POV Allyra
Acabo descobrindo que todos aqui tem um trabalho, basicamente baseados no que eram antes disso tudo e acho que pelo menos isso está bom. Todo mundo tem que ajudar para que uma comunidade se mantenha, principalmente uma desse porte.
A situação de segurança é ainda mais preocupante do que eu imaginei, mas vejo a distância o tal Rick fazendo algumas boas mudanças. Penso em ajudar com alguma coisa, mas não sei bem o que fazer, então depois de passear um pouco resolvo voltar para “minha casa”.
Vejo Eric a distancia, apoiado em muletas conversando com um homem loiro e alto. Resolvo continuar andando, mas meus sentidos me alertam que alguma coisa está errada quando noto a expressão desconfortável no rosto de Eric. Bufando para mim mesma, me encaminho na direção dos dois.
—Peter, por favor, isso é totalmente desnecessário. – ouço Eric dizendo com uma voz cansada e até mesmo assustada.
—O que é realmente desnecessário é você e seu namorado bichinha. Vocês dois são nojentos e deveriam servir de ração para zumbis. Desprezíveis, a escoria do mundo. – o cara grita, as palavras enroladas me dizendo que está bêbado. Vejo-o erguer a mão pronta para um soco e reajo.
—Alto lá- digo segurando o soco que teria atingido Eric em cheio. A raiva fluindo rapidamente por meu corpo, irritada por ainda existir esse tipo de preconceito quando o mundo já acabou.
—Sai da frente vadia- rosna e tenta um movimento patético. Movo o braço que ainda está segurando seu soco e aperto seus dedos de modo que estralem, ao mesmo tempo que faço um giro.
Com a experiência que meus treinamentos me deram faço com que seu braço fique torcido e o jogo no chão, tudo isso de forma quase automática. Está totalmente imobilizado e uma força bem aplicada no lugar certo faria com que ele quebrasse o braço.
—Vamos parar com o escândalo ridículo?- pergunto retoricamente- O seu preconceito idiota não cabia no outro mundo e não cabe nesse. Abaixa o tom e fala de igual para igual senão vai se arrepender. Ameace um deles novamente e sua próxima ameaça vai ser para algum coleguinha no outro inferno. Agora some daqui.
O solto tranquilamente e assisto ele levantar e me lançar um olhar raivoso. Arqueio uma sobrancelha ironicamente e observo ele ir embora xingando.
—Obrigado- diz Eric em uma espécie de sussurro.
—Não pode aceitar as pessoas falarem com você dessa maneira- digo exasperada, encarando-o.
—Eu sei. É o que Aeron sempre me diz, mas eu...- ele se perde nas palavras por um momento- não sei como lidar com isso.
—Tudo bem.
—Obrigado por me defender. De verdade- ele parece sem graça, mas visivelmente aliviado.
—Ná, isso não foi nada- respondo dando de ombros. – Vou te acompanhar até sua casa.
Ele abre um sorriso gentil e agradecido e vamos juntos em direção a sua casa, que de qualquer forma fica na rua da minha.
Vejo que está abrindo a boca e sei que vai agradecer novamente, então reajo mais rápido.
—Não tem o que agradecer criatura- aviso e ele ri.
—Tudo bem, você foi mais rápida que eu. Mas, bem, que tal você vir jantar comigo e com Aeron? Ele vai fazer macarrão.
—Parece ótimo- digo sem muita vontade.
—Anão ser, é claro, que você vá a festa de Deanna hoje.
Só de pensar na possibilidade estremeço. Um monte de gente bem arrumada e tagarelando é tudo o que eu não preciso. Nem agora nem nunca.
—Acho que o macarrão pode ser uma boa.
Não penso mais no assunto. Ao invés disso penso em tudo o que posso ajudar a melhorar no lugar, enquanto meu pensamento voa repetidas vezes para os rádios guardados na mochila.
