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História Amor Além do Tempo - Efeito Borboleta


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Voltei pra acalentar o coração de vocês. Hehe!

Pelo tanto de comentários que recebi no último capítulo, eu só posso supor que vocês gostam mesmo de sofrer e que são bem compreensivos, já que me perdoaram pela maldade.

Tiveram também algumas perguntas tipo "e o Chasemarsh? E agora elas nunca mais vão se ver mesmo? Vai mudar tudo?" etc, etc, etc.

Calma, galerinha! Vocês vão saber no devido tempo, não sejam precipitados. Já no fim desse capítulo, eu vou tentar adiantar algo a respeito.

Por enquanto, boa leitura! :)

Capítulo 62 - Efeito Borboleta


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Efeito Borboleta

Alguns meses após sua fatídica e última viagem no tempo e sem memória de qualquer coisa que viveu antes em qualquer uma das linhas do tempo em que esteve, a jovem Max agora estava empenhada em uma de suas atividades favoritas: explorar a cidade. 

Mais que explorar, dessa vez, a garota de sardas estava obcecada por encontrar na natureza a figura recorrente da borboleta azul que insistia em aparecer em seus últimos sonhos e a qual ela não conseguia reproduzir em forma de desenho, tão bem como queria, só puxando pela memória. Ela precisava de mais, de uma amostra física daquele ser como molde para a criação de sua arte.

Mas a borboleta não era a única personagem presente nesses sonhos. Havia outra figura recorrente neles, uma ainda mais misteriosa, sem rosto ou voz e, por isso mesmo, mais difícil ainda de ser descrita, se tornando mais instigadora ainda da curiosidade da garota, só que, por razões óbvias, seria muito mais difícil de ser encontrada em Arcadia Bay.

A única pista clara de sua identidade estava na cor incomum de seus cabelos que, por coincidência ou não, era semelhante à da borboleta, o que só servia para deixar a pequena Max ainda mais ávida por solucionar aquele mistério.

E, com isso em mente, ela percorreu o parque próximo de sua casa, ignorando o movimento e o barulho das outras crianças que eram presença constante no local, examinando os arbustos, as flores e até mesmo as árvores, em busca de qualquer sinal da existência do curioso inseto que tanto a intrigava.

Quando Max já estava prestes a abandonar sua busca daquele dia e voltar para sua casa para o almoço, a borboleta surgiu quase magicamente, voando livre pelos limites do parque, sua cor se destacando em meio ao branco da neve a medida que ela movia as asas fluidamente, indo em direção a um arbusto baixo e bem podado, onde finalmente pousou.

Com toda a calma do mundo, Max se aproximou do local, tentando manter o máximo de leveza em seus movimentos e, por vezes, prendendo a respiração instintivamente para não espantar o inseto. Assim, ela ficou a centímetros da borboleta, que parecia continuar alheia a sua presença e, por isso, nem sequer fez menção de bater as asas levemente quando a nerd se abaixou, ficando no mesmo nível e a centímetros dela, hipnotizada pelo próprio achado.

Movida basicamente por impulso, já que estava completamente enfeitiçada pela presença do diminuto ser pelo qual tinha se tornado quase obcecada, Max esticou a mão calmamente, extinguindo quase por inteiro a distância entre ela e o inseto, mas um movimento brusco e um choque inesperado contra suas costas não só a impediu de cumprir o intento de tocá-la, como também a jogou no chão sobre uma grande pilha de neve.

- Merda! Desculpa, cara... eu vinha correndo e nem te vi aí agachada.

Ela ouviu de uma voz feminina desconhecida às suas costas, mas naquele momento sua atenção estava mais focada em livrar suas roupas da neve que agora a cobria quase inteiramente e em recuperar o colar de balas caído no chão, que por coincidência havia surgido inexplicavelmente em sua posse quase no mesmo período em que os sonhos misteriosos e recorrentes começaram.

- Você tá bem?

A voz insistiu num tom incerto, enquanto a garota de sardas se levantava com o cordão em uma das mãos e se virava para finalmente conhecer a pessoa que a tinha "atropelado". 

A garota loira, que ela já havia visto de relance em vários lugares da cidade, a encarava com um olhar curioso, enquanto esperava pacientemente uma resposta.

- Tô sim... só me arranhei um pouco. - Max respondeu de forma concisa, sem permanecer muito tempo observando a desconhecida, já que naquele momento ela estava mais preocupada em checar se todas as suas coisas estavam em ordem e consigo para poder ir embora.

- Melhor assim. A propósito, valeu por pegar meu cordão porque eu nem vi que tinha caído, mas será que você poderia me devolver agora, por favor? - A garota falou de repente, já aliviada por não ter causado nenhum estrago maior em Max, erguendo uma das mãos em direção a ela e esperando que esta lhe entregasse o colar.

