História Amor Além do Tempo - Dúvidas

- Eu sempre quis fazer isso.

Chloe murmurou enquanto descansava abraçada a Max, agora que ambas estavam deitadas sobre uma mesa, enquanto suas peças de roupa se mantinham espalhadas pelo chão do auditório vazio com iluminação quase inexistente em que estavam.

- O que? Arriscar perder seu emprego?

- Foda-se meu emprego. Eu vou morrer em algumas horas mesmo.

A brincadeira de Max não teve o resultado esperado e ela desejou internamente poder fazer uso de seus poderes para corrigir o, até então, momento perfeito que estava tendo com sua esposa. 

Entretanto, ela sabia que não podia mais utilizá-los de forma impensada, não sem um bom motivo e ela os estava guardando para o momento derradeiro, aquele que vinha planejando meticulosamente durante todas as últimas semanas e que quase a impedia de dormir sequer uma noite completa durante todo aquele período. 

- Não fale assim... você sabe que eu odeio. - Foi a solução encontrada por ela para corrigir o próprio equívoco. Sem poderes, apenas com conversa, contato em forma de carícias e beijos, que logo mostraram ter o efeito planejado.

- Desculpa. Então, eu vou morrer, mas você vai dar um jeito de consertar, como sempre faz. - Chloe falou, pontuando o final de sua retratação com um beijo na cabeça dela. - Melhorou?

- Bastante.

- Mas, se essa fosse minha última memória antes de morrer, eu devo confessar que estaria imensamente satisfeita.

Chloe acrescentou com um sorriso debochado, recebendo um olhar de reprovação de Max, mas escolhendo ignorá-lo para dar início a uma conversa mais séria.

- Você acha que ela vai mesmo te ouvir?

- Às vezes você faz parecer que ela e você são duas pessoas completamente diferentes. - Max devolveu num tom bem humorado, se deitando de lado, sustentando a cabeça com ajuda dos cotovelos para observar a expressão preocupada agora presente no rosto de Chloe. - Mas, até onde eu sei, vocês são a mesma pessoa e, até hoje, discordando ou não, você nunca deixou de me ouvir. 

- Claro que somos a mesma pessoa, mas ela é uma versão bem mais nova, inconsequente e teimosa de mim. - Chloe contra argumentou, criticando abertamente a si mesma. - Você precisa da ajuda dela, mas nada garante que ela vá concordar com esse plano, quando nem eu mesma concordo totalmente.

Max sorriu com aquela desconfiança que mais parecia orgulho ferido ou até mesmo ciúme por não ser aquela Chloe a ajudá-la diretamente em sua última batalha.

A fotógrafa então se aproximou para beijá-la e afastar momentaneamente o incômodo que a punk carregava dentro de si com a situação, sem a necessidade de expor mais abertamente suas impressões para ela. Em vez disso, decidiu reafirmar sua confiança na Chloe do passado.

- Vamos esperar que eu ainda tenha nela o mesmo efeito que tenho em você.

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Diferente das outras vezes em que despertou de madrugada após um sonho com o futuro, Max não acordou Chloe dessa. Simplesmente se virou de lado na cama, ficando de frente para a punk e a observando demoradamente, enquanto esta permanecia dormindo, alheia ao que se passava.

Entretanto, não demorou muito para a garota de cabelos azuis acordar, quando começou a sentir os efeitos do afastamento repentino de Max. Chloe abriu um dos olhos e fixou na fotógrafa, que não demonstrou nenhuma reação. Então ela abriu o segundo, decidindo agora encará-la de volta, mantendo o tratamento de silêncio.

Mas Chloe era impaciente demais para continuar com aquela batalha silenciosa por muito tempo. Dessa forma, ela logo esboçou um sorriso, se ajeitando na cama e tentou iniciar uma conversa descontraída ao seu melhor estilo.

- Cara, eu sei que sou bonita, mas é bem esquisito você ficar me secando assim em plena madrugada, ainda mais quando eu tô dormindo. - Max continuou na mesma posição, sem demonstrar nenhuma reação à clara provocação de Chloe, a qual decidiu modificar a própria abordagem. - Sério! O que diabos você tá fazendo?

- Tentando perceber algum traço de que você esteja me escondendo algo. - Max finalmente esclareceu após as sucessivas tentativas de Chloe, a deixando automaticamente ofendida pela demonstração de desconfiança.

- E por que isso agora? - Ela perguntou num tom de voz claramente irritado.

