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História Amongst The Living Dead - Capítulo XXVIII


Escrita por: whosfrankiero

Notas do Autor


Oioioioioi

Desculpa mesmo pela demora pra atualizar isso daqui, gente, mas o carregador do meu pc resolveu parar magicamente e eu tive que me virar pra arranjar um novo e tava morrendo esperando essa merda chegar pra poder atualizar isso daqui <333 TAVA MORRENDO DE SAUDADES, MUITO SÉRIO.

Anyway, acho que esse é capítulo que eu mais estou ansiosa pra que vocês leiam até agora. Sério. Peguem um copinho d'água e sentem bonitinhas e confortáveis, porque vai ser preciso. Interação muito linda do OTP, tiro, porrada, bomba e revelações estão sendo prometidos aqui.

Antes de mais nada, deixo aqui um MUITO OBRIGADA SUAS MARAVILHOSAS pelos comentários do último chap, de verdade, vocês são foda <33333

Sem mais delongas...
Enjoy <3

Capítulo 28 - Capítulo XXVIII


 

 

Após o jantar, eu fui o primeiro a retornar para o quarto em que antes havia entrado.

Frank ficou alguns bons minutos na cozinha, resolvendo o que faríamos amanhã, antes de passar pela porta que eu encarava tão intensamente, ao que sabia que ele iria aparecer ali a qualquer momento. Sua mochila ainda encontrava-se ao pé da cama -- cama esta em que eu estava deitado, sentindo meus músculos reclamarem do dia corrido e da semana de completa tensão.

- Vocês sabem que eles vão vir atrás de nós, certo? - Frank iniciou a conversa à mesa, enquanto todos se serviam do estoque de feijão enlatado e lamentavelmente próximo de sua data de vencimento. Andy fez uma careta ao revirar o conteúdo dentro da lata com a colher.

- Eu imaginei. Mas só consigo pensar em Matt. Nós deixamos o corpo dele pra trás. - Brian fitava a mesa, impendindo-me de observar seus olhos. Mas, pelo seu tom, consegui deduzir que eles estavam marejados. Afinal, relembrar do ocorrido mais cedo, de que havíamos perdido um de nós, era demais para todos ali. Os lábios de Andy comprimiram-se no mesmo instante e uma lágrima silenciosa escorreu por sua bochecha. E eu logo tratei de seca-la com a ponta do dedão.

- Não tínhamos escolha, Brian. Ele já estava morto. E nós estaríamos iguais a ele agora se tivéssemos voltado pra tentar salvar o corpo. Mas eu prometo, prometo pela minha vida, que, se ele ainda estiver lá, inteiro, e não devorado por algum zumbi... Prometo que vamos fazer um enterro digno. - Frank rangeu os dentes, apoiando ambos os cotovelos sobre a mesa e fitando algum ponto invisível na toalha que cobria o móvel. Ele estava pensativo. Ou apenas cansado demais. - Nunca pensei que perderíamos um de nós.

- É tudo culpa minha. - minha voz soou como um fiapo quase inaudível, mas, ainda assim, todos à mesa conseguiram ouvir, ao que o silêncio que se fazia no local quase nos permitia ouvir nossos próprios batimentos cardíacos. Eu não queria ter dito aquilo em voz alta. E pela forma como os olhos de Frank moveram-se para mim de imediato, carregando algo próximo de uma indignação que me fez arrepiar dos pés a cabeça, soube que realmente não deveria ter verbalizado meus pensamentos.

- Gerard, não ouse repetir isso. Está me ouvindo? Nunca mais. Você fez o que tinha de ser feito. Se Matt está morto agora, a culpa não é sua nem dele nem de ninguém desse grupo. A culpa é do filho da puta que apertou a merda do gatilho quando o viu na mira. Esse é o culpado. E eu vou matar ele com as minhas próprias mãos. - Iero não dirigiu o olhar a ninguém mais que se encontrava sentado àquela mesa e eu me recusei a desfazer o contato visual, mantendo-o durante todo o momento. E foi preciso que Jimmy se levantasse e esmurrasse a pia para que eu conseguisse, enfim, desviar o olhar daqueles orbes âmbar que haviam tomado um tom quase hipnotizante, tamanha a sede por vingança que habitava naquele pequeno ser. Frank estava decidido. E eu temia pela vida de quem havia matado Matt, pois dessa vez eu não o impediria de fazer o que tinha de ser feito.

