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História Amor Além do Tempo - A Queda


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Olar, gente!

Desculpa o atraso na postagem, é que cheguei tarde em casa e só deu pra fazer agora mesmo.
Não vou nem enrolar muito aqui nessas notas pra vocês irem logo pro capitulo.

Boa leitura! Encontro vocês lá em embaixo (espero).
:)

Capítulo 45 - A Queda


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - A Queda

- Tá perto?

- Tá. Você só precisa dobrar na próxima rua à esquerda. É a terceira casa também à esquerda.

Chloe seguiu as instruções e, poucos minutos depois, estava estacionando sua velha caminhonete na construção amarela de telhado escuro e dois andares, onde já estava o carro dos Caulfield.

- E aqui estamos.

Max falou assim que Chloe desligou o motor do carro, desafivelando o cinto, sem notar, em um primeiro momento, a expressão contemplativa no rosto da punk, pois ela própria estava distraída demais, organizando alguns objetos em sua bolsa.

Quando finalmente levantou a cabeça e notou Chloe perdida em seus pensamentos, olhando a esmo para a rua com uma expressão para lá de incógnita, Max começou a se preocupar com o estado dela.

- Ei, o que foi? - A garota de sardas perguntou com o cenho franzido, sem conseguir conter a própria curiosidade.

- Nada... - Chloe a confortou com um sorriso sincero enquanto alisava as costas dela com uma das mãos e olhava mais uma vez ao redor, observando o ambiente que a cercava. - É só que eu passei um bom tempo da minha vida querendo chegar aqui e, agora que consegui, isso nem faz tanta diferença porque foi tudo por sua causa, pra te reencontrar e não pelo lugar em si. - Ela então acrescentou acariciando o rosto de Max com uma das mãos. - Só agora que estamos aqui juntas, eu me deparei com a realização disso, de que não importa onde eu esteja, desde que você esteja comigo.

- Pare de ser fofa sem motivo porque eu não quero ter que explicar aos meus pais, caso entre em casa chorando.

- Desculpa. Eu vou tentar me controlar. - Chloe brincou, beijando o rosto dela e se preparando para descer do carro.

Elas então recuperaram a bagagem que estava na carroceria do automóvel e entraram na casa a tempo de encontrar os Caulfield ainda guardando os casacos na entrada.

- Finalmente! Pensei que vocês tivessem se perdido ou desviado a rota de propósito pra fugir de nós. - Ryan brincou assim que avistou as duas garotas entrando na casa.

- Não seja exagerado, Ryan. Só faz alguns minutos que nós chegamos.

- Poxa, Nessa! Me deixe importuná-las um pouquinho. Eu quase nunca tenho oportunidades.

Vanessa simplesmente ignorou os protestos do marido, balançando a cabeça e passando a se dirigir diretamente a Max e Chloe.

- Vocês duas podem levar as malas lá pra cima e, mais tarde, podemos sair pra jantar fora. Vai ser bom pra Max mostrar um pouco da cidade pra você, Chloe.

- Não me leve a mal, mãe, mas eu estava pensando em sair com a Chloe sozinha hoje, assim que terminarmos de organizar tudo lá em cima. Se vocês não se importarem, claro. - Max interrompeu olhando de seus pais para a punk.

- Viu, Nessa? Mal chegou e já está renegando a gente. Eu ainda lembro de quando ela era desse tamanhinho - Ryan começou a se lamentar, especificando uma altura que mal chegava aos seus joelhos - e corria pro meu colo dizendo o quanto me amava. Agora ela corre pra longe de mim, mas a vida é assim mesmo...

Max suspirou em reação, enquanto Chloe apenas riu da cena que Ryan  estava fazendo. 

- Meu deus, pai! A gente pode almoçar juntos amanhã.

- Não ligue pro seu pai, filha! É assim que ele controla seu psicológico. - Vanessa intercedeu com um olhar de reprovação direcionado ao marido - Vocês podem ir sim, só não esqueçam de levar as chaves pra caso cheguem enquanto estivermos fora.

Max já começava a subir com a própria mala pelas escadas, quando uma pergunta de Chloe a fez parar no meio do caminho.

- Só mais uma coisa: onde eu vou ficar?

