História Amor? - Não chore

LUNA

Ligo para a pessoa que é sempre meu porto seguro quando me sinto abalada. Me atendem no primeiro toque.

-Lys?

-E como ele está?

Passo a mão no meu cabelo. Quase me rendi as lágrimas quando meu pai me contou como Castiel está, realmente.

-Está desacordado, Lys... ele pode não voltar a ser o mesmo. Ele...

-Você quer que eu vá aí?

-Eu adoraria...ter você comigo. Mas prefiro que você fique com a Rose e depois vá para escola e diga ao Victor que vai tirar uma semana de folga.

-O que está havendo? Clinicamente falando...

Não sei por que isso faz com que surja um pequeno meio sorriso no meu rosto. Provavelmente culpa do “clinicamente falando", Lys nunca falou assim antes.

-A fala foi afetada, assim como a coordenação motora, então: ele não fala, nem escreve ou come sozinho. Está tendo apagões, num minuto está acordado e no outro desmaia... como não podia falar e no antigo hospital ninguém o conhecia, não sabemos se a memória foi afetada, mas é provável que sim visto que muitas outras coisas foram. Só que não sabemos de que forma ela foi afetada. Estranhamente, ele é capaz de andar, mas com os apagões... não é seguro.

Falo tudo num jorro. E acho que esse pequeno descontrole quebra a ultima barreira de Lysandre.

-Diga que estou aqui para ele. Vamos trazê-lo para ficar aqui quando receber alta até que ele se recupere. Avise-me se houver qualquer pequena alteração...

Ele sabe que eu estou nervosa e sabe que não tem nada que ele possa fazer no momento porque ele não é da área medica.

-Luna, ele acordou, seria melhor que...

Meu pai me avisa ao sair do quarto de Castiel, mas para de falar ao ver-me no celular.

Lysandre deve ter ouvido a voz do meu pai, ele não termina de falar o que estava dizendo.

-... volte para mim.

 É a ultima coisa que ele diz antes de desligar.

-Seria melhor que você aproveitasse para vê-lo, não sabemos por quanto tempo ele ficará acordado.

-Tudo bem.

Entro quarto e vejo os olhos dele me seguindo. Será que ele lembra de mim?

A expressão dele é de quem analisa todas as possibilidades, sei que o certo seria ir devagar mas eu queria mesmo era dar um beliscão nele por ter me enlouquecido de preocupação, não ter falado comigo e ter voltado todo quebrado. Menino tolo!

Ver o rosto dele machucado faz minhas mãos tremerem, eu as enfio nos bolsos do jaleco para esconder o nervosismo.

Sento na cama, bem próxima da cintura dele e inclino meu corpo em direção ao seu rosto.

-Lembra de mim?

Ele pisca os olhos varias vezes. Como se me dissesse “Que tipo de pergunta é essa?”. Talvez eu deva me apresentar.

-Eu sou a Luna.

Surge um sorriso em seus lábios que se estende até os olhos. Isso me faz sorrir também.

 Tiro a mão direita do bolso e toco sua mão, vejo que ele observa o movimento com os olhos arregalados. Lembro que isso pode parecer invasão de espaço.

-Tudo bem se eu fizer isso?

Esfrego a costa da mão dele com o meu polegar. Observo o rosto dele esperando ler as respostas na sua expressão, mas ele não tira os olhos das nossas mãos, parece que ele não está me ouvindo.
É como se ele estivesse olhando para nossas mãos, mas com o pensamento longe. Eu paro o movimento.

Isso faz com que ele me olhe.

-Tudo bem se eu tocar em você?

Para a minha surpresa ele balança a cabeça de forma positiva. Ótimo sinal, na ficha dele não dizia que ele era capaz de movimentar o pescoço. Fico feliz, ao menos teremos o sim e o não.

Passo meus dedos pelo cabelo ruivo do lado oposto de onde se localiza o machucado na cabeça.

-Senti sua falta...

Acaricio sua bochecha.

-...fiquei louca de preocupação...

Lágrimas saem.

-Ah, não... querido, não chore.