História Amor à distância - Ciúmes

Gumball

Okay... Calma! Vai que é parente dele, né?! 

Comecei então a vasculhar o Instagram da tal garota.

Baladinhas, falsas amizades, hotéis e restaurantes caríssimos, praias, fotos forçadas com o... Deve ser o... Pai dela? Quem é esse homem? Jef...frey?

Não me lembro do Marshall ter dito que tinha contato, amizade ou familiaridade com alguém com esse nome... 

Cliquei também em seu perfil.

"Maior empresário musical de Washington". Hm... Será mesmo? 

Eiiiii!!! Espera...! 

Então quer dizer que o senhor Marshallzinho foi para Washington usar a filha desse homem para agradá-lo? 

Deixa eu ver só uma coisinha...

ARÁ! XEQUE-MATE! 

Marshall segue a garota! 

Há quanto tempo será, em...? 

Ele... Está... Me...

...Traindo?

- Ei, Bubbinha! Sua mamãe e eu fizemos as pazes! - meu pai disse ao se aproximar de mim com os dedos entrelaçados nos de mamãe.

- Fico feliz por vocês... Muito feliz. - disse seco ainda sem desviar o olhar do visor do meu celular.

- Não parece, filho... - meu pai me observou.

- O que aconteceu, bebê? Te machucaram na escola? Desculpa não termos ido te buscar... Ainda está com o corpo dolorido? - mamãe engatou nas perguntas se sentando ao meu lado no sofá.

- Não, não... Eu apenas... - fiquei em silêncio.

- Apenas...? - ela me observou atentamente.

Pensei por alguns minutos.

- Apenas... Estou faminto! - menti.

- Awnn, nosso bebê está faminto, Gareth! Que feio da minha parte... A comida está pronta, meu amor! - ela disse com uma voz melosa e me esmagando em um abraço.

- Pronta e deliciosa. Sua mamãe caprichou hoje! Hoje e sempre na verdade... - os finos lábios de meu pai se alargaram em um imenso sorriso. Vi mamãe fazer o mesmo.

- Tem como não amar uma criatura dessas? - mamãe correu de encontro a ele. Pude ver seus braços formarem um ninho ao redor dos ombros dela, enquanto ele depositava um beijo em sua testa suavemente, ela apenas sorria com os olhos cerrados em agradecimento.

Tão adoráveis...

Pena que eu estou putamente enciumado e estressado nesse momento...

Pera! O que foi que eu disse?

Ér... Quero dizer... 

Eu não estou com ciúmes!

Eu não sinto ciúmes.

Eu só acho que isso é muita...

Muita...

Falta de respeito!

Isso! Falta de respeito! 

Esse é o termo correto.

Enfim... Vou almoçar para acalmar um pouco os nervos e tentar esquecer toda essa palhaçada.

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Marshall

Estava deitado no sofá.

Pensando na minha vida (Bubba) e em quão perto cheguei de perder a promoção do Jeffrey.

Sorte que a Lumpy me defendeu... Senão a minha apresentação iria por água abaixo.

- LEEEEEEEEE!!! - escutei uma voz feminina gritando do lado exterior da porta principal.

Me levantei preguiçosamente em direção à ela.

Falando no diabo...

Lumpy? Mais por que diabos ela está aqui? 

A encarei entre a abertura da porta.

O sorriso em seus lábios cobertos por um batom roxo se assemelhava ao Sol.

- HEEEEEY, MY FRIEND!!! I MISSED YOU! - sua voz era um tanto estérica e seu abraço um tanto esmagador.

Como pode ser tão bruta?

- O que está fazendo aqui? Veio discutir a cor do meu caixão, é?! Seu pai já não digeriu aquilo direito e você ainda fica colocando lenha na fogueira? - a afastei de mim.

- Não... - ela gargalhou - Só estava com saudades mesmo! - disse adentrando na sala - Uau!!! Que luxo! Tem razão de ser cinco estrelas... Que decoração incrível! 

- Uhum... - assenti com a cabeça e voltei para o sofá me sentando sobre ele.

Senti meu celular vibrando no largo bolso da minha bermuda preta, logo em seguida, Heathens - Twenty One Pilots começou a tocar.

Meu coração hesitou uma batida.

Era ele...

Essa era a música dele.

Essa era a nossa música! 

Comecei a sorrir incontrolávelmente.

Lumpy se sentou ao meu lado ao notar a minha paranóica alegria.

- Que sorrisão é esse? - ela perguntou maliciosa.

- Oi, meu docinho... - atendi ignorando  a pergunta de Lumpy e já preparando o coração para escutar a melodia mais perfeita do universo.

- Marshall? Que bom que atendeu! Precisamos conversar! - sua voz foi um tanto monótona.

"Marshall"? 

Meu sorriso sumiu.

Okay...

- Bom, o Roncato saiu para comprar algumas coisas e dialogar com Jeffrey a meu respeito... Acho que podemos convers...- ele me interrompeu.

- Jeffrey... Isso! Um empresário musical de Washington, certo?! - ele questionou sarcasticamente.