Max mal conseguia acreditar que era mesmo sua namorada que estava perguntando aquilo, já que, em qualquer outra situação, seria Chloe a tomar a frente e se instalar sem aviso prévio em qualquer quarto onde ela estivesse. A insegurança dela diante da opinião dos pais de Max fazia a fotógrafa se derreter por dentro.

- Bom, nós temos dois quartos de hóspedes...

- Tudo bem se ela ficar no meu quarto? - Max perguntou, sem dar chance ao seu pai de completar a frase, olhando ansiosa dele para a mãe, enquanto aguardava a resposta.

Ryan olhou para a esposa, que deu de ombros, e depois para Max e Chloe, que permaneciam caladas, aguardando a decisão. Então ele coçou a barba e abriu um sorriso antes de finalmente voltar a falar.

- Essa era a terceira opção. E, não sei porque, mas era justo a que eu achava que vocês escolheriam. - Ele brincou. - Então, respondendo sua pergunta, pode sim, filha. Só tentem não fazer muito barulho a noite.

Ele não pareceu notar o duplo sentido de sua própria frase, mas aquilo não passou despercebido aos olhos de Max que assentiu olhando para o chão, tentando disfarçar o rubor crescente em seu rosto e, ainda em silêncio, puxou pelo braço uma Chloe, já com a mala na mão, porque sabia que ela estava a ponto de cair na gargalhada. O que aconteceu assim que as duas entraram no quarto e Max fechou a porta.

- Cara, eu mal posso esperar pelo discurso do seu pai durante o nosso casamento. Espero que ele esteja bêbado e comente sobre nossa noite de núpcias.

- Pare de brincar com isso. Ele não faz ideia do que disse.

- Eu sei e essa é justamente a melhor parte de tudo. - Chloe comentou enquanto colocava as coisas no chão e analisava o cômodo mais atentamente. - Seu quarto é quase igual ao antigo. Só um pouco mais hipster.

A punk comentou apontando para os pôsteres de bandas de que ela nunca ouvira falar, milimetricamente organizados entre uma estante abarrotada de livros e uma cama de casal. Havia também um mural de fotos, com que ela logo se deparou, notando também que ele estava desfalcado de algumas imagens, provavelmente as que a fotógrafa usou para fazer o presente dela e não teve tempo de recolocar antes de voltar para Arcadia Bay.

Depois de situada o suficiente, a punk se jogou na cama com os braços cruzados atrás da cabeça, olhando para Max, que permanecia de pé organizando alguns itens que retirou da bolsa sobre a escrivaninha.

- E aí? Onde você vai me levar?

- Num restaurante que eu gosto muito e que fica aqui perto. A gente nem precisa ir de carro. - Ela respondeu casualmente, se encaminhando até o armário em busca de uma roupa - Imagino que você deva estar esgotada depois de passar o dia inteiro dirigindo.

- Eu sou incansável, amor. Você já deveria saber disso. - Chloe brincou levando Max a olhar na direção dela apenas para revirar os olhos. - Mas vai ser legal sair por aí, conhecer a vizinhança, essas coisas todas.

- Foi o que pensei. Eu só vou tomar banho, trocar de roupa e a gente vai.

- Posso ir junto? - Chloe perguntou com um sorriso sugestivo, mas Max escolheu apenas desconversar.

- Tem um banheiro no meu quarto e outro lá fora. Eu deixo você escolher.

- Então eu escolho ir no que você vai. - Chloe respondeu, insistindo na brincadeira e Max apenas revirou os olhos em resposta, embora sorrisse. - Relaxa, nerd! Eu tô zoando. Pode ficar com esse, que eu vou no lá de fora.

Max sabia que aquela brincadeira tinha um fundo de verdade, mas decidiu não aprofundar o assunto para evitar atrasar mais a saída das duas. Dessa forma, ela apenas aceitou a sugestão de Chloe e se encaminhou para o banheiro do quarto, enquanto esta pegava suas próprias roupas e se dirigia para o outro banheiro.

Quando a punk voltou para o quarto, já de roupa trocada, mais precisamente com a camisa e o gorro que havia ganhado de Max e a jaqueta com que David a havia presenteado, além de jeans escuros e botas, ela encontrou a garota de sardas terminando de pentear o cabelo de frente para um espelho, trajando um vestido preto que ela nunca tinha visto antes.

