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História Amor Além do Tempo - Encarando a Realidade


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Gente, vocês foram bem amorzinho comigo no último post e eu queria me desculpar por ter demorado tanto pra responder a maioria dos comentários. É que o Spirit não tava colaborando comigo na última semana e eu quase não consegui entrar no site pra nada. Até postar foi difícil.

Mas parece que agora tá tudo normalizado e eu vou tentar demorar menos pra responder os próximos. Desde já agradeço os que vierem.

Boa leitura procês! :)

Capítulo 55 - Encarando a Realidade


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Encarando a Realidade

Depois da experiência desastrosa no jantar na casa dos Marsh, o quarteto de garotas se dirigiu à Blackwell, permanecendo silenciosas quase a totalidade do trajeto até a escola. Victoria ainda estava chocada demais pela informação que Kate acabou revelando por impulso no calor da discussão, mas apesar disso, se mantinha quieta, apenas consolando a garota, que, por outro lado, chorava sem parar ainda abalada pela briga travada com sua mãe momentos antes. 

Max e Chloe, por sua vez, permaneciam caladas, em respeito ao momento da duas e por não haver muito o que pudesse ser dito naquele momento para animá-las.

Após alguns minutos, elas chegaram ao prédio do colégio, indo diretamente para a área dos dormitórios e depois acompanhando uma Kate mais calma até o próprio quarto, onde ela sentou na cama, sendo consolada por Max, enquanto Chloe apenas assistia a cena ainda de pé e Victoria andava de um lado para o outro do cômodo, com um semblante cada vez mais sombrio e o pensamento a milhas dali.

- É tudo culpa minha...

Ela falou inesperadamente, esfregando o rosto insistentemente com ambas as mãos, fazendo com que a atenção de todas se voltassem para ela no mesmo instante. A confusão era geral e evidente nas feições de cada uma das garotas.

- Como isso pode ser sua culpa, Tori? - Kate perguntou logo que conseguiu processar as palavras de Victoria, mas ainda sem entender completamente o significado delas.

- Não a briga com a sua mãe. - Victoria esclareceu já impaciente - Estou falando sobre o que você disse sobre ficar deprimida, ter pensamentos suicidas. Eu causei isso. - O desconforto crescia cada vez mais à medida que as palavras saíam da boca de Victoria e ela afastava os cabelos nervosamente da frente do próprio rosto. - Eu quase te matei.

- Não diga isso. Não é verdade. - Kate respondeu, se levantando imediatamente da cama e indo até ela para confortá-la. - Você não me drogou e nem me sequestrou. Nada disso foi sua culpa.

Victoria balançava a cabeça insistentemente, se esquivando do abraço de Kate e se mantendo firme em suas convicções.

- Não isso, mas colaborei pra fazer da sua vida um inferno depois. - Ela falou escondendo o rosto entre as mãos, sem ousar encarar a garota menor. - Eu também sou responsável pelo que aconteceu.

- É, mas você se arrependeu e eu te perdoei. 

Kate contra argumentou, enquanto tentava uma nova aproximação, usando as duas mãos para segurar e inclinar o rosto de Victoria no nível do seu, notando os olhos dela marejados e cheios de culpa fazerem um último esforço para conter as lágrimas que ameaçavam cair. 

- Você também precisa se perdoar, Tori.

- Não é nada fácil e não sei se vou conseguir tão cedo. - Ela confessou, mirando o chão e evitando novamente o olhar de Kate. - Eu tô me sentindo horrível agora.

- Gente, desculpa. Eu sei que não devia, mas vou me meter. - Chloe falou se aproximando do casal e colocando uma das mãos sobre os ombros de Victoria - Acredite, eu, mais do que ninguém, sei como é ser consumida por um sentimento de culpa quase diariamente. A Max inclusive carrega na própria pele uma marca para me lembrar disso. E não vou nem mencionar as cicatrizes emocionais que ela adquiriu por minha culpa e que são ainda piores.

Ela olhou momentaneamente para a garota de sardas, enquanto as memórias de todos os desentendimentos entre as duas se revezavam por meio de flashes em sua mente, a fazendo voltar de novo sua atenção para Kate e Victoria e retomar o fio de seu discurso.