- O que? Não...! - Max se negou com uma expressão incomodada, afastando dela a mão que segurava o objeto e recuando alguns passos num gesto defensivo de puro reflexo.

- Como não? Isso é meu. 

- Não é não. - Max insistiu, franzindo o cenho e a encarando com um olhar indignado.

- Qual é, cara? Você não parece uma ladra. Só me devolve isso, aí eu vou embora e a gente nunca mais se vê.

Ela tentou argumentar, embora estivesse no limite de sua paciência, enquanto Max permanecia firme e decidida a enfrentar a qualquer custo a garota visivelmente maior.

- Não pareço ladra porque não sou. - A nerd se defendeu com firmeza e com uma coragem que ela nem ao menos sabia que possuía até aquele instante. - Esse cordão é meu.

A insistência de Max estava dando nos nervos da garota desconhecida, que bufou, mordendo a língua e evitando soltar a sucessão de xingamentos que passavam por sua cabeça naquele momento, até que um pensamento invadiu sua mente e a levou a colocar uma das mãos no bolso do casaco que vestia e, em seguida, mudar completamente a expressão em suas feições ao encontrar uma versão bastante similar do colar que Max defendia, com unhas e dentes, como seu.

- Ah meu deus! - Ela falou de repente, mirando de olhos arregalados uma Max ainda desconfiada. - Você tem um cordão igual ao meu. Isso é completamente insano! Onde você achou isso?

- Simplesmente apareceu nas minhas coisas há alguns meses. - Max contou, desviando o olhar para a rua, sem saber porque estava confiando um de seus maiores segredos a alguém que acabara de conhecer.

- Puta merda! Foi o mesmo que aconteceu comigo. - A garota falou empolgada, sem nem 1% da cautela de Max. - Você sabe o que isso significa, né? - Max apenas arqueou as sobrancelhas, esperando o complemento que sabia que viria para aquela pergunta retórica. - Nós estamos ligadas por eles provavelmente pra vida toda.

- Eu pensei que eu fosse uma ladra há alguns minutos. - Uma Max ainda indignada ironizou a empolgação da garota com a semelhança dos cordões, esboçando um sorriso pelo exagero contido na frase dela.

- Bom, você obviamente não ouviu direito. Na verdade, o que eu disse foi que você não parecia uma ladra e, pelo visto, eu estava certa. Como sempre. - A garota se defendeu num tom confiante.

- Certa como quando achou que esse cordão era seu? - Max ironizou outra vez, agora rindo abertamente da reação da outra garota ao ser pega em contradição.

- Cara... não muda de assunto. - Ela desconversou, sem confessar a própria derrota. - Você já parou pra pensar que esses dois cordões juntos podem ser a chave de um tesouro secreto?

- Um tesouro? - Max repetiu, recebendo a confirmação imediata da garota e mal acreditando naquela suposição fantasiosa. - Você deve ter assistido muito Piratas no Caribe.

- Vai dizer que você nem ao menos ficou curiosa...?

Max não respondeu a pergunta feita em tom de desconfiança, já que negar aquilo seria mentira, mas ela também não queria dar o gosto de uma resposta positiva à garota loira. Entretanto, seu momento demorado de reflexão foi o suficiente para fazer com que a garota loira declarasse a própria vitória.

- Eu sabia! Você não consegue negar. - Ela acusou empolgada, mas seu sentimento não durou. Logo sua expressão se desfez quando lembrou o que deveria estar fazendo. - Merda!

- O que foi agora?

- Eu marquei uma hora pra chegar em casa e tô atrasada. Por isso, eu tava correndo. Agora comecei a conversar com você e tô mais atrasada ainda.

Ela explicou rapidamente, guardando o cordão dela no bolso e se preparando para voltar a correr até seu destino. Entretanto, quando já estava quase atravessando a rua com o passo apressado, parou no meio do caminho e virou de novo para falar com a garota de sardas.

- Você poderia vir comigo. - Ela falou de repente, mais em tom de constatação, que de convite. - Você almoçaria lá em casa e a gente poderia tentar descobrir o significado desses cordões.

- Eu... eu não sei... eu tenho que voltar pra casa e, mesmo que não tivesse, nem sei se meus pais deixariam eu ir... 

Max falou numa fraca tentativa de se esquivar do convite, já que se sentia bastante tentada a desvendar aquele mistério, embora sua timidez e falta de tato social a impedissem de ser mais aberta com a garota desconhecida.

- Onde você mora? - A garota perguntou, ignorando completamente a hesitação de Max.

- Naquela casa do fim do quarteirão, do outro lado da rua.

Sem aviso prévio ou necessidade de consentimento, Max assistiu sem ação a garota loira segurar sua mão e arrastá-la até o imóvel indicado por ela, até as duas chegarem à soleira da porta e ela tocar a campainha, ainda sem mencionar suas intenções, aguardando pacientemente até ser atendida.