Até porque Chloe nunca via Max usando vestidos ou qualquer coisa muito diferente de seus tradicionais agasalhos, jeans e tênis.

- E eu achando que você não conseguiria ficar mais bonita... - Chloe comentou logo que ficou perto o suficiente de Max para abraçá-la por trás e a notando corar com o comentário. - Só tenho medo que você congele durante nossa caminhada. 

- Eu vou levar um casaco. Além disso, eu tenho você pra me esquentar, caso o casaco não seja suficiente. - Max respondeu com um sorriso, sem esperar a réplica que já estava na ponta da língua de sua namorada, já a puxando pelo braço quarto a fora, depois pelas escadas, em direção à saída da casa.

Depois que se despediram dos Caulfield, as duas garotas caminharam calmamente pelo bairro de mãos dadas, conversando alegremente sobre assuntos diversos até finalmente chegarem a um restaurante italiano, situado há poucas quadras da casa dos pais de Max.

Elas se sentaram numa das poucas mesas livres do local ligeiramente lotado, comentando sobre o ambiente, enquanto aguardavam a chegada de um garçom para anotar seus pedidos.

- Max? - Uma voz vinda de trás da fotógrafa a fez virar instintivamente para descobrir quem era seu dono.

- Fernando! - Max respondeu, se levantando para cumprimentar o garoto, que agora estava do seu lado da mesa, com um abraço rápido. - Você está trabalhando aqui agora?

- É. Eu tive que arrumar um emprego depois que decidi alugar meu apartamento. Sabe como é? As contas não se pagam sozinhas.

Max sorriu concordando com ele e se apressando em apresentar a punk que permanecia sentada à mesa, assistindo a cena com cara de poucos amigos.

- Essa é a Chloe.

- A famosa Chloe? - Max assentiu com outro sorriso e ele estendeu a mão para a outra garota, a qual a apertou após um bom tempo considerando a hipótese. - É um prazer finalmente te conhecer.

- Eu não acho que sou exatamente famosa, mas mesmo assim obrigada pela lembrança.

- Vocês querem pedir algo como entrada ou vão esperar mais um pouco?

- Suco de laranja pra mim. - Max respondeu de imediato.

- Água. - Chloe respondeu de cabeça baixa, enquanto se distraia brincando com a decoração da mesa.

- Claro. Eu volto já. - Ele respondeu, logo sumindo de vista entre a profusão dos clientes e dos demais funcionários do local.

Assim que o garoto saiu, ficou evidente para Max a mudança drástica e inexplicável no humor de Chloe, o que motivou a garota de sardas a interrogá-la para tentar entender o que a ocasionou.

- Chlo, o que houve?

- Nada... - A punk respondeu casualmente com o que Max tinha certeza que era uma mentira. - Eu vou lá fora fumar e já volto.

Max apenas assentiu, sem tentar insistir num assunto que tinha certeza que geraria uma discussão entre as duas, assistindo sua namorada desaparecer pela porta da entrada do restaurante em direção à rua.

Quando Chloe voltou para dentro, já mais calma, avistou de longe o garçom e amigo de Max de volta à mesa, conversando animadamente com ela. A punk apressou o passo e chegou ao local a tempo de entreouvir parte da conversa.

- Então vocês ainda estão namorando?

- É. Há dois anos já. Passou muito rápido. Você não faz ideia.

- E como a Kristen está? Ela con...

- Desculpem interromper a conversa. - Chloe falou, enquanto voltava a se sentar na cadeira livre, anunciando sua presença. - Eu posso sair de novo, se vocês precisarem de privacidade.

- Que bobagem! Você na interrompeu nada, Chlo.

A punk ignorou o comentário de sua namorada e voltou a se dirigir diretamente a Fernando.

- Vocês têm se falado ou saído juntos nesse tempo em que ela esteve aqui?

- Não. A Max nunca foi muito de sair, nem quando morava aqui, mesmo quando insistíamos. E, desde que ela se mudou pra cidade natal de vocês, não temos mais nos falado. - Fernando respondeu com uma expressão confusa à pergunta inesperada.

- Bem típico dela mesmo. Muda de cidade e já perde o contato. - Chloe comentou com um sorriso irônico, deixando Max e Fernando desconfortáveis com sua observação. - Você não é o primeiro e provavelmente não será o último.

