História Amor Além do Tempo - Videoconferência

Chloe dirigiu o caminho rumo a Blackwell quase em completo silêncio, apenas cantarolando meio inconscientemente uma ou outra das músicas indies que tocavam no som de seu carro.

Aquilo a fazia sorrir internamente por saber que esse fato com certeza seria usado contra ela, se Max a estivesse ouvindo, em vez de dormindo pacificamente com a cabeça encostada no vidro da porta do passageiro.

A punk estacionou na primeira vaga livre que avistou e desligou a caminhonete, demorando alguns minutos para acordar Max, que definitivamente parecia ter uma tolerância bem menor  que a dela à privação de sono.

- Acorda, hippie! Nós temos que ir pra aula. Você pode continuar dormindo na sala. - Ela brincou, sacudindo o ombro da fotógrafa delicadamente para ajudar em sua tarefa de despertá-la.

- Temos mesmo? - Ela perguntou no meio de um bocejo, se sentando ereta no banco e esfregando os olhos.

- Foi você que me convenceu a vir. Nem pense em voltar atrás agora.

- Não. Eu vou. Só queria mais uns minutinhos. - Ela se espreguiçou se preparando para abrir a porta. - Me lembre disso, se eu tentar te convencer a permanecer acordada quando eu tiver outro pesadelo durante a madrugada.

Chloe assentiu e também abriu a porta, saindo do carro e andando lado a lado com Max rumo ao prédio principal de Blackwell, mas antes que elas pudessem entrar na área interna, foram interrompidas por Victoria, que inicialmente não disse nada, em vez disso, permaneceu com uma expressão enigmática no rosto.

- E aí, Vic? Dormiu bem? - Chloe perguntou com um sorriso debochado, observando a expressão da loira se converter numa de irritação. 

- Eu te odeio tanto que você não faz ideia... e provavelmente te mataria, se... - Ela hesitou antes de completar.

- Se?

- Se o que você disse ontem não tivesse ocorrido quase exatamente igual na prática.

Chloe não ficou surpresa com o sucesso de seu plano, apenas curiosa com o que poderia ter saído diferente do esperado e traduziu isso em sua nova fala.

- E o que deu errado? Posso saber?

- Fui eu a dormir na metade do filme, não ela. - Victoria falou entre os dentes, desviando o olhar para um arbusto próximo a elas.

Chloe não conseguiu evitar cair na gargalhada no mesmo instante, quase a ponto de chorar de rir, sem a mínima intenção de parar, nem mesmo após perceber a irritação crescente de Victoria com seu acesso de riso.

- Chlo, não seja tão cruel. Você quase sempre faz o mesmo quando assistimos filmes juntas à noite.

- É, Maxipad, mas a diferença é que não estou engajada em uma missão de vida ou morte quando isso acontece. - Ela respondeu, bagunçando o cabelo de Max, mas logo voltando a se dirigir à Victoria, depois de superar seu ataque de riso. - E o que aconteceu depois?

- Eu acordei hoje, coberta por um lençol e com um bilhete na minha mesa de cabeceira, explicando que eu tinha cochilado e caído no colo dela. Por isso, ela ficou com dó de me acordar e decidiu voltar pro próprio quarto e me deixar dormindo. Fora isso, ela agradeceu pelo convite. - A loira concluiu, tentando disfarçar o tom de rosa que dominava suas feições naquele momento.

- Ah, Vicky... mas esse foi um resultado ainda melhor.

- Foi...? - Ela perguntou surpresa.

- Nossa, você é devagar, hein? - Chloe falou impaciente, sem esperar uma nova ofensa de Victoria para explicar seu comentário. - Agora você tem um pretexto pra convidá-la pra repetir o programa ou até planejar um mais interessante, como um jantar ou algo do gênero. Você decide.

- Você não acha que isso deixaria tudo muito na cara, não? - Victoria não estava se sentindo nenhum pouco segura com o rumo que aquele plano estava tomando.

- Não, porque ela nem imagina o que se passa na sua cabeça. - Notando a incerteza de Victoria, Chloe decidiu acrescentar uma nova variável ao plano - Mas, se te deixa mais tranquila, você pode convidar nós duas também e então furamos em cima da hora. Problema resolvido.

Victoria passou um tempo refletindo sobre as palavras de Chloe, que a observava impaciente, prestes a cobrar uma resposta, o que acabou não sendo necessário.