- Eu talvez nunca chegue a me perdoar totalmente por todas as merdas que eu fiz, mas tento conviver com elas porque, apesar de tudo, a Max continua bem e aqui comigo. - Chloe comentou colocando um dos braços sobre os ombros da fotógrafa e a puxando para mais perto de si - e ficar remoendo todos esses momentos ruins não vai apagá-las ou torná-los menos piores. Afinal eu não posso mudar o passado - Chloe trocou um novo olhar de esguelha com Max antes de concluir. - Mas posso aprender com ele pra me tornar alguém melhor tanto pra mim mesma, quanto para as pessoas que eu amo. E você deveria fazer o mesmo.

As três garotas observaram Chloe com toda atenção até o momento em que ela finalmente concluiu sua fala, conquistando um olhar orgulhoso de Max, um emocionado de Kate e um surpreso de Victoria.

- Foi um discurso e tanto, Price. - Victoria respondeu, esboçando um sorriso sem jeito, enquanto a punk se curvava em uma reverência exagerada num gesto de agradecimento pelo elogio. - Obrigada.

- Sempre que precisar, Vic. Você é um pé no saco às vezes, mas é gente boa. Eu nunca teria bancado o cupido entre você e a senhorita Marshmallow, se você não fosse.

Victoria assentiu com um sorriso debochado e não perdeu um segundo para devolver os 'elogios' de Chloe.

- E você é uma idiota inconveniente e desagradável, mas é realmente boa com conselhos e eu meio que estou te devendo uma ou outra bebida.

- Pode apostar que sim, Vic. E eu ainda vou cobrar. - Chloe concluiu apontando na direção da garota loira.

Depois de alguns sorrisos motivados pela resolução do desentendimento, Kate voltou para a própria cama, agora arrastando Victoria consigo para poder usar as pernas dela como travesseiro, tentando manter a si mesma calma e estabelecer uma nova conversa.

- Desculpa ter feito vocês passarem por isso, gente. - Kate deixou escapar de repente, sem focar em nenhum lugar específico do quarto, com o olhar perdido, apenas rememorando a discussão que travara com sua mãe.

- Não é sua culpa, Kate. Suas intenções foram as melhores. Pena que sua mãe tenha decidido travar uma batalha direta com a Chloe sem mais, nem menos. 

Max disse olhando em direção à punk e esperando que ela não falasse sobre o quanto aquela ideia estava fadada ao fracasso desde o início, o que para seu alívio não passou bem perto de acontecer.

- Cara, independente de tudo, você foi muito corajosa de ter saído do armário daquele jeito só pra me defender. Foi épico. - Chloe começou a falar empolgada. - E não se preocupe quanto ao desastre no jantar, afinal amigos de verdade são para os bons e para os maus momentos.

As outras duas garotas concordaram com um sorriso e, em seguida, elas deram um abraço coletivo, selando a resolução daquele assunto, pelo menos momentaneamente.

Quando elas se separaram, Max começou a sentir o próprio celular vibrar no bolso e foi rápida em checar do que se tratavam as novas notificações. Ao destravar o aparelho, notou que eram algumas mensagens da irmã do meio de Kate.

[Sam]: Oi, Max! Você sabe me dizer se tá tudo bem com a Kate?

[Sam]: Ela não está atendendo o celular. 

[Max]: Tá sim. Ela só tá meio abalada pela briga que teve com sua mãe e precisa de um tempo. Nós estamos aqui com ela.

[Max]: E, por aí, como estão as coisas?

[Sam]: Eu tô com a Lynn no quarto e o papai e a mamãe estavam brigando até agora pouco, mas agora está tudo em silêncio. Eu tô meio assustada.

[Max]: Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Se você quiser falar com a Kate, também pode ligar ou mandar mensagem pra Victoria, que provavelmente vai passar a noite aqui com ela.

[Sam]: Tá bom. E, só pra deixar claro, eu ainda acho vocês legais e não concordo com o que a mamãe disse.

[Max]: Fico feliz :). Quando tudo isso se resolver, vamos combinar com a Kate de levar você e sua irmã pra um passeio pela cidade.

[Sam]: Eu vou adorar :D

Max guardou o telefone no bolso, respondendo aos olhares curiosos direcionados a ela com uma explicação rápida sobre a troca de mensagens com Sam e recebendo de Kate a garantia de que falaria com a irmã logo pela manhã.

Depois de um tempo conversando sobre assuntos diversos apenas com o objetivo de distrair Kate e ajudá-la superar o mal estar pelo clima ruim de antes, Max checou a hora a percebeu que era melhor que fossem embora o quanto antes, já que dormiriam na casa dos Price naquela noite.

