chão, suas mãos trêmulas e inquietas seguravam uma lata de café gelado e os olhos estavam fixos na porta do banheiro masculino — visivelmente nervoso e ansioso.

O moreno correu a língua pelo lábio inferior, interrompendo seu monólogo e seguindo o olhar do ruivo. Alguns rapazes entravam e saiam do local, nenhum deles atraindo a atenção de Jimin o suficiente para explicar a obsessão de Taehyung por aquela maldita entrada.

Bufou, jogando o corpo em cima da pilha de nervos que era o Kim e finalmente absorvendo a sua atenção.

Aish! O que está fazendo? — Taehyung o empurrou, afastando-o de si e ajeitando sua postura na cadeira desconfortável e cinzenta. Encarou o melhor amigo com as sobrancelhas unidas, voltando o olhar até a porta do banheiro no segundo seguinte.

— O que você está fazendo, hyung? — Jimin retrucou, inclinando-se contra a mesa e estalando os pequenos dedos diante do rosto do outro. — Está olhando para esse banheiro desde que chegamos e não está ouvindo nada que eu estou dizendo. — Resmungou, um adorável bico surgindo em seus lábios.

O ruivo revirou os olhos, soltando um singelo sorriso e fitando o moreno por cima do ombro. Estavam sentados lado a lado em uma mesa da cafeteria, porém a postura de Taehyung estava totalmente direcionada à direita, mais precisamente à porta do banheiro masculino, ficando assim de costas para seu dongsaeng e, consequentemente, oferecendo-o mínima atenção — já que Jimin sentava-se à sua esquerda.

Jimin-ssi — Virou-se na direção do melhor amigo, sentando-se corretamente. — Me desculpa. — Correu os dedos pelos fios lisos do moreno, deixando ali um carinho. — Estou ouvindo agora, pode falar. — Piscou duas vezes, abrindo o seu melhor sorriso e tentando ignorar sua preocupação com Min Yoongi.

Taehyung sentia-se na obrigação de falar com o loiro após vê-lo tão despedaçado.

Yoongi fugiu de todas as suas perguntas após conseguir finalmente parar de chorar, os olhos inchados eram incapazes de fitar o ruivo, desviando constantemente do seu rosto contorcido pela preocupação. Sentia-se um fraco por ter chorado de maneira tão desesperada na frente de outra pessoa e seu coração afundava ainda mais após perceber que Taehyung realmente aparentava se preocupar com ele.

Havia feito justamente o que jurou jamais fazer: contaminou outra pessoa com a sua sujeira.

Quando enfim conseguira respirar normalmente Min Yoongi levantou-se do banco, ignorando um Taehyung preocupado sentado na grama gélida e caminhando até o banheiro masculino.

— Hyung! — O ruivo chamou, recebendo o silêncio do outro como resposta. Yoongi continuou andando, nunca olhando para trás. — Eu estarei te esperando na cafeteria! — Conclamou, as sobrancelhas arqueadas e os cílios molhados.

Estaria mentindo se dissesse que não estava preocupado com o fotógrafo talentoso que o retratara de maneira tão bonita. Após silenciosamente acompanhar o desabafo choroso do loiro, sentia uma dor incômoda no peito somente ao imaginar os motivos que o levaram a tamanho descontrole emocional. Sentou-se no banco, retirando a neve que havia se aglomerado em seus ombros e batendo os dedos contra o tecido jeans que utilizava — o que fora uma tentativa totalmente inútil de eliminar a neve, já que estava molhado dos joelhos para baixo.

Taehyung não se lembrava da última vez em que lágrimas cobriram a sua visão. Chorar de verdade, por felicidade ou tristeza, era um ato que o falso ruivo não costumava praticar desde que saíra do seu antigo bairro.

Apoiou os cotovelos nos joelhos molhados, enfiando os dedos entre os fios de um vermelho desbotado e fechando os olhos. A carga emocional de Yoongi era extremamente pesada, ele conseguira sentir que havia algo errado com o fotógrafo desde a primeira vez em que colocara seus espertos e curiosos olhos nele. Entretanto, por mais que evitasse se envolver em situações desgostosas, sentia-se impulsionado a se afogar na tristeza que arrastava o Min.