Max estava se segurando para controlar suas emoções naquele momento, tentando não chorar, olhando para os enfeites da mesa e procurando pensar em algo que pudesse dizer para contornar a situação extremamente constrangedora em que se encontrava, mas não foi preciso.

- Talvez eu deva voltar quando vocês estiverem prontas pra pedir. - Fernando comentou com um sorriso amarelo e começou a se afastar sem esperar permissão. - Eu volto depois. Com licença.

Max olhou para Chloe com uma expressão magoada, assim que o garoto sumiu do seu campo de visão, mas a punk decidiu ignorar os olhares que sabia estarem focados nela.

- Por que você está agindo assim, Chloe? Sendo hostil comigo sem motivo nenhum e desagradável com alguém que você acabou de conhecer? - A morena perguntou tentando manter a calma. 

- Perdoe minha reação. Só não estou acostumada a assistir você flertando com um cara bem na minha frente e continuar numa boa. - Chloe respondeu, de cara fechada, sem olhar para ela.

- O que? - Max perguntou sem acreditar no que acabara de ouvir.

- Não se faça de boba... Você entendeu... agindo toda amistosa, perguntando sobre a vida pessoal e se ele ainda tá namorando. Por que caralhos você precisa dessas informações?

- Eu não preciso dessas informações. Eu estava apenas sendo gentil. Pelo visto, você não entende o que isso significa. - Max se defendeu, sentindo sua empolgação de antes se converter num sentimento de frustração.

Chloe buscou ignorar à todo custo o novo estado de sua namorada. Concentrando todo seu foco no ciúme que crescia dentro de si, à medida em que imaginava os diversos cenários da relação que poderia ter havido entre Max e seu amigo.

- Talvez eu devesse flertar com alguém desse lugar bem na sua frente pra você sentir na pele como é a sensação. - Ela falou, ignorando qualquer senso de racionalidade que ainda pudesse controlar suas palavras naquele momento.

Chloe podia ver, com sua visão periférica, os olhos de Max fixos nela, a escaneando, como se esperassem o momento em que ela começaria a rir, dizendo que tudo aquilo não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas o momento não veio. Então a incredulidade se transformou em tristeza profunda no exato momento em que a fotógrafa recobrou a fala e decidiu revidar.

- Eu não acredito que você esteja fazendo isso comigo. Não por ciúme bobo de um cara que, adivinha só, Chloe? É totalmente gay e que, mesmo que não fosse, não lhe daria o passe livre pra agir como uma completa idiota. - Max estava agora irritada, de uma forma que a outra garota nunca havia visto antes - Mas tudo bem, se você prefere assim, pode ficar aí e flertar com quantas pessoas você quiser, porque eu perdi a fome, a paciência e a vontade ficar do seu lado agora.

Teria sido necessária apenas uma palavra para fazer Chloe cair com a cara no chão depois de seu ataque de ciúmes sem motivos, mas o discurso de Max seguido de sua saída da mesa e do restaurante sem nenhum segundo de hesitação, a fizeram chegar quase ao centro da terra com o baque.

Depois que recobrou suas faculdades mentais e pôde voltar a reagir, ela falou rapidamente com o garoto, pagou a conta e saiu em disparada de volta à casa dos Caulfield, onde imaginava que Max estaria.

Para sua sorte, a fotógrafa havia deixado a porta da frente aberta, permitindo sua entrada na casa sem o auxílio da chave, mas Chloe não teve o mesmo sucesso quando tentou ter acesso ao quarto dela, que naquele instante se encontrava trancado.

Chloe bateu na porta, mas não obteve resposta, depois insistiu mais uma vez, ainda sem sucesso, escolhendo tentar pela terceira vez, agora chamando a garota de sardas pelo nome. A resposta que recebeu não serviu em nada para aplacar o remorso que sentia naquele momento.

- Suas coisas estão no quarto de hóspedes ao lado do meu. - A resposta veio numa voz baixa meramente audível do lado de dentro do cômodo.

- Eu não tô nem aí pras minhas coisas, Max... - Chloe começou a falar num tom quase desesperado. - Me deixa entrar, por favor. Eu sei que fui totalmente estúpida hoje e quero me desculpar.

- Mas eu não tô interessada nas suas desculpas. Então faça um favor pra nós duas e me deixe em paz.

