História Amor Além do Tempo - Dia Seguinte

Max sentiu como se tivesse acordado num mundo completamente diferente naquela manhã, embora tudo ao seu redor, incluindo ela própria, continuasse basicamente o mesmo. Flashes da noite passada começaram a se alternar em sua cabeça fazendo-a esboçar um sorriso com as lembranças e principalmente com as sensações que, de tão vívidas, pareciam ter sido tatuadas em seu corpo.

Ela finalmente olhou de relance para Chloe que, de algum modo, tinha acabado se movendo até ficar posicionada atrás dela, com os braços contornando sua cintura e, tomar consciência do corpo nu dela contra o seu fez Max corar levemente, mas ela decidiu ignorar a própria reação e se esticar lentamente tentando alcançar seu telefone na mesinha de cabeceira sem acordar Chloe, o que logo se mostrou uma missão impossível.

Quando ela alcançou o aparelho, sentiu os braços de sua namorada, antes imóveis ao redor de si, se esticando para puxá-la de volta.

- Onde meu travesseiro pensa que vai? - Chloe perguntou ainda de olhos fechados e com a voz embargada pelo sono.

- À lugar nenhum. Só estava olhando a hora. - Max respondeu girando até ficar de frente pra ela. - À propósito, boa tarde. Dormiu bem?

Chloe sorriu, se esticando na cama e usando uma das mãos para livrar seu rosto de algumas mechas de cabelo que insistiam em atrapalhar sua visão.

- Cara, você nem imagina o quanto... - Ela começou a falar enquanto beijava o ombro de Max. - Eu tive esse sonho louco ontem em que nós estávamos aqui na sua cama conversando, aí começamos a nos beijar mais intensamente e, de repente, ficamos completamente sem... espera um minuto...

Chloe soltou Max e se moveu na cama, livrando as duas mãos para levantar o lençol que as cobria e olhar por debaixo, fingindo uma expressão exagerada de choque colocando uma das mãos na boca enquanto deixava o pano cair, voltando a cobri-las.

- Max, você não vai acreditar no que eu acabei de descobrir. - Ela falou segurando os ombros da morena e a fazendo rir - Se você olhar embaixo desse cobertor, vai notar que estamos completamente, totalmente e irremediavelmente peladas. Nadinha de nada, nenhuma pluma nos cobrindo.

- Você é muito boba. - Max respondeu com um sorriso - Se a bobagem fosse um país, você com certeza seria aclamada rainha de lá.

- Advinha só, espertinha? Você também seria rainha já que estamos namorando.

- Não vou reclamar, afinal não é todo dia que se conquista um título real.

Chloe riu e se virou de lado, voltando a fechar Max num abraço, só que dessa vez mais apertado que de costume, quase a impedindo de respirar.

- Posso te abraçar até quebrar seus ossos?

- Não. Eu ainda preciso me levantar. Aliás, nós precisamos. Ou você esqueceu que veio pra cá no meio da madrugada e que suas roupas estão encharcadas?

- Cara, eu teria vindo descalça, se fosse preciso. E provavelmente teria acontecido isso, se não tivesse achado o que calçar rápido.

- Eu sei, mas estou feliz que não tenha chegado a tanto... - Ela beijou o pescoço de Chloe ao fim da frase - é melhor você procurar algo no meu armário que te caiba minimamente enquanto eu tomo banho.

- Eu posso ir com você?

- Você quer dizer tomar banho juntas num vestiário coletivo no meio da tarde? - Chloe confirmou, balançando a cabeça e sorrindo animadamente. - Melhor não abusarmos da vista grossa que o David está fazendo. Podemos acabar prejudicando ele. Mas eu te deixo usar minha escova de dentes antes de mim.

- Que ótimo prêmio de consolação... - Chloe ironizou - você poderia pelo menos adiar seu banho pra fazermos isso lá em casa...

- Sim, claro. Com certeza, vou fazer isso no meio do dia com a Joyce na porta ao lado.

- Chata e estraga prazeres ...

Max riu e se levantou enrolada num lençol sem se preocupar em responder àquela acusação, procurando suas roupas pelo quarto.

- Max, você sabe que eu te vi nua ontem, né? - Chloe perguntou sustentando a cabeça com ajuda do cotovelo enquanto a observava se mover pelo quarto.

- Não brinca, Sherlock.