Se fosse necessário se contaminar com a maldita doença que quase o matara anos atrás para salvar Min Yoongi, Taehyung o faria.

Jimin sempre repetira que o maior defeito do melhor amigo era também a sua maior qualidade: a persistência. O ruivo quase riu com a ironia da situação, afinal estava comprovando que a teoria do baixinho era verdade com toda aquela história maluca de ajudar Yoongi.

Como ele conseguia julgar-se bom o suficiente para ser o herói de alguém? Era apenas um universitário de cabelos vermelhos desbotados e uma filosofia otimista a respeito da vida, não possuía força necessária para resgatar ninguém de lugar algum – e, aliás, quem o garantiria que Yoongi queria ser salvo? E se o loiro houvesse desistido de si mesmo?

Ninguém conseguiria ajudá-lo se ele também não quisesse ser ajudado.

Taehyung franziu a testa, unindo as sobrancelhas com as lembranças que invadiram sua mente antes mesmo que ele pudesse ter a chance de impedir. Sentia a respiração falhando conforme revivia alguns dos piores anos da sua vida, quando estivera totalmente sozinho e abandonado pelas pessoas que deveriam o acolher.

Então, se até mesmo ele conseguiu ser salvo, por que Min Yoongi não conseguiria? Os seus pensamentos focaram em soluções positivas e um sorriso esperançoso nascia lentamente em seus lábios.

— Eu posso tentar ajudar, hyung… — Sussurrou para ninguém ouvir.

Agora estava extremamente ansioso para conversar com o loiro e sanar as suas intermináveis dúvidas. Precisava primeiro descobrir qual era a razão do seu choro, depois pensaria em uma maneira de controlar a tristeza e reanimar a alma aparentemente sem vida de Yoongi. Batia novamente os pés contra o chão, o nervosismo escorrendo por sua pele e deixando sua testa suada.

— Taehyung, está suando. — Jimin apontara, parando novamente o seu monólogo e passando o seu cachecol marrom na pele úmida do seu hyung. Taehyung sorria abertamente, feliz por ter alguém tão especial por perto, enquanto o baixinho mordia a língua rosada e tentava enxugar por completo a testa do melhor amigo. — Yah, pronto. — Sorriu para ele, os olhos fechando-se em dois adoráveis riscos.

Taehyung puxara Jimin pelos ombros, chocando-se contra o seu corpo quente e sentindo as mãos pequenas dele baterem em suas costas. O abraçou com toda a intensidade que conseguiu, tentando agradecê-lo por ser seu melhor amigo em poucos segundos. Se soltaram rapidamente, o Park mantendo o sorriso bonito no rosto e as bochechas rosadas queimando aos olhos do seu hyung.

— Você está adorável Jimin!

— Eu te odeio. — Os dois se encararam por alguns segundos antes de iniciarem uma gargalhada sincera.

{⋆*ೃ}

Três semanas se passaram.

Min Yoongi faltou a todas as aulas durante aquele período.

Taehyung estava tão preocupado que ousou abordar alguns de seus companheiros de curso para questionar a respeito do seu sumiço, porém ninguém conhecia o fotógrafo o suficiente para explicar o porquê das suas faltas. Alguns sequer sabiam o seu nome.

Frustrado e nervoso, o falso ruivo sentara no mesmo banco que outrora fora fotografado e fechou os olhos, aspirando profundamente durante quatro segundos. Não conhecia Yoongi, não eram amigos, mas sentia-se tão mal com o desaparecimento de seu hyung que quase chorara na noite passada, imaginando inúmeras – e terríveis – cenas durante toda a insônia.

— Hyung! Te achei! — Jimin corria em sua direção, a blusa de frio listrada em preto e branco distraindo-o momentaneamente. Ele o ofereceu uma lata de suco, os fios castanhos caindo perfeitamente sobre a testa. — Estávamos te procurando.

— Estávamos? — Ele estava confuso, as sobrancelhas unidas.

Jimin apenas sorriu, sentando-se ao lado do melhor amigo e abrindo a sua própria lata de suco. Suco de maracujá, Taehyung reconheceu.

— Namjoon hyung e eu. — Finalmente o respondeu, após longos segundos bebendo o líquido amarelo e gaseificado. — Ele me disse para te avisar que o estudante de fotografia veio a aula hoje.

