POV Daryl
A enfermaria está uma loucura, e logo descubro sobre Carl. É um choque. Allyra aparece em algum momento e me sinto mais leve ao ver que está bem. A abraço, não ligando a mínima para o publico. Ela retribui o abraço com força, o que só me faz sentir melhor.
Logo depois ela se afasta e começa a cuidar dos feridos, alguns contam com arranhados outros com cortes que precisam de ponto. Ela passa por entre as pessoas, conversa com todos de maneira profissional e rápida e logo está de volta. Os ânimos se acalmam quando ficamos sabendo que Carl está fora de risco.
Denise expulsa a maioria de nós, alegando que estamos lotando a enfermaria sem motivo, então eu e a ruiva saímos juntos.
-Daryl?- ela me chama suavemente e me viro para encara-la.
-Hm?
-Vamos lá para casa?- o convite me pega desprevenido, mas dou de ombros e concordo com a cabeça.
Assim que estamos sozinhos em sua casa ela me puxa e se ergue na ponta dos pés me beijando. Retribuo instantaneamente, a puxando contra mim, me perdendo em seu cheiro. As roupas vão se perdendo pela casa, corpo com corpo, pele com pele. Puxo seus cabelos ruivos para trás e ataco seu pescoço. Ela geme baixinho e isso me enlouquece aos poucos.
Com um puxão nos meus cabelos, minha boca é capturada pela dela. Meus pensamentos ficam nublados pelo desejo e só consigo pensar em uma coisa. Minha. Ela é minha. Caimos no sofá, sem vontade de chegar até o quarto.
Entro nela lentamente, um gemido preso no fundo de minha garganta. A lentidão acaba ai, e a intensidade toma conta. É tão intenso quanto sempre, mas dessa vez tem um pouco de alivio, de certeza, de preocupação. O que infernos é esse sentimento que me preenche dia após dia ao lado dela?
(...)
Tomamos banho juntos, e então caímos em sua cama, em meio a uma bagunça de lençóis e cobertas. Ela me conta como as coisas aconteceram por aqui, e fico irritado por não ter estado aqui para ajuda-la. Descubro que quero cuidar dela ainda mais do que queria no começo.
Quando sua narrativa acaba, começo a minha. É estranho ter que narrar uma história, nunca fui de falar muito, mas com ela é quase natural.
-Negan?- pergunta se afastando e fazendo uma cara estranha- Você disse Negan?
-Sim- concordo confuso e me ergo apoiando no braço para poder olha-la melhor. Ela morde os lábios, e parece nervosa.
-O que aconteceu com o grupo?-pergunta novamente, a voz controlada. Controlada demais.
-Eu os explodi.
Ela solta o ar e se deixa cair na cama novamente.
-Sem sobreviventes?
-Sem sobrevivente. Você sabe algo sobre isso?- pergunto e ela me olha novamente. Os olhos cinza estão agitados, preocupados e isso me deixa em alerta.
-Sei.- concorda e desvia o olhar- Sei sim. Mas se os explodiu estamos bem.
Quero argumentar, quero saber mais, mas todos os meus pensamentos se perdem quando ela me abraça sem aviso. O contato de pele com pele me distrai, assim como a demonstração de carinho. Não sou acostumado com isso, e me surpreendo ao notar o quanto é bom.
(...)
A reconstrução de Alexandria começa no dia seguinte, e todos ficamos ocupados. Eu, Allyra e Glenn saímos para buscar suprimentos. A noticia de que Maggie está grávida me surpreende um pouco e penso em tudo que passamos com Lori, e só posso esperar que não aconteça o mesmo.
É trabalhoso e quase todos os dias estou acabando na casa de Allyra. Hoje não é diferente. Temos mais uma noite intensa e maravilhosa, e então caímos em um sono exausto. Acordo com a luz da janela. Faço carinho em suas costas, contornando a tatuagem e ela resmunga baixinho.
-Allyra- chamo e ela resmunga se virando para outro lado.
-Não quero levantar- resmunga com a voz abafada-Estou cansada.
-Little Monster – chamo novamente.
-Não me chama assim- resmunga se virando para mim- Não me chama assim porque eu nunca respondo por mim.
Dou um sorriso safado.
-Little Monster- digo baixo e lentamente. Observo seus olhos ficarem mais escuros e passar os braços por meu pescoço me puxando para si.