Andy segurou em minha mão com a súbita ação de Jimmy, os dedinhos apertando-me com força o suficiente para que eu soubesse que ele estava assustado. E eu o compreendia. O clima estava pesado demais ali, naquela cozinha, e, percebendo isso, Ray o levou para a sala, ainda que contra alguns protestos por parte do mesmo.

- E eu vou te ajudar, Frank. Pode ter certeza. Quem tirou a vida do meu melhor amigo não vai sair impune. - Jimmy carregava um tom quase tão duro quanto o de Frank e eu observei a forma como Brian e Zacky se mantinham à mesa, os olhos marejados e visivelmente raivosos. Iero havia alimentado o que há de pior em alguém de luto: a necessidade de justiça, custe o que custar.

- Mas nós não podemos distoar do que viemos fazer. Ainda precisamos encontrar os pais de Andy e a tal base. Temos que nos fortalecer... Vai ser um longo caminho, mas... Nós vamos conseguiur. Ou eu não me chamo Frank Iero. - e, com isso, Frank se levantou da mesa, passando as mãos pelos cabelos enquanto encaminhava-se para a sala.

Logo ouvi a voz de Andy exclamando seu nome e os dois iniciaram uma conversa breve e contida -- Iero o garantia que estava tudo bem e que eles tinham de dormir agora, para acordar bem dispostos amanhã, mas o mais novo pouco lhe deu atenção.

Minha cabeça gritava para que eu fosse dormir de uma vez e, cedendo a isso, me levantei, largando a lata em sua metade e realmente não me importando. Eu não estava com fome, de qualquer forma.

- Andy quer dormir com a gente. Eu tentei ir pro outro quarto, mas ele não deixou. - Frank se explicou assim que adentrou o cômodo, com o pequeno em seus braços, que sorria, parecendo realmente satisfeito. Nesses momentos, eu sentia uma pequena inveja de Andy. A idade o garantia a habilidade de conseguir se desvirtuar dos problemas tão rapida e facilmente quanto trocar de roupa.

Eu apenas concordei, observando a forma como Frank caminhou até a cama, logo deixando o mais novo sobre o colchão, ao meu lado. Andy não delongou em se aninhar a mim, acomodando a cabeça em meu peito e suspirando ao sentir os meus lábios recostando em sua testa, quase como se fosse um ursinho carinhoso, o que me fez sorrir por alguns instantes. Era impossível não ter o humor ao menos um pouco melhorado com Andy sendo tão adorável.

Ao que levantei meu olhar em direção a Frank, o encontrei nos fitando ao longe, e me surpreendi ao não vê-lo desviar os olhos. Suas mãos trabalharam para retirar a camisa que usava -- e que havia roubado do armário do antigo morador, deitando-se na cama em seguida, porém, mantendo uma distância considerável de Andy e eu.

Isso, é claro, até o mesmo protestar e exigir que Frank se juntasse a nós, o que, por um momento, me fez prender a risada no fundo de minha garganta, ao que Iero bufou, mas o abraçou da mesma forma, com visível cuidado para não ficar muito próximo de mim. E eu definitivamente não o compreendia. Há uma hora ele estava me beijando como se fosse o último dia de nossas vidas e, agora, me evitava como se eu tivesse alguma doença contagiosa. Mas eu não estava em condições de contestar aquilo naquele instante, com Andy ainda acordado entre nós, portanto, apenas fechei meus olhos e deixei que a inconsciência me tomasse, levando-me para longe.

 

 

 

***

 

 

 

Frank e Andy ainda dormiam quando despertei, sentindo meu braço dormente, posto que este havia servido de travesseiro para o mais novo durante toda a noite.

Levantei com cuidado, retirando meu braço de debaixo de Andy lentamente e suspirando satisfeito ao ser bem-sucedido, observando a forma como este permaneceu ressonando suave. Eu já havia criado um apego tão grande por aquele garoto, que não conseguia imaginar a minha vida sem o mesmo. Não mais. E apostava que Frank estava na mesma situação que eu.