- Gente, é melhor a Chloe e eu irmos embora agora. Já tá ficando tarde e não avisamos nada pra Joyce.

- É... e acho que você vai ficar perfeitamente segura com a Vic, Marshmallow. - Chloe acrescentou ao discurso da fotógrafa. - Qualquer coisa, é só ligar que a gente aparece aqui na mesma hora.

- Tá bom, pessoal. Obrigada de novo. - Kate respondeu.

- Sempre que precisarem. 

Depois de se despedirem de Victoria e Kate, Max e Chloe voltaram para a casa dos Price no mesmo instante, encontrando tanto Joyce quanto David ainda acordados, sentados no sofá da sala, assistindo televisão.

- Chegamos, pessoal! - Chloe falou, assim que entraram na casa, ao que Joyce se virou para cumprimentá-las. - Sobrou alguma coisa do jantar? Minha barriga veio roncando todo o caminho até aqui. Eu precisei até aumentar o volume do rádio pra disfarçar.

- Como assim, Chloe? Vocês não acabaram de vir de um jantar na casa da amiga de vocês? Como você pode estar com fome?

- Acontece que nós meio que saímos na metade - Chloe começou a explicar, andando rumo à geladeira, enquanto Max permanecia na sala com Joyce e David. - Aparentemente sua filha tem "problemas" e a dona da casa ficou possessa ao descobrir que a filha dela também tem alguns bem parecidos.

Joyce ficou mais confusa com a explicação, mas a garota de sardas cuidou de detalhar a história assim que notou a expressão dela, que se converteu numa de indignação no exato momento em que Max concluiu o relato.

- Como ela ousa falar isso de você e ainda envolver o William nisso? - Chloe deu de ombros, com a boca ocupada em triturar uma fatia de bolo. - Eu preciso ter uma conversa urgente com essa mulher! Quem ela pensa que é pra te tratar desse jeito?

- Eu sei que não sou seu pai de verdade, Chloe, mas estou disposto a ir com sua mãe até lá pra esclarecer essa história. - David fez coro ao discurso de Joyce, após entreouvir a conversa e se aproximar de onde elas estavam. 

- Calma, Família Corleone. - Chloe brincou com os dois, logo que engoliu a comida - A própria filha dela já se encarregou de dar o choque de realidade. Elas tiveram uma briga enorme depois de ela começar a pegar no meu pé, a ponto de a Kate decidir sair de casa no meio da noite e precisarmos ir deixá-la em Blackwell.

- Pobre garota. Ela parecia tão gentil. - Joyce se lamentou com o olhar perdido, lembrando da visita de Kate durante o recesso. - Vocês deveriam ter trazido ela pra jantar aqui. Eu poderia ter preparado uma coisa rápida pra vocês todos.

- Talvez outro dia, madre. Acho que ela não estava muito no clima pra comer. - Chloe respondeu, ainda vasculhando a geladeira.

- É, eu imagino. - Joyce concordou, ao refletir melhor sobre o assunto para, em seguida, caminhar até Chloe e a afastar de onde estava. - E você pare de ficar beliscando coisas na geladeira e vá se sentar à mesa com a Max, enquanto eu esquento as sobras do jantar pra vocês duas.

- Essa é a recepção amorosa que eu sempre espero da senhora, mãe. - Chloe brincou enquanto fazia o que lhe foi dito.

- Sem ironias ou você perde o direito a sobremesa. - Joyce falou, já de volta à cozinha, sem sequer precisar olhar para a filha para notar que suas palavras tiveram o resultado esperado.

- Não está mais aqui quem falou.

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Depois do segundo jantar da noite, sendo o primeiro que chegou até o final, as duas garotas subiram para o quarto de Chlo, onde finalmente puderam se trocar e descansar após o longo dia que enfrentaram.

- Cara, eu nem imaginava que isso fosse possível, mas aquela mulher matou minha libido. - Chloe comentou enquanto passava uma camiseta limpa pela cabeça, arrancando uma risada de Max no processo.

- Não se preocupe. Eu tenho certeza que sua libido vai ressuscitar até amanhã. - Max respondeu em tom de brincadeira, ao se deitar na cama e se ajustar entre os lençóis, sendo seguida quase na mesma hora pela punk.

- É, mas eu ainda quero uma tonelada de beijos e abraços até eu pegar sono. E talvez até depois.

- Seu desejo é uma ordem, milady.