- É que não vejo qual o propósito de você andar por aí enrolada nisso agora.

- Velhos hábitos demoram a morrer. - Ela respondeu enquanto vestia a camisa.

- Cara, eu posso simplesmente fechar os olhos e BUM! Lá está você completamente sem roupa. - Chloe começou a dizer, de fato, fechando os olhos - Na verdade, eu consigo ver ainda melhor agora porque já amanheceu.

- Idiota. - Max protestou, mas seu sorriso a traía.

- Eu já te disse o quanto você fica bonita toda suada e com o cabelo bagunçado?

Ainda de olhos fechados, ela apenas ouviu um grunhido de Max em resposta e a porta do armário se abrindo e fechando após alguns segundos.

- Sabe, você tem sardas em uns lugares que eu não sabia e eu adoraria passar o dia todo só beijando elas.

- Ugh! Eu te odeio!

Max soltou em tom de brincadeira, mas isso não impediu Chloe de abrir os olhos, fazer bico e inclinar suas sobrancelhas de modo a completar sua expressão triste.

- Não tente me comover fazendo essa cara. - Max falou a olhando de relance, já segurando roupas limpas, uma toalha e materiais de higiene em suas mãos.

- Está funcionando? - Ela perguntou tentando parecer ainda mais triste, com olhos bem abertos e as sobrancelhas arqueadas de uma maneira que parecia humanamente impossível.

- Claro que sim, senão não estaria dizendo pra você parar.

Chloe não conseguiu evitar rir daquela confissão e Max não pôde deixar de se reaproximar quando a punk esticou os braços em sua direção a chamando ao mesmo tempo em que fechava os olhos e voltava a fazer bico, agora esperando por um beijo, que Max logo concedeu.

- Agora você pode ir. - Chloe disse quando elas se separaram.

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Quando Max voltou ao quarto, encontrou Chloe se olhando no espelho vestida, ou quase, em roupas que claramente não lhe serviam. Ela usava uma camisa preta que não era grande o suficiente para cobrir todo seu tronco, deixando parte de sua barriga visível. Já a calça jeans escolhida mais parecia um capri, pois sua extensão só chegava até a metade de suas canelas. O zíper estava fechado, mas ela não parecia ter tido a mesma sorte com o botão.

- Então você vai sair com a calça aberta? - Max brincou, captando a atenção dela.

- É fechar a calça ou respirar. Os dois ao mesmo tempo é impossível.

Max riu da queixa, sentindo um pouco de dó por Chloe ter que passar por aquela situação, embora a própria não parecesse, nem de longe, tão incomodada. Surpreendentemente, ela parecia até estar se divertindo com aquilo.

- Pelo menos você trouxe suas botas pra disfarçar a calça curta.

- É, mas olha isso! - Chloe falou levantando os dois braços, fazendo com que a camisa que vestia subisse muito acima de seu umbigo, revelando quase toda sua barriga e rindo com seu reflexo no espelho. - Eu me sinto como o Hulk nessas roupas. Acho que, se eu fizesse aquela posição característica dele, elas com certeza se rasgariam em lugares bem inapropriados.

- Então é melhor evitar qualquer movimento brusco, pelo menos até chegarmos ao seu carro. - Chloe concordou enquanto completava seu visual com um agasalho visivelmente apertado e com as mangas mais curtas que o normal.

- Hulk quer um beijo. - Chloe falou com uma voz gutural, fazendo careta e flexionando os músculos dos braços, antes que Max abrisse a porta, fazendo-a dar meia volta, gargalhando, para atender seu pedido.

Logo que saíram do quarto e deram os primeiros passos pelo corredor, um chamado à distância chamou a atenção das duas, fazendo-as recuarem alguns metros e olharem na direção oposta. 

- Belas roupas, Price. Você as comprou numa promoção da sessão infantil de uma loja de departamento? - Victoria debochou com um sorriso de canto de boca e um olhar crítico.

- Se você está tão incomodada com minha aparência, Vic, deveria me dar algumas das suas... - Chloe começou a falar, mas desistiu na metade. - Pensando bem, melhor não. Esse seu visual de patricinha esnobe e pretensiosa não me cairia bem. 

- Será que vocês poderiam parar de brigar toda hora que se encontram? - Max perguntou, olhando de uma pra outra de braços cruzados e demonstrando irritação.