Depois de enrolar quase a tarde toda, eu finalmente abro a mochila e pego um deles. O pior. Ajusto a frequência, tomando cuidado para que o meu lado fique no mudo, e escuto alguns planos e ações. Ouço meu nome algumas vezes, e sei que me procuram, sem saber onde exatamente fazer isso. Não há rastros para seguir, então sei que só vão fazer isso aleatoriamente. O único que chegou perto nunca voltou e nunca vai voltar. Não vão encontrar nem se quer seu corpo.
Depois de satisfeita desligo o rádio e guardo no mesmo lugar. Tomo um banho, curtindo a água quente, um luxo nos dias de hoje, e me recuso a pensar em coisas ruins. Me visto com um short jeans aproveitando o tempo mais quente e vou para a cozinha. Passo os olhos pelo meu estoque de comida, e penso a respeito do macarrão. Por que não?
Resmungando baixinho, faço um coque frouxo, coloco a lança nas costas, e vou em direção a casa de Aeron e Erick.
Não sei bem como agir, e penso em ir embora antes mesmo de bater na porta, mas eles parecem estar vigiando a janela, e abrem a porta para mim rapidamente. São todos sorrisos, e absurdamente agradáveis.
Aeron me agradece por ter defendido Eric e todo esse blablabla de gente apaixonada. Faço algumas perguntas sobre a rotina de Alexandria, e em algum momento o assunto se volta para o filho mais novo de Deanna, Ainden.
Pelo que dizem, é um idiota completo, mas é um idiota que comanda buscas. Isso piora tudo em uma porcentagem absurda.
O papo é constante e confortável, mas reparo que Aeron está sempre de olho na janela. Fico atenta a isso, e pouco tempo depois assisto-o levantar e abrir a porta.
Ouço-o conversar com alguém enquanto Eric me conta uma historia sobre os dias antes deles encontrarem Alexandria. Minha atenção se divide e então Daryl Dixon entra pela porta. Está mais arrumado, e parece desconfortável com toda a situação, o que me diverte um pouco.
Esse não é seu habitat, mas ele se esforça. Me cumprimenta com um aceno de cabeça ao qual devolvo. Não consigo me refrear e o olho de cima embaixo. Está bonito, charmoso. Como no dia que o conheci, tem toda aquela áurea de badboy e de mistério, e acho isso atraente.
Volto minha atenção ao assunto, e acaba que o resto da noite é tranquilo. Meus olhos vão em direção ao Dixon algumas tantas vezes, e eu me derreto com o macarrão, fechando os olhos e saboreando, matando a saudade do que já foi minha comida favorita.
(...)
Acordo com alguém batendo na porta e isso me deixa confusa por um momento. Me levanto rapidamente, visto o suporte com a lança e abro a porta para encontrar Spencer.
—Senti sua falta na festa ontem- diz com um sorrisinho, e isso me faz rolar os olhos.
—Você nem me conhece, não há o que sentir falta.- respondo sem me preocupar em ser educada.
—Por que não foi?- pergunta fixando os olhos nos meus.
—Por que eu não quis.
—Minha mãe quer falar com você agora. Será que você pode me acompanhar?
Me limito a concordar com a cabeça e sair atrás dele. Deanna me espera em sua casa, e não tenho nem noção do que pode querer.
—Olá- diz simpática. Inclino a cabeça encarando-a por um momento.
Todos parecem ser gentis o tempo todo. O apocalipse ainda não chegou aqui, e sinceramente, nem me parece muito com os dias antes dele, porque pelo menos onde eu vivia as pessoas se estressavam e não sorriam vinte e quatro horas por dia.
— Oi.
—Como está sua estadia?
—Boa.- ela aperta os lábios desconfortável com minhas respostas curtas e isso me diverte que é um absurdo.
—Olha, eu vou ter que pedir um favor- Sinto meus olhos faiscarem. É claro que vai.
—Que seria?