Max respondeu, prontamente envolvendo a garota mais velha em um abraço apertado, ao mesmo tempo em que distribuía vários beijos ao longo do ombro, pescoço, rosto e boca dela, sentindo-a responder acariciando sua cintura, seu rosto e seus cabelos.

- Sabe, você me deixou extremamente orgulhosa hoje. - Max começou a falar com o rosto escondido no pescoço de Chloe. - Eu não faço nem ideia do quanto foi difícil pra você ouvir a mãe da Kate falando todas aquelas coisas, envolvendo até o seu pai na história e se controlar pra não explodir, quando até eu estava com vontade de fazer ela engolir a própria língua.

Chloe começou a rir ao ouvir aquilo, beijando o rosto da fotógrafa demoradamente em resposta e apertando ainda mais o abraço ao redor dela.

- Eu tenho certeza que o William ficaria orgulhoso de como você reagiu hoje, não se deixando provocar em nenhum momento pelas ofensas daquela mulher, quando seria totalmente compreensível, se isso acontecesse. - Chloe apenas assentiu, se mantendo focado em beijá-la - E também depois, quando você consolou a Victoria e a Kate. 

- É... eu estava certa sobre o jantar ser uma péssima ideia, mas você também estava quando disse que tinha que apoiar a Kate. - A punk concluiu com um novo beijo na fotógrafa. - Pelo menos agora elas não vão ter que esconder mais nada de ninguém.

- Só vão ter que enfrentar todo o resto.

- Ah, mas isso elas vão tirar de letra.

Chloe falou como se tivesse absoluta certeza de suas palavras e Max concordou com um leve aceno de cabeça, se virando de costas para ela e a sentindo se posicionar mais confortavelmente atrás de si.

Durante algum tempo, ela ficou pensativa, apenas acariciando a cintura de Max durante seu momento de reflexão, enquanto esta permanecia de olhos fechados, já prestes a cochilar. E foi justo nessa hora que a punk decidiu finalmente externar o que estava passando por sua cabeça naquele instante.

- Eu sinto muita falta dele às vezes. - Chloe confessou num mero sussurro, mas audível o suficiente para acordar Max. - De pedir conselhos ou simplesmente conversar sobre qualquer bobagem.

- Claro que sente. - Max respondeu, voltando a se virar para ela - Eu também sinto.

- Eu meio que fiquei com inveja de você por ter conseguido voltar no tempo e revê-lo. Seria incrível ter esse poder, nem que fosse só por um dia. - Ela comentou melancolicamente, sem encarar Max - Não pra mudar nada ou tentar salvá-lo. Só pra conversar com ele, sabe?

- Sei. E eu queria que isso fosse possível. - Max respondeu enquanto acariciava o rosto dela, tentando ao máximo aliviar o vazio que ela sentia naquele momento. - Mas tenho certeza que, seja lá onde ele estiver agora, com certeza está cuidando de nós.

- Espero que você tenha razão.

- Eu tenho. - Ela reafirmou com segurança, fazendo a punk sorrir.

- Também espero que eu possa fazer um trabalho tão bom quanto ele, a mamãe e seus pais fizeram, quando tivermos pequenas Maxies e Chloes correndo pela casa com sardas e cabelos azuis.

- Sardas e cabelos azuis? - Max repetiu rindo e recebendo uma confirmação de Chloe.

- Obviamente. Serão nossos filhos, ué! Não sei porque a surpresa.

Max riu mais ainda com aquela declaração, voltando a se aproximar para um novo beijo na punk, enquanto imaginava o cenário criado por ela.

- Tenho certeza que você dará uma ótima mãe.

- Nós duas daremos. - Chloe acrescentou segurando uma das mãos de Max entre as suas e a beijando. - As melhores.

Max fechou os olhos confirmando e devolvendo beijo na mão de Chloe, aproveitando o raro momento de paz naquele dia conturbado para curtir a companhia de sua namorada em meio ao silêncio do quarto.

- Agora, faz um favor pra mim e vira de costas. - A morena falou depois de um tempo, deixando a punk confusa. - Eu quero ser a que vai dormir abraçando e não sendo abraçada pra variar.

- Mas você é bem menor.

Chloe tentou argumentar, mas Max bateu o pé, decidida a inverter os papéis das duas naquela noite. Depois de um breve momento de insistência, ela deu de ombros, se virando e sentindo a aproximação quase imediata de sua namorada contra as suas costas, seus batimentos cardíacos contra a pele e sua respiração constante contra a nuca dela, ao mesmo tempo em que a fotógrafa começava a envolvê-la com um dos braços e usava o outro como travesseiro.