- Sim... O conhece? - ignorei seu sarcasmo.

- Conheci há alguns minutos atrás... 

- Alguns minutos atrás? VOCÊ ESTÁ AQUI EM WASHINGTON, MEU AMOR? - me levantei instantemente ao sentir uma mistura de ansiedade, espanto e alegria.

- VOCÊ É CÍNICO ASSIM MESMO OU FAZ CURSINHO? VOCÊ POSTA UMA FOTO COM UMA PIRANHA E... - ele parou ao escutar a voz de Lumpy no fundo da ligação.

- "Amor"? Hmmm... Está falando com o Gumball? Deixa eu falar com ele também!? Por favooor... - a voz de Lumpy era melosa neste momento.

- ELA ESTÁ AÍ COM VOCÊ? EU SABIAAAAAAA!!! E POR QUE DIABOS ELA SABE O MEU NOME, MARSHALL LEE?! - ele gritava enfurecido.

Tampei a boca de Lumpy com a palma da minha mão livre.

- Amor, do que é que você está falando? Não estou entendendo nada, sério! - eu estava realmente confuso e intrigado com toda essa conversa.

- CONFUSO??? VOCÊ POSTOU UMA FOTO COM UMA PIRA...- o interrompi.

- Eu postei o que? Nem tenho mexido em redes sociais ultimamente!!! - me defendi. 

- CARAMBA! ERREI! POSSO? ELA QUE POSTOU! UMA FOTO GRUDADA EM VOCÊ QUASE NUA! - ele já berrava a essa altura.

Foto? 

Que foto?

Que dia?

Eu não me lembro disso...

Lancei um olhar frio para Lumpy.

- Bubba, ter raiva de mim não é o certo nesse momento. Eu nem sabia que ela havia postado uma foto comigo! E nem sabia que eu havia posado para uma foto ao lado dela! - me expliquei erroneamente.

- NEM SABIA? NEM SABIA, MARSHALL LEE?! VOCÊ ESTAVA BÊBADO, É?! - me fodi - VOCÊ SEGUE ELA NO INSTAGRAM! ME POUPE! SE POUPE! NOS POUPE! ATÉ AONDE EU SEI, VOCÊ NÃO É CEGO! - seus berros eram cada vez mais altos.

Sigo ela? Como? 

Nem mexo direito no Instagram! 

Encarei Lumpy que neste momento gargalhava feito uma doente vinda de um hospício.

- QUEM CALA CONSENTE! ESSA VADIA ESTÁ RINDO DE MIM? VOCÊS ESTÃO DEBOCHANDO DA MINHA CARA? - ele realmente estava irritado.

- Amor, para com isso! Não aconteceu nada disso do que você está pensando! Não precisa ter ciúmes. Jamais te trairei! Mesmo bêbado reconheço a pessoa mais importante da minha vida. - tentei acalmá-lo.

- CIÚMES? EU NÃO ESTOU COM CIÚMES! VÁ PRA PUTA QUE TE PARIU, MARSHALL! ESTOU PUTO COM VOCÊ! PUTO COM ESSA SUA TRAIÇÃO E FALTA DE RESPEITO COM A MINHA PESSOA! NÃO QUERO GRAÇA MAIS! - ele berrou antes de encerrar a ligação na minha cara.

Não tive nem a oportunidade de me defender...

Me joguei para trás sentando desleixadamente no sofá.

Eu estava boquiaberto.

Não sabia discernir o que estava sentindo nesse momento.

O Gumball acha que eu estou traindo ele? Sério isso?

Cara... Essa era uma das coisas que nem na minha lista de últimos afazeres estava.

Quem na face desse planeta Terra é melhor e mais perfeito do que aquele garoto?

- Marsh... - a interrompi.

- Vá embora, Lumpy! Sério! Você vacilou feio comigo! - disse tentando manter a calma.

- Vacilei? O seu namorado que é um louco ciumento! Foi só uma fotinha! Nada demais! - ela resmungou alto.

- Nada demais? Você estava semi-nua! E ainda por cima agarrada em mim! - protestei em resposta.

- SEMI-NUA? Eu estava de BIQUÍNI! De qual país árabe vocês vieram? Afeganistão? Aonde as mulheres usam burca? Me poupe, Marshall! - ela caçoava.

- Se andar semi-nua é uma coisa normal para você, o problema é seu. Cada um tem a sua cultura e visão sobre as coisas. Porém, consciência foi uma das coisas que você não teve ao postar essa foto. E ainda por cima,  já estava ciente de que eu tenho namorado!

- Afffffff, Marshall! Achei que você fosse um cara legal e flexível! - ela bufou.

- Flexível? Sou para várias coisas, exceto traição. Agora, me dê licença que eu preciso descansar. - me levantei do sofá e a direcionei à porta.

- Quer me tratar assim, né?! Okay... Até breve. - ela se retirou.

Agora foi a minha vez de bufar...

Medo de Jeffrey barrar a minha apresentação por causa da Lumpy? Nem um pouco... 

O meu problema é com ela, não com ele.