O beijo é intenso e logo o desejo ganha vida. Nos giro na cama e a prenso contra o colchão. Gemo baixo contra sua pele e ataco seu pescoço enquanto ela arranha minhas costas. Entro nela sem que ela espere e um gemido longo escapa de ambos. Chegamos ao clímax juntos.
-Quero acordar assim todos os dias- diz sorrindo satisfeita e se levantando.- Vem morar comigo, caçador.
E então sai andando para o banheiro, me deixando atordoado com meus pensamentos. Essa mulher me deixa cada vez mais louco, mais envolvido. Talvez seja aquela coisa permanente. Morar com ela parece um grande passo, mas ao mesmo tempo não me vejo dizendo não. Não quero dizer não. Então digo sim.
(...)
POV Allyra.
O primeiro mês depois da confusão dos zumbis passa tranquilamente. Nos revezamos para arrumar tudo o que foi danificado e eu e Daryl nos aproximamos cada vez mais. Nossas noites ficam mais intensas, seu gosto mais viciante, sua pegada melhor. O quero cada vez mais. Então o chamo para morar comigo. E o mais surpreendente: ele aceita. Meus sentimentos por ele ficam mais fortes, a intimidade maior, a confiança enorme.
Dividir a casa faz com que algumas coisas mudem. Não posso sair usando os rádios com a mesma frequência que eu gostaria, e isso me faz ficar preocupada, principalmente depois do incidente entre Daryl e os dois grupos de Negan. O casal que ele deixou vivo...Tento não pensar nisso.
Cada dia que passo faz com que eu seja ainda mais do grupo. Eu e Maggie nos aproximamos horrores, e sua gravidez me faz pensar em ter que sair para buscar um médico para ela. Conheço um, sei que está vivo e que ajudaria. Planejo isso por um tempo. Glenn é outra pessoa da qual me aproximo bastante, seguido de Michonne.
Carl é um caso a parte, somos realmente próximos, como se ele fosse um irmão mais novo que nunca tive. Sorrio de seus dramas com Enid, achando tudo muito fofo.
Começamos a ter problemas com os suprimentos, e isso nos deixa tensos. Glenn e eu conseguimos um carregamento que nos garante uma semana, mas isso é pouco, então Daryl e Rick acabam decidindo sair.
-Vou com vocês- digo e Daryl balança a cabeça.
-Você saiu ontem, tem que descansar- diz calmamente. Olha ao redor, nota que estamos sozinhos e me puxa para um tipo de abraço. Beija minha testa de forma carinhosa- Volto logo, Little Monster.
-Eu sei que volta- respondo sorrindo de lado e me erguendo para beija-lo. Ouço alguém se aproximar e me afasto. É Carol.
-Soube que vai sair hoje- diz se aproximando- Trouxa alguns cookies para vocês.
Tenho que controlar minha expressão. Não que ela seja uma pessoa ruim, mas me irritou bastante nos primeiros dias, quando comecei essa coisa com Daryl, e me deixa desconfortável ve-la próxima dele. Aperto os lábios. Ela me cumprimenta com um movimento de cabeça e faço o mesmo.
-Obrigado, Carol- responde aceitando o pacote que ela oferece e coçando a cabeça.
Sinto vontade de passar o braço ao redor de sua cintura, de aproxima-lo de mim, mas refreio o sentimento.
-Daryl vamos- Rick aparece na porta e o chama- Allyra você e Maggie tomam conta de tudo por aqui?
Sorrio de lado e concordo. A confiança que ele deposita em mim também é grande.
Daryl se despede sem graça, bagunçando meu cabelo e saindo apressado. Sorrio. Ficamos apenas Carol e eu, e esta se vira para mim.
-Você pode ficar com ele. Faz bem a ele e aceito e até mesmo gosto de você por isso- diz séria, com uma espécie de sorriso.
Caio na gargalhada e ela me olha confusa.
-Interessante você pensar que eu preciso de sua aprovação quando na verdade estou completamente nem ai- digo dando de ombros e indo em direção a saída. – Eu fico com o Daryl porque quero e porque ele me quer. Você não tem nada a ver com isso, não importa o quão amiga dele você seja.
Saio batendo a porta. Mulher abusada do caralho.
Sigo para a casa de Maggie, Carl e Enid estão lá. Resolvo alguns problemas gerais da comunidade, e então passamos o dia esperando pelos dois voltarem. Parece uma eternidade. Odeio esperar.
-Inquieta- Maggie acusa e dou de ombros.- Sempre foi assim?
-Creio que sim- respondo dando de ombros- Nunca parei para pensar nisso.