Era uma sensação nova e bastante agradável para Chloe. E, por mais que estivesse inclinada a negar por pura implicância e teimosia, ela se sentia extremamente satisfeita de ser a pessoa a receber conforto naquela noite, depois de tudo o que aconteceu, em se sentir protegida no aconchego dos delicados braços de Max.

E isso foi o suficiente para garantir que ela visitasse o mundo dos sonhos quase no mesmo instante.

__________________________

Chloe, então, "acordou" no corpo de uma versão bem mais jovem de si, sentada no banco de passageiro do carro de seu pai, olhando para o reflexo de si mesma no retrovisor e percebendo a visível fenda e o inchaço crescente em seu lábio inferior, que ela agora tocava para ter uma melhor noção do estrago. 

Enquanto isso, Max permanecia pensativa no banco de trás, com os olhos fixos na estrada e, só os desviando, quando Chloe resolveu quebrar o silêncio que perdurava desde que entraram no automóvel.

- Eu estou encrencada?

William olhou instintivamente para sua filha ao ouvi-la, depois lhe deu um sorriso reconfortante, antes de balançar a cabeça, respondendo negativamente a pergunta.

- Há quanto tempo isso está acontecendo? - Ele acrescentou, logo que notou as feições de Chloe suavizarem com sua resposta.

- Alguns meses. - Ela respondeu, olhando para a estrada, sem ousar encará-lo.

- E por que você escondeu, filha? Eu pensei que tivesse deixado bem claro que você não precisa esconder nada de mim.

- Deixou sim. Desculpa, pai! - Ela disse suspirando e encarando as próprias mãos. - Eu ia contar, só estava dando um tempo antes. Nada demais.

- Tudo bem. Mas eu não quero mais você metida em brigas por qualquer motivo, mesmo que pareça justo.

- Se fosse só por mim, eu teria ignorado, mas... - Chloe tentou rebater, mas foi prontamente interrompida por William.

- Não tem exceções, Chloe. Sem mais brigas.

- Tudo bem. Sem brigas.

William pareceu satisfeito com a resposta positiva de sua filha, pois não insistiu mais no assunto, mantendo sua atenção para a estrada e só voltando a falar após vários minutos de silêncio.

- Max, ligue pros seus pais e avise que você virá com a gente até em casa porque vamos ter uma grande reunião de família hoje e eles também vão participar.

Max assentiu com um gesto simples, apenas trocando um olhar com Chloe através do retrovisor, enquanto o restante do trajeto transcorreu em silêncio total.

__________________________

Quando Chloe acordou no meio da madrugada, notou que permanecia na mesma posição na qual havia adormecido, com Max ainda dormindo calmamente atrás dela. A punk, então, se virou de frente para a fotógrafa, a abraçando e a fazendo acordar confusa no meio do movimento.

- O que houve? Sua libido renasceu no meio da madrugada? - Max brincou, enquanto bocejava e se espreguiçava, tentando acordar totalmente e recebendo um breve sorriso da punk em resposta.

- Eu tive outro sonho.

- Hum... e o que foi dessa vez?

- Eu me meti em alguma briga e meu pai estava nos levando pra casa. Mas, como aquele outro sonho sobre o qual te contei, esse também nunca aconteceu.

- Você já parou pra pensar que pode ser apenas um sonho comum porque falamos muito sobre o William ontem?

- Não sei, Max. Mesmo sendo sobre coisas que não aconteceram, ele se parece muito com os demais. - Ela comentou, balançando a cabeça como se tentasse afastar os temores de sua mente - É muito estranho.

- É mesmo, mas pelo menos não foi ruim dessa vez.

Chloe concordou e logo mudou o foco da conversa.

- E quanto a você? Algum sonho?

- O mesmo de sempre. De novo, de novo e de novo. - Ela respondeu num tom exausto, se sentindo desgastada com a simples lembrança. - Eu tava no meio dele quando você me acordou.

- Eu queria que a Max do futuro te desse alguma dica do significado de todas essas coisas porque está ficando cada dia mais confuso.

- Ela meio que faz isso nesse meu sonho que se repete, mas com os flashes que eu recebo, não dá pra entender direito. - A fotógrafa explicou, enquanto rememorava detalhes do sonho. - E isso não me deixa nenhum pouco aliviada. Pelo contrário, só aumenta minha preocupação. - Max confessou no meio de um suspiro - É como se eu ouvisse uma bomba relógio em contagem regressiva dentro do meu cérebro sempre que se repete.

