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História Amor Além do Tempo - Beco Sem Saída


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Boa noite, amiguinhos!

Hoje é um daqueles capítulos em que vocês entenderão a importância das notas que sempre deixo. Só isso mesmo que vou dizer porque já tá tarde e eu ainda vou sair.

No mais, boa leitura! :)

Capítulo 56 - Beco Sem Saída


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Beco Sem Saída

Quando Max chegou em sua primeira aula daquele dia, não encontrou suas habituais parceiras nos seus locais de costume. Na verdade, as cadeiras correspondentes a Victoria Chase e Kate Marsh estavam vazias e permaneceram dessa forma durante todo o período correspondente àquela disciplina.

Este fato só serviu para deixar a garota de sardas apreensiva e tornou praticamente impossível para esta focar sua atenção em qualquer coisa que seu professor pudesse estar dizendo naquele momento, já que seu único ponto de interesse agora era o relógio que ficava acima do quadro onde ele explicava a matéria abordada naquele dia. 

Max então decidiu abrir mão de qualquer último esforço para assistir a aula e passou a apenas contar os minutos e torcer para que o tempo que restava para o momento de a sineta tocar passasse o mais rápido possível.

Quando isso finalmente aconteceu, ela saiu pelo campus da escola, andando apressada rumo aos dormitórios, atravessando atabalhoadamente a entrada do prédio e esbarrando numa das duas motivadoras de sua preocupação, quase a derrubando no chão no meio do processo.

- Desculpa, Kate! Eu te machuquei?

Max perguntou apreensiva, segurando os dois ombros de Kate e a analisando detalhadamente em busca de qualquer efeito colateral de seu quase 'atropelamento'.

- Tá tudo bem, Max. Relaxa! - A garota loira a confortou com um sorriso amável logo que se recuperou do esbarrão. - Mas por que tanta pressa? Você esqueceu algum livro no quarto?

- Não. Eu vim checar se você e a Victoria estavam bem, já que não deram as caras na primeira aula. Aconteceu alguma coisa? Seus pais apareceram aqui? Fizeram algo contra vocês? Ou foi...?

- Max, calma. Respira. - Kate tentou novamente acalmar uma Max com os nervos à flor da pele, mas que rapidamente entendeu o recado e tentou conter a torrente de perguntas que se revezavam em sua cabeça naquele instante.

Então, pacientemente, Kate pegou Max pela mão e a conduziu de volta às escadas da entrada dos dormitórios, sentando lá e esperando que a garota de sardas seguisse a deixa, fazendo o mesmo e as duas pudessem dar início à conversa e às explicações subsequentes.

- Tá tudo bem, tanto comigo como com a Tori. Pelo menos na medida do possível. - Kate começou a explicar, notando uma expressão forte de alívio preencher as feições de Max assim que ela concluiu a frase. - Eu só dormi demais. Por isso, não teve como eu chegar na primeira aula a tempo.

- Tá, mas e a Victoria?

- A Tori passou a noite toda comigo ontem e eu suspeito que ficou acordada até depois de eu dormir. - Kate contou numa mistura de culpa e gratidão. - Ela me deixou dormindo no colo dela e acabou cochilando sentada só pra não ter que me acordar. Aí, quando levantei hoje, já atrasada pra aula, vi o estado dela e a convenci a tirar o resto da manhã de folga para dormir de verdade e ela acabou concordando, mesmo que tenha sido um pouco à contragosto.

Max deixou escapar um leve sorriso após a conclusão da explicação, o que não passou despercebido aos olhos de Kate.

- O que foi?

- Você mandando na Victoria e ela obedecendo. - Max respondeu, observando a expressão de Kate se converter numa levemente ofendida. - Victoria Chase seguindo ordens de alguém. Quem poderia imaginar isso acontecendo um dia?

- Eu não a obriguei a nada, foi mais como uma sugestão persuasiva. - Kate começou a se defender, desviando o olhar para os jardins da frente dos dormitórios - Ela precisava dormir direito.