Deixei um breve e delicado beijo na testa de Andy, retirando os fios negros que cobriam aquela área com cuidado e admirando o quanto ele era lindo. Sentia-me quase um pai coruja, mas não conseguia evitar. Àquela altura, eu já havia me entregado demais para o mesmo.

Frank despertou em seguida -- pude perceber pela forma como o mesmo esfregou a palma das mãos nos olhos, erguendo o tronco após bocejar silenciosamente, não parecendo nada surpreso com o fato de eu já estar desperto.

- Bom dia. - foi tudo que o mesmo disse depois de me olhar de soslaio, virando-se para Andy e acomodando-o entre os cobertores, sorrindo contido. E, certo, aquela sim era a cena mais linda que eu já havia visto em minha vida -- mas senti vontade de me atirar de uma ponte assim que afirmei isso para mim mesmo. - Vamos deixar ele dormir mais um pouco. A tarde vai ser cansativa. - seus olhos encontraram os meus por alguns segundos, desviando-se em seguida, ao que o mesmo tornou a fitar Andy em seu sono profundo.

Sendo assim, após depositar um beijo em sua testa, tal como eu havia feito antes, ele se levantou, deixando o quarto rapidamente. Sabia que o mesmo estava tramando algo desde ontem e já imaginava o que viria pela frente. Seriam dias tensos, tinha certeza. Apenas desejava não esbarrar com ninguém do Antagonist tão cedo; isso acabaria com todos os planos de Iero.

 

 

 

***

 

 

 

- Vocês acham que o pessoal do Antagonist tá mesmo atrás de nós? - Brian questionou, seus pés fazendo barulho enquanto pisava em algumas folhas mortas; o som me fazendo entortar o rosto numa careta, tamanha a aflição que me causava. O medo de sermos ouvidos por presenças indesejáveis era muito intenso naquele momento.

- Eu tenho minhas dúvidas. - respondi, ganhando olhares ligeiramente alarmados de todos, ao que ninguém ali deveria estar muito acostumado a ouvir os meus pensamentos sobre as situações em que nos envolvíamos. Afinal, eu sempre me mantinha quieto e apenas cooperava com tudo o que propunham. - Quer dizer, esse nome... Antagonist. Deve haver alguma razão por trás disso, certo? Os antagonistas são sempre os inimigos dos protagonistas. Então deve existir algum protagonista, é assim que funciona. - expliquei-me por fim, sentindo os olhares ainda firmes sobre a minha figura. Mas eu não me importava. Apenas queria colocar aquilo pra fora, pois já estava incomodado com o fato de que ninguém havia apontado algo tão óbvio até agora.

- Já parou para pensar que os protagonistas podem ser os zumbis? - Frank sugeriu sem sequer me fitar, ao que mantinha-se à frente de nosso grupo, como de praxe, guiando-nos em nossa missão. Por ora, tínhamos de arranjar suprimentos e algum lugar bom e afastado o suficiente para ficarmos.

- Nah... Para os zumbis nós não somos inimigos, entende? Somos só os lanchinhos deles. Eu acho que tem algo mais por trás disso. - concluí, chutando uma pequena pedra que surgiu em meu caminho. Andy concordou com um aceno de cabeça, ao que se encontrava sobre os ombros de Frank e me fitava intensamente, como se estivesse entendendo exatamente o que estava sendo discutido ali. E talvez ele de fato estivesse.

- Huh... Disso eu tenho certeza. Esse lance todo de base tem me soado estranho desde o momento em que lemos aqueles recados na casa da avó do Andy. - após essas palavras, Iero parou subitamente. Por experiência, eu já tinha uma noção de que isso não era um bom sinal. E, quando deixei que meus olhos se alongassem pela estrada em que caminhávamos, encontrei o que havia causado aquela reação no mesmo. Ao longe, bloqueando toda a estrada, havia centenas de andarilhos. Na verdade, centenas ainda parecia pouco para a quantidade de putridão que invadiu meus orbes naquele momento, um amontoado mal cheiroso e decomposto que nos fez dar meia volta e desviar o caminho quase por completo.

