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História Amor Além do Tempo - 1001 Formas de Morrer


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


O lado bom do último capítulo ter atrasado é que esse chegou mais rápido. E é aqui que eu começo a fazer vocês sofrerem mais que término de namoro longo.

Me perguntaram se eu ia sugerir músicas também nessa fic, o que eu não tinha pensado ainda, mas vou tentar sim. Nesse capítulo, não consigo pensar em nenhuma melhor que Obstacles, já que a narrativa começa no final do jogo.

Boa leitura! :)

Capítulo 6 - 1001 Formas de Morrer


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - 1001 Formas de Morrer

Max não conseguia precisar exatamente quantas vezes viu sua melhor amiga morrer bem diante de seus olhos no curto espaço de cinco dias. Quer dizer, cinco dias, se ela não contasse exatamente todas as linhas do tempo, realidades alternativas e fotos pelos quais viajou para tentar salvá-la. Na verdade, Max sentia como se tivesse envelhecido mil anos naqueles poucos dias.

Ela sabia que provavelmente não veria tantas mortes de pessoas diferentes durante toda a sua vida em um número que chegasse ao menos próximo da quantidade de vezes em que viu Chloe morrer, nem mesmo se vivesse 100 anos. Fosse perfurada por objetos cortantes, atropelada por um trem, saltando em um abismo, agonizando sem movimentos em uma cama, drogada até sofrer uma overdose num bunker escondido em um velho celeiro, atingida pelo ricochete de um projétil da arma que ela mesma disparou ou pelo tiro do revólver de uma outra pessoa. Não importava o que Max fizesse, a realidade ou a linha do tempo em que estava, Chloe sempre acabava morrendo. E Max tinha que voltar. Ela nunca desistia. Ela nunca era capaz de deixar Chloe partir.

Ela não podia viver com a imagem de sua melhor amiga morrendo num banheiro, completamente sozinha, com o pensamento de que ninguém se importava com ela, de que todas as pessoas que ela mais amava a abandonaram, de que Max nunca tinha voltado para sua vida. A garota de cabelos castanhos não conseguia aceitar a ideia de que o poder que ela havia adquirido no momento em que salvou sua amiga pela primeira vez, não serviria para salvá-la de verdade, só para tornar sua sorte ainda mais miserável. E que, para mantê-la viva, seria necessária a aniquilação de uma cidade inteira em contrapartida. Que tipo de joguete doentio do destino era aquele? 

Mas Max sempre voltaria de novo. Quantas vezes fosse necessário, até alcançar seu objetivo.

Na morte mais recorrente de Chloe, baleada à queima roupa no estômago por Nathan, Max tinha voltado ao banheiro de Blackwell tantas vezes e revivido a cena de tantas formas diferentes que nem sequer sabia mais qual era linha do tempo original. 

Tocar o alarme antes que eles entrassem no banheiro, aparecer enquanto Chloe checava o perímetro, se envolver na conversa e tentar lidar com ele racionalmente como fez com Kate no telhado, abordá-lo no meio do corredor e desarmá-lo, todas as combinações possíveis resultavam sempre no mesmo denominador comum: Chloe morria ou as duas simplesmente tinham que enfrentar o tornado mais uma vez. 

Por isso, Max começou a viajar dentro de uma foto, já estando em outra, pois ela não se importava se aquilo bagunçaria ainda mais a realidade ou se seu nariz sangraria até o ponto de deixá-la inconsciente ou fazê-la morrer de uma hemorragia, já que seu objetivo era muito claro como sempre foi desde o início: Salvar Chloe Price.

O que acontecia como consequência: Chloe morria em um acidente de carro, ou Joyce morria em um acidente de carro e Chloe se matava, Chloe era morta por Frank, por Nathan e até por Mark Jefferson.

O resultado mais incomum que conseguiu atingir em suas viagens através das fotos foi a da realidade em que, em vez de Chloe aparecer no banheiro, quem apareceu foi Rachel tendo um diálogo bastante parecido com o da garota de cabelos azuis e também sendo baleada no final. O único sinal de Chloe naquela realidade eram os cartazes de desaparecida espalhados por toda Blackwell, com uma versão dela ainda loira e bastante sorridente. Ela suspeitou que tinha sido Rachel a colá-los mas nunca teve a oportunidade de perguntar, ou talvez tenha chegado a saber e esqueceu, depois de percorrer outras centenas de realidades diferentes.