- "Sugestão persuasiva"? - Max repetiu num tom debochado - Tipo no dia que tomamos café juntas, né? Aquilo é o que você chama de "sugestão persuasiva".

Kate empurrou a garota de sardas com o próprio ombro, tentando condenar as risadas que só se tornaram mais intensas com a ação e, depois de um tempo, foi a vez da própria Kate rir da situação, enquanto refletia a respeito.

- Quando eu faço um exercício mental e tento viajar dois meses no passado pra comparar minha situação daquela época com a de agora, fico bem impressionada, pra dizer o mínimo.

Kate começou a falar num tom animado, com o olhar passeando pelo movimento dos estudantes  que voltavam para a área de convivência dos dormitórios depois de saírem de suas respectivas aulas, sem focar em nenhum lugar específico e Max entendia exatamente o que ela queria dizer, mais até do que gostaria. Por isso, preferiu apenas assentir e deixar ela continuar seu discurso sem interrupções.

- Como nós fomos de arquiinimigas para amigas e agora... namoradas. - Ela concluiu baixando o tom de voz e corando, como se compartilhasse um grande segredo. - Eu sequer imaginava que fosse querer namorar alguém um dia, quanto mais que esse alguém viesse a ser Victoria Chase.

- Não esqueça da parte em que você disse que estava apaixonada por ela na frente de todo mundo, incluindo seus pais.

Kate escondeu o rosto entre as mãos com aquele comentário, murmurando um "eu nem acredito que fiz aquilo" abafado, antes de voltar a encarar Max.

- Eu nem ao menos tinha dito aquilo pra ela diretamente até aquele momento. Aliás, eu nem tinha noção de que estava sentindo até dizer. Simplesmente saiu. Foi algo quase insconsciente.

- Nossa! E ela não disse nada depois? - Max perguntou, surpresa com aquela nova informação.

- Claro que disse. - Kate confessou, sentindo o próprio rosto esquentar ainda mais com a lembrança. - Ela entrou no assunto um pouco depois de vocês saírem.

~Flashback~

- Você vai passar a noite aqui? 

Victoria confirmou com apenas um gesto, enquanto observava Kate deitada em seu colo e acariciava seus cabelos numa tentativa de confortá-la em vista dos eventos recentes.

Os olhos de Victoria permaneciam em Kate, mas seu pensamento estava longe dali, junto à curiosidade que a devorava por dentro desde que saíram da casa dos Marsh, mas que ela conseguiu conter com ajuda de um esforço extra de seu bom senso, o qual repetia toda hora em sua mente que aquele ainda não era o momento ideal para aquela conversa.

- A menos que você não queira. 

Ela completou depois de um longo momento de silêncio, em que se manteve distraída apenas observando a figura pequena da outra garota de olhos fechados, parecendo quase totalmente relaxada e confortável em seu colo.

- Para com isso, Tori. - Kate respondeu num tom firme e irritado, ao que Victoria, meio por impulso e por força do hábito, interrompeu abruptamente os carinhos que fazia na cabeça dela e voltou a sua postura defensiva de sempre. - Meu deus! Não isso. - Kate completou  impaciente em resposta à parada súbita dos afagos que recebia - Eu me refiro a ficar toda hora agindo como se eu estivesse incomodada com a sua presença, quando é justamente o oposto disso.

- Desculpa. É que eu sempre acho que tô invadindo seu espaço. - Ela confessou com um sorriso desconcertado, ao mesmo tempo em que voltava a sua atividade anterior, para o deleite da garota menor - Ainda vai levar um tempo pra eu me acostumar.

- Eu entendo. Até porque também estou me acostumando com uma série de coisas. - Kate começou a responder, se pondo sentada na cama ao lado de Victoria - E, se você quer saber, eu ia te pedir pra ficar de qualquer forma. Eu não quero ficar aqui sozinha hoje de jeito nenhum.