—Preciso de alguém para ir as buscas com meu filho e o resto da equipe. Acho que deve ser você.
—Não acho que seja uma boa ideia.- sinceramente, só de pensar em ser babá de um menino mimado eu já penso em juntar minhas coisas e ir atrás do lugar que eu realmente queria ir antes de esbarrar com Alexandria.
—Por que não?
—Porque não sou babá. Sei sobre a fama de seu filho, vi a briga desnecessária e idiota. Se eu for, não vou abaixar a cabeça, e não sei se é isso o que quer.
—É exatamente disso que preciso- diz me encarando e me dou conta de que ela precisa de alguém para bater de frente com seu filho. Sei que o asiático pode fazer isso muito bem, mas ela quer me testar.
—Tudo bem. Sair daqui um pouco vai ser interessante.
(...)
Encontro o tal Aiden e o resto da equipe em um prédio onde estão discutindo algumas estratégias. O asiático está com uma planta de um supermercado e fala de um modo de agir consistente e eficiente. Entrada e saída em grupo, formação, divisão na hora de pegar. Checar antes de entrar, saber das possíveis saídas. Ainden é lastimável, e reage a tudo, rebatendo e tentando marcar território.
—Você deve ser a garota que minha mãe disse que entraria para equipe. Seja bem vinda, sou Ainden- se apresenta me lançando um sorriso cafajeste e descendo os olhos pelo meu corpo.
—Allyra- respondo sem muita emoção. Alguns sorrisos cafajestes são charmosos e sexys, mas o dele só me desperta preguiça – E o asiático está certo. Saber das possíveis saídas é o que te deixa vivo lá fora.
—Pode ser uma ideia, não é mesmo gatinha?- franzo a testa e o ignoro.
—Sou Glenn- o asiático se apresenta – E aquela é Tara.
—Bem, acho que já ouviram meu nome- digo abrindo um sorriso divertido- legal conhece-los.
Aiden parece uma criança mimada que perdeu o brinquedo quando nota que me dou muito melhor com Glenn do que com ele. Seguimos de carro para o tal supermercado, e o caminho é tranquilo.
O lugar, como todo o resto nesse mundo, está caindo aos pedaços. A fachada está desbotada e pendendo para um lado e ao redor temos vidros quebrados, carros fundidos e até mesmo um que claramente se chocou contra a parede.
Dividimos o grupo para analisar o lugar e descobrimos que temos uma única saída nos fundos, além da entrada principal.
—Não acho que a entrada principal seja muito viável – digo encarando calmamente a porta dos fundos. Já perdi as contas de quantas vezes invadi lugares em busca de mantimentos, então acabei aprendendo algumas coisas.
—Por que?- pergunta Glenn interessado e me viro para encara-lo.
—Porque as portas ainda não foram quebradas, o que quer dizer que estão travadas já que não temos energia a séculos. Apesar de sabermos por essa razão que as prateleiras estão cheias se entrarmos por aqui- aponto a porta do fundos calmamente- vamos estar diretamente no deposito. Se dermos sorte, serão caixas fechadas. Fora que o barulho de arrombar essa daqui vai ser bem menor que a da frente.
—Isso foi genial- ele diz sorrindo e eu arqueio uma sobrancelha para ele, me divertindo- Estou falando sério garota.
—Eu sei que está, eu sou isso mesmo- digo brincando e jogando o cabelo para trás.
Trabalhamos em conjunto para abrir a porta, enquanto Aiden resmunga as nossas costas de como seria bem mais fácil quebrar o vidro da frente. Ignoro-o completamente, como fazia com meus colegas de treinamento que diziam que como a única mulher da turma eu não conseguiria fazer todos os exercícios.
Poucos minutos depois a porta se abre sem maiores estrondos e entramos dividindo grupos. Eu, Glenne Tara, enquanto Ainden, Nick e Noah vão pelo outro lado.