Frank bufou alto enquanto traçávamos uma forma de desviar daquele obstáculo enorme, porém, mantendo o passo, sem parar. Não tínhamos tempo para isso. Iero ainda carregava Andy sobre seus ombros e o mesmo manteve os olhos grudados nos monstros que perambulavam sem rumo a alguns bons metros de nós durante todo o momento. Eu não compreendia o que exatamente ele viu de atrativo ali, mas não questionei. Talvez ele estivesse apenas tentando enfrentar o próprio medo. Eu tentava fazer o mesmo por vezes.

Com isso, mais duas longas horas de conversas paralelas e caminhada e furtos em lojas de conveniência aleatórias que apareciam em nosso caminho se seguiram, deixando-me fatigado facilmente. Andy agora encontrava-se sobre os ombros de Bob, que, ao que demos uma pequena pausa para descansar em uma loja de colchões, sumiu estabelecimento adentro, em busca da máquina de café do local -- o que ele estava certo de que havia ali, pois já havia trabalhado em um lugar parecido.

Eu me larguei em um grande colchão por alguns minutos, sentindo todos os meus músculos prontamente agradecerem pelo conforto e os meus olhos pesarem de imediato. Ironicamente, este era um daqueles colchões de luxo, muito mais caros do que eu poderia pagar quando o mundo ainda era mundo. Mikey e Brian não delongaram em se jogar ao meu lado, meu irmão rindo de uma forma quase infantil e que fez meu coração se aquecer por reles segundos. Fazia muito tempo que não o via assim.

Zacky e Jimmy ainda encontravam-se extremamente abalados pela perda recente -- e eu compreendia, afinal, eles eram mais ligados a Matt do que qualquer um de nós --, contudo, não deixaram de suspirar ao deitar-se em outros colchões que haviam por ali, tão grandes e confortáveis quanto o qual em que nos encontrávamos.

Frank, por sua vez, não se permitiu perder a compostura nem mesmo neste momento. Permaneceu imóvel à porta, em pé, olhando fixo para algum ponto intangível que encontrava-se muito além da pequena janela que pendia à entrada.

- Frank, para de ser um pé no saco e vem deitar aqui com a gente... - Brian havia percebido o mesmo que eu e foi o primeiro a se pronunciar, logo sendo acompanhado pelos outros, que o incentivavam da mesma forma. Preferi me manter calado. Iero provavelmente se estressaria se eu ousasse convida-lo também.

- Nah... Eu não estou muito seguro dessa área. É bom ficar de olho. - foi tudo o que o mesmo disse antes de se voltar para o que fazia antes, dando de ombros em seguida. E, pela forma como Brian passou a fita-lo intensamente, deduzi que ele com toda a certeza teria insistido contra a teimosia do amigo, porém, ao que Bob gritou do andar subterrâneo que havia descoberto a mina de café, todos levantaram-se de imediato e seguiram para onde o mesmo se encontrava.

Todos menos Frank e eu, é claro, que manteve-se impecável à porta, apenas rindo um tanto contido pela forma mais afobada com a qual o restante do grupo correu para o andar de baixo, aonde se encontrava o precioso café. E eu teria seguido eles, se não estivesse cansado demais para sequer pensar em me mover de todo o conforto que o colchão me proporcionava. Aliás, Iero era uma figura interessante de se observar quando se encontrava tão focado e decidido de sua estadia ali, protegendo o grupo. Eu ainda me impressionava com o fato de que Frank era tão... Disciplinado. Com as coisas que tinha de fazer e, principalmente, consigo mesmo. Ele conseguia conter a fadiga e a preguiça e se manter na linha de uma forma impressionante.

- Você não precisa ser tão impecável sempre, sabe... Pode demonstrar fraqueza de vez em quando, isso faz bem. - sem sequer perceber, acabei verbalizando meus pensamentos, fazendo com que o mesmo finalmente desviasse o olhar da pequena janela que enfeitava a porta, os orbes âmbar quase penetrando-me a alma, tamanha a intensidade que estes sempre carregavam. Mas eu já estava imune a isso a essa altura.

