História Amor à distância - Um anjo.

Gumball 

Enfim sábado.

7:56hrs da manhã.

Acordei querendo não sair da cama.

Sorri ao me lembrar que acordei sendo namorado de um cara lindo, sexy, perfeito e amoroso. 

Marshall podia estar aqui comigo...

O travesseiro parecia mais macio e minha cabeça afundava nele.

O edredom esquentava meu corpo do frio canadense de uma forma indescritível.

Por que a cama sempre é mais aconchegante quando temos que levantar?

Alguns fios de sol atravessavam as minhas cortinas verde-água através da janela.

Minhas cortinas não eram rosas, isso é uma novidade para vocês, eu sei... Mas, adivinhem... As paredes do meu quarto eram! Num tom de rosa mais claro. Haha! 

Enfim, o clima do meu quarto parecia perfeito para continuar deitado e dormindo.

Pude escutar sons vindo do andar debaixo da minha casa, que era separada em dois andares devido à escada que levava aos dormitórios.

Quem estaria aqui a uma hora dessas? 

Adriana, nossa diarista, sempre chegava cedo... Mas, essa voz não era dela.

Meu pai não era tão barulhento...

Espera! 

Ashley! 

Como pude me esquecer dela? O sono estava tão bom que quase me esqueci por completo de Ashley.

Mas, por que tão cedo aqui?

Me espreguicei preguiçosamente.

Ela precisava existir mesmo...?

Depois de alguns minutos, consegui finalmente levantar.

Fui em disparada para o banheiro fazer minhas higienes matinais.

Não demorei muito, como o meu pai disse, o almoço hoje seria por minha conta e teria que ser bem caprichado.

Não irei colocar veneno ou algo do tipo, não uso meus dons para o mal. Afinal, fruta podre cai sozinha.

Vesti roupas normais de ficar em casa, porém apresentáveis. Uma calça moletom cinza com listras brancas nas laterais, uma camiseta na cor salmão e pantufas na mesma cor da camiseta.

Desci as escadas, avistei Ashely e meu pai rindo de um possível assunto anterior à minha chegada.

Estavam sentados na mesa tomando café.

- Bom dia... - disse um pouco animado.

- Bubba!!!! Nossa! Ele é realmente lindo, Gareth! - Ashley se virou para mim e me observou.

Bubba? Que intimidade ela tem para me chamar pelo primeiro nome?

- Sim, um príncipe! - meu pai sorriu me observando também - Bubba, sei que vocês nunca se viram pessoalmente então, essa é Ashley. Sua madrasta.

Realmente, nunca tinha a visto pessoalmente, mas minha mãe tagarelava uma vez ou outra sobre a chatice de Ashley em relação ao meu pai. Quando morávamos todos juntos. Que saudade desse tempo...

Fui até ela, ela se levantou e me abraçou. A abracei também. 

Mal educado era a última coisa que eu queria ser.

- Está com quantos anos, príncipe? - ela disse sorridente.

- 16. 

- Awn, já é um rapazinho... Sei que essa pergunta é muito "tiazona" mas, já tem namoradinha? 

Sabia que ela perguntaria uma merda dessas...

- Ainda não... - sorri levemente. 

Meu pai ainda não sabia que eu estava namorando com Marshall.

- Hmmm, mais fala a verdade, chove de menininhas no seu pé, né?! Um menino com um rostinho tão perfeito desse... Cabelos rosinhas... E esses olhos rosas com violeta, meu Deus?! Parece até um anjo! - ela disse um pouco histérica.

Sim, serei um anjo com você, Ashley. Apenas até descobrir o que você realmente quer com o meu pai.

Ashley era uma mulher bonita. Uma jovem bonita. Tinha 26 anos. Olhos verdes. Cabelos lisos e castanhos claros. Pele clara. Dentes bonitos e um corpo perfeito.

Típico de garota que quer "passar a mão" na grana dos velhotes e logo depois, meter o pé.

Está certo que, meu pai não era velhote. E estava longe de ser. Tinha apenas 31 anos. Era lindo e se cuidava super bem. Dinheiro serve pra essas coisas né...