- Tudo bem. Eu vou tentar. Mas não ouse repetir o que fez comigo ontem. - Ela falou em tom de ameaça apontando o dedo para Chloe, que apenas riu em resposta.

- Uh! Eu tô morrendo de medo. - Chloe levantou os braços, debochando da ameaça de Victoria. - Mas tenho absoluta certeza que a única pessoa com quem fiz algo ontem foi a Max.

A garota de sardas arregalou olhos, sentindo seu rosto ferver após ouvir aquele comentário e buscando escondê-lo quase instintivamente com as mãos. 

- Meu deus, Chloe. Vamos logo pra aula antes que eu morra de vergonha.

A punk apenas riu da reação de Max, a abraçando por trás e a beijando no rosto, ignorando os protestos dela e os olhares irritados de Victoria e, não mais que alguns segundos depois, elas retomaram seu trajeto rumo às suas respectivas salas.

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Depois da última aula do dia, Max se dirigiu ao seu quarto, jogou a mochila no sofá, ligou o notebook e, depois de esperá-lo iniciar, entrou no Skype para fazer uma vídeo chamada. Alguns segundos após iniciar o contato, seus pais apareceram no computador, ainda observando a tela para descobrirem se a tinham realmente atendido.

- Oi, mãe e pai! - Max falou, acenando para as duas figuras sorridentes do outro lado.

- Oi, querida. É tão bom ver você de novo. - Sua mãe respondeu logo após seu cumprimento, sendo seguida por seu pai.

- Nós sentimos muito sua falta, filha.

- Eu também estou com muita saudade de vocês...

- Então você deveria demonstrar melhor nos ligando mais vezes... - Vanessa protestou na primeira oportunidade.

- Meu deus, mãe. Eu falo com vocês quase todo dia.

- Mas por mensagem é diferente... e essa bagunça toda no seu quarto? 

Max se virou para olhar para trás instintivamente antes de responder, se lamentando por não ter escondido a bagunça antes de iniciar a chamada.

- São só algumas roupas no chão, mãe. Eu vou arrumar depois. - Max falou, tentando minimizar o caos de seu quarto - Você poderia parar de me tratar como criança por um minuto?

- Filha, eu vou ter que apoiar sua mãe nisso. Não importa sua idade, você sempre será nosso bebê!

Max apenas grunhiu em resposta, escondendo o próprio rosto entre as mãos enquanto seus pais riam de sua reação exagerada.

- Mas como você está? Tá tudo bem? 

- Sim, eu tô ótima. Só ocupada com as coisas da escola.

E tendo sonhos proféticos sobre minha vida futura. Nada fora do normal.

- E quanto à Chloe? Espero que vocês não estejam dando nenhum trabalho à Joyce. Eu certamente vou perguntar diretamente quando nos reencontrarmos. - Vanessa comentou em tom de advertência.

- Não. Nós não estamos. - Max respondeu balançando a cabeça e ignorando o tom de sua mãe - A Chloe ainda tá na aula, mas deve aparecer daqui a pouco pra dar um "oi" pra vocês.

- Verdade. Ela voltou a estudar.

- Parece que eu tinha razão dessa vez, não é, Vanessa? - Ryan comentou com um sorriso, batendo no braço dela com o dele.

- É bom você aproveitar pra se gabar mesmo, já que essa é uma das poucas vezes que você tem a razão quando discutimos. - Vanessa falou fazendo pouco caso da vitória dele.

- Como é?! - Ryan perguntou fingindo choque.

Eles ainda discutiam entre si enquanto Max assistia a tudo se divertindo e esperando pacientemente por uma trégua de um dos lados, quando a porta do quarto abriu de repente revelando a chegada de Chloe.

- Adivinha quem merece uma sessão de amassos por ter se comportado direitinho na aula dois dias consecutivos?

Max arregalou os olhos em direção a ela, tentando passar uma mensagem silenciosa, mas sem nenhum sucesso, pois a punk estava muito distraída para se tocar do que estava acontecendo.

- Chloe... - Max falou entre os dentes, mal pronunciando o nome.

- Resposta certa, hippie. Agora vem aqui porque quero começar com o dia ainda claro. - Ela se jogou na cama com os braços cruzados atrás da cabeça antes de concluir. - Ou você prefere que eu vá até aí e te carregue nos braços como naquele outro dia?