Victoria sorriu, relaxando mais de sua eterna posição defensiva para se aproximar de Kate, segurar o rosto dela com uma das mãos e acariciá-lo, enquanto estudava detalhadamente o olhar da garota menor com o seu, se aproximando apenas depois de alguns minutos para beijá-la.

O beijo, que começou como vários pequenos selinhos sorridentes, se aprofundou e cresceu em intensidade, quando Kate decidiu acrescentar os próprios braços à ação, usando uma das mãos para segurar o nuca de Victoria e trazê-la para o mais perto possível de si, enquanto repousava a outra, ainda de forma desajeitada, sobre a cintura dela.

Levada pela abertura recebida por Kate, Victoria avançou da posição em que se encontrava previamente, ficando parcialmente sobre a garrota menor e a fazendo se deitar instintivamente na cama, enquanto o beijo prosseguia.

Logo as mãos da rainha de Blackwell estavam desbravando livremente o corpo da outra garota, enquanto sua boca trocava temporariamente a dela pelo pescoço, fazendo Kate sentir um misto de várias sensações novas e afastar Victoria quando já parecia quase impossível.

- Muito rápido. 

Foi tudo que ela pôde explicar para a garota confusa com o afastamento súbito, que logo sorriu com a justificativa e então se afastou automaticamente após um último beijo.

- Bom, a gente pode ir pro meu quarto e ficar assistindo filmes até você dormir. - Victoria sugeriu para uma Kate de rosto vermelho, tentando agir normalmente e ignorar o turbilhão de sensações que ainda a dominavam naquele instante. - O que você acha?

- É uma boa ideia. - Kate respondeu, também sentindo os sinais da ação de momentos antes ainda refletidos em seu rosto quente e na sua falta de ar.

- Ótimo! - Victoria sacramentou, se levantando da cama - Eu posso ir na frente e preparar tudo, enquanto você se troca e me encontra lá em seguida. Tudo bem?

Kate confirmou com um aceno de cabeça, ao que Victoria respondeu com um beijo rápido nela, saindo em disparada pela porta em direção ao seu próprio quarto. 

Depois disso, a garota mais nova selecionou roupas limpas para se trocar e partiu para o banheiro dos dormitórios para tomar banho e escovar os dentes antes reencontrar Victoria, agora no quarto dela.

Ela bateu na porta e foi recebida com um enorme sorriso pela outra garota e, então, as duas se sentaram na cama e começaram a assistir um dos filmes que Victoria havia selecionado, se mantendo quase a totalidade do tempo em silêncio, apenas fazendo alguns comentários esparsos em momentos decisivos da projeção.

Quando Kate fez um último comentário e não recebeu resposta, decidiu olhar para o lado onde estava Victoria para se certificar se ela estava ouvindo, bem a tempo de notar que a atenção da outra garota estava dispersa e seu pensamento muito longe dali.

- Tori, o que houve?

- Ahn?

- Ótimo! Agora eu não preciso nem explicar a pergunta.

Victoria sorriu desconcertada pela própria reação, olhando de Kate para o filme e do filme para as próprias mãos, sem saber direito como externar a questão que a estava consumindo desde o momento em que saíram da casa dos Marsh naquela noite.

Então, ela suspirou longamente e decidiu ser sincera, já que não sabia um jeito eficaz de fugir ilesa daquela questão.

- Eu estava pensando sobre o que você disse mais cedo.

- Qual parte? - Kate perguntou distraída.

- A em que você falou que estava apaixonada por mim. - Victoria soltou finalmente, notando Kate congelar do seu lado e ficar sem reação só pela lembrança do acontecimento.

- Tori, eu não quis dizer aquilo... eu... eu estava nervosa... falei impulsivamente...

A expressão de Victoria se transformou com a frase de Kate e ela não conseguiu disfarçar o incômodo que sentiu, nem em seu tom de voz inseguro, nem na derrota estampada em seu semblante.

- Ah... Então você não sente aquilo...