O último recurso de Max foi deixar a cidade ser engolida pelo tornado, mas ela não pôde permanecer nesse universo muito tempo, pois não conseguia se acostumar com a visão de uma Chloe desolada, completamente destruída, rastejando em meio aos destroços do que um dia foi sua cidade natal, numa busca desesperada pelo corpo de sua mãe. Sempre se culpando, se martirizando, por se sentir responsável por todas aquelas mortes, nunca se achando merecedora de ter sido escolhida em detrimento de todas aquelas pessoas. 

Max também se sentia em pedaços, como se tivesse assassinado cada uma daquelas pessoas pessoalmente, com suas próprias mãos, e ainda destruído para sempre qualquer chance de recuperação de sua amiga como consequência e de uma vida minimamente próxima de algo normal para as duas.

Então novamente Max fez o que sempre fazia: voltou no tempo.

- Max, esse é o único jeito!

E lá estavam elas de novo, no farol, assistindo o tornado se aproximar de Arcadia Bay, pronto para destruir a cidade com sua fúria avassaladora, enquanto Chloe se virava para ela, entregando em suas mãos a foto da borboleta pousada no balde de metal, aquela que deu início a tudo. Chloe estava determinada a se sacrificar pela cidade que tanto odiava, sempre repetindo o mesmo discurso independente da linha do tempo.

- Foda-se isso! Você é minha prioridade número 1 agora. 

- Eu sei, você me provou isso inúmeras vezes essa semana. Mas tem tantas pessoas nessa cidade que merecem viver mais do que eu...

Max não aguentava mais ouvir aquilo de novo e de novo, como naqueles pesadelos em que você não consegue sair do lugar por mais que tente se mexer. Aquilo era exaustivo demais, massacrante.

- Não diga isso, eu não vou te trocar.

- Talvez você só esteja atrasando meu real destino. - ela começou o discurso altruísta que Max já sabia decorado de trás pra frente - ...Te reencontrar essa semana foi o melhor presente de despedida que eu podia imaginar receber. Não importa em qual realidade, tudo o que vivemos nessa semana foi real e ninguém vai poder tirar isso de nós.

Mas você vai esquecer de tudo.

Eu não posso fazer isso. - Max disse num tom desesperado, não importava quantas vezes passasse por aquilo, ela nunca se acostumava. Chloe se aproximou a abraçando e tentando acalmá-la.

- Não, Max. Você é a única que pode. - ela começou, mas Max não a soltou, ela não queria deixá-la partir. Não de novo.

Max olhou para a foto em sua mão e finalmente lhe ocorreu uma ideia, uma que não havia tido em todas as milhares de vezes que aquela cena se repetiu. Uma que parecia tão óbvia, que ela até se sentiu estúpida por nunca ter cogitado antes.

- Max, está na hora. - ela voltou a falar, mas Max se encontrava em outra dimensão, seus pensamentos estavam distantes, planejando e já sabendo o que a esperava depois dali. Finalmente sua última viagem no tempo. - ...Você é minha heroína, Max!

A garota mais nova não pode mais se conter, segurou o rosto de sua amiga entre suas mãos e a beijou, com todo o amor que pôde, nunca querendo deixá-la partir e, ao mesmo tempo, tentando gravar para sempre aquela memória dentro de si. Provavelmente a última que teria das duas juntas.

- Eu sempre vou amar você! Agora saia daqui, por favor... Faça logo antes que eu surte. - a garota de cabelos azuis falou se afastando - E, Max Caulfield... nunca esqueça de mim.

- Nunca. - Max falou quase num sussurro, enquanto olhava da amiga para a foto em suas mãos - e, Chloe, talvez você esteja errada sobre ter apenas um jeito de resolver isso.

- O que... o que você quer dizer?

Finalmente um diálogo novo naquele momento, um diálogo que acendia uma faísca de esperança no peito de Max e que não a permitiu esconder totalmente seus planos de sua amiga.

- Alguém precisa levar um tiro naquele banheiro e é isso o que vai acontecer.

- O que você está planejando? Max?!

Chloe começou a entender as intenções da amiga, aos poucos, enquanto esta começava a olhar para a foto, se preparando para focá-la e viajar no tempo novamente. Pela última vez.

- Eu sempre vou te amar também e agora finalmente sei como te salvar. - a garota morena concluiu sorrindo entre lágrimas.

- MAX, NÃO... - Ela sentiu sua amiga se aproximando rapidamente e suas mãos segurando seus ombros com firmeza, mas já era tarde. A foto começou a tremer, ela já ouvia os barulhos vindos de dentro dela e uma luz ofuscante como a de um flash trazendo-a de novo para o banheiro de Blackwell, para o momento derradeiro.