- Boa tarde! Eu me chamo Chloe... Chloe Price. Sou amiga da sua filha e queria saber se teria como a senhora deixá-la ir até minha casa agora à tarde.

Ainda supresa pelo surgimento tão repentino da primeira amiga que sua filha já tinha trazido até em casa, Vanessa Caulfield demorou alguns minutos para responder a garota.

- Amiga da Maxine? - Ela repetiu para ganhar tempo e Chloe apenas confirmou com um sorriso e um aceno. - E vocês se conhecem de onde?

Antes que Max começasse a explicar a história que frustraria o plano de Chloe de levá-la consigo e desmentindo a informação de que as duas eram amigas, a própria Chloe foi rápida em contornar a situação.

- Da escola. - Ela respondeu de forma quase imediata, olhando Max de esguelha, a tempo de notar a surpresa dela com a resposta. Para a sorte das duas, a reação não foi percebida pela senhora Caulfield. 

- Ah, claro! - Vanessa disse, sorrindo para Chloe, já que a resposta era até óbvia e a pergunta supostamente dispensável. - Bom, minha filha não é de trazer amigos pra cá, então imagino que vocês devem ser próximas.

As duas garotas se entreolharam mais um vez, quase sem conseguirem esconder totalmente as próprias reações pelo julgamento errado da mãe de Max e decidindo, quase ao mesmo tempo, sorrirem para disfarçar suas expressões.

- Então, não vejo nenhum problema em ela ir, desde que volte antes de anoitecer.

- Claro. Eu posso até deixar o telefone da minha casa, se a senhora precisar falar com ela.

Chloe respondeu, tranquila demais com a situação na visão de Max, se despedindo da senhora Caulfield e, logo que a porta foi fechada, voltando a puxar a garota de sardas pela mão em direção a sua própria casa.

- Por que você mentiu sobre nos conhecermos da escola?

- Eu queria que ela te deixasse vir comigo e esse foi o jeito mais rápido. - Ela começou a responder sem diminuir o passo. - E tecnicamente não foi mentira. Eu já te vi lá algumas vezes escrevendo sozinha nos intervalos das aulas.

- Então você deve me achar bem esquisita. - Max comentou num tom de voz baixo, sentindo sua timidez tomar conta de suas ações quase totalmente ao descobrir aquela informação.

- Não. Eu acho até legal você ficar lá só observando como se estivesse planejando algo grandioso, enquanto o resto de nós fica conversando, brincando ou brigando.

- Algo grandioso? Nem perto disso. Eu só fico desenhando algumas bobagens que vejo ou escrevendo, como você mesma notou. - Max explicou para a garota mais velha - E, como você já deve ter percebido, eu também não sou muito popular.

- Tanto faz. Popularidade é para pessoas carentes de atenção. - Chloe falou em tom de desdém, arrancando risadas de Max.

- Você provavelmente é popular e está falando isso só pra eu me sentir melhor.

- Continua sendo verdade.

Chloe insistiu, causando em Max um novo sorriso espontâneo, tamanha era sua descrença com como aquela garota conseguia ser tão ardilosa e honesta ao mesmo tempo.

- Você não tem cara de Maxine. - Ela falou, mudando de assunto repentinamente e interrompendo os pensamentos da nerd.

- Me chame de Max. Nunca Maxine. Só minha mãe insiste em me chamar assim.

- Max é bem melhor. Eu gostei. - Chloe devolveu com um sorriso, já na porta da frente de sua casa. - E aqui estamos. Bem vinda aos meus domínios, MadMax.

Max riu de seu novo apelido, mas não teve tempo de comentar nada a respeito, já que Chloe voltou a falar logo em seguida.

- Mãe, pai, já cheguei. Desculpa o atraso. Eu tive uns contratempos no caminho. - A garota falou colocando suas chaves junto às demais - Ah! E trouxe alguém comigo...

Joyce saiu da cozinha, se aproximando das duas garotas, ainda enxugando as mãos no avental e abraçando sua filha para logo depois cumprimentar a garota tímida que permaneceu parada na entrada.

- Tudo bem, mas posso saber o nome da sua nova amiga? - Ela perguntou se dirigindo novamente a Chloe.

- É a Max. Nós acabamos de nos conhecer, mas ela é legal. - A garota loira explicou despreocupadamente para a mãe, que não pareceu nenhum pouco admirada com a informação. - A gente vai lá pro meu quarto enquanto o almoço não fica pronto, tudo bem?

- Claro. Só não façam muito barulho porque seu pai está trabalhando lá em cima.

Chloe concordou com um aceno, enquanto Max se despediu de Joyce, para logo em seguida ser arrastada de novo pelas escadas até o quarto da garota.