Taehyung abriu um largo sorriso, uma onda de alívio removendo a preocupação que antes o torturava. Min Yoongi havia aparecido. Não estava morto. Ele conseguia sentir seu pulmão se libertando das amarras imaginárias e voltando a funcionar normalmente, a respiração adentrando as suas narinas e alimentando o seu corpo com gás oxigênio. Seu coração finalmente voltava a bater em um ritmo saudável, não mais machucando-o com o nervosismo habitual.

Deus…! — Ele poderia facilmente chorar de felicidade. O alívio estava estampado em sua testa, uma luz esperançosa irradiava dos seus olhos. — Obrigado, muito obrigado. — Fechou novamente os olhos, agradecendo a qualquer força sobrenatural que havia ajudado Yoongi a voltar ao convívio social.

Jimin estava muito confuso. E curioso. E desconfiado. E – talvez – enciumado.

Quem era esse tal “estudante de fotografia”, afinal?

— Hyung…? — O chamou, observando os olhos de Taehyung brilharem em sua direção. A força vital e a luz natural do falso ruivo haviam retornado ao seu olhar. Jimin quis sorrir, mas estava curioso demais para tal. — De quem estamos falando?

Kim Taehyung só desejava poder correr na direção de Min Yoongi e vê-lo com os próprios olhos. Havia recebido tantas respostas desinteressadas e desesperançosas que começava a perder a sua fé. Entretanto, contrariando a opinião dos seus colegas de classe, ele ainda estava vivo. Queria gritar no rosto de cada um que ele não estava errado em esperar por seu hyung, mas isso não seria muito gentil, então apagou a ideia da sua mente.

Lembrou-se da pergunta do seu melhor amigo quando o mesmo soltou um suspiro, desculpou-se e o explicou rapidamente que estava preocupado com o sumiço de um conhecido.

— O nome dele é Min Yoongi, Jimin. — Os olhos de Taehyung acompanharam a expressão confusa de Jimin se intensificar.

— Se é um conhecido por que estava tão preocupado, Tae-ah? — Ele sinceramente não estava entendendo-o.

— Não deveriam existir rótulos necessários para a preocupação, Jimin-ssi. Não importa se for um conhecido, um vizinho, um amigo, um irmão, um melhor amigo, um parente próximo, todos somos importantes. Se alguém desaparece sem dar notícias, deveria ser natural do ser humano se importar o suficiente para, no mínimo, perguntar sobre a pessoa. — Taehyung discursou, os olhos castanhos acompanhando um floco de neve delicadamente aterrissar no chão. — Não é engraçado como estamos sempre desejando empatia, mas não pensamos nas pessoas ao nosso redor? “Não me importo se aquela pessoa morreu, eu não a conhecia”, não é irônico? Somos supostamente capazes de sentir empatia, mas só nos importamos com nós mesmos e com aqueles que fazem parte da nossa bolha…

E, após ouvir as filosofias bonitas saltarem dos lábios do seu melhor amigo, Park Jimin quis estapear a própria face. Sentiu-se mesquinho por desejar que o tal desconhecido nunca voltasse, dias antes. Fitando o rosto emocionado e a expressão perdida em pensamentos de seu hyung, julgou-se uma pessoa de sorte por tê-lo por perto.

Taehyung era um anjo, não haviam dúvidas.

— Hyung… Me perdoa? — O falso ruivo abriu um pequeno sorriso.

O mundo precisava de mais empatia.

— Não se preocupe, Jimin. — Ele bagunçou o seu cabelo escuro, recebendo um sorriso singelo como resposta. — Pensa no que eu disse, tudo bem?

E, após aquelas palavras, Kim Taehyung foi em busca de Min Yoongi.

Enquanto Taehyung o procurava, Yoongi aproveitava os últimos minutos do intervalo para limpar seus machucados recentes. Sentado no frio chão do banheiro masculino e apoiando o cotovelo na tampa fechada do vaso sanitário, o loiro despejava uma quantidade considerável de álcool em suas feridas, contendo os gritos de dor com uma mordida forte no lábio inferior.

Sua negligencia com o próprio bem-estar ainda o mataria.