Como eu imaginei o deposito está com algumas caixas fechadas. Não são muitas, mas é melhor que nada. Fico feliz em descobrir que Glenn e Tara são tão ágeis quanto eu. Juntamos algumas caixas em um carrinho que encontramos no canto e Tara se oferece para já levar alguns para o carro. É uma boa, nunca se sabe quando as coisas vão sair do controle. Ela e Noah vão enquanto nós quatro continuamos a pegar mais coisas.
Cerca de três viagens depois Aiden faz sua primeira merda. Encontra alguns zumbis presos em uma sala, que antigamente seria de um supervisor e começa a brincar. Eu simplesmente me recuso a processar o fato de que ele está brincando com um zumbi. Glenn reage e acaba com a graça dos dois.
—Quem você pensa que é em? – pergunta estufando o peito como um galo- Eu sou o líder nessa merda e é melhor você se acostumar.
—Você só lidera uma caminhada direto para a morte- rosna Glenn e aceno em concordância para mim mesma.
—Bem, o fato é que você não sabe se divertir, e isso é problema inteiramente seu. Esses merdinhas não são nada e nós damos conta deles sem problemas. Se vocês morrem de medo, problema de vocês.
—Não seja ridículo- digo perdendo a paciência- um arranhado dessas coisas e vocês são a mesma coisa que esses “merdinhas”
—Olha moça, você não faz ideia do que está falando.- ele aponta o dedo na minha cara e tenho que segurar o impulso de quebra-lo- Eu tive treinamento militar, sei o que estou fazendo.
—O único treinamento militar que você teve foi de vídeo games. No máximo você foi convocado mas o mundo acabou antes que você aprendesse alguma coisa- digo batendo a mão em seu dedo e tirando da minha cara- Se apontar essa merda para mim novamente vou quebra-lo.
—Vocês dois estão realmente achando que mandam em alguma coisa- ele ri forçadamente e se vira para o amigo.- Acabe com isso ai, vamos nos divertir
Olho atentamente para o pacote nas mãos de Nick e descubro que são bombinhas. Antes que eu possa evitar ele vira o pacote e várias delas caem no chão, fazendo um barulho ensurdecedor ecoar pelo deposito e porta afora.
Soco a cara de Ainden que está mais perto e o puxo pela gola da camisa até que seu rosto fique no nível do meu.
—Eu deveria te deixar aqui para ter sua tão preciosa diversão, mas vou te levar de volta para sua mãe- rosno na cara dele, que me olha atordoado- Tente mais uma merda dessas e te levo inconsciente, se eu ainda estiver com um restinho de humor.
Solto sua gola e paro o andar de Nick em minha direção com a palma da mão
—Tente brigar e eu te deixo de ração aqui.- aviso e ele engole em seco.
Glenn me ajuda a reagir e corremos todos para fora a tempo de ver uma horda vindo em nossa direção. Tara e Noah correm para o carro e eu pego minha lança com um movimento.
Eu e o asiático abrimos caminho entre os poucos que estavam por perto e agora estão por aqui enquanto os dois idiotas se tremem de medo. Um deles chega muito perto dele que está ocupado usando a faca em outro então uso uma das pontas de minha lança para acabar com isso. Ele me olha agradecido.
Puxo Aiden comigo e jogo-o dentro do carro no banco de trás , logo depois dou a volta para chegar ao passageiro. Glenn salva a bunda de Nick e assume o volante.
Glenn xinga todo o caminho de volta a Alexandria, e eu o acompanho mentalmente. Sinceramente, depois dessa merda me sinto muito tentada a deixa-los a própria sorte, mas digo a mim mesma que deixar uma comunidade inteira pagar por dois covardes é errado. Principalmente se eu sei que tipo de preço pode ser.
Alguém abre o portão para nós e o carro mal parou e já estou pulando fora. Aposto que meu rosto está vermelho de raiva. Deanna brota do chão com um sorriso e pergunta como foi a busca.