- Porque eu tive um sonho em que a Max do futuro estava planejando voltar pra pedir sua ajuda em algo, enquanto a Chloe do futuro achava que você não iria me ouvir ou se dispor a ajudar.

Chloe voltou a se deitar totalmente na cama, afastando o cabelo do rosto com as duas mãos, enquanto tentava não deixar transparecer sua decepção com a descrença de Max.

- Essa Chloe do futuro é um pé no saco. - Ela murmurou de forma amarga, se virando para o lado contrário da cama em busca de sua carteira de cigarros, retirando um dentre os poucos ainda disponíveis e o colocando entre os lábios.

- Ela tem bons argumentos. - Max respondeu, notando a mudança de atitude dela, mas sem querer recuar de sua postura.

Foi o suficiente para tirar a punk do sério, a qual nem sequer se deu o trabalho de acender o cigarro, simplesmente o retirou da boca, se sentou na cama de braços cruzados, preparada para responder as acusações de Max, se pondo numa postura mais defensiva.

- Ah, então agora você tá do lado dela? Justo dela que não quis me salvar e estava te escondendo algo que eu estou te ajudando a descobrir? Valeu pelo voto de confiança, Max!

- Chloe, nós todas estamos do mesmo lado. - Max falou tentando minimizar a irritação de sua namorada - Ela e você são a mesma pessoa. Esqueceu?

A tentativa de argumentação de Max, ao perceber a situação que havia causado, foi em vão, já que Chloe estava muito chateada para dar ouvidos a qualquer coisa que ela pudesse dizer naquele momento.

- E o que a Max do futuro pensa disso tudo?

- Ela confia que você vai ouvi-la e acha que pode contar com sua ajuda quando chegar a hora.

- Obrigada, Max do futuro. - Chloe falou, erguendo as mãos ao céu, sem deixar Max completar seu raciocínio e voltando a se deitar de lado, agora de costas para ela, que continuava a encarando, mesmo depois de ser ignorada. - Pelo menos alguém nessa história confia em mim.

Chloe resmungou ao final da frase, depois de bufar e fechar os olhos numa tentativa de encerrar a discussão pela metade, mas Max não desistiu e passou a puxar insistentemente a punk pelo braço até fazê-la voltar a encará-la a contragosto depois de muito tempo.

- Eu também acredito em você. Em todas as versões de você. - Max acrescentou ao fixar seus olhos nos ainda magoados de sua namorada. - É que esse sonho me deixou ainda mais confusa e eu sempre tenho medo que você tente bancar a heroína de novo.

- Mas você saberia, se ela voltasse, Max. - Chloe respondeu, tentando ignorar o incômodo que ainda sentia com aquela situação e manter uma conversa civilizada com a nerd. - Quer dizer, é pro seu corpo que ela volta, não pro meu.

Max balançou a cabeça num gesto de negação, tentando se aproximar aos poucos da punk e acariciá-la sem ser rejeitada.

- Eu só tenho consciência da presença e dos pensamentos dela por alguns minutos, mas depois esqueço de tudo. Você precisaria me contar o que ela te dissesse. Por isso, ela precisa da sua colaboração, seja lá qual for o plano que tenha em mente.

Chloe arqueou as sobrancelhas, finalmente entendendo o porquê da desconfiança de Max e agora tentando se pôr no lugar dela para ficar menos irritada com sua reação anterior e lhe dar uma resposta que a acalmasse.

- Ela não veio. Mas, quando e se vier, eu vou fazer tudo o que for necessário pra ajudá-la e isso inclui ser honesta com você, como tenho sido até hoje. Tá bom?

Max sorriu e assentiu, agora sem jeito, observando a expressão ainda emburrada da punk e decidindo se deveria tentar ficar totalmente em paz com ela naquele momento ou se Chloe ainda estava brava demais para conseguir perdoá-la totalmente.

- Você me perdoa por duvidar de você? - Max perguntou finalmente, ainda sem querer se aproximar totalmente dela, evitando forçar uma situação incômoda para as duas.

- Claro que sim. - Chloe respondeu de imediato, decidindo finalmente eliminar a distância entre elas e a beijando. - Eu sei bem como esses sonhos podem ser capciosos e confundir nossa percepção.

- Obrigada. - Max respondeu suspirando aliviada e decidindo finalmente se deixar envolver e relaxar nos braços de Chloe. - Eu odeio brigar com você, especialmente depois de um dessas visões.