Max se escorou contra um dos boxes esperando Nathan entrar no banheiro, o que não demorou mais do que alguns minutos para acontecer. Então ele começou a falar sozinho até Chloe aparecer para checar o perímetro e iniciar a conversa dos dois. Max se posicionou para assistir a discussão, que se repetia exatamente como da primeira vez, esperando pelo momento certo.

- Você não sabe com quem você está se metendo! - Finalmente Nathan falou sacando sua arma e Max sabia que estava quase na hora. E ela se sentia incrivelmente leve e calma para alguém que estava prestes a sacrificar a própria vida.

- Onde você conseguiu isso? O que você está fazendo? Baixe essa arma!

- NUNCA me diga o que fazer.

Era o momento que Max estava esperando. Com isso, ela finalmente saiu de seu esconderijo e se preparou para encarar o destino que escolheu para si, com a mão direita erguida, não para voltar no tempo novamente, mas apenas como um instinto de defesa que ela não conseguiu evitar naquele momento.

- NATHAN, PARE!

Tudo aconteceu tão rápido que Max mal pôde assimilar com precisão. Num segundo, estava observando o olhar psicótico de Nathan e o aterrorizado de Chloe e, no seguinte, ouviu um disparo e sentiu uma dor lancinante em seu abdômen, adentrando seu estômago, como se tivesse sido queimada com brasa no local em que o projétil a atingiu. Então, ela olhou pra baixo e tudo que pôde ver foi sangue, espalhado por toda sua camisa, formando uma poça enquanto suas pernas cediam e ela caía no chão.

Ela levantou sua mão direita tentando voltar no tempo, mas em vão. Ela conseguia sentir sua vida se esvaindo aos poucos, na mesma medida em que seu sangue se espalhava pelo piso do banheiro.

- MAX?! OH MEU DEUS, NÃO!

Chloe empurrou Nathan com força, o jogando contra a pia e correu em direção à sua amiga, se jogando no chão perto dela, ignorando a poça vermelha que a circundava e a segurando em seus braços, enquanto tentava estancar com uma das mãos o sangue que continuava a jorrar do lado direito de seu estômago. 

Nathan assistia tudo com um olhar desesperado, até cair em si, deixar a arma que segurava cair no chão com o cano ainda quente e correr dali o mais rápido que foi capaz.

- Max, por que você fez isso? Que droga!

- E-eu consegui, Chlo... eu te salvei... finalmente...te salvei. - ela falou com dificuldade e um meio sorriso, enquanto tossia e cuspia um pouco de sangue.

- Merda, Max! Do que você está falando? Você não deveria... Merda! ALGUÉM, POR FAVOR, SOCORRO!

- Ch..lo... Meu diário... por favor... - ela levantou a mão ensanguentada, tentando chamar a atenção da amiga, deixando uma mancha vermelha no lugar onde tocou seu rosto - el...e explica tu-do.

- Pare de falar, Max. Por favor, fique quieta... Você tem que ficar bem...

- Por... favor, Chlo... Leia... diário... Na... Moch-ila

Uma torrente de lágrimas corria descontroladamente pelos olhos de Chloe e molhava o rosto inteiro de Max, se misturando e diluindo as gotas de sangue que respingaram nela.

- Cale a boca, Max, por favor. Apenas fique viva... ALGUÉM, POR FAVOR. MINHA AMIGA FOI BALEADA!

- Desc...ulpe ter... ido emb..ora... e não... não... ter ligado.

- Está tudo bem, Max! Você me salvou... Você vai ficar bem. - Chloe mal conseguia ver o rosto da amiga, já que seus olhos estavam completamente tomados pelo fluxo constante de lágrimas, ela mal conseguia formular palavras graças ao nó imenso presente em sua garganta. Seus pensamentos eram uma bagunça completa.

- Leia... meu... diário - Max insistiu enquanto a dor em seu abdômen se tornava cada vez mais insuportável e seus olhos mais pesados, tornando quase impossível mantê-los abertos - eu... eu... eu amo... eu amo... você.

- Não! Não ouse dizer isso e me deixar de novo, Caulfield! Não ouse morrer aqui!

Mas Max não podia mais ouvi-la. Ela apenas fechou os olhos e tudo ficou na mais completa escuridão. A última coisa que conseguiu distinguir foi o barulho da porta se abrindo abruptamente e passos rápidos se aproximando.

Então ela desmaiou com a certeza de que finalmente tinha vencido e que poderia descansar.


Notas Finais


Há um boato de que Life is Strange foi planejado para ter três opções de final e um deles terminaria num hospital. Essa seria minha própria versão do final dele, se eu pudesse escolher.

Não sei vocês, mas até hoje não me conformo com as duas escolhas possíveis.

É isso! Beijos e até a volta.


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