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História Among the Shadows - Capítulo 25- Esclarecimentos


Escrita por: IzaaBlack

Capítulo 25 - Capítulo 25- Esclarecimentos


POV Daryl

Voltei a consciência lentamente, e conforme isso ocorria eu podia sentir todo o meu corpo cansado e pesado. Forço meus olhos a se abrirem e minhas pálpebras parecem ter pelo menos uma tonelada.

Fico momentaneamente cego com a luz e preciso piscar várias vezes para me acostumar. Demoro alguns segundos para me localizar, e conforme as lembranças me atingem só consigo pensar em Allyra, e mesmo sem querer, me preocupo e quero saber se está bem.

Começo a forçar o corpo para me levantar, mas Rick aparece em meu campo de visão e impede. Encaro-o atordoado, e passo os olhos pelo resto do recinto. Ela não está aqui.

-Ela está bem- diz Rick bruscamente, e fico irritado de saber que minha preocupação está estampada em minha cara.

-O que ela disse? O que ela contou?- pergunto

 

-Não disse- responde me olhando fixamente, sério- Resolvi esperar você acordar par ouvir também. Imaginei que fosse querer saber.

-É claro que quer- diz Maggi e só então noto que está deitada na maca ao lado. Parece melhor que antes, mas ainda está cansada. –Acho que deveria chama-la, Rick.

Ele acena com a cabeça e sai apressado. Acomodo-me melhor na cama, mais sentado que deitado, e poucos minutos depois Rick volta acompanhado de Sasha, Glenn, Aaron, Eugene, Rosita, Michonne e até Carl. Ela é a ultima a entrar. Está com os cabeços amarrados em um coque e parece cansada. Sinto algo em mim se remexer em preocupação, mas ignoro.

-Então, Allyra, acho que você nos deve uma explicação- diz Rick sério.

Um turbilhão de sentimentos se misturam em mim.

-Sim, Lambertini, nos conte como nos estudou para nos entregar para o seu namorado- digo e sinto a raiva escorrendo por minhas palavras não pensadas.

-Namorado?-ela se vira em minha direção e pela primeira vez me encara fixamente. Olhos tão tempestuosos quanto me lembrava.

- Sim- digo irritado, sentindo meu ombro pulsar- Você sabe exatamente do que estou dizendo “ Red Sugar”. - digo fazendo sinal de aspas com as mãos.

-Quando conheci você esperei diversas coisas, mas não que você fosse a vadia de alguém- resmunga Eugene, e uma raiva me atinge. Talvez ela seja uma vadia, mas ele não pode falar dela assim.

-Acontece que eu não sou nem a vadia, nem a namorada de Negan- rosna irritada, os olhos variando entre todos nós. Está tão irritada que aos poucos fica vermelha.- Ele é meu pai.

É como um soco. Atinge-me certeiramente e fico momentaneamente zonzo, conforme as palavras começam a fazer mais e mais sentido em meu cérebro. Pai dela.

Como flashes, começo a me lembrar de como ela sempre fugiu do assunto “pai” e de como sua expressão mudava. Faz todo o sentido.

(...)

 

POV Allyra.

O plano deu certo no inicio. Eu só precisei deixar alguns  salvadores idiotas me verem e eu pude atrai-los para longe de Alexandria e de meus amigos. A quantidade deles aumentava conforme notavam o quão difícil era chegar até mim, e as transmissões de rádio me mantinham informada sobre tudo o que estava acontecendo.

Eu estava pronta para começar a despista-los pra valer, quando as coisas começaram a desandar e ouvi no rádio sobre uma ofensiva em um posto avançado. Não foi preciso muita coisa para entender que o meu grupo estava envolvido. Minha família.  Eu sabia que estavam principalmente por ser o posto mais próximo a Hilltop. Esperava de coração que Rick tivesse seguido meu concelho e não tivesse subestimado os salvadores.

Muitos salvadores voltaram. O numero dos que me seguiam caiu pela metade, e eu só precisava me livrar deles. Eliminei alguns a tiros de longa distancia e com armadilhas, mas nenhum dano permanente ou grande o suficiente para afetar. E então eu ouvi sobre o plano.

Precisavam que um grupo saísse de Alexandria, para que pudesse acontecer, e eu sabia que isso ocorreria.  Mais que isso, eu sabia que Daryl estaria no meio. Talvez Glenn e Maggie. Mich... Oh Deus, talvez Carl.

Eu precisava agir. Mais  e mais deles respondiam ao chamado, se planejando para se juntarem em uma clareira. Xinguei em voz alta e guardei o rádio na mochila, pegando o dos amigos em seguida. Em uma linha fechada eu conseguiria falar com John e era tudo o que eu queria. Deu certo.