-Eu sempre fui. Desde criança. Isso enlouquecia meu pai, minha irmã... A família toda.
Olho para ela e sorrio.
-Seu filho vai te deixar louca também- digo e ela acaricia a barriga sonhadora- Junção de Maggie Greene e Glenn Rhe... Vai ser uma loucura.
-O que tem eu ai?- pergunta Glenn e sorrio.
-Ela disse que nosso filho vai nos deixar loucos porque vai ser uma mistura de nós dois- responde Maggie com um sorriso.
-Vai mesmo, principalmente se puxar a mãe- diz sorrindo. São tão fofos.
Noto pela visão periférica Abraham se aproximando.
-Allyra- me chama e o olho indagadora- Ninguém foi checar as armadilhas hoje. Acho que o Dixon esqueceu.
-Sem problemas, eu vou.
Passo em casa antes de sair e pego um dos rádios. O ruim. Sozinha do lado de fora checo as armadilhas, e descubro que pegamos alguns coelhos e dois esquilos. Depois de pegar tudo me acomodo embaixo de uma árvore e escuto. Odeio o que escuto. Próximos demais. Seria o começo do fim? Tenho que enfrentar isso, tenho que resolver.
Não sei o que fazer. Não sei se tenho algo a fazer. Volto para casa agoniada.
Deixo as caças com Abraham e descubro que os homens estão de volta. Encontro Daryl, que me parece irritado. Rick conta com poucas palavras sobre um tal de Jesus e eu caio na risada.
-Que nome absurdo- digo balançando a cabeça e me encosto em Daryl- Não precisa ficar bravo, anjo, pelo menos quem te derrotou foi Jesus.
Ele fecha a expressão diante do apelido e da piadinha. Beijo sua cara amarrada e ele revira os olhos.
(...)
Acordo em um rompante agarrando minha lança ao meu lado, Daryl fazendo o mesmo com sua besta. Alguém bate na porta lá em baixo. Daryl desce na frente para atender e eu visto uma calça as pressas, já que estava só de roupa intima e uma camisa do caçador.
-Carl?-pergunto ao chegar lá em baixo. A expressão de Daryl não é nada boa.
-Jesus acordou e foi parar lá em casa- diz de uma vez- Convenceu meu pai a conversar e ele me pediu para vir chamar vocês.
-Filho da puta- resmunga Daryl.- Vou pegar uma camisa e já volto.
Seguimos juntos para a casa dos Grimes, o caçador bufando por todo o caminho. Seria engraçado se eu não estivesse curiosa a respeito de tudo o que está acontecendo. Encontramos Glenn e Maggie na varanda, e entramos juntos.
O cara é uma figura engraçada. Tem longos cabelos lisos, olhos penetrantes e esverdeados. Franzo a testa para o modo que encara Daryl. Fico tentada a perguntar qual shampoo ele está usando para ter um cabelo tão bom em pleno apocalipse.
Quando todos estão reunidos em uma mesa, o cara começa a falar. Fala sobre sua comunidade e meu coração para. Hilltop. Oh merda. Ele oferece algum tipo de acordo a Rick, fala sobre nossas armas e sobre os mantimentos deles, e eu sei que eles tem. É claro que eles têm. Parte dele não é deles, mas ele não comenta sobre isso. As coisas começam a desmoronar ao meu redor de maneira figurada.
Não posso argumentar sobre isso. Analiso todos os fatos. Tão próximos e agora contato com Hilltop... Cada vez mais sem saída. Eles resolvem ir até a comunidade. Fico em silencio por muito tempo e noto o olhar preocupado de Daryl. Sorrio tentando tranquiliza-lo, mas sei que não funciona muito.
Assim que chegamos em casa ele me questiona.
-Está tudo bem?-pergunta e eu concordo com a cabeça, incapaz de dizer isso em voz alta porque não tenho certeza.
O abraço com força, sentindo certo acolhimento ali. Seu cheiro, sua presença, tudo isso me acalma. Descubro que é ali onde quero ficar: nos seus braços.
Normalmente voltaríamos a dormir, mas não quero fazer só isso. Tenho um pressentimento de que vou ter que sair por um tempo, então quero uma despedida.
Dessa vez é diferente. Tiro sua roupa lentamente, beijo suas cicatrizes, o arranho, peço que faça lentamente. Ele me atende, me provoca, me deixa em chamas. É diferente ao mesmo tempo que é tão igual. Descubro que o amo. O amo e não quero fazer o que sei que tenho que fazer.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.