- Chloe! - A fotógrafa repetiu com mais ênfase, agora dando um pouco de espaço para que a garota de cabelos azuis pudesse visualizar Ryan e Vanessa na tela do notebook.

Chloe se levantou quase de imediato ao se tocar do que tinha feito. Ela sentiu o sangue  se esvair completamente de seu rosto e seu cérebro parar de raciocinar ao ser confrontada com os rostos dos pais de Max escaneando o quarto à procura da nova visitante.

- Eu... eu esqueci que tinha que fazer uma... coisa... Eu tenho que ir agora... te vejo mais tarde, Max!

Sair quase correndo porta a fora, sem esperar por uma resposta lhe pareceu a solução mais razoável naquele momento e foi exatamente o que ela fez.

- Aquela era a Chloe? - Ryan perguntou, espremendo os olhos e se aproximando da tela para ter uma melhor visão do quarto de Max. - Onde ela foi?

- Era sim... me dêem só um minuto. Eu vou buscar ela e já volto.

Max recebeu o consentimento de seus pais e imediatamente saiu do quarto em busca de sua namorada, que encontrou, sem fazer muito esforço, sentada na escada da entrada dos dormitórios com o rosto escondido entre as mãos, praguejando e falando sozinha.

Max se sentou ao lado dela, pondo uma das mãos em suas costas, tentando confortá-la de alguma forma.

- Chlo, não tem motivo pra você reagir assim...

Chloe levantou a cabeça incrédula, como se Max tivesse falado o maior absurdo de sua vida.

- Como não, Max? - Ela perguntou balançando a cabeça - Antes só sua mãe me odiava, mas agora seu pai com certeza deve sentir o mesmo. - Ela voltou baixar a cabeça, a escondendo entre os braços cruzados, apoiados nos joelhos, antes de concluir - Como eu sou burra! Eu ferrei com tudo. 

Max então colocou a mão, que antes estava nas costas de Chloe, sobre os cabelos dela.

- Não, você não é nada burra e não ferrou coisa nenhuma. Eu entendo você ficar constrangida com a situação, já que o comentário foi um pouco inadequado, mas não foi nada fora do comum. - Max continuou calmamente, fazendo o possível para ser suficientemente persuasiva naquele momento. - Não é como se eles imaginassem que ficamos o dia todo só de mãos dadas conversando e olhando pro tempo. Apenas volte comigo pra conversar com eles.

- Eu não posso, Max. - A punk falou, ainda de cabeça baixa, mas agora virada de lado, de modo a olhar para a outra garota.

- Claro que pode. Na verdade, você vai gostar de saber que eles estavam perguntando por você um pouco antes da sua chegada.

- Estavam?

Aquela nova informação pareceu surpreender genuinamente Chloe e foi nela que Max se apoiou para continuar sua estratégia de convencimento.

- Aham... e, por isso mesmo, o mínimo que você pode fazer agora é voltar comigo e ser a namorada divertida, espontânea e presente que sempre é.

- Eu não sei... - Ela falou finalmente levantando a cabeça, embora ainda incerta.

- Por favor?

Max insistiu mais uma vez, agora segurando o rosto de Chloe com uma das mãos e o direcionando para si, notando um sorriso tímido se formar nela à medida que a encarava, esperando uma resposta positiva.

- Tudo bem... mas só por sua causa.

Max sorriu a abraçando e a beijando no rosto, levantando em seguida e dando a mão a punk para ajudá-la a fazer o mesmo. Então as duas caminharam de volta à entrada do dormitório.

- Podia ter sido bem pior, Chlo.

- Como?

- Eu poderia esquecer o notebook ligado com a chamada em andamento e eles assistirem a gente fazendo...

- Meu deus, nem brinque com isso. - Chloe respondeu exasperada sem deixar que Max concluísse a frase - Quando eles se despedirem, desligue o computador arranque a bateria e jogue dentro do armário, pela janela, ou qualquer coisa do tipo. Não quero mais arriscar minha sorte no dia de hoje.

Max apenas riu da preocupação dela, abrindo a porta para encontrar seus pais conversando entre si quando adentraram o quarto.

- Encontrei ela.

- Oi, senhor e senhora Caulfield. - Chloe se aproximou da tela acenando para os dois.

- Por favor, Chloe, nos chame de Ryan e Vanessa. Não queremos nos sentir mais velhos do que somos.