- Olha... Nem tanto. - sorri novamente.

- Ahhh para de ser modesto. Se eu fosse da sua idade você seria meu com certeza! - nem fodendo...

- Creio que não, Ashley. - meu pai disse.

- Por que? - ela sorriu o encarando.

- Digamos que... Ele gosta da mesma fruta que você. - meu pai sorriu tímido.

Exatamente.

- Ahhh... Nossa, me desculpa, Bubba! Não sabia que você gostava de meninos. - ela pareceu realmente envergonhada. 

- Não, tudo bem! - sorri tentando acalmá-la de um possível constrangimento.

- Mas, não tem nenhum crush te paquerando? - ela voltou a brincar.

- Tem... - sorri já com as mãos escondendo meu rosto.

- Hmmmm! - Ashley dizia me provocando.

- Quem, Bubba? - meu pai perguntou num tom sério.

- Iiiih... Seu papai já tá mortinho de ciúmes em! - Ashley.

- Não é isso... É que... Eu preciso saber, ué! - ele tentou se retratar.

Destampei meu rosto.

- Já já saberás, pai. - sorri.

- Hm. Acho bom mesmo. Tenho que aprovar primeiro! 

Sim, claro, mas... Se o senhor não aprovar, não ligo.

- Eu sei. Não se preocupe, o senhor já o conhece. 

- Olha! Melhor ainda, já é amigo do sogrão! - Ashley sorria.

- Ah, perfeito! Já tenho uma leve noção de quem seja. - ele voltou a sorrir.

Espero que estejas pensando em Marshall, daddy.

- Enfim, já são 8hrs, irei ao supermercado, está bem? - olhei para o visor do meu celular.

- Está bem, filho. 

Me despedi dos dois, troquei a pantufa pelo meu tênis all star rosa, vesti um agasalho rosa por cima de minha camiseta salmão e fui para a rua.

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Canadá e o seu lindo ar condicionado natural de 17° graus.

Vancouver não era tão fria no verão. 

Entrei no supermercado, tinha uma quantidade de pessoas suportável naquele local. Odeio superlotação.

O que será que  Ashley gosta de comer? 

Em minha cabeça, um almoço bem caprichado continha massa.

E eu já estava decidido no que iria preparar. 

Um saboroso e super caprichado, macarrão de forno. Eu amo essa receita. Meu pai também.

Peguei um carrinho e comecei a procura pelos ingredientes.

Meu celular tocou. 

Escutei a música "Heathens - Twenty One Pilots" tocar. 

Era o meu amor. Essa era a nossa música preferida no momento.

Atendi já com um sorriso bobo nos lábios.

- Ei, meu amor. 

- Bom dia, minha vida. Tudo bem com você? - aquela voz... Ahhhh socorro. Amava pakas!

- Extremamente melhor agora, e você? - sorri colocando um pacote de macarrão dentro do carrinho.

- Extremamente melhor agora também. - sorri com isso - Aonde estás? 

- No supermercado. Tenho visita em casa hoje, sabe Deus até que hora... 

- Ahh, sim. Bubba, você acredita que eu achei que iria para a faculdade hoje? 

- Uau! Em plenas férias, amor? Bebeu, foi? - gargalhei.

- Hahaha! Não, não... Amo a sua risada.

- Awnnn - sorri tímido, ele me deixava corado mesmo não estando presente fisicamente - também amo a sua! 

- A sua é bem mais perfeita. A minha é estranha. 

- Estranha? A minha parece até que eu tenho asma! - ele gargalhou ao escutar isso.

- Eu amo você sendo asmático então.

- Credo, Marshall! - olhei a validade de alguns produtos.

- Uai?! Você quem disse... - ele gargalhou novamente.

- Estou morrendo de saudades, sabia? - disse um pouco manhoso indo em direção ao caixa.

  - Eu também estou, sabia? - ele imitou minha voz manhosa me fazendo sorrir - vamos nos ver mais tarde...