- Não... quer dizer, sim! - Kate respondeu atrapalhada ao notar a confusão que tinha causado. - Droga! Eu não tô conseguindo nem me expressar direito. Me deixa recomeçar. - Ela pigarreou e Victoria se manteve calada, esperando pacientemente a reformulação do discurso. - É claro que eu sinto o que disse. Eu só não deveria ter dito naquela situação, mas infelizmente acabou escapando porque eu estava fora de controle na hora. Eu deveria ter dito diretamente pra você.  Só pra você e em outra circunstância. Não no meio de uma briga horrível com meus pais, enquanto eu confessava ser gay.

Victoria ficou imediatamente aliviada ao ouvir a explicação de Kate, voltando a relaxar na cama e apenas balançando a cabeça em resposta.

- Eu meio que estava enlouquecendo com sua possível reação porque, mesmo sendo totalmente inexperiente em namoros, eu sei que é bem cedo pra dizer esse tipo de coisa.

- Meio que é mesmo. - Victoria concordou num tom agora bem humorado, abraçando Kate de lado e a beijando no rosto. - Mas isso é bom porque é genuíno e eu não quero que fiquemos presas a essas ideias pré concebidas de relacionamentos. E é até um alívio pra mim saber que você se sente desse jeito.

- Um alívio...? - Kate repetiu confusa, enquanto se deixava envolver no abraço, repousando a cabeça no ombro de Victoria.

- Uhum... porque eu me sinto da mesma forma há um milênio e estava esse tempo todo com medo de confessar pra você e te assustar.

- Sério? - Kate perguntou, com sua expressão transitando entre a surpresa e a felicidade pela revelação.

- Seríssimo! - Victoria confirmou sem pestanejar. - Eu não sei nem porque você se surpreende e, às vezes, tenho medo de explodir por causa de todas as coisas que eu acabo guardando só pra não alarmar os outros. Principalmente você.

- Então, vamos combinar uma coisa. - Victoria indicou que estava ouvindo e Kate decidiu continuar. - De agora em diante, tente ao máximo não esconder esse tipo de coisa de mim. Eu prometo que não vou me assustar.

- Eu prometo tentar.

- Eu sei o quanto é difícil pra você se expor ou se mostrar vulnerável, mas foi justamente esse seu lado que me conquistou e eu queria muito que você deixasse ele mais visível. - Victoria concedeu outra confirmação silenciosa. - Se não para os outros num primeiro momento, pelo menos quando a gente tá assim, só nós.

- Vou fazer meu melhor. Eu juro.

Kate pareceu satisfeita com a resposta, pois logo em seguida, trocou um beijo com a garota maior e se deitou confortavelmente no colo dela, como em sua posição inicial no próprio quarto, voltando sua atenção de novo para o filme e conversando sobre cada cena até pegar no sono momentos depois.

~Fim do flashback~

- Que bom que tudo terminou bem, pelo menos, na medida do possível.

Kate confirmou com um aceno, deixando escapar um suspiro cansado em seguida, enquanto refletia sobre o problema com os pais.

- Você conversou com eles? - Max perguntou, sem precisar citar a quem se referia, já que aquilo era praticamente auto explicativo para sua amiga.

- Só com meu pai. Ele me ligou umas mil vezes ontem, mas eu ignorei todas. Aí hoje de manhã ele voltou a ligar e, como eu já estava mais calma, atendi.

- E aí?

- Ele queria conversar comigo pessoalmente e sugeriu que eu fosse lá em casa hoje à tarde depois das aulas. - Ela comentou com um suspiro exausto. - Mas eu não concordei, porque não pretendo voltar lá enquanto a Tori não for bem vinda. Então, depois de muito debate, ele se propôs a vir até aqui mais tarde e me prometeu uma conversa franca.

Max considerou as palavras da amiga por um minuto, observando a expressão pensativa dela perdida em algum lugar impossível de ser definido na área externa dos dormitórios.