- Eu sei, mas tenta pensar que eu tô aqui contigo e que nós vamos resolver o que quer que for juntas.

Max sorriu e enterrou a cabeça mais fundo no pescoço da punk, tentando afastar de vez as preocupações que sempre lhe consumiam quando refletia sobre seus sonhos misteriosos.

- Isso já se tornou meu mantra há muito tempo, Chlo.

- Ótimo. Que continue assim. - Chloe concluiu beijando a cabeça dela. - Agora vamos tentar voltar a dormir porque temos aula amanhã e eu imagino que você não vai me deixar faltar pra ficar na cama até tarde. Se for, podemos até correr a madrugada toda ao redor do quarteirão que eu nem ligo.

Max começou a rir incontrolavelmente do comentário, causando cócegas em Chloe e a fazendo rir também, enquanto lutava para fazê-la parar. 

Logo a garota mais nova se afastou com a intenção de beijar a punk no meio das risadas, mas a brincadeira não durou muito, já que ela voltou a pensar de novo sobre os sonhos que a atormentavam e a preocupação com aquilo a fez perder o senso de humor quase no mesmo instante.

- Eu te amo e não quero nem pensar, se um dia eu... - Max começou a divagar cabisbaixa, mas teve a completude de seu raciocínio impedida por Chloe.

- Então não pense. Não vai acontecer. - A garota de cabelos azuis respondeu com firmeza, erguendo o rosto dela com as duas mãos e a encarando - Eu tô bem aqui na sua frente. Apenas me abrace e volte a dormir.
Max concordou com um gesto silencioso, fechando os olhos e se aconchegando novamente na punk, embora todos os receios de antes ainda pairassem incontrolavelmente por sua cabeça.

Enquanto ainda estava perdida nos próprios pensamentos, ela sentiu Chloe fechar um abraço apertado em torno dela e suspirar pesadamente sobre sua cabeça, não demorando a romper o silêncio que havia se instalado no quarto.

- Eu também te amo e fico apavorada com o que está por vir, mas se há algo de que tenho certeza nessa vida é que vamos ficar juntas no final, independente de tudo. - Ela começou a dizer para uma Max ainda tensa. - Eu vou lutar por isso até meu último suspiro e vou conseguir. Aliás, nós vamos.

Max suspirou, um pouco mais confiante, mexendo parte do rosto contra a pele de Chloe, sentindo a textura e o cheiro da garota mais velha, se deixando envolver pelas palavras dela e concordar com um 'juntas' quase inaudível, conquistando um beijo da punk em resposta.

- Por falar nisso, espero que você nunca sonhe com o dia em que eu te pedir em casamento. - Chloe tentou mudar levemente o tema da conversa, já notando a fotógrafa mais calma - Eu quero muito te surpreender.

- E quem te garante que não vou ser eu a propor? - Max perguntou abrindo um dos olhos e inclinando o rosto ligeiramente para mirar a punk de maneira desafiadora.

- Porque eu sou mais alta. Ou seja, tenho prioridade. - Chloe respondeu com uma segurança inabalável, instigando uma expressão incrédula em Max.

Depois de recuperada do choque pela declaração, a fotógrafa simplesmente se manteve em silêncio, voltando a sua posição original, escondida entre os lençóis e de olhos fechados, sem dizer nada mais a punk além de um 'boa noite'. O que só serviu para despertar a curiosidade dela.

- Ei, o que você tá fazendo?

- O que parece? - Max ironizou, mas completou a frase quando não ouviu resposta. - Indo dormir.

- Você não ousaria...

- O que? Dormir?

- Você sabe o que... - Chloe falou impaciente. - Fazer o pedido antes de mim. Você não sonhou com isso, sonhou? Se sim, é melhor você me dizer agora.

- Vai dormir, Chlo. - Max falou tranquila, ignorando os apelos de sua namorada.

- Eu vou, mas fique certa de que amanhã mesmo eu dou um jeito de comprar um anel, nem que seja daqueles brindes de plástico. - Ela respondeu num tom indignado. - Preciso ficar prevenida, caso seja necessário.

- Você é inacreditável.


Notas Finais


A curiosidade está próxima de ser solucionada (mas nem tanto assim). Em breve ela vai crescer um tantinho e virar aflição, então um tempo depois finalmente vem a explicação. Hehe!

Espero ver vocês até lá! Beijos!


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