- Tudo bem, Ryan. - Ela se corrigiu, sorrindo.

- Mas como você está? Como está indo na escola? Não que a Max não passe 90% do tempo em que conversa conosco falando sobre você, mas é sempre bom ouvir direto da fonte.

Chloe sorriu, abandonando quase instantaneamente a vergonha que sentiu momentos antes e olhando para Max que protestava contra a declaração de seu pai, escondendo o rosto com as duas mãos. A punk aproveitou o momento para puxar uma das mãos dela e entrelaçar entre as suas.

- Eu tô muito bem. Quanto à Blackwell, só comecei há dois dias. Então não tenho muito o que dizer. Estou começando a pegar o ritmo, eu acho. 

- Claro... mas estou muito decepcionado com você. - Ryan falou num tom sério fazendo o sorriso de Chloe se desfazer quase no mesmo instante - Eu esperava ver a Max com alguma tatuagem, um piercing ou até o cabelo pintado de uma cor bem chamativa, mas ela continua do mesmo jeito.

- RYAN!

As duas garotas começaram a rir aliviadas, principalmente depois do olhar assassino que Vanessa lançou ao seu marido após ouvir aquela sugestão.

- O que, Vanessa? Eu acho que ficaria muito bem nela. Você não acha, Chloe?

Chloe sorriu, olhando de Ryan para Max, fingindo analisá-la detalhadamente antes de responder.

- Bom, eu acho que sim, mas ao mesmo tempo sei que qualquer coisa ficaria bem nela, considerando o quanto ela é bonita. 

Max escondeu o rosto mais uma vez ao ouvir aquilo, fazendo seu pai e Chloe rirem de sua reação. A punk foi rápida em contornar o ombro dela com um dos braços, lhe dando um abraço de lado e um beijo no rosto.

- Chloe, você é ótima nisso. Precisa urgentemente me dar umas dicas pra quando a Vanessa estiver irritada comigo. O que certamente vai acontecer assim que encerrarmos essa chamada.

Ele brincou mais uma vez, fazendo Max e Chloe rirem de novo e Vanessa encará-lo com um ar crítico.

- Eu não estou irritada. Só não quero que você incentive nossa filha a fazer loucuras. - Ela protestou com um olhar retorcido e de braços cruzados, demonstrando o contrário do que dizia.

- Ela está na melhor fase pra isso, Nessa. Além do mais, está cumprindo o que prometeu, não? Então a deixe se divertir também, agir como adolescente.

- Eu não estou proibindo nada. Só não acho que deveríamos ser os incentivadores disso.

- Exatamente por esse motivo direcionei a missão para a Chloe. - Ryan falou em tom de brincadeira, fazendo sua esposa suspirar em resposta. - Eu tô brincando. E só falo essas coisas porque confio na Max e tenho certeza que ela não fará nenhuma bobagem.

- Tudo bem. Vamos deixar pra lá. - Vanessa desconversou, evitando aprofundar a discussão. - Só uma última coisa, Max. Nós queremos que você passe o período do recesso escolar conosco em Seattle.

- E a Chloe?

- O convite se estende a ela, mas só se a Joyce concordar, claro. - Max assentiu enquanto trocava um olhar com Chloe.

- Agora podem ir se divertir. De preferência uma diversão que não cause uma discussão posterior entre sua mãe e eu.

As duas garotas apenas balançaram a cabeça sorrindo em resposta e o restante da conversa se resumiu em advertências, conselhos e uma despedida que se prolongou até a chamada ser encerrada.

- Viu? Nem foi tão ruim... - Max falou após desligar o notebook, roubando o gorro de Chloe para colocar na própria cabeça.

- Não. Foi bem legal até. Sua mãe não me odeia mais e seu pai me deu aval pra te convencer a fazer uma tatuagem. O quão foda é isso? - Chloe respondeu empolgada, ainda admirada com o resultado da conversa.

- Muito. Mas não pretendo fazer nenhuma tatuagem por enquanto.

Max se levantou indo em direção a cama e se sentando encostada na parede de seu mural de fotos de pernas cruzadas, amaciando o lugar ao seu lado para que Chloe seguisse a deixa e sentasse também. O que não demorou muito a acontecer.