-Lyra você tem certeza?- sua voz sai falhada, mas sei que está preocupado. Lembra-me um pouco de antes.- Não vai ter volta depois disso.

-Eu sei- respondo e sinto meu coração se apertar- é hora de parar de adiar, John.

-Imaginei que diria isso.

Confio a ele a implantação de duas bombas, e de organizar o carro certo, de modo que minhas coisas fiquem nele e que sirva de fuga. Vou precisar dele.

Escondo os rádios e algumas munições em um fundo falso da mochila. Então deixo que me vejam, deixo que achem que me encontraram.

Um deles, acho que Manny , aponta a arma para mim, mas não me abalo. Ele não pode atirar. Eles riem felizes, sabem o quanto minha captura pode ser boa para eles, e sabem também que devo estar inteira.

Permito que me arrastem. Rezo para não ser tarde. Imploro para quem puder me ouvir nos céus. Pela claridade e quantidade a experiência me diz que já está acontecendo.

-Imaginei que estavam chegando- diz John, e eu quase sorrio ao ver um rosto familiar. Ele me passa o dispositivo com um gesto suave, e eu não demonstro nenhuma reação.

Noto pela visão periférica ele pegar minha mochila. Os dois brutamontes que me cercam- sabem que sou perigosa- não notam nada.

Meu coração falha algumas batidas ao me deparar com aquela cena. Tantas vezes aquela cena, e  essa me atinge muito mais. Daryl está imobilizado no chão. Abraham está morto. Estão todos abalados, feridos, tristes. Tem sangue no ombro de Daryl, e Dwight está com a besta. Filho da puta.

Meu pai está com o impulso pronto. Oh Deus, mais um não.  Piso no pé do cara que está mais perto de  mim, desesperada por uma reação, e ela vem. Ele grita por meu pai e me puxa com violência para o campo de visão de todos. Funciona.

Ele foca os olhos em mim, e sorri. Chama-me de Red Sugar e  por um momento não vejo o psicopata. Não chego nem perto disso. Só consigo ver meu pai. Só consigo ver o cara que me contava historias para dormir, assistia filmes e me ajudava com o dever. O cara que que riu muito quando uma Allyra de 5 anos fez um bolo de aniversario para ele com a ajuda da mãe, e que exigiu que os açucares do bolo fossem vermelhos para que ele se lembrasse dela quando viajasse com o time de beisebol no dia seguinte.

Então o tom irônico me atinge e volto a realidade. Assumo minha postura mais fria possível e enfrento a situação. Não posso deixar que ele acabe com a vida de mais pessoas, e não posso fugir. Não quando amo tanto essas pessoas que me acolheram e protegeram. Não quando Daryl está no meio. Maggie. Carl. Liberdade. Um turbilhão de coisas, motivos, razões.

Soco a cara de Dwight e pego a besta para mim.

- Meu pai me ensinou a conquistar tudo o que quero- digo em resposta a um questionamento e observo uma mistura de orgulho aparecer nos olhos dele.

Mas não é tempo de orgulho. Não. É tempo de assumir com as consequências de ter enlouquecido, e eu vou ter que passar por isso também. Paro o taco antes que atinja Glenn e ele se vira para mim irado, a expressão muito parecida com quando eu fazia alguma bagunça.

Ele aponta o taco para mim e meu sangue corre mais rápido de raiva. Não bastava colocar o nome da minha mãe nessa merda, ainda tem coragem de apontar para mim. Faço uma explosão ocorrer. John vem para o meu lado. As armas são entregues para os alexandrinos.

Um cara aponta a arma para mim e ele briga.

-Ela não. É minha filha e se alguém vai fazer alguma coisa sou eu, porra- grita cheio de ódio. Dá a ordem de todos saírem. Enquanto eles voltam para seus veículos, faço com que alguns alexandrinos entrem no carro que John arrumou.

Daryl está cada vez mais fraco e meu coração bate acelerado e preocupado. Oh Deus. Assim que o perímetro fica razoável corro até Daryl, a tempo de ve-lo apagar.

-Quem é ele?- Rick grita comigo mas ignoro, estancando o sangue de Daryl. – Estou falando com você, Allyra.

-E eu estou trabalhando aqui, então cala a porra da boca- grito de volta, sem olha-lo. –John, o  outro carro. Temos que leva-lo para Alexandria. Maggie também.

-Allyra...

-É meu primo Rick. Vai ficar fazendo perguntas, ou vai arrumar o corpo de Abraham?- pergunto finalmente desviando os olhos de Daryl e olhando para o líder. Ele acena, entre agradecido, confuso e raivoso.

Chegar em Alexandria não é difícil, mas a agonia de esperar Daryl acordar me consome.

-Você gosta mesmo dele, hein?- perguta-me, ao mesmo tempo que afirma, John.