Chloe apenas balançou a cabeça em concordância, se mantendo abraçada a ela e, em seguida, buscando dar continuidade à conversa.

- Por falar nisso, como foi o resto do sonho? Como chegamos a essa conversa?

Max sorriu, sentindo o próprio rosto esquentar com a lembrança e agradecendo aos céus internamente pela penumbra do quarto e pela posição em que se encontrava camuflarem parcialmente o constrangimento estampado em suas feições.

- Nós estávamos trancadas numa sala de aula, que suponho que ficava no lugar onde você trabalha. - Max começou a explicar observando o movimento constante da cabeça de Chloe, confirmando que estava acompanhando. - Sem roupas, em cima de uma mesa.

Max concluiu, agora a encarando, bem a tempo de ver o enorme sorriso surgido no rosto dela com a conclusão inesperada da história.

- Boa, Chloe do futuro!

- Ah, agora você gosta dela? 

Max perguntou num tom irônico, cruzando os braços e condenando com o olhar o sorriso debochado que Chloe lhe direcionava, enquanto esta respondeu ao gesto, atacando o pescoço, o rosto e os ombros dela, a mordendo diversas vezes nos lugares mais aleatórios até fazê-la chorar de rir em meio às investidas.

- Não só gosto, como gostaria de pedir dicas pra descobrir como ela conseguiu te convencer a fazer isso.

Quando foi finalmente liberada dos ataques, Max balançou a cabeça num tom crítico, mas bem humorado, dando um beijo de boa noite em Chloe e virando de costas para ela numa tentativa silenciosa de encerrar o assunto.

- Vamos simplesmente voltar a dormir antes que você comece a considerar invadir Blackwell no meio da madrugada pra fazer algo desse tipo.

- Não entendo porque você sempre veta minhas melhores ideias antes mesmo de eu sugeri-las. - Ela respondeu, se aproximando da fotógrafa novamente para abraçá-la e se pôr numa posição confortável para voltar a dormir.

- Boa noite, Chlo.

- Boa noite, chata.

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Kate nunca foi acostumada a ser o centro das atenções de basicamente nada em sua vida, por isso mesmo seu dia estava sendo especialmente difícil, já que estava tendo que ignorar os diversos olhares direcionados a ela desde as primeiras horas da manhã em todas as suas atividades por Blackwell.

Durante as aulas, ela tentou fingir que os cochichos intermitentes que ouvia não tinham ela como alvo, mas era muito difícil convencer a si mesma daquilo, quando eles aconteciam bem às suas costas e ela tinha quase certeza de ouvir o próprio nome ser mencionado entre uma frase e outra

A situação se fazia ainda mais complicada porque, assim como no dia anterior, ela estava sozinha na sala, sem Max ou Victoria para lhe darem cobertura.

Por isso, assim que o sinal tocou, ela correu para a biblioteca numa tentativa de ter um momento de paz, enquanto esperava o momento de reencontrar uma das duas garotas para dividir um pouco o foco das atenções ou, pelo menos, se distrair do falatório constante conversando com elas.

Mas, nem num ambiente onde teoricamente teria acesso a um silêncio absoluto, os cochichos cessaram. Na verdade, eles pareciam potencializados pela calma da biblioteca. Sendo basicamente o único som presente no lugar.

Ela tentou ignorá-los de novo, mas perdeu a paciência depois de poucos minutos, desistindo de permanecer lá e saindo apressada e irritada, com os olhos fixos no chão, enquanto andava rumo aos dormitórios. 

E, nesse passo, ela acabou dando um enorme esbarrão em outra pessoa pelo caminho, derrubando quase todos os seus pertences pelo chão do corredor como resultado do choque. Para seu alívio, essa pessoa era Chloe Price, que a observava confusa, acompanhada de vários de seus amigos.

- Que sorte que você esbarrou em mim e não num poste, hein, Kate? - Chloe brincou enquanto se agachava para ajudar a atrapalhada garota menor a juntar suas coisas e acenava para o resto de seu colegas seguirem sem ela.

- Desculpa, Chloe, eu não estava prestando atenção. Eu... eu tô meio estressada hoje.

Ela respondeu com uma expressão desconcertada, enquanto alisava a própria testa e recebia em sua mão livre os objetos recolhidos pela punk.

- Relaxa, cara. Tá tudo bem. Mas pra onde você tá indo assim com tanta pressa?

- Eu tava só indo, na verdade.