—Conseguimos algumas coisas, mãe.- diz Aiden e só então noto que está com o nariz sangrando. Bom. Um sentimento de satisfação passa por mim, mas não dura muito.
—Conseguimos o caralho- digo com a voz em um tom controlado, apesar de querer gritar.- Seu filho é um idiota e vai morrer e levar gente com ele se continuar indo lá fora.
—Eu... O que aconteceu?- pergunta Deanna atordoada.
—Graças a ele quase ficamos cercados por uma horda. Poderíamos ter tido muito mais mantimentos se ele não tivesse feito merda- aviso e passo a mão pelo rosto, totalmente frustrada.
—Allyra está completamente certa- diz Glenn e vejo o mesmo ódio que o meu estampado em seu rosto.- É inconsequente e irresponsável. Não faz ideia do que está fazendo.
—Isso não vai se repetir- diz Deanna tentando assumir o tem de líder.
—Não vai mesmo- concordo com ela que me olha supresa- Porque não saio com esse garoto novamente nem por todo o chocolate da despensa. E se as pessoas quiserem viver, vão fazer o mesmo.
Não espero por reações, simplesmente viro as costas e me encaminho para minha casa. Aos poucos a raiva e a adrenalina passam, e só fico frustrada. Não dá pra ajudar se as coisas continuarem desse jeito.
—Ei- Glenn me para grita e paro para espera-lo.- Obrigada.
—Pelo que? –pergunto confusa e ele sorri de leve.
—Por ter me salvo daquele errante, me deu cobertura- ele dá um sorrisinho, que só faz com que seus olhos diminuam ainda mais.
—Sem problemas.- digo devolvendo um sorriso simpático e eu não usava a tempos, mas desde que cheguei aqui estou começando a redescobri-lo.
—Você tem que conhecer o resto de meu grupo. Eles são bons.
—É, eu tenho.- digo dando de ombros. Ele me sorri como se tivesse ganhado uma briga.
—Ótimo, então você vem comigo- ele pega meu ombro e começa a me guiar pelas ruas até uma casa grande.- Vamos jantar.
Eu poderia ter me desvencilhado, mas tenho certa curiosidade com o resto do grupo dele, então só me deixo guiar.
POV Daryl
Recentemente dividimos as casas. Eu, Rick, Carl , Michonne, Carol e Sasha dormimos nessa casa, enquanto Abraham, Rosita, Tara, Eugene, Noah , Maggie e Glenn dormem na casa ao lado. Não tenho muito o que pensar da divisão, não me importa muito.
Já está anoitecendo, e por essa razão estamos todos juntos em uma casa só, esperando Carol, Rosita e Eugene terminarem a janta. Eu acho meio louco aceitar a comida de Eugene, mas fazer o que.
Estamos jogados na sala jogando conversa fora, Rick e Michonne comentando sobre o trabalho. Eles mau assumiram o cargo e já estão começando a melhorar a segurança de Alexandria, o que é muito bom, levando em consideração que eu finalmente descobri o que vou fazer.
Aeron me chamou hoje a tarde para participar de seu grupo de busca. Disse alguma baboseira sobre eu saber julgar as pessoas, mas sei que ele fez isso porque sabe que não me sinto bem ficando muito tempo na cidade. Aceitei a oferta. Eric está machucado, então iremos só nós dois na próxima busca daqui a três dias.
Conto a novidade ao resto do grupo que aceita muito bem. Bravinha está nos braços de Carl, fazendo gracinhas e as vezes puxando meu colete. Cresceu que é um absurdo.
A porta se abre e Noah e Tara entram por ela. Maggie se levanta imediatamente, sentindo falta de Glenn.
—Meu marido?- ela pergunta com uma nota de desespero na voz.
—Está bem- responde Tara, tranquilizando.- Foi ver se Allyra aceita jantar conosco. Ela salvou a vida dele mais cedo.