Descansou a cabeça contra o azulejo multicolorido da parede, soltando todo o ar que prendia e sentindo a cabeça pesar como toneladas. Seus pensamentos estavam incontroláveis desde a última semana, as vozes não davam descanso nem mesmo durante as muitas autolesões. Estava cansado de lutar contra elas, mas não conseguia tentar suicídio sem lembrar de Taehyung limpando suas lágrimas.

Talvez, só talvez, ele sentiria a sua falta.

“É claro que não sentiria, você não faz diferença para ele”

“Você é inútil”

Você não quer rir quando se ilude dessa maneira, querido? Vamos, desista de tudo”

— Eu quero desistir… — Ele sussurrou, os as pálpebras arroxeadas fechadas. Em menos de meio segundo a primeira lágrima caminhava por suas bochechas pálidas. — Eu não aguento mais!

Quis rasgar os panos que o cobriam. Desejou fortemente retirar a própria pele a fim de se livrar da angústia que abraçava o seu coração. A dor física era quase tão intensa quanto a emocional e Yoongi não se julgava forte o suficiente para suportar essa combinação.

Seu celular interrompeu seu choro silencioso, o alarme relembrando-o de que ainda possuía uma vida fora do frio banheiro masculino da sua faculdade; o intervalo chegara ao fim e ele precisava comparecer às aulas. Lentamente se levantou, escondendo o pequeno frasco de álcool dentro da mochila e puxando as mangas do seu casaco escuro até que alcançassem as suas luvas.

Precisava esconder os sinais da sua autodestruição.

— Yoongi hyung? — O que ele realmente não esperava era encontrar a figura colorida de Kim Taehyung lavando as mãos na pia do banheiro.

Yoongi quis correr para dentro do seu esconderijo novamente. Cheirava a álcool e sangue fresco, as bochechas estavam vermelhas e os olhos anormalmente inchados. Lambeu o lábio inferior, pensando em como se justificar para o homem a sua frente, porém desistiu ao vê-lo abrir um grande sorriso.

Ele estava mesmo sorrindo para Yoongi? Mesmo depois de ver como o loiro era sujo?

— O que está fazendo? — Sua voz saíra rouca, graças ao choro e ao desuso. — Por que está sorrindo?

Taehyung enxugava as mãos na própria jaqueta jeans rosa claro. O fitou com intensidade, gravando cada detalhe do seu hyung e se assegurando de que ele estava intacto fisicamente. Usava um gorro preto, luvas escuras, um casaco marrom escuro e calças jeans negras como uma noite sem estrelas. A raiz castanha do seu cabelo estava mais aparente e, excluindo o rosto inchado e pintado de vermelho, aparentava estar perfeitamente normal – apenas cansado. Muito cansado.

— Hyung, o que aconteceu? — O perguntara imediatamente, os olhos bem abertos em sua direção. — Você sumiu… Eu estava preocupado. — Um bico adorável enfeitava os lábios de Taehyung.

Yoongi sentia que sua mente racharia, se quebrando em inúmeros pedaços irreparáveis. Taehyung disse que havia se preocupado, mas como? Como alguém poderia se preocupar com ele? Ele era um lixo, um inútil, não possuía nenhuma importância.

“Você é insignificante.”

“Não o escute! Ele só está dizendo o que acha que você quer ouvir.”

“Ele está sendo gentil, você não é importante o suficiente para alguém sentir a sua falta.”

“Ele não se importa com você. Não se preocupa com você”

“Você não vai infectá-lo com a sua sujeira, vai, seu inútil?”

— E-Eu preciso ir. — Gaguejou, o lábio inferior sangrando graças ao esforço que fizera anteriormente. Tropeçou nos próprios cadarços e caiu após tentar correr para longe das cores de Taehyung, batendo a testa no chão e ficando desnorteado momentaneamente.

— Hyung! Meu Deus! — Taehyung foi em sua direção, tocando em seus ombros e ajudando-o a se sentar. Tão perto de Yoongi, conseguia ver toda a vermelhidão do seu rosto, as olheiras que pesavam os seus olhos, hematomas arroxeados na altura das suas bochechas, o machucado no lábio inferior e os seus olhos lacrimejados. O loiro possuía um rosto muito bonito, porém machucado e adoecido. — Q-Quer que eu chame alguém?