Kate confessou olhando ao redor, desconfiada, enquanto os transeuntes do local trocavam olhares de esguelha ao passarem por ela e faziam comentários num tom baixo, dos quais ela certamente nunca descobriria o conteúdo, mas que não tinha dúvida que se referiam a sua pessoa.

Chloe não demorou a entender a situação, escolhendo enfrentá-la a seu próprio modo, passando um braço por cima dos ombros da intimidada garota menor e a conduzindo sem convite até o pátio central do prédio da escola, desferindo olhares ameaçadores pelo caminho para quem quer que ousasse encarar Kate ou mesmo parecesse estar falando sobre ela.

- Cadê a Vic? - Chloe perguntou quando já estavam perto da saída.

- A conversa que ela ia ter com meu pai está acontecendo agora. Nesse exato minuto. - Kate respondeu enquanto notava os olhares em sua direção diminuirem drasticamente pela ajuda silenciosa da punk. - E quanto à Max?

- Hoje foi o primeiro dia dela no psicólogo. Eu a deixei lá antes de vir pra aula e minha vai trazê-la de volta. 

Chloe explicou rapidamente, enquanto sentava próxima a uma das árvores do pátio e esperava Kate fazer o mesmo, mas instantaneamente a atenção dela se voltou para um grupo de alunos que não parava de olhar na direção delas e mal disfarçava o que estava fazendo.

- Ei, o que vocês estão olhando? Perderam alguma coisa aqui?

- Chloe, tudo bem... deixa. - Kate tentou interceder, sentada numa posição cada vez mais acuada à sombra da árvore.

- Relaxa, Marshmallow. Pode deixar comigo. - Ela falou sorrindo pra Kate e, em seguida, se aproximando da mesa onde estava o grupo. - Eu queria saber se vocês têm algum problema com minha amiga Kate porque isso significaria que vocês também tem um comigo e, consequentemente, com o restante dos meus amigos. Então, achei melhor vir até aqui resolver esse possível mal entendido.

As pessoas da mesa imediatamente contemporizaram e se explicaram, mudando completamente a postura em relação à situação e principalmente à figura de Chloe, que se mantinha calma, mas sem perder o teor ameaçador em seu discurso ou seu olhar.

- Parece que foi tudo um grande engano, né? E agora que está explicado e superado, espero que vocês parem de importunar a Kate de uma vez por todas porque a próximo conversa que teremos, se isso voltar a acontecer, não será tão agradável quanto essa, nem envolverá só a mim. Tenham um bom dia.

Chloe concluiu seu discurso com um sorriso e, em seguida, deu meia volta e caminhou calmamente para sua localização prévia, ao lado de Kate.

- Meu deus, Chloe, você é louca. - Kate comentou, assustada com a cena que assistiu de longe.

- Isso não foi nada, Marshmallow. Essa galera é do tipo que curte fofocar pelas costas, mas não faz nada além disso. Daqui a pouco encontram outro alvo pras línguas deles. - Chloe explicou, tentando tranquilizar Kate. - Mas, se te serve de consolo, acho que você não virou assunto por ter beijado uma garota, mas sim por essa garota ter sido a Victoria. Vocês não são exatamente o casal mais esperado pelas bolsas de apostas nos assuntos do colégio.

- É, eu sei. Só não esperava uma repercussão tão grande por causa disso.

- Mas relaxa, porque vai ficar mais tranquilo quando a novidade passar. - Chloe tentou minimizar a situação, colocando mais uma vez o braço sobre os ombros da garota tímida. - E tem mais, eu te vejo como uma irmã caçula e você pode sempre recorrer a mim quando precisar. Combinado?

Kate concordou com um sorriso tímido, enquanto a punk usava a mão que antes estava sobre o ombro para bagunçar os cabelos dela.

- Price, tire suas mãos de cima da minha namorada.

- Uh! Olha ela querendo dar uma de ciumenta. Que medo! - Chloe debochou, balançando ambas as mãos e fazendo gestos afetados, além de caras e bocas, enquanto Victoria se sentava do lado livre de uma Kate sorridente, a cumprimentando com um beijo no rosto.

- É bom mesmo, sua idiota espaçosa. - Ela devolveu já aguardando a tradicional resposta atravessada de Chloe e imaginando a própria réplica.

- Cara, a Marshmallow está sob minha proteção. Os incomodados que reclamem com a gerência, a qual, lamento informar, está ausente no momento.

- E pra que mesmo ela precisa da sua proteção?

