História Amor à distância - Meu vizinho.

Meu coração palpitava de alegria, eu finalmente descobri que tenho vizinhos, mesmo depois de já estar morando quase 1 ano aqui.

Fui correndo até alcançar um campo de visão mais próximo de onde vinha a fumaça. Consegui avistar uma casa, não muito grande, era simples, porém muito organizada (pelo menos do lado de fora) e com uma boa aparência, apesar de ser localizada literalmente no meio do mato.  Deduzi que o proprietário era uma pessoa bem reservada da humanidade, ou era como meu pai, uma pessoa frustada em seus relacionamentos amorosos.

A casa tinha uma cor bege, um pouco "ferrada" nas partes inferiores devido ao local que se encontra, mas, bem cuidada, parecia ser pintada sempre que desbotasse sua cor. Tinha uma porta de madeira e algumas janelas de vidro, cobertas interiormentes por cortinas na cor verde-água. Seu telhado era cinza. 

Meus olhos foram passeando por toda a extensão da casa e abruptamente fixaram-se em um só local. Em uma pessoa na verdade. Mais especificamente, em um rapaz.

Ele era alto, tinha cabelos num tom lindo de ruivo, tinha uma pele branca mais puxada pro amarelo, tinha olhos num castanho quase laranja, e tinha um corpo admirável. Me apaixonei só de ver.

Ele estava sem camisa, deixando amostra o seu abdômen bem definido. Parecia estar mexendo em alguns pedaços de madeira em sua fogueira. Mas tinha as suas roupas inferiores. Estava de calça jeans laranja quase creme, e um coturno marrom. Apesar de eu não saber a blusa que estava usando antes, pude deduzir que tinha um ótimo gosto para roupas, assim como eu.

Tentei levantar meu corpo um pouco mais para ver o que ele tanto fazia naquela fogueira e acabei escorregando por conta de uma terra escorregadia. Que o fez instantaneamente olhar em minha direção e ir até lá. Gelei.

-MDs! O que aconteceu com você? Você mora aqui? - Ele disse ajudando a me levantar.

-Er... Oi, eu moro aqui sim. Faz 1 ano. Eu apenas não sabia que tinha um outro louco que também morava nesse fim de mundo. - dei um sorriso leve e ele retribuiu, seu sorriso também era lindo.

-Bom, pois você também me pegou de surpresa. Não sabia que tinha vizinhos. Me chamo Alperen Flame, mas, me chame apenas de Flame, por favor. - Ele estendeu a mão para mim e eu o cumprimentei.

-Gumball, Bubba Gumball. Obrigado desde já pela ajuda. - sorri um pouco corado.

-Que isso, não foi nada. Veio aqui pela fumaça né?! Me desculpe. Incomodou?

-Não, eu apenas fiquei surpreso por essa fumaça ser ocasionada. Aí, imaginei pessoas, e estou muito contente em te ver. 

Ele sorriu, não sei se foi porque ele achou engraçado eu ficar contente em ver um ser humano ou se foi porque ele percebeu que meu rosto está em chamas devido aos meus olhos que não param de olhar para o seu corpo definido.

-Também estou contente em te ver, chicletinho. - Ele sorriu, sorri também mas não achei graça.

-Por favor, já fui muito zoado por ter esse nome, não faça parte desse grupo. - forcei um sorriso.

-Tudo bem, me desculpe. 

-É... O que faz de bom aqui? Essa fogueira é pros seus amigos? - olhei para a fogueira.

-Bom, eu não tenho amigos aqui. E posso dizer que é meio impossível ter, ainda mais por ser tão distante da civilização. Acendi essa fogueira como se eu realmente fosse fazer algo de importante usando ela. Coisas de gente solitária, sabe... Mas, agora eu não estou tão solitário assim, tenho você. Certo? - Ele sorriu.

Creio ter virado um pimentão nessa hora.

- S-sim... Agora temos um ao outro. - eu sorri ainda corado.

-É... Acho que nos daremos muito bem. Pelo menos agora tenho companhia para algumas de minhas loucuras. 

Okay, eu estava realmente começando a ficar com medo dele.

-E-er... Que tipo de loucuras? - forcei um sorriso para disfarçar o medo que estava sentindo.

-Loucuras, ué. Trilhas, acampamentos, festas, manusear o fogo...

-Manusear o fogo?? Seus pais já te disseram que  brincar com fogo é muito perigoso? - falei com um leve desespero na voz.

-Já, mais não dizem mais e eu nunca me queimei. Não se preocupe, não sou uma criança, Bubba. Tenho 19 anos.

Eu arregalei os olhos, jurava que ele tinha uns 17... Por aí. Não que ele tinha cara de moleque. Mas, achei que ele era mais próximo a minha idade. Tá, não tão próximo assim, eu tenho 13. E não queria contar, porque eu realmente não aparentava tanto ter só 13 anos. Ele ficaria chocado.

-Bom, você é de maior. Mora sozinho? - mudei o assunto paranóico sobre fogo.

-Sim, e se você enjoar da sua casa, seria um prazer ter você morando aqui comigo. 

Sorri, mais por dentro eu continuava morrendo de medo.

-Não se precipite tanto, sou um pouquinho chato. Iria enjoar fácil de mim. - forcei um sorriso novamente.

-Ah, mais eu duvido muito disso... - Ele aproximou o seu rosto do meu, tinha certeza de que ele estava carente a meses, ou até anos, e o que aparentava é que eu seria a vítima.