- Vamos? - sorri colando o celular entre meu ombro e minha orelha para conseguir colocar as coisas em cima do balcão do caixa.

- Vamos. Você tem que conversar com o meu pai, esqueceu? 

Nossa!!! É mesmo! Tinha me esquecido completamente disso.

- É mesmo... Acabou que não deu para eu ir lá ontem né...?! - ajeitei meu celular em minha mão denovo após terminar de colocar as coisas ali em cima.

- Sim. Fizemos algo bem melhor do que discutir com o meu pai ontem... Mais, você irá hoje ou esse convidado te prenderá até mais tarde? 

- Não, não. Irei sim. Que horas, mais ou menos? - escutei o valor das compras e paguei.

- Ah... Lá pras 16, 17hrs... Tudo bem?

- Sim. Ótimo! Até lá já estarei livre. - observei o rapaz ensacolar as minhas compras.

- Okay. Te buscarei umas 16:30hrs, pode ser? 

- Pode sim. - juntei todas as sacolas e as segurei com a mão esquerda saindo do supermercado.

- Combinado então, meu amor. Ah! Irei fazer uma audição musical com o Roncato hoje mais tarde, 13hrs. Você não sabe o quão nervoso estou...

- Ah, para com isso, Marsh! Você é talentosíssimo! Tenho certeza que irá arrasar e o impressionar com seus dons. Apenas fique tranquilo, aja naturalmente, tudo fluirá melhor se você relaxar. E se não der certo, lembre-se que eu te amo muito e estarei sempre ao seu lado. 

- Bubba... Você é a melhor pessoa da face da Terra. Eu te amo tanto... Obrigado, meu amor. Pode deixar, farei tudo pensando em você. Assim, não tem como dar errado. Você é a minha inspiração, minha calma, meu porto seguro. 

AHHHHHHH OMG! As vezes eu tenho vontade de matar ele de tão fofo que é! 

- Você tem muita sorte por estar do outro lado da linha e não aqui ao meu lado.

- Tenho é?! Por que? - ele com certeza está sorrindo neste momento.

- Porque eu estou com vontade de te encher de beijos até você ficar sem ar! 

- Ahhhh que delícia... Queria muito estar aí agora! - sua voz era divertida.

- Não tem amor à sua vida não, Marshall Lee?

- Claro que tenho. Minha vida é você!

AHHHHHHH denovo! Cadelo!

- Para com isso!!! Você está me deixando corado em público! 

- Nossa... Como eu queria estar passando por essa rua agora... 

- Viado!

- Minha vida, meu ar, meu amor, meu docinho, meu tudo...

- MARSHAAALL! Vou desligar, já estou pagando muito mico. Você é mau! - ele gargalhou.

- Tudo bem... Até mais tarde, meu docinho.

- Até, beijos! - desliguei.

Eu estava extremamente corado.

Marshall mexia comigo de um jeito incontrolável.

Me recompus e voltei para casa.

Havia um rapaz da pele morena do lado de fora da casa, na janela da sala.

Parecia estar filmando alguma coisa com o seu celular.

- EIIIII! O QUE ESTÁ FAZENDO? - me aproximei dele gritando.

O rapaz se virou para mim fazendo um gesto de silêncio.

Eu o conhecia. Era... Micael.

Micael é um amigo da minha família. Inclusive, ele quem disse ter visto Cris aqui no Canadá quando estávamos à sua procura.

E também, foi ele quem filmou Flame me traindo com Fionna.

Era, vamos dizer... O nosso "amigo fofoqueiro". Porém, era super gente boa.

Tinha olhos castanhos escuros, cabelos  castanhos curtos e arrumados, lábios carnudos e pele morena. Sempre andava bem vestido.

Mas, o que é que ele está fazendo aqui?

- Micael, o que está fazendo aqui? - o encarei.

Ele pareceu finalizar a gravação.

- Estou filmando seu pai e a nova mulher dele. Nossa, como você cresceu! - ele me observou de baixo a cima.

- Pra que? Meu pai precisa de privacidade, sabia? - cruzei os braços com as sacolas penduradas em meus pulsos.