- E você acha que pode dar certo? Quer dizer, convencê-lo a apoiar vocês?

- Eu tenho fé que sim. - Ela confirmou, parecendo realmente segura de suas palavras. - Meu pai tem as reservas dele, mas é bem mais compreensivo que minha mãe. Eu não me iludo que a conversa vai ser tranquila, mas tenho certeza de que podemos nos entender.

A garota de sardas assentiu, pensando por alguns minutos antes de finalmente oferecer palavras de apoio e esperança à amiga.

- Eu sei que são situações bem diferentes, mas minha mãe também era totalmente contrária ao meu namoro com a Chloe no início e até mesmo à minha permanência aqui depois de eu ter sido baleada, mas com o tempo ela acabou se acostumando com a ideia e hoje em dia elas até se dão bem.

Quando Max se virou para Kate, ao concluir seu discurso de apoio, notou uma expressão preocupada se formar no rosto dela e, sem entender minimamente a reação, perguntou o que tinha acontecido.

Então, a garota loira simplesmente apontou em direção ao nariz de Max, indicando que ele estava sangrando. 

Isso foi o suficiente para deixá-la momentaneamente petrificada no lugar, para logo em seguida colocar os dedos no local e notar a amostra do líquido vermelho que escorria de lá cobrindo seus dedos parcialmente.

Max se levantou no mesmo instante, já voltando para a entrada dos dormitórios com o propósito de retornar ao próprio quarto para tentar conter o sangramento, enquanto Kate replicou a ação dela em seguida, pretendendo segui-la e auxiliá-la na tarefa, mas sendo impedida por ela antes mesmo de entrarem no prédio.

- Tem certeza que você vai ficar bem? - Kate perguntou, desconfiada e incerta se deveria mesmo seguir as recomendações da amiga.

- Tenho sim. Eu só vou pegar uns lenços pra estancar esse sangramento e já te acompanho. - Max reafirmou com uma das mãos já pressionando o nariz.

- Tudo bem, mas se você não aparecer, eu volto pra checar.

Max balançou a cabeça em concordância, tentando sorrir para afastar um pouco da preocupação de sua amiga, enquanto, dentro de si, o medo só crescia à medida em que ela se dirigia ao próprio quarto e sentia as familiares pontadas em sua cabeça aumentarem drasticamente.

Quando fechou a porta e passou a procurar um pacote de lenços no armário, ela percebeu que daquela vez o que estava sentindo podia ser mais grave. 

Isso ficou ainda mais evidente quando ela se deitou na cama, tentando usar vários lenços ao mesmo tempo para tentar conter o sangramento nasal, enquanto usava a mão livre para pressionar um ponto de sua cabeça que sofria com pontadas agudas, tentando conter a dor cada vez mais forte que a dominava de algum modo e calar as vozes que agora invadiam seu cérebro sem pedir permissão, sem que ela tivesse qualquer controle.

De repente, as vozes, as dores e o medo se tornaram mais intensos e ela notou sua visão  escurecer até finalmente perder a consciência e acordar em mais um de seus já conhecidos pesadelos. O primeiro que começou enquanto ela ainda estava acordada.

__________________________

Chloe chegou no apartamento animada, trazendo consigo um pacote contendo um jantar para duas pessoas e fechando a porta atrás de si calmamente, enquanto cantarolava a última música que havia tocado no rádio durante o trajeto de carro até ali. 

Entretanto, sua felicidade logo se desfez, quando pôs o pacote sobre a mesa e caminhou até o quarto em que Max se encontrava, a encontrando com o olhar desesperado, andando ainda de pijama de um lado para o outro, murmurando coisas para si mesma, com os olhos vermelhos de tanto chorar e alheia à sua chegada.

- Max, o que houve?

A pergunta pareceu despertar a fotógrafa da outra realidade em que estava presa, a levando a correr imediatamente na direção de Chloe e a abraçar com tudo de si, cravando as unhas em suas costas, como se tivesse medo que ela escapasse de seu enlace, enquanto voltava a chorar copiosamente.