- É claro que eu preciso, Gerard. Se estamos vivos até hoje, pode ter certeza de que é graças a minha disciplina. - seu tom de voz soou quase ofendido aos meus ouvidos e eu prendi a risada em minha garganta, realmente não acreditando que era tão fácil mexer com Frank e toda a sua postura militar. - Sabe por que eu troquei de lugar com você? Quando o pessoal do Antagonist queria te levar como escravo? - agora o mesmo havia desistido de sua pose de vigia de vez, caminhando até o colchão aonde eu me encontrava deitado em passos lentos, como se estivesse me ameaçando, encurralando. E eu sabia que essa era a exata intenção que ele queria me passar. - Porque eu tinha certeza de que você não ia durar como escravo. Não queria correr o risco de armar todo um plano para te salvar e encontrar você morto. - Frank carregava um sorriso quase satisfeito no rosto, posto que foi a minha vez de tomar uma expressão de ligeira ofensa. Certo, não era como se ele estivesse falando mentiras ali, mas jogar tudo aquilo na minha cara era o cúmulo. Eu não joguei em sua cara que havia movido meio mundo para salva-lo. - E sabe o que mais? Por algum motivo, eu realmente não te quero morto, Gerard. - agora ele parecia falar consigo mesmo, o que me fez retesar no colchão, ainda que não houvesse muito para onde fugir. Sua figura enfim parou, a dois passos de mim, antes de sentar sobre o estofado macio e deitar-se lentamente.

Não demorou muito para que o mesmo estivesse ao meu lado, ocupando o lugar onde antes Brian deitava, os olhos voltados para o teto, como se quisesse evitar, de todas as formas, me fitar. Mas eu não conseguia fazer o mesmo. Não conseguia desviar o olhar de seu rosto, da maneira com a qual seu peitoral subia e descia conforme sua respiração, muito menos da forma como retirou alguns fios castanhos dos olhos, passando os dedos longos e coloridos pela testa e puxando-os para trás. Eu queria toca-lo. E, ao mesmo tempo, queria passar o restante dos dias observando-o.

Logo, Frank virou-se para mim, as sobrancelhas arqueadas como se questionasse o que diabos eu estava fazendo, mas tal pergunta nunca deixou seus lábios. Na verdade, ele apenas permaneceu fitando-me, em silêncio, seus olhos enfim parecendo perdidos em meu rosto, vagando por cada detalhe meu, tal como eu fazia com o mesmo. E eu não faço ideia do que ocorreu ali, naquele momento, mas algo estalou em minha mente.

Não importava o quanto eu tentasse esconder de mim mesmo, o quanto eu negasse... Eu estava inteiramente caído por Frank. Até mesmo pelas pequenas imperfeições que salpicavam seu rosto, bem como algumas cicatrizes espalhadas pelo seu corpo, frutos do mundo pútrido em que vivíamos. Além de toda a dependência que eu achava ter, Frank era muito mais do que apenas um pilar para eu me apoiar, uma proteção... Frank era alguém que eu admirava, apesar de tudo, e queria ter ao meu lado pelo resto dos meus dias.

Senti o calor aumentar, conforme Iero se aproximava de mim, seu hálito quente logo misturando-se ao meu, ao que nossos lábios se chocaram -- e, não, não envolvia toda a brutalidade e urgência em que comumente nos encontrávamos presos. Era um frenesi inexplicável, que me fez grunhir baixo ao senti-lo adentrar a língua em minha boca de uma forma tão lenta e quase sexual, denotando toda a intensidade do momento. Eu estava a um átimo de explodir.

Contudo, Frank cortou o beijo subitamente, fitando-me com certa confusão por detrás do olhar, quase como se não compreendesse o que havia acabado de acontecer. Quase como se não compreendesse que havia acabado de retribuir o beijo que entregava o quão ridiculamente eu estava caido pelo mesmo.

- Gerard, isso aqui, eu e você, é... Isso não significa nada. Isso é só... Só atração física. Eu não posso. Não posso sentir mais nada. Está me ouvindo? Não posso sentir mais nada. - mais uma vez, Frank parecia falar consigo mesmo, fazendo-me entortar o rosto em uma careta. Após aquele beijo, eu duvidava do fato de ele não sentir algo mais por mim. Não era iludido o suficiente para acreditar que o que eu sentia por ele era exatamente recíproco, mas... Havia algo mais ali. Agora, o que Bert havia me dito há meses fazia certo sentido em minha cabeça.