-Sim.- digo com sinceridade. –Como nunca gostei de ninguém. E é um inferno.

-Então vivi tempo suficiente para ver Allyra Lambertini se apaixonar. – ele sorri e me abraça. Retribuo.

Ninguém me questiona nada. Maggie pede para me ver, e para minha surpresa só me abraça. Sem perguntas por enquanto.  Só tenho que me explicar quando ele acorda, e se ele acorda e está bem, não me importo em finalmente esclarecer as coisas.

(...)

POV Daryl.

Eu não sei o que dizer em um primeiro momento. Não faço ideia. Lembro-me de minha própria infância e do meu próprio pai de merda.

-Ele...ele é ruim com você?- pergunta Maggie e eu tenho que me esforçar para conseguir olhar para Allyra.

-Não.- responde simplesmente- ele não era esse merda antigamente. Foi enlouquecendo aos poucos, nessa merda de apocalipse,  e eu deixei acontecer. Não enfrentei quando ele começou a subjulgar pessoas, esmagar cabeças, e criar um império de fantoches.

-Sabia da existência dele esse tempo todo?- pergunta Sasha em tom de acusação e Allyra arqueia a sobrancelha.

-Ele é meu pai, é obvio que eu sabia.- responde mal humorada – Acha que entrei em Alexandria tão preocupada com a segurança  precária por que? Sinceramente, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitar que ele descobrisse vocês.

-Poderia ter nos dado alguma maldita dica- resmunga Eugene, todo julgador e eu quero bater em sua cara.

-Ela deu.- resmunga Rick, de cabeça baixa.- Disse para mim nunca subestimar os salvadores. Disse antes de sair.

-O que foi fazer nessa saída?

-Atrair os que estavam se aproximando, para longe. Funcionou por um tempo, mas a atenção deles se voltou para um posto...

-Que nós atacamos.- completa Rick e ela concorda cansada.

O interrogatório segue, e ela nos conta tudo. Conta que o plano era afastar os salvadores, que tentou nos proteger de seu pai, que passou muito tempo vendo ele subjugar comunidades e que não queria isso.

Ela fixa os olhos tempestuosos em mim e só quero puxa-la para meus braços, mas ela se mantem distante. É claro que está. Eu disse a ela que não voltasse.

-Odeio dizer isso, mas vamos precisar lutar contra seu pai- diz Rick e ela concorda.

-Eu sei- responde  e suspira- Eu sabia que teria que tomar uma decisão hora ou outra, e a tomei quando me impus por vocês. Aquele homem n]ao é meu pai, é uma versão deturbada e feia dele, que não ama nada além do poder. Estou com vocês.

-E isso é ótimo, mas apenas nós não podemos contra eles- diz Michonne e ela parece pensativa por um momento.

-Eu conheço uma comunidade que pode ajudar.

É engraçado, mas noto que a maioria de nós simplesmente não dá a mínima para o fato de ser filha de quem é. Estamos abalados, mas vejo nos rostos a aceitação.

-Bem, você sabia disso?- Eugene pergunta aleatoriamente, e demoro um pouco para entender que fala comigo.

-Sabia o que?- pergunto finalmente conseguindo parar de olha-la, e fixando os olhos nele.

-Do pai dela, de tudo... Quero dizer, você a chamava de little monster, com certeza é porque filha de um monstro, um monstro também é.

Todos ficamos em choque. Fecho a expressão e a riva chega em mim com tudo. Quem ele pensa que é para falar que Allyra é um monstro? Dou impulso para levantar, mas o ombro machucado me retarda.

-Eugene!- grita Maggie horrorizada.

A ruiva, por outro lado, assume uma expressão fria e vazia.

-Ele não sabia de nada- diz e a voz sai sem emoção nenhuma.

-Allyra...- abro a boca para me justificar, dizer que nunca pensei nada disso. Há tantas coisas que quero lhe dizer.

-Lyra, Jesus quer falar com você- diz uma voz que não conheço, e então aquele moreno estranho está aqui. Tinha me esquecido completamente dele.

 Sinto meu sangue correr mais rápido e uma raiva se apossar de mim quando ele se aproxima dela de forma protetora.

-Está tudo bem?- ele pergunta e ela acena, os olhos fixos em mim

Quero tira-lo de perto dela, quero lhe dizer que LIttle Monster sempre foi uma espécie de  carinho. Mas nada disso sai.

-Podemos continuar essa conversa depois, Rick?- pergunta por fim, finalmente desviando o olhar.

Ele concorda com um movimento de cabeça. Ela se move até Maggie e lhe dá um beijo na bochecha, deseja melhoras. Acena para todos e sai da enfermaria acompanhada do cara. Mais uma vez assisto Allyra Lambertini se afastar e não faço nada. Sei que está escapando por entre meus dedos, e que possivelmente vou perde-la.



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