- Relaxa, Maxipad. Esse é nosso jeito de dizer “olá”. Não é, Vic?

- Virou meio que isso mesmo. - Victoria concordou num tom entediado, apoiando as duas mãos na cintura. - Eu nem a odeio mais e já estava me acostumando com o visual de punk de butique, por isso estranhei a mudança repentina hoje. 

Victoria completou, fazendo Chloe fingir estar emocionada, colocando uma das mãos no coração e outra na boca como se estivesse segurando o choro, fazendo a loira revirar os olhos e cruzar os braços com um olhar de desdém. 

Max não deu muita atenção à implicância mútua compartilhada pelas duas, resolvendo mudar o foco da conversa.

- E então, Victoria, o que você queria?

- Bom, é que a Kate me convidou pra jantar na casa dela amanhã e, não sei onde eu estava com a cabeça, mas acabei aceitando. Por isso, queria saber se você também vai.

- Ela me chamou, mas eu acabei recusando por causa da Chloe. Você sabe... a família dela pode acabar surtando, se a gente aparecer lá como casal e eu não quero esconder. - Max contou - Ela me disse que não tinha problema, que ela daria um jeito, mas preferi adiar esse encontro por enquanto.

- Você não pode fazer isso, Max! Eu não quero ir sozinha. Eu não sei nada dessas coisas de religião. Eles vão me odiar. Você precisa ir. Eu não posso ter o foco das críticas todo em mim.

Max não conseguia parar de pensar no quanto era irônico logo Victoria não querer estar no foco de alguma situação, por mais tensa que ela fosse. Entretanto, antes que ela respondesse, Chloe foi mais rápida.

- Cara, relaxa. Não é como se vocês duas estivessem namorando e você precisasse impressionar os pais dela.

Poderia ser só a maquiagem ou o jeito que a luz do corredor iluminou o rosto de Victoria naquele momento, mas Max podia jurar que viu o rosto dela adquirir um novo tom após ouvir aquela frase e, ao trocar um olhar de relance com Chloe, ela constatou que sua namorada tinha pensado o mesmo.

- É... m-mas e-eu quero causar uma boa impressão... por ela. - Victoria gaguejava, tentando se explicar, gesticulando mais que de costume, se deixando afetar visivelmente por aquele simples comentário - Eu devo isso a ela depois de tudo que aconteceu. Você não entenderia.

- A Kate gosta muito de você, Vic. Vai ficar tudo bem. 

O tom no rosto de Victoria escureceu mais um pouco depois da nova frase de Chloe e, ao olhar dela para a punk, Max pôde jurar que esta tinha falado aquilo exatamente com o intuito de testar suas suspeitas.

A garota de sardas não sabia bem porque estava fazendo aquilo, mas logo decidiu resgatar sua nova amiga da sinuca de bico criada por sua namorada.

- Se algo der errado, mande uma mensagem que eu tento te ajudar.

- Ou apenas reze um pai nosso. De um jeito ou de outro, vai acabar te ajudando. - Chloe brincou, mas Victoria não tinha mais ânimo para rebater.

- Quando elas se despediram e já se aproximavam da saída novamente, a mesma voz voltou a impedi-las.

- Ei, Max, só mais uma coisa...

- Hum...?

- Da próxima vez que for trazer sua namorada pra dormir aqui - Ela fez questão de fazer o gesto de aspas enquanto falava "dormir". - Ponha uma meia na boca dela, um travesseiro ou qualquer coisa do tipo. Ninguém merece acordar as 5h da madrugada com ela fazendo barulhos que lembram os gritos da menina do Exorcista possuída misturados com os uivos de um coiote. - Victoria concluiu com um sorriso debochado, enquanto andava em direção ao próprio quarto.

- Um sorriso gigantesco se formou no rosto de Chloe ao ouvir aquilo ao mesmo tempo em que uma expressão mortificada preencheu o de Max. Sua boca estava entreaberta e seus olhos mal acreditando no que havia acontecido.

- Não fique tímida, hippie. Isso significa que você fez um excelente trabalho ontem. - Chloe concluiu a abraçando de lado e beijando o lado de sua cabeça.

- De todas as pessoas, ela tinha que ser a primeira a nos encontrar e, pior, sabendo de tudo.