Mas, se ele quiser ser tão radical a esse ponto, tudo bem... Tenho talento de sobra para agradar qualquer outro empresário. 

Se tem uma coisa que ninguém é nesse mundo é insubstituível. Exceto, Bubba, é claro. Desse eu não abro mão nem fodendo.

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3 meses depois...

Autora

- Filhooooo!!!! Bubbinha!!! Não vai para a escola? Já está quase na hora! - Gareth gritava do lado exterior ao quarto de seu filho.

Silêncio.

Ele chamou mais uma vez... 

O silêncio parecia ser persistente.

- Ué?! Será que está tão cansado assim? - ele adentrou no quarto de seu filho cautelosamente.

A cama estava desarrumada e vazia.

Bubba sempre fora organizado. Nunca deixou a cama nesse estado ao levantar da mesma.

Pensou então que ele poderia ter acabado de acordar e ter ido ao banheiro.

Porém a suíte estava aberta. E também vazia.

O pai já começara a sentir  uma forte preocupação.

- Papai, cadê o Bubba? Vamos chegar atrasados! - Bonnibel adentrou no quarto do irmão.

- Eu... Eu não sei onde ele está. - Gareth disse com o olhar fixo ao chão.

- O que? Quem você não sabe onde está? - Cristina parou o seu trajeto no corredor ao escutar.

- O Bubba. Ele não está aqui. - explicou.

- Ah! Sim... - Cristina continuou o seu trajeto pelo corredor.

- Eiii! Você sabe onde ele está? - Gareth correu ao seu encontro.

- No mesmo lugar de sempre, amor. 

Ele a encarou confuso.

- Na praça, amor! Com o amigo dele. - ela esclareceu.

- Ahhhhhh, sim. Com o Tekin, né?! Havia me esquecido... Que susto desnecessário que eu passei agora. - Gareth sorriu envergonhado.

- Tudo bem, amor. Estamos suscetíveis ao erro. - ela sorriu levemente para ele e depositou um beijo em seu rosto.

- Então ele não vai mesmo para a escola? - Bonnie foi até eles.

- Talvez já esteja lá. - Cristina informou.

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- Peraí, tá tocando aqui, caramba! - o rosado gargalhava devido às cócegas que Tekin fazia em sua barriga. 

- Está bem... Está bem... Quem é o infeliz ou a infeliz? - Tekin olhou para o visor do celular de seu amigo, que logo foi tampado - Eiii! Por que não posso ver? - ele sorriu após perguntar.

- Se fosse do seu interesse a pessoa estaria ligando para você, não acha? - o rosado foi irônico.

- Aiiii meu pâncreas!!! - Tekin dramatizou uma falsa dor.

- Hahaha! Palhaço! - Bubba enfim atendeu - Hello!  

- Bubba? - o rapaz do outro lado da linha perguntou.

Gumball sentiu seu coração parar. Por um segundo achou que morreria ali mesmo.

Essa voz...

Mesmo há muito tempo sem escutá-la, reconheceria o dono mesmo surdo.

Mas... Três meses? 

Três meses sem escutá-la foi uma total tortura.

E agora, aparece através de um número desconhecido.

- Quem quer saber? - o rosado fingiu não conhecer o dono da voz.

- Marshall Lee. Marshall Abadeer Lee. 

Era ele mesmo.

Porém o rosado não entendia o motivo de ser rejeitado por tanto tempo.

E isso foi algo que ele jamais conseguira digerir.

- Hm. - foi apenas o que o menor conseguiu dizer.

Ainda estava em choque.

Tekin observava seu amigo com atenção. Sabia que não estava tudo bem.

Sentia já ter uma noção de quem era do outro lado da linha.

- Bubba, desligue! - Tekin ordenou.

O rosado escutou a ordem. Mas quando pensou em exercê-la, escutou algo que o deixou repleto em lágrimas.

- Estou com saudades, amor. - a voz de Marshall soou embargada.

O rapaz também chorava do outro lado da linha?

Lágrimas rolavam em peso pelo rosto do menor. 

Ele não sabia o que dizer ou o que fazer diante dessa situação.

Rejeitar Marshall seria a opção correta.

Mas, como rejeitar alguém que se ama?

Alguém que tem o seu coração em mãos e total domínio sobre ele.

Ficar em silêncio.

Foi isso que preferiu fazer.

E parece que Marshall entendia. Pois fazia o mesmo.

Ambos conseguiam somente escutar o choro um do outro.

Isso já era o suficiente.

Ver essa cena deixou Tekin furioso.

Não aceitava o fato de Marshall ter ignorado Gumball por tanto tempo e agora voltar através de um número desconhecido.

Não aceitava isso...

Não agora que começara a ter Gumball só para si.

Em um ato rápido ele tomou o celular das mãos do rosado e encerrou a maldita ligação.

- Não quero te ver sofrendo outra vez. - ele explicou.

Gumball nada fazia. Apenas sentiu-se ser levado por Tekin para qualquer outro lugar.

Ele estaria o levando para a escola?

Não... Já estava tarde demais.

Ambos já estariam muito atrasados para entrar na mesma.

Então, para onde estavam indo?