Kate explicou resumidamente o que aconteceu durante a manhã que Victoria esteve ausente, a deixando irritada com a história, a ponto de fazê-la esquecer sua rotineira troca de farpas com Chloe.

- Esse colégio é um ovo mesmo. Que droga! Só faltava essa. - Ela reclamou irritada - E eu pensando que o pior que podia ter acontecido hoje era meus pais descobrirem sobre nós antes de eu ter chance de contar. - As duas garotas balançaram a cabeça e arregalaram os olhos surpresas com aquela informação. - Só pode ter sido a Taylor ou a Courtney. Com certeza foi uma represália porque estou meio afastada delas. Mas elas vão me pagar por isso.

- Mas você acha que eles vão ficar bravos ou, não sei... até fazer algo pior? - Kate perguntou num tom de voz inseguro e com um semblante preocupado, impossível de ser disfarçado.

- Pode ficar tranquila, Kate. Meus pais não ligam se você tem um pênis. - Victoria falou tranquilamente, fazendo a garota menor ficar vermelha como um pimentão e Chloe gargalhar. - Eles estão mais preocupados com coisas idiotas como sua certidão de nascimento e seu sobrenome, mas foda-se. Isso não importa, já que você está namorando comigo e não com eles.

- E você tá de bom humor, hein? - Chloe comentou para uma Victoria que estava focada em encarar Kate, mas logo direcionou a atenção para ela - O que houve? 

- Acontece que a conversa com o pai da Kate foi melhor do que eu esperava. - Ela explicou empolgada, sem tentar disfarçar o sorriso. - Eu estava tendo um treco antes de ele aparecer, mas foi o oposto da "conversa" com a mãe dela.

- Isso é um alívio. - Kate deixou escapar, recostando a cabeça timidamente no ombro de Victoria e sendo afagada por esta.

- Ele foi bem franco, falou que não concorda 100% conosco enquanto casal, que é difícil pra ele se acostumar com a ideia, mas que vai tentar porque é inegável o quanto você está feliz.

- Ele disse isso? - Kate perguntou surpresa.

- Aham. E também disse que está do nosso lado e que vai fazer de tudo pra nos ajudar e tentar amolecer um pouco o coração da sua mãe, mas eu falei que duvidava muito que essa parte fosse possível. - Victoria confessou, fazendo tanto Chloe como Kate rirem da resposta - Eu tinha que ser sincera também.

- E depois disso?

- Depois ele me pediu pra dizer o que eu sentia por você e essa foi a pergunta mais fácil e mais difícil que ele fez ao mesmo tempo.

- Como assim? - Kate perguntou, totalmente confusa com a frase.

É que, pra mim, a resposta já estava na ponta da língua há tempos, mas foi meio surreal dizer diretamente pro seu pai que eu te amo, te admiro imensamente e que imagino construir uma vida inteira ao seu lado, como jamais imaginei com qualquer outra pessoa e que pretendo fazer de tudo pra que isso se torne realidade um dia.

Kate ficou boquiaberta com a confissão espontânea de Victoria, que aproveitou o silêncio dela para concluir seu relato.

- E eu acho que fui bem convincente porque ele até me deu um abraço depois que eu terminei de falar. - Ela falou orgulhosa.

- Você sempre é convincente, quando se abre.

Kate falou para um Victoria sorridente que a encarava com uma expressão amorosa e a sentia corresponder com o mesmo sentimento, fazendo ambas se perderem naquele momento de contemplação até serem interrompidas por uma Chloe impaciente, já cansada de esperar em silêncio pela continuidade daquele momento.

- Gente, vocês podem se beijar agora. Se quiserem, eu faço até uma barreira pra nenhum curioso ficar olhando. - Chloe brincou, levada pelo olhar das duas garotas que permaneciam fixos um no outro, mas sem as impedirem de rir da sugestão.

- Obrigada pela oferta, Chloe, mas não vai ser preciso.

Kate falou e, em seguida, se aproximou de Victoria, a puxando em sua direção e a beijando ainda mais intensamente que dá primeira vez que fizeram aquilo em público, ignorando qualquer inibição que poderia ser provocada pelos olhares que voltavam a observá-las.

- É, acho que minha missão aqui está cumprida. Vou voltar lá pra onde está o resto do pessoal e deixar vocês a sós até a Max voltar, porque não tenho talento pra ser vela.

A punk brincou, fazendo as duas garotas rirem e interromperem o beijo, enquanto a observavam se afastar em direção ao grupo dos skatistas.