— Não, Taehyung. — Yoongi se sentia envergonhado, humilhado. — Vá embora.

— Você só pode estar brincando. — Taehyung ria, um riso nervoso que rasgava-lhe a garganta. Soltou os ombros de Yoongi e puxou os fios do seu cabelo vermelho desbotado, buscando controlar a irritação que crescia dentro do seu peito. — Hyung, aqui. — Ele retirou alguns comprimidos de dentro da mochila, oferecendo-os, mas o loiro apenas torceu o nariz, olhando para o chão. — São para dor de cabeça. — Insistiu.

A simples frase de Taehyung movera montanhas dentro do universo psicológico de Yoongi. Mesmo após ordenar que fosse embora, o garoto colorido permanecia ao seu lado, tentando ajudá-lo. Qual era a intenção dele? Será que estava se aproximando apenas para usá-lo e depois abandoná-lo quando finalmente percebesse que o loiro era só escuridão e noites mal dormidas?

“Mande-o embora.”

— Taehyung. — A voz séria de Yoongi arrepiara os fios finos dos braços de Taehyung. — Vá.

— Não! — Ele quase gritou.

Os minutos se passaram e o silêncio recheava aquele frio banheiro masculino. Yoongi continuava sentado, o local onde havia batido começando a demonstrar um hematoma alto e de coloração mista; ora vermelho como maçãs maduras, ora roxo como uvas. Taehyung o imitava, sentando no chão e apoiando a cabeça na parede. Estavam distantes, um próximo dos sanitários e o outro ao lado da porta.

Hyung… — As pernas de Taehyung estavam começando a doer. Ele precisava convencer Yoongi a se levantar e sair daquele local, afinal o machucado na testa do loiro estava preocupando-o e seus lábios começavam a arroxear. O frio era intenso e as luzes proporcionavam pequeno alívio com seu calor.

— Eu te disse para ir. — Yoongi mantinha os olhos fechados, os braços apoiados no joelho e a cabeça encostada na parede. Tentava controlar seus próprios pensamentos, irritando-se com a persistência das malditas vozes e com a dor crescente em sua testa.

— Eu não vou te deixar. — O de cabelos desbotados falou, brincando com o zíper da jaqueta rosa pastel. — Se quer ficar no banheiro, então fico com você. — Continuou, abrindo um pequeno sorriso que seu hyung não viu.

A porta fora aberta e, interrompendo a pequena discussão dos dois, um aluno adentrou o banheiro. O rapaz uniu as sobrancelhas, desviando o olhar de Taehyung até Yoongi e repetindo o processo, recebendo um sorriso amarelo do falso ruivo. Deu de ombros, ignorando-os e entrando dentro de um dos cubículos.

Yoongi abriu os olhos, fitando Taehyung com o lábio inferior entredentes. Piscou duas vezes, levantando-se e olhando-o uma última vez antes de sair do banheiro. O outro não precisou pensar, limpando a calça jeans azul-marinho e seguindo-o em proferir nenhuma palavra.

O rapaz saiu de dentro do cubículo, lavando as mãos em uma das inúmeras pias e enxugando-as com papel. Se perguntou onde os dois homens foram, mas desistiu de tentar entender o que havia acontecido, saindo do banheiro com um grande ponto de interrogação invisível em cima da cabeça.

"I don’t know if I have a lot of thoughts or no thoughts at all"


Notas Finais


⋆*ೃ de novo, a musica do capitulo é rain.

⋆*ೃ pra qualquer pessoa que queria conversar, desabafar, eu vou deixar aqui dois meios pra se comunicar comigo. eu me disponibilizo pra tentar ajudar, tentar dividir com voces essa carga grande. o meu fc é @awntaegi. podem falar comigo!

⋆*ೃ ah, e mais importante: se voce se sentir como o yoongi, nAO desista! voces esta sendo muito forte por lutar conta, entao por favor, conte para alguem que realmente possa ajudar voce. talvez voce precise ate mesmo de acompanhamento psicologico, mas voce consegue sim sair dessa tristeza. voce consegue. eu acredito em voce. nao se negligencie, por favor.

⋆*ೃ obrigada por ler ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...