- A vida tem dessas. - Chloe concluiu, sem o mínimo de abalo, enquanto abria a porta da saída para uma Max ainda perplexa.

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Em meio a uma viagem silenciosa até a casa dos Price, quando o rádio do carro era praticamente o único responsável por trazer som ao ambiente, Chloe resolveu comentar suas suspeitas sobre Victoria.

- Max, você notou o que eu notei em relação à Vic?

- Você se refere à reação estranha dela quando você falou aquelas coisas sobre a Kate? - Chloe confirmou - Notei... mas pode ter sido só coincidência...

- Não sei. Ela não parece ser o tipo de pessoa que fica constrangida à toa. Além do que, aceitar jantar com a família de Kate quando até você recusou sabendo que poderia terminar mal? Qual é a dela? Ninguém faz esse tipo de sacrifício sem motivo.

- Faz sentido.

- Quando me toquei disso, fiquei bem surpresa porque, com toda a implicância de antes e as brigas, sempre notei um tipo de tensão sexual dela em relação à você. Como um desejo reprimido.

Max riu daquela teoria, lembrando da linha do tempo em que ela era membro do Clube Vortex e melhor amiga da Victoria, mas não ousou rebater, nem trazer aquilo à tona, e Chloe logo voltou a falar.

- Você acha que a Kate desconfia ou até sente o mesmo por ela?

- Não. Quer dizer, a Kate nunca falou ou demonstrou interesse por ninguém de Blackwell e, até onde eu sei, ela nem sequer ficou com ninguém. - Max suspirou e pensou um pouco antes de concluir. - Eu não sei... ela foi super compreensiva e mente aberta quando contei sobre nós, mas não imagino como reagiria vivenciando a situação e duvido que ela saiba de algum possível sentimento platônico da Victoria.

Chloe apenas balançou a cabeça com os olhos ainda na estrada, mas sua expressão corporal demonstrava para Max que ela tinha chegado a uma nova conclusão.

- O que? A Kate também é afim de mim, Dr. Freud? - Max perguntou num tom claramente irônico.

- Sim. Só que de uma forma bem mais inocente que a da Victoria. Acho que é algo meio inconsciente. Tipo, ela só quer andar de mãos dadas, sair colhendo flores e tomando chá por aí com você. - Max gargalhou com aquela imagem mental, olhando incrédula para a garota a seu lado.

- Você acha que todo mundo é afim de mim, Chlo.

- Nem todo mundo.

- Hum, então quem não seria? Fiquei curiosa agora. - Max perguntou, se recompondo, enquanto Chloe terminava de estacionar o carro na garagem.

- A Brooke.

Chloe respondeu de imediato, recebendo um "hum" de Max em resposta. Mas depois que desligou o carro e as duas se aproximaram da entrada da casa, a punk decidiu completar.

- Mas tenho certeza que, se o Warren não existisse, você seria o próximo alvo nerd dela.

- Você é completamente louca. 

Chloe riu esticando o braço até a maçaneta da porta, mas antes que pudesse alcançá-la, foi surpreendida por esta sendo aberta do outro lado por David, já vestido com o uniforme de segurança, pronto para ir a Blackwell. Ele trocou um olhar confuso com as duas garotas, em maior parte, motivado pelos trajes de sua enteada, o que foi rapidamente compreendido por ela e a motivou a quebrar o gelo.

- Eu tenho uma ótima explicação pra isso.

- Melhor deixar pra lá... eu não preciso saber. - Ele desconversou pigarreando - Só uma coisa, Chloe... eu já consegui aquele favor que você me pediu.

- Valeu, cara. Eu te devo uma. - Chloe respondeu com uma expressão ainda mais leve, sorrindo para um David desconcertado, que apenas negou a dívida com um gesto simples e decidiu direcionar sua atenção para Max.

- E, você, como está?

- Incrível... - Max respondeu espontaneamente num tom exageradamente efusivo, que fez David erguer as sobrancelhas ainda mais confuso e Chloe olhar em sua direção com os olhos arregalados, mal conseguindo acreditar no que ela estava dizendo. Tanto que Max tentou consertar o estrago que tinha iniciado na mesma hora, mas só o piorou ainda mais a situação. - eu quis dizer que nós tivem... fizemos... estamos... eu estou...