- "Por enquanto". - Chloe ressaltou a efemeridade da pretenção de Max, abraçando-a depois de sentada e a fazendo rir, mas logo mudou de assunto. - E, então, você quer ficar aqui ou voltar lá pra casa? - Ela perguntou dando um beijo no rosto de Max antes de concluir - A vantagem daqui é que podemos acordar mais tarde e temos mais privacidade e a da minha casa é a cama maior e a comida da Joyce.

Max suspirou, encostando a cabeça no ombro dela de olhos fechados, sentindo ainda mais evidentes os sintomas da noite mal dormida, como se pudesse cochilar a qualquer momento, se permanecesse naquela posição por muito tempo.

- Ainda tá cedo. A gente pode ficar aqui um pouco. Eu tenho umas coisas pra estudar, aí depois podemos ver um filme, pedir pizza e só então decidirmos o que fazer.

- Mas eu preciso saber antes porque, se a gente for ficar, eu vou logo tirar essa roupa.

Max riu pensando sobre o quanto algo que a faria ficar vermelha como um pimentão antes, agora parecia totalmente natural.

- Por que eu tenho a impressão de que, a cada dia que passa, suas peças de roupa diminuem em quantidade quando a gente vai dormir?

Chloe não esperou a resposta à sua pergunta, nem deu muita importância para o questionamento de Max, em vez disso, tirou botas, calça, camisa e o sutiã que vestia, jogando suas roupas junto ao restante da pilha presente no quarto e, em seguida, desfilou até o armário para pegar uma roupa limpa para passar a noite.

Max a observava em silêncio, sem fazer o mínimo esforço para disfarçar o que fazia.

- Melhor você se acostumar porque, quando tivermos uma casa só nossa, só vou vestir roupa quando recebermos alguma visita.

Max ainda ria da resposta quando Chloe encontrou uma camisa grande o suficiente para usar e voltou para a cama. 

- Não foi uma reclamação, apenas uma constatação.- Max rebateu, beijando Chloe tão logo ela ficou ao seu alcance, deitando no colo dela em seguida.

- Você deveria fazer o mesmo.

- Quem sabe no futuro.

Ela concluiu se levantando momentaneamente para tirar os tênis que calçava e voltar para a mesma posição de antes, aconchegada no colo de sua namorada.

- Cara, você deveria pedir ao Wells uma cama maior. Já que eu agora tô estudando aqui e não preciso de um quarto só pra mim, seria justo ele nos arrumar uma cama de casal.

- Acho que, mesmo você estudando aqui, continua proibido dormirmos juntas.

- Parece que tudo é proibido nesse lugar. - Ela se queixou fazendo Max rir - Já sei! Nós poderíamos trazer minha cama pra cá.

Max riu mais ainda, nunca parando de se surpreender com as ideias mirabolantes de Chloe.

- Vamos supor que você conseguisse entrar aqui com uma cama sem ser notada ou receber qualquer questionamento. Como iria explicar o sumiço dela pra Joyce?

- Eu diria que vendi pra comprar drogas. - Chloe falou como se fosse a sugestão mais natural do mundo.

- Aposto que ela ficaria muito satisfeita com essa justificativa.

- Melhor vender a minha que a dela.

- Você é inacreditável.

- E você adora.

- Eu amo.

Chloe foi pega de surpresa com a declaração repentina e ficou encarando a garota de sardas por um tempo, sorrindo, sem dizer nada. Após alguns minutos ela foi puxada pela gola da camisa por Max para um beijo calmo. 

Max logo se pôs sentada no colo de Chloe, sem parar o beijo e, enquanto suas mãos se mantinham no rosto dela, as da punk começavam a subir lentamente por baixo de sua camisa. Sua reação imediata foi rir no meio do beijo, interrompendo-o momentaneamente para falar.

- Você sabe que eu preciso estudar...

- Você vai. Encare isso como um intervalo antes de começar. - Ela respondeu beijando o rosto de Max.

- Então tá, mas vamos ter que pular o filme.

- Tudo bem, eu nem gosto de filmes mesmo. - Chloe interrompeu o sorriso que se formou em Max com um longo beijo, que acabou se encerrando bruscamente para a surpresa dela.

- Aonde você vai?

Max perguntou confusa quando, depois de interromper o beijo, Chloe se levantou da cama, caminhando em direção à escrivaninha.

- Como eu disse antes, não quero arriscar minha sorte. - Ela respondeu, ainda de costas, desligando o notebook e baixando a tela.