- Eu sei disso. Mas, foi sua mãe quem pediu.

- O-o quê? Por que? - sorri.

Minha mãe era realmente ciumenta. Não conseguia de jeito algum esquecer meu pai. Mesmo com Matthew a tratando da melhor forma possível.

- Sei lá. É meia louca. 

- Um pouquinho sim...

- Bom, tô indo, trabalho concluído. Agora vê se para o seu pai lá, a não ser que queira mais um irmãozinho. - ele sorriu e se retirou.

Fui correndo para dentro de casa.

Abri a porta e vi Ashely deitada em cima de meu pai o beijando no sofá.

- Puta... - balbuciei para mim mesmo.

Senti meu corpo ferver.

Fingi tossir alto.

Ashley se levantou imediatamente arrumando suas roupas super justas.

- Ei, filho. Já voltou?! - meu pai disse com a cara mais lavada do mundo.

O deixei sem resposta e me direcionei à cozinha.

Tirei os ingredientes da sacola e os coloquei sobre a pia.

Meu pai apareceu ali de repente.

- Filho, me desculpe pelo o que você viu. - meu pai estava envergonhado.

- Não... Tudo bem, não foi nada. Vocês estão apaixonados um pelo outro... É normal isso acontecer. - disse ainda sem olhar para ele.

- Bubba, eu sei que você ainda não aceitou totalmente essa ideia. Me desculpe não ter te perguntado antes ou ter pedido a sua opinião sobre isso. - ele puxou levemente o meu braço me virando para ele.

Realmente, errou feio. Eu teria dito não.

- Pai, fique tranquilo. Não posso interferir na sua vida amorosa. O senhor é quem decide quem deve amar ou não.

- Obrigado, filho. Eu te amo, okay? 

- Okay. Também te amo, pai. 

Ele beijou minha testa e voltou para a sala.

Comecei então a preparar o macarrão.

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As horas se passaram, o macarrão ficou pronto. Recebi vários elogios de Ashley e meu pai.

Adriana encarava Ashley com desdém durante todo o almoço. Como vocês já sabem, Adriana também é apaixonada pelo meu pai.

Eu achei graça da situação.

As horas se passaram e a tarde chegou.

Meu pai havia levado Ashely para conhecer o Canadá. 

Não quis ir, fiquei em casa pois não sabia quanto tempo levaria esse passeio e eu já tinha um compromisso marcado com Marshall às 16:30hrs. E também porque não estava afim de ficar de vela.

Pensei em Marshall e em como havia sido a sua audição musical com Roncato.

Já eram 15hrs da tarde. 

A campainha tocou.

Mas... O combinado era 16:30hrs...

Não pode ser Marshall, quem será?

Levantei do sofá e fui atender a porta.

Era minha mãe.

Espera. Minha mãe?

- Oii mãe, você por aqui? - franzi o cenho.

Ela pediu passagem para entrar, cedi.

- Aonde está seu pai e aquela vagabunda? - ela estava nervosa.

Parece que a filmagem de Micael fez efeito.

- Saíram faz uma hora mais ou menos. Infelizmente, não sei para onde. Mas, eu estou realmente espantado com a sua visita. 

- Bubba, eu jamais deixarei aquela vadia se casar com o seu pai! 

- Posso saber o motivo além do ódio que a senhora tem por ela?

- Ela envenenou o seu último esposo e ficou com toda a grana dele. Sei que não tenho mais nada a ver com a vida do seu pai mas... Ainda gosto muito dele. Desejo somente o bem para o mesmo. E quando descobri que ela estava aqui hoje de madrugada através de Micael, vim correndo. Não estava acreditando nisso.

Agora entendi o motivo da filmagem.

A porta se abriu novamente.

Ashley e meu pai apareceram entre a abertura da mesma.

A expressão de meu pai ficou gélida ao ver minha mãe ao meu lado.

O sorriso de Ashley sumiu.

- O-o que está fazendo aqui Cristina? - sua voz vacilou.