Eu e Gaster descemos as escadas, e após isso encontramos Papyrus e Sans sentados no sofá, já Flowey, estava em um vaso de flor ao lado do sofá.
— Vejo que acharam um lugar para o Flowey ficar. — Gaster ri, e encara os irmãos. — Paps, eu preciso conversar com seu irmão. Poderia se retirar por um momento?
— Bem.. Ok... — Papyrus o fita confuso, e sai de casa.
— É o seguinte. Frisk me disse que não se lembra de nada, além do reset passado. — Ele fechou os olhos. — Flowey, não tenho certeza, mas você fez parte dele?
— ... Sim. — Respondeu Flowey, em um tom quase ríspido.
— Ótimo. Sans, você lembra também, certo? Os resets foram tantos que você acabou tendo a memória deles...?
— Sim. — Sans desviou o olhar, que logo seguiu para mim.
— Frisk, você se lembra apenas de algumas partes, não é?
— Olha... Isso tudo é muito confuso. — Eu coloquei uma mão na cabeça e me sentei onde Papyrus estava, encostando minha cabeça lá, e olhando para o teto. — Resets... Toda essa confusão por minha causa, meu "eu" do passado. Eu era uma completa cabeça dura, não era?
— Voce diz literalmente? — Sans me encarou, e seu sorriso aumentou. — Sabe, talvez voce tenha feito um erro ou outro, mas agora voce ja tem noçao do que fez antigamente, nao? — Suas órbitas por um momento se tornaram vazias, me dando arrepio.
— Sans, não assuste a criança. — Ele suspirou, e tomou seu olhar para Flowey. — Flowey, vamos começar por você. Eu sei tudo o que você fez, teve uma história "trágica".
— Não... Toque neste assunto. — Ele abaixou a "cabeça", logo com as pétalas cobrindo seu rosto.
— Calma, não irei tocar na sua parte delicada. — Ele deu uma pequena risada. — Bem, pelo que eu saiba, você tinha o poder de resetar. Frisk então caiu no subsolo junto com seu controle, fazendo com que você perdesse o "reset". Então você a seguiu por toda sua caminhada.
— Eu apenas tinha a achado... Interessante. — Flowey me olhou de canto por um momento.
— Então, gostaria de perguntar... — Ele encarou a flor com um olhar assustador e órbitas vazias. —Seja franco comigo, no passado você matou vários monstros?
— ... Sim, eu fiz isso. Em que ponto você quer chegar? — Disse mais uma vez ríspido, como se cuspisse suas palavras.
— Frisk fez a mesma coisa. O genocídio ocorreu com ambos, e ambos tinham o poder de apagar tudo. — Um sorriso apareceu em sua face. — Eu sei, ou melhor, eu vi tudo que vocês dois fizeram. Todos nós tivemos passados diferentes e aleatórios passeando pelas linhas do tempo, e eu quero que me diga... Não seja ególatra comigo,o poder voltou à você, não é? O poder de resetar, voltar pelas linhas do tempo e refazer tudo novamente...
— Eu... — Flowey parou de falar por um momento. — Sim, ele está comigo.
— Eu apenas lhe dou um aviso, Asriel, não resete. Frisk parece ter influenciado você de todas as maneiras. Você não quer que Sans te dê uns maus tempos, quer? Heh. — Flowey corou, e fechou a cara. Eu dei um risinho, e o mesmo começou a murmurar algumas palavras. Eu olhei pra Sans, e ele parecia ter adormecido. — Como eu estava dizendo, também há outros motivos para que você não o faça. Podemos dar algum jeito para que você volte a ser o verdadeiro Asriel.
— ... "Verdadeiro Asriel"? ... Eu não quero mais ser Asriel, não mais. — Ele deu uma risada baixa, e abaixou-se, deixando novamente que suas pétalas tampassem seu rosto. — Ele se foi há muito tempo. Eu já sofri o bastante, apenas me deixe continuar desse jeito, acabado. E eu... Não quero mais resetar.
— Olha, tanto eu quanto Frisk queremos te ajudar. Não se dê por difícil, você já passou por muitas mudanças.