—Allyra?- pergunta franzindo a testa enquanto a imagem da ruiva esquisita me vem a cabeça- a novata ruiva?
—Sim.- responde Tara dando de ombros- a garota é dura na queda. Aiden fez merda de novo, e ela nos ajudou a contornar a situação.
Não sei bem o porque, mas minha atenção se volta toda para o assunto, e fico aliviado quando os outros começam a especular e pedir detalhes da busca. Sinto raiva de Aiden e nem sequer estava lá.
Pouco tempo depois, com Tara e Noah ainda narrando alguns fatos a porta se abre novamente e o coreano entra arrastando a garota. Pisco atordoado enquanto a encaro por um momento.
Não consigo evitar que meu olhar desça por todo o seu corpo e me culpo por isso. A filha da mãe está ainda mais bonita. Agora seu cabelo está seco e é claramente ruivo. Está preso no que acho ser uma trança, e seus olhos estão em um cinza tempestuoso. Ela ainda usa as botas vermelhas, ou marrom avermelhado, sei lá que cor é aquilo, e a calça justa marca suas curvas.
Cumprimento-a com um movimento de cabeça, constrangido por meus pensamentos que vaguearam maliciosos por um momento e ela me olha como se soubesse de cada um deles.
—Oi caipira- ela abre um sorriso divertido para mim, e todos me olham entre surpresos e questionadores.
—Little Monster- digo secamente, o que só faz com que ela aumente o sorriso. Odeio admitir, mas é sexy.
—Achei que o apelido ridículo era só enquanto não sabia meu nome.- ela inclina a cabeça e me encara divertida.
—Acho que vou usar o apelido sempre que quiser- digo dando de ombros e a encarando desafiadoramente.
Antes que ela possa bolar alguma resposta Maggie a puxa e agradece por ter salvo a bunda do coreano. Ela dá de ombros e diz que não foi nada, e um momento depois ela foi sugada para o furacão de conversas que é esse grupo.
De alguma maneira ela consegue se situar entre todos os assuntos variados e até mesmo se diverte com isso. Noto que Carol fica com um pé atrás e a analisa o tempo todo, e a ruiva nota mas não se importa com isso.
Discute com Rick e Michonne a respeito da segurança da cidade e se oferece para o revezamento na vigia. É a primeira que se oferece e Maggie instantaneamente a suga para a coisa toda, afirmando que ela vai ajuda-la a conversar com Deanna e arrumar o escalamento de pessoas.
Sempre que ela tem a chance seus olhos me encaram desafiadoramente, e isso é algo novo para mim. Ninguém nunca me desafiou, me enfrentou, mas ela o faz sempre que acha necessário. Eu raramente falo, mas quando ela discorda deixa isso bem claro.
O jantar é servido, e só quero que acabe logo. Todo esse movimento, essa áurea de família feliz me cansa. Quando acaba a garota salta da cadeira e se despede de todos com um aceno. Me divirto ao notar que ela sai quase correndo, notando a ameaça que é ter Glenn e Maggie por perto.
—Ei Allyra espera nós te acompanhamos- grita Maggie mas ela já saiu da casa- Poxa Glenn vai lá, não acho uma boa ela ir sozinha.
—Você acha que ela vai ser assaltada?- pergunto encostado na parede assistindo a coisa toda.
—Muito engraçado Daryl- Maggie rola os olhos e eu seguro um sorriso- Estou falando sério.
—Relaxa, ela tem uma lança para se defender.- digo dando de ombros.
—Maggs tá certa- diz Carol e olho para ela com a sobrancelha arqueada- Vai atrás dela Daryl, acompanha ela até a casa dela, não custa nada.
—Não sejam ridículos- rosno e viro as costas subindo as escadas.
Não acho que ela precise de ajuda, nem de proteção, mas admito para mim mesmo que tenho que lutar contra o instinto de descer as escadas e ir atrás dela só para saber se está bem. Estranho.
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