História Amor à distância - Mudança.

1 ano depois...

Gumball

Aqui estou eu, debruçado no parapeito da janela da minha nova casa. Observando uma tediante e vazia rua. "Sem vizinhos, sem perturbações" - Meu pai era mesmo um gênio. Porém nunca estava em casa. Me deixando assim a mercê da solidão, com exceção das nossas diaristas, que se ocupavam com tudo pela casa, ficando assim, sem tempo para conversarem comigo (ok, não era obrigação delas).

Após se divorciar da minha mãe, ele instantaneamente se obrigou a focar em várias coisas da empresa. Para que assim, não tenha tempo para pensar na vida, pois pensar na vida era o mesmo que pensar em minha mãe, e isso acabava com ele.

Mudei de casa, mas não de escola.  (Apesar de agora ser a milhões de quilômetros de distância, eu estava morando praticamente no meio do mato). Continuei a ver alguns colegas, trocar algumas ideias sobre qualquer coisa, receber convites para sair com eles... Mas, meu pai, achava que o fato de eu sair com meus colegas era tudo uma armadilha criada pela minha mãe para me tirar dele.

Era um pouco paranóico da parte dele, mas, isso realmente já havia acontecido durante o início do ano. Minha mãe havia planejado me ver, após perceber que meu pai mentira sobre o fato de eu poder ir visitá-la por uns dias. Ele nunca mais confiou em nenhum colega meu. 

Acabei me sentindo a Rapunzel por alguns meses, sem poder sair de casa, sem poder conversar com ninguém pessoalmente (óbvio que eu conversava com meus colegas pelo celular) e sem poder conhecer alguém. Já que vizinhos é quase uma extinção nesse novo local. 

Tudo acabou ficando super tedioso. Os livros, minhas melhores companhias, eram a única coisa que me tiravam da solidão.

Já eram quase 14hrs do sábado, acredito que famílias normais estão se divertindo uma hora dessas em um dia como esse. Ensolarado, calmo e bonito.

Eu estava usando um short, não muito curto, na cor rosa, uma blusa um tanto normal com mangas curtas, na cor branca, estampada com uma frase: "Ser diferente é legal!" escrito em rosa choque. E para os meus pés, apenas o meu chinelo preferido rosa um tanto confortável.

Ainda haviam umas 5 caixas para desembrulhar da mudança. E eu já estava cansado de fazer isso todos os dias.

-"Aceita algo para beber ou comer, sr. Gumball? Acabei de fazer um chá, de morango, seu sabor preferido." - Era Adriana, uma de nossas diaristas. Gostava dela, era uma mulher de boa aparência. A única que, de vez em quando, arrumava um tempinho para conversar comigo. Tinha cabelos loiros e longos, que por conta do serviço, ficavam presos em um coque fixo, tinha um corpo normal, nem gordo, nem magro, olhos azuis e um belo sorriso estampado no rosto. Ela tinha uma paixão secreta por meu pai, nem tão secreta assim, pois seus olhos brilhantes denunciavam tudo quando o via. E ela sabe que eu sei disso. Acho que é por isso que tenta me agradar tanto.

- Não, obrigado, de verdade, Adriana. Mas, estou sem fome. - disse a direcionando um leve sorriso, que logo foi retribuído.

- Está bem. Qualquer coisa, estou aqui. - Ela disse e saiu dali, me deixando sozinho debruçado naquela janela outra vez.

Em meio ao silêncio daquela tarde, pude escutar um barulho de madeiras sendo cortadas brutalmente, e logo em seguida um cheiro de fumaça tomou conta do ar puro que eu respirava. Ao invés de ficar intrigado com isso, fiquei super feliz. Pois essa fumaça só poderia estar sendo ocasionada por uma outra pessoa lá fora. E isso significava que...

Eu tenho vizinhos? 

Saí então de casa correndo e segui a fumaça em meio as árvores. Eu estava realmente contente com isso.