— Você tem razão, eu passei por muitas mudanças, eu passei à ter SENTIMENTOS! — Ele ri em um tom um pouco alto, Sans se mexe um pouco no sofá, mas aparenta não ter acordado. — Como diabos uma flor consegue ter isso?! Meu único prazer havia virado por matar, eu comecei a ter meu primeiro sentimento... Eu comecei a ter MEDO... E logo o segundo...
— E qual o segundo?
— Você acha mesmo que eu contaria à você? Eu já disse muita coisa, não vou falar minha vida inteira à você. Apenas aquilo já deveria ter matado sua curiosidade.
— É amor, Gaster. — Digo sorrindo. Olho para Flowey e vejo que ele não estava com uma cara nada boa, mostro a lingua e ele fica mais bravo que o normal. Acho que era hora dele provar de seu próprio veneno, hehe...
— Amor? Que curioso... Por quem?
— É pelo Sa- —Sou rapidamente calada em um piscar de olhos por várias vinhas cercando minha boca.
— Você deveria ter a fama de uma fofoqueira suja. — Disse Flowey, ameaçador.
— Frisk, deixe-o. — Disse Gaster, rindo um pouco. Ele parecia já ter noção de quem era. — Ninguém gostaria de que ficassem falando sobre quem você gosta ao lado dele. — Gaster piscou.
— Ora, seus... — Rosnou Flowey. — Vocês não sabem do que estão falando. Eu deveria ter saído daqui o quanto antes possível.
Flowey refluiu, logo sobrando apenas nós três.
— É realmente sério o que você falou? — Perguntou Gaster.
— Bem, acho que eu não deveria ter dito aquilo. Senti um pouco de pena do Flowey... Você conseguiu adivinhar quem é? — Ri fraco.
— O único monstro que conheço que começa com "Sa", é um certo esqueleto do seu lado.
— Mudando de assunto, você não acha estranho uma flor ter emoções ou sentimentos?
— Claro que eu acho, Frisk. — Ele colocou sua mão no queixo. — Mas tenho uma noção para isso.
— Qual?
— Genocídio. No passado, quando você havia matado todos, Flowey, pela primeira vez em seu estado de flor, adquiriu o sentimento de MEDO.
— Me conte mais sobre isso. — Invadiu uma voz diferente naquela sala. Era Sans, e estava com sua aparência cansada, olhando para nós.
— Você não estava dormindo, certo?
— Hmm, nao.
— Você ouviu tudo?! — Perguntei.
— Sim, cada palavra, heh. — Respondeu Sans, desculpa Flowey...
— Você não está surpreso nem nada?
— Nah, ja sabia disso faz tempo.
— Como? Ele te contou?
— Do jeito como ele fica, é até um pouco obvio, nao acha? Mas para ele, infelizmente nao posso "corresponder aos seus sentimentos".
Eu o olhei um pouco desapontada. — Na verdade, acho que ele estava um pouco certo, como Sans e Flowey iriam ficar juntos? Um esqueleto e uma flor não dariam muito certo, aliás, como iriam se beijar? Nenhum deles tem lábios! — Eu ri com o pensamento.
— É, você tem razão, mas ainda estou triste por ele... Acho que seria ruim gostar de alguém, e saber que seria rejeitado. — Fiz uma careta.
— Matar e matar, a unica coisa que Flowey fazia. Eu nao teria nenhum motivo ao certo de sentir algo por aquela flor, heh.
— Entendo... — Mas então, você já sentiu algo por algum monstro, ou algo do tipo?
— Nem, eu nao sou bom com essas coisas, é realmente algo muito novo pra um cara como eu.
— Acho que você deveria tentar, se ficar desse jeito, você vai morrer sem alguém do seu lado.
— Eu acho melhor desse jeito, heh.
— Okay, então... — Estiquei os braços. — Bem, eu estou com sono e provavelmente deve ser de noite, então vou dormir. — Me deito no sofá, sem me importar muito com os dois e fecho meus olhos.
— E quanto à mim? — Perguntou Gaster.
— Você dorme no colchao que vou colocar no seu quarto. — Respondeu Sans.
Sinto que Gaster havia se levantado do sofá, um silêncio dominou o lugar e logo a escuridão me dominou por completo.
Eu dormi.
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