- Por favor, Max, converse comigo...

- Vá pro seu quarto.

A firmeza na decisão de Max em ignorá-la fez Chloe ficar ainda mais desesperada do que já estava, sustentando a testa contra a porta e a batendo repetidas vezes contra a madeira, enquanto buscava uma solução para reverter a confusão que ela mesma havia provocado.

Quando finalmente pensou em algo, ela parou o movimento repetitivo que fazia e se apressou descendo as escadas.

Max ouviu os passos se afastando, sem acreditar que Chloe finalmente tinha desistido de seu intento de conversar com ela, já que desistir tão facilmente era algo que não combinava em nada com a personalidade da punk.

Mesmo assim, ela apagou a luz e decidiu se deitar na cama para tentar dormir, mesmo que sua cabeça estivesse a mil por hora, remoendo cada detalhe do que havia acontecido durante aquela noite. E, quando ela já estava quase conseguindo pegar no sono, batidas voltaram a deixá-la totalmente desperta e a fizeram olhar automaticamente em direção ao barulho, bem a tempo de ver um bilhete ser posto por debaixo da porta.

Ela se levantou da cama, acendeu a luz e caminhou em direção ao bilhete, pegando o papel com uma das mãos, o analisando e logo o abrindo para ler o conteúdo.

Eu sei que ferrei com a nossa noite e você tem todo direito de me ignorar totalmente e seria até o mais sensato a se fazer. Apesar disso, eu peço que você me dê apenas uma chance de me desculpar.

Você não precisa nem falar comigo, se não quiser. Pode apenas vir até aqui pra ver o que eu preparei pra tentar me redimir e simplesmente ignorar. Eu prometo que não vou mais te encher depois disso.

Vou ficar esperando aqui embaixo.

CP

Max terminou de ler o bilhete e ficou olhando para ele por vários minutos, considerando se deveria atender à solicitação de Chloe ou simplesmente ignorá-la, já que, como a própria disse, era o mais sensato a se fazer. Entretanto, não demorou muito para ela ser vencida pela própria curiosidade, descendo a escada calmamente e logo enxergando Chloe cabisbaixa, sentada à mesa de jantar, que agora ela conseguia notar que estava posta, encarando o prato a sua frente e brincando distraidamente com a comida presente nele.

- Então você preparou um jantar pra se desculpar?

Max perguntou ao entrar no cômodo quase completamente em silêncio, fazendo Chloe despertar automaticamente de seu transe e se levantar abruptamente para encará-la.

- Eu tentei - Ela respondeu olhando para a mesa posta e, em seguida, para Max. - Era o mínimo que eu podia fazer depois de estragar nossa noite.

- É. O mínimo. - Max respondeu como se pensasse alto, observando cada detalhe do que Chloe havia preparado para ela.

- Eu pedi desculpa pro seu amigo assim que você foi embora e agora nem sei por que parte começar a pedir pra você porque existem várias. - Chloe começou a falar, entendendo o silêncio de Max como um convite para que ela continuasse. - Eu sinto muito por deixar meu ciúme infantil me levar a te tratar tão mal, de uma forma que ninguém mereceria, muito menos você. Eu lamento ter feito isso na frente de outras pessoas, te constrangendo e lamento também ficar remoendo algo que sei que te afeta bastante de uma forma negativa e pelo que te perdoei há muito tempo, apesar de ter usado hoje de novo pra te atingir. E, principalmente, eu sinto muito por ter te desrespeitado, fazendo uma ameaça que, mesmo que não fosse cumprir, nunca deveria ter saído da minha boca.

Max fechou os olhos, suspirando longamente, enquanto Chloe a encarava esperando uma resposta ou até que sua namorada desferisse acusações e xingamentos contra ela. Qualquer coisa era melhor que o silêncio que a sufocava naquele momento.

- Eu queria conseguir ficar irritada uma semana inteira pra você entender um pouco como me sinto quando você faz algo como o que fez hoje. Mas aí você vem e faz isso - Ela falou apontando para a mesa. - e eu simplesmente falho nas minhas intenções e me odeio por isso.

- Desculpa por isso também. É que não consigo ficar de braços cruzados, esperando tudo se resolver por conta própria, quando você tá brava comigo. - Chloe comentou arriscando uma aproximação. - Se eu fizer algo próximo do que fiz hoje outra vez durante essa viagem, você pode me dar um soco.