- Por favor, Max, me diga o que aconteceu... Você tá me deixando preocupada!

- V-você... morreu... de novo. - Ela começou a explicar entre um soluço e outro. - V-você morreu... e, dessa vez, eu não... eu não consegui te salvar... eu tentei... tentei e tentei... eu não consegui...

Chloe respirou profundamente com o nariz perdido entre os cabelos da fotógrafa, já anestesiada demais para se desesperar com a probabilidade de sua morte iminente, apenas beijando a testa de Max e devolvendo o abraço, enquanto tentava acalmá-la. Embora soubesse que aquilo era uma missão quase impossível naquele momento.

- Quão no futuro é isso? - Ela perguntou calmamente, enquanto sentia a outra garota trêmula em seus braços e suas lágrimas encharcando sua camisa.

- Eu não sei exatamente... alguns meses... um ano... tem que haver um jeito, Chloe. Tem que haver! Você precisa me ajudar. 

- Você voltou no tempo? -  Chloe perguntou num tom sério, se afastando para olhar Max nos olhos e esperando para saber se acreditava na resposta - Você sabe que não pode mais fazer isso. Seu cérebro não vai mais aguentar.

- Eu não ligo. Eu não dou a mínima pra isso e você sabe. - Ela rebateu Chloe, enquanto enxugava as próprias lágrimas. -  Mas não fui eu dessa vez, foi minha versão do futuro e eu vi tudo. Tudo. Ela tentou várias vezes e não conseguiu.

Chloe suspirou cansada e caminhou até a cama, sentando nela e sustentando a cabeça nas duas mãos apoiadas nos cotovelos. Se mantendo em silêncio, enquanto refletia sobre todas as informações que acabara de receber.

- E essa não é a pior parte - Max voltou a falar com os olhos fixos na figura de Chloe, notando que aquela frase foi o suficiente para captar de novo a atenção dela - A outra Max está convencida de que você sabe porque isso está acontecendo e como evitar, mas está escondendo de mim por algum motivo.

Chloe arqueou as sobrancelhas, baixando a vista e encarando as próprias mãos, agora sem ousar encarar a fotógrafa.

- Isso é verdade, Chlo? - Max perguntou de braços cruzados, enquanto se aproximava do lugar onde ela estava sentada - Você sabe?

- Talvez seja meu destino morrer, Max - Chloe disse num tom de voz conformado, sem responder diretamente a pergunta, se levantando da cama, mas mantendo o olhar focado nos próprios pés - Talvez você só tenha adiado isso naquele dia no banheiro quando tomou aquele tiro e agora o inevitável chegou. 

- Você está mentindo! 

Max acusou Chloe, batendo no ombro dela várias vezes, à medida em que desabafava, enquanto a punk sequer se ocupava em tentar se defender ou desviar dos golpes. Apenas aceitava cada um dos ataques praticamente inerte.

- Você realmente até escondendo algo de mim! Mas por que, Chloe? Por que você se deixaria morrer, sem me dar a chance de tentar te salvar? Por quê?! Isso não faz sentido!

Enquanto Max voltava a chorar compulsivamente, perguntando os diversos "por quês" a uma Chloe que a mantinha abraçada a si, mesmo quando ela tentava lutar a todo custo para se desvencilhar e a empurrava numa clara tentativa de extravasar sua frustração.

A única coisa que a punk foi capaz de dizer após Max perder as forças e desistir de atacá-la, quando as duas se sentaram no chão exaustas e entregues, foi uma frase que só deixou a garota de sardas ainda mais apreensiva e confusa do que antes.

- Há coisas piores do que a morte, Max.


Notas Finais


Podem me xingar nos comentários, eu mereço. Só não me odeiem.
Ah, e tentem não sofrer por antecipação também. Nunca ajuda.

Bom fim de semana e até a volta! :)


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