Após retomar o ar perdido por aquele sorriso, pude responder:
- P-perdido? Não... Não estou perdido. - dei um leve sorriso.
- Se mudou para cá? - seu olhar era de curiosidade sobre mim.
- Não. Você mora aqui?
- Também não. Você não é daqui, não é mesmo?
- Não. Estou a procura do meu irmão.
- Ah... E quem seria esse seu irmão?
- Cris Gumball, você o conhece?
Ele fez uma expressão como se estivesse surpreso com o que eu havia acabado de dizer. Por que todos faziam isso?
- Sim. Ele acabou de sair. Parece que foi encomendar umas coisas para o bar. Trabalhamos juntos. - aquilo realmente me deixou feliz.
- Sério? - falei um tanto feliz - E como ele é?
- Aparentemente? Muito parecido com você. Porém não tem esse cabelo rosa como o seu. - ele sorriu olhando para o meu cabelo. Aquele sorriso denovo, mDs! Corei no mesmo instante.
- É... Meu pai já havia me dito isso uma vez... - sorri - E como pessoa? É legal?
- Bom, trabalho com ele há 6 meses. Mas, pelo pouco que eu o conheço, é uma pessoa muito bacana, pelo menos comigo.
Aquilo fez meus olhos brilharem. Estava louco para reencontrar o meu irmão. Não me lembro muito dele, tinha apenas 7 anos... E todas essas pessoas falando que o conhecem, que já o viram, que ele é uma boa pessoa... Só me deixavam mais ansioso ainda.
- Nossa, muito obrigado! De verdade. Estou louco querendo vê-lo. - não conseguia desfazer o sorriso em meu rosto.
- Não há de quê. Creio que amanhã ou hoje ainda ele estará devolta. Espero que o reencontre. - ele olhou para o relógio preto e moderno que estava em seu pulso esquerdo - Enfim, tenho que ir, rosinha. - eu odiei esse apelido, mas estava feliz demais para discutir naquele momento - Até mais.
Ele saiu dali correndo e eu o segui com os olhos. Se eu não estivesse tão interessado em saber coisas sobre o meu irmão, juro que iria entrevistá-lo por umas 5 horas. Ele era um rapaz realmente lindo. E se eu dissesse para vocês tudo o que achei dele, Flame iria instantaneamente terminar comigo.
Afastei esses pensamentos "pecaminosos" e liguei para meu pai, explicando tudo o que acabara de ouvir. Ele pareceu ter ficado feliz e triste ao mesmo tempo. Desconfiamos que Cris não voltaria hoje, mas sabíamos que estávamos muito próximos de encontrá-lo. E isso era ótimo.
Voltamos para o hotel e descansamos daquele dia louco e corrido.
Amanheci em um lugar escuro e sombrio. Pude escutar vozes pedindo socorro. Levantei rapidamente e percebi que isso era só um sonho. Fui ao banheiro e fiz minha higiene matinal.
Fui até a cozinha e abracei Flame que estava de costas fazendo algo para comermos. Ele se virou e pude ver seu rosto. Aquele não era Flame, era o menino que eu havia visto ontem na calçada. Me afastei dele que me olhou confuso.
- O que foi, Bubba? Aconteceu alguma coisa?
- O que você está fazendo aqui? Onde está Flame e meu pai? - o encarei amedrontado.
- Flame? Quem é...
Sons de tiro explodiram lá fora. Fomos correndo até lá. Um jovem estava caído no chão. O vermelho de sua roupa se misturou com o seu sangue que escorria pelo asfalto. Me aproximei dele, seu rosto era... Parecido com o meu.
Meu coração parou.
- Cris? Irmão? É você? - pude sentir lágrimas brotarem nos meus olhos.
Ele olhou pra mim, sem forças, mas conseguiu esboçar um sorriso fraco.
- Bubba? Quanto tempo... - sua voz era fraca, quase inaudível - Nossa, como você cresceu. Me desculpe ter te abandonado tão cedo. Eu queria dizer que eu te a... - ele havia me deixado para sempre.
- Não, Cris... Maninho, acorda! Cris! Volta! Cris não me deixe! Cris eu também te amo muito... CRIS!!!! - Eu chorava sem cessar. Uma sensação horrível tomou conta de mim. Parecia que meu coração havia sido arrancado a forças de mim. Cris estava ali, finalmente, perto de mim, eu o abraçava, seu abraço era frio, não pude escutar as batidas de seu coração. A vida não estava mais nele, e confesso, ela também não estava mais em mim.
- Bubba, chegamos tarde demais. - era meu pai, de seus olhos saíam lágrimas de sangue... Senti um desespero imenso.
Acordei com o meu coração querendo sair pela boca.
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