- Não seja boba, eu não vou te bater. - Aquela sugestão mirabolante conquistou um leve sorriso de Max.

- Tudo bem... então você pode me ignorar o resto da viagem e eu prometo não tentar me reaproximar até voltarmos pra Arcadia Bay.

- Combinado.

- Isso seria pior do que virar saco de pancadas num ringue de boxe. - Chloe comentou, sentindo um frio na barriga e se arrependendo tardiamente de sua própria sugestão.

- É bom assim porque você se empenha mais. - Max brincou, sorrindo abertamente para a punk - Agora vamos ver se você é boa nisso mesmo ou se vamos ter que pedir pizza.

- Posso ganhar um abraço antes?

Max sorriu e se aproximou, a abraçando timidamente e a sentindo apertar o enlace, apoiando o queixo sobre sua cabeça, deixando escapar um suspiro de alívio.

- Eu sei que não justifica, mas eu só ajo assim porque tenho muito medo de te perder. Você não faz ideia do quanto.

- Você não vai me perder, Che. Mesmo que esteja se empenhando bastante pra isso.

Chloe balançou a cabeça confirmando que entendeu e apertou ainda mais o abraço, quase sufocando Max, antes de finalmente soltá-la. E, sem se afastar totalmente, segurou as duas mãos dela, a encarando por alguns momentos, enquanto decidia se acrescentaria o que estava passando por sua cabeça.

- Eu ganho um beijo, se você gostar da comida?

Max sorriu com a pergunta, confirmando com um aceno de cabeça e um beijo no nariz dela, se sentando à mesa em seguida.

- Você provavelmente teria ganhado um antes, se soubesse barganhar.

- Droga!

__________________________

- Então aqui estamos nós de novo. - Chloe comentou logo que se aproximaram do quarto de Max.

- É. - Max respondeu abrindo a porta e ignorando o olhar sugestivo que a punk direcionava para o interior do cômodo. - A gente se vê amanhã pra eu começar a te mostrar a cidade.

Apesar de confirmar com um gesto simples de cabeça, a expressão de Chloe logo se transformou numa desapontada. Mesmo assim, ela não tentou argumentar, apenas assistiu Max fechar o quarto, enquanto ela permanecia do lado de fora apenas encarando a porta.

Com um suspiro resignado, a garota de cabelos azuis se virou e começou a descrever o trajeto rumo ao quarto de hóspedes, até ouvir o barulho da porta voltando a ser aberta e, antes que pudesse se virar para entender o que estava acontecendo, foi arrastada pela camisa por uma Max sorridente para dentro do cômodo.

- Entenda isso como sua punição pelo que você aprontou.

- Foi horrível, mas eu admito que mereci. - Chloe respondeu com um enorme senso de alívio, logo se virando para abraçar e beijar a garota menor. - E eu estou feliz que foi apenas um susto.

- É, mas não se acostume porque eu não vou aliviar pra você da próxima.

- Eu sei. E você não vai se arrepender. Eu prometo. - Chloe respondeu voltando a abraçar Max e a beijando mais profundamente, sentindo-a corresponder usando a gola de sua camisa para puxá-la para mais perto.

A garota de cabelos azuis já estava se preparando para erguer Max do chão e conduzi-la em direção à cama, quando sentiu um gosto estranho na boca dela, a levando a se afastar momentaneamente para entender o que estava acontecendo.

Sua felicidade de antes se converteu em pavor quando finalmente teve uma visão completa do rosto de Max parcialmente coberto pelo sangue que agora escorria de seu nariz.

Acompanhando a direção do olhar de Chloe, uma Max confusa ergueu uma das mãos para tocar os próprios lábios e notar finalmente o líquido vermelho que os cobria. 

Seu susto imediato mal teve tempo de se instalar, pois ela logo sentiu o próprio corpo enfraquecendo e a visão ficando turva à medida em que desmaiava nos braços de uma Chloe em pânico. 


Notas Finais


Vocês sabiam que esse dia chegaria. Espero que tenham aproveitado o período de bonança.
Fazia um tempo que eu tava só dizendo "Treta is coming" e agora ela ta aí.

Espero que vocês não me matem até terça e eu possa desenrolar isso.
Beijos e até a volta!


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