- Parabéns, David! Você é o segundo a saber! - Chloe soltou de uma vez, batendo no ombro de seu padrasto e cortando pela metade a resposta gaguejada e cheia de culpa de Max, que agora a olhava boquiaberta, sem conseguir dizer mais nenhuma palavra.

- Eu não sei de nada... - Ele tentou disfarçar a próprio desconcerto e ignorar o quão constrangedora a situação tinha se tornado. - Tchau, meninas. Se divirtam... quer dizer, quando eu digo "se divirtam", não estou me referindo especificamente a... embora vocês possam...

- Cara, melhor você ir trabalhar de uma vez antes que sua cabeça exploda. - Chloe disse interrompendo David antes que a situação ficasse ainda mais esquisita.

- Tem razão... A-até logo!

David virou de costas ainda sem jeito, se afastando da casa, quando Chloe fechou a porta atrás de si, depois que elas finalmente entraram.

- Por que você tinha que contar pra ele, Chloe? - Max perguntou com as duas mãos na cabeça e vergonha estampada no rosto.

- Foi totalmente sua culpa, Max. Acho que você deveria simplesmente escrever "fizemos sexo" na sua testa e nos poupar dessas conversas constrangedoras. - Chloe falou encostada no corrimão da escada, sem tentar disfarçar o sorriso.

- Você está adorando isso, né? - Max perguntou de braços cruzados, num tom claro de acusação.

- Olha, entendo porque você fique tímida, mas eu não sinto isso. E, sendo totalmente sincera, eu colocaria num outdoor, se pudesse. - Chloe respondeu enquanto acariciava o rosto de Max com uma das mãos. - Você tem sorte que eu não seja rica.

Max suspirou, tentando se acostumar com o fato de sua vida particular estar se tornando mais pública do que ela gostaria e fora de seu controle.

- Fico imaginando, se tivesse sido a Juliet a nos encontrar no corredor, em vez da Victoria. Ela provavelmente publicaria na capa do jornal da escola com a manchete "Do banheiro para a cama: Como a garota introvertida e antissocial de Blackwell saiu do armário com a amiga pela qual tomou um tiro".

- Eu compraria todas as cópias desse jornal. - Chloe comentou, imaginando a situação, e logo completou. - Já pensou a Kate descobrindo?

- Prefiro evitar pensar nisso.

- Aposto que ela ia rezar muito por nossas almas. - Chloe se divertia criando os cenários e aterrorizando Max. - Imagina ela nos ouvindo de madrugada, sem saber o que estava acontecendo e batendo na sua porta pra perguntar?

- Para com isso. Eu não quero ter a imagem mental disso na minha cabeça.

- Desculpa, mas eu acho bem divertido.

- Então, guarde pra me irritar depois, porque quero perguntar uma coisa antes de você ir tomar banho.

- Vai perguntar se pode vir comigo? Se for isso, a resposta é sempre sim.

- Muito engraçado, mas não é isso. - Chloe fingiu desapontamento pela resposta, mas esperou Max continuar. - Eu queria saber qual favor o David fez pra você.

- Bom, eu estava planejando te contar isso só se desse certo, pra não criar expectativas e frustrá-las. Mas como você é a pessoa mais bisbilhoteira e curiosa que eu conheço, o jeito vai ser contar agora.

Max apenas sorriu esperando que Chloe voltasse a falar.

- Acontece que fiquei com essa ideia estúpida de voltar a estudar depois de umas conversas que tive com uma certa pessoa. - Max riu da acusação velada, mas não comentou nada. - E, uns dias atrás, comentei sobre isso com a Joyce e ela ficou estranhamente animada...

- Nem imagino porque... - Max ironizou.

- Pois é! Foi o que pensei... e como, além de ótima cozinheira, ela também adora uma fofoca, acabou comentando com o David.

- Não fale assim da sua mãe...

- Linguaruda? - Max negou novamente, embora risse. - Enfim... você entendeu. Então ele veio falar comigo e se propôs a conversar com o Diretor Wells pra convencê-lo a me dar uma oportunidade de tentar voltar pra Blackwell, fazendo um teste de nível ou coisa assim e parece que conseguiu.

- Então significa que...

- Por enquanto, não significa nada... mas, se tudo der certo, em breve você terá uma nova colega super gata pra te distrair de seus estudos.

Max a abraçou apertado, lhe dando um beijo rápido antes de responder.

- Claro que vai dar certo.  Eu tenho certeza.