Contrariando as próprias palavras, Frank mergulhou quase perfeitamente em mais um beijo, fazendo-me retribuir de prontidão. A intensidade e lentidão ainda estavam ali, fazendo com que eu me sentisse ainda mais perdido e prestes a ter uma síncope e, após um grunhido contido do mesmo, excitado ao extremo.

Porém, um estrondoso baque na porta fez com que Iero praticamente voasse de cima de mim, colocando-se de pé em menos de um segundo e, em seguida, sacando a pistola. E isso teria sido eficaz, se eu tivesse tido a mesma reação -- o que, obviamente, não foi o que aconteceu.

Um casal havia adentrado a loja e ambos carregavam uma pistola, mirando-as em nós dois. A mulher focava em Frank e o homem, em mim. E eu não tive qualquer escolha se não erguer os braços e me sentar na cama, a fim de, ao menos, esconder um bocado da semi-ereção que eu tinha certeza de que estava vísivel com a calça jeans mais do que apertada que havia roubado da última casa em que havíamos nos alojado.

- Ora, ora... Olha só quem encontramos aqui, Tyler... - a mulher carregava completa satisfação em sua voz, ao que fitava Frank, e eu percebi a forma como a respiração do mesmo falhou por alguns segundos -- mas ele não ousou perder a compostura, de qualquer forma. E, assim que eu examinei as duas figuras estranhas, pude entender o motivo da breve falta de ar de Iero. Ambos carregavam o símbolo do Antagonist no braço. O mesmo que eu havia visto pelos muros do local no dia em que fomos salvar Frank. - Vamos lá, garoto, o que você tá esperando pra abaixar essa arma? Quer que o meu marido atire no seu namoradinho? - os dois inquilinos eram claramente mais velhos do que Iero e eu. Logo, me atentei à forma como Frank rangeu os dentes antes de abaixar a pistola, jogando-a no chão em seguida. Não sabia dizer ao certo se era pelo fato de a mulher tê-lo chamado de “garoto” ou por ter dito que eu era seu namorado. Mas desconfiava da última opção.

- Sinto muito, mas precisamos levar vocês mortos para a chefe. Ela vai nos dar uma bela recompensa, porque você e seus amiguinhos nos causaram muitos problemas. - o homem, que agora eu sabia se chamar Tyler, explicou, fazendo com que eu engolisse o seco involutariamente. Aonde estava o restante do grupo nesses momentos? Ah, sim, tomando café.

E antes que eu sequer conseguisse raciocinar a situação, Frank se agachou e se lançou contra a mulher, por muito pouco não conseguindo arrancar a arma da mesma. Não consegui tolhir o breve grito que me escapou ao ouvir o som do tiro. Seco e alto, quase ensurdecedor. E eu teria gritado ainda mais se não tivesse visto Frank debatendo-se contra o aperto da mulher em seu pescoço, que, por sorte, havia errado o tiro, mas não havia deixado a desejar na hora de imobilizar Iero, ameaçando-o com uma faca contra o seu pescoço.

E eu achei que tudo acabaria ali, que eu os veria tirando a vida de Frank bem em minha frente, que teria de implorar para que eles fizessem o mesmo comigo, que não havia mais jeito, mas... Sempre há um jeito. E a vida me ensinou aquilo no exato instante em que ouvi a voz de Andy ecoando de onde havia a escadaria para o subsolo, fina e quase chorosa, ecoando apenas uma palavra. Uma única palavra, que foi capaz de paralisar tudo e todos presentes naquela fatídica loja naquele momento, especialmente a mulher que estava a um passo de tirar a vida de Iero.

- Mamãe? - todos os olhos desviaram-se para a pequena figura de Andy, até mesmo os de Brian, que encontrava-se logo ao seu lado, como se ele houvesse contado o segredo do universo. E, soltando a faca que utilizava para ameaçar Frank quase de imediato, a mulher virou-se para Andrew, os olhos umedecendo-se no instante em que o alcançaram e provaram que o nome que deixaria seus lábios em seguida não representava mais apenas uma saudade.

- Andy?

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


EITA PORRA.

E I T A P O R R A.

Quem tava esperando por essa? HAHAHA.

Espero que vocês tenham gostado, amorzinhos. No próximo teremos a explicação de tudo o que tá rolando em Washington, então aguardem.

Beijão <333


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