- Por que você falou a verdade pra sua mãe?

- Porque não preciso mentir e sabia que ela não ia se importar com isso. - Ela disse tranquilamente para uma Max ainda abismada. - Meus pais são legais, você vai notar isso bem rápido. - Ela continuou a falar e rapidamente acrescentou, antecipando uma possível reação indignada da garota pelo comentário - Não que a sua mãe não seja, eu só não a conheço direito pra saber.

Max logo esqueceu o assunto, ao adentrar o cômodo e se confrontar com a estranha sensação de como aquele ambiente lhe parecia extremamente familiar embora ela nunca houvesse estado lá antes.

Aquiele fato a fez se sentir confortável a ponto de levá-la a se sentar na cama sem esperar convite, enquanto Chloe bagunçava o próprio armário buscando os tesouros, que havia guardado de todas as suas expedições pela cidade, para mostrar para uma Max bastante interessada e curiosa.

E assim as duas começaram a conversar sobre seus interesses em comum que, para a supresa de ambas, eram muitos, o que fez a conversa fluir bastante bem e perdurar por horas, as deixando rapidamente à vontade uma na companhia da outra, até decidirem ocupar o restante do tempo com jogos de vídeo game.

- Não pode ser! Você não pode me bater no Mario Kart. É impossível! 

- A tela da TV diz o contrário. - Max ironizou num tom bem humorado.

- Ninguém nunca ganhou de mim nesse jogo. - Chloe acrescentou perplexa, deixando o controle cair na cama.

- Talvez seus amigos sejam péssimos nisso. - Max rebateu num tom desafiador.

- Ou talvez você tenha tido sorte de principiante. - Chloe desdenhou, tentando minimizar sua derrota.

- Ou talvez você seja uma má perdedora.

Chloe ficou um pouco irritada, mas ao mesmo tempo surpresa com as respostas cortantes em tom de brincadeira da garota mais nova. Não era uma atitude que se esperava de alguém que parecia tão tímida. E ela gostou daquilo em Max, mas seu orgulho nunca a deixaria admitir que realmente não sabia perder.

- Eu quero uma revanche. - Chloe determinou, pronta para iniciar uma nova partida, mas sendo impedida pelo chamado vindo do andar de baixo.

- Garotas, o almoço está servido. Desçam logo.

- Talvez outro dia.

Max respondeu, se levantando com um sorriso vitorioso, enquanto se encaminhava até a saída do quarto, sendo acompanhada por Chloe pouco depois.

Logo as duas estavam sentadas à mesa e Max teve a oportunidade de finalmente conhecer o pai de Chloe, que assim como a mãe, tentou entrosá-la e deixá-la o mais confortável possível durante a visita.

- Como vocês duas se conheceram? - Ele quis saber depois de fazer várias outras perguntas específicas sobre Max.

- Eu meio que atropelei ela quando tava voltando pra casa. Eu vinha correndo e não a enxerguei. - Chloe confessou com um sorriso desconcertado. - Aliás o que você tava fazendo agachada perto daquele arbusto?

- Eu estava caçando uma borboleta. - Max disse, lembrando do quão perto tinha ficado de seu objetivo e o quão longe estava agora.

- Uma borboleta? Só isso? - Chloe perguntou incrédula.

- Não era qualquer borboleta. Ela era azul. E não é nada comum nessa região. - Max se defendeu, tentando disfarçar o tom levemente ofendido em sua fala. - Foi a primeira vez que eu a vi tão de perto.

- Desculpa, cara, eu não sabia que ela era tão importante pra você. - Chloe tentou se corrigir, sinceramente arrependida. - E, mais, a gente pode procurar ela pelas redondezas depois que terminarmos aqui. Eu posso, né? - Ela concluiu a sugestão, olhando para Joyce e William em busca de aprovação e recebendo uma confirmação mútua deles.

- Só tente não atropelar mais ninguém enquanto estiver fazendo isso, filha.

Chloe sorriu para seus pais e, empolgada com a missão dada ela por si mesma, se apressou a terminar seu próprio prato e esperar ansiosamente que Max fizesse o mesmo, o que só aconteceu depois de alguns longos minutos.

Então, as duas garotas se despediram de William e Joyce e partiram em busca da borboleta, começando exatamente no local em que Max a havia visto pela última vez e depois pelos arredores.

- Obrigada por se dispor a vir comigo fazer isso. Eu sei que deve parecer bobo pra você.

- Claro que não, MadMax. É meio como se eu estivesse te ajudando a buscar um tesouro. - Chloe falou com franqueza, enquanto observava atentamente uma área próxima repleta de arbustos. - Mas qual é a história dessa borboleta? Não acredito que você tenha começado a caçar ela só por ser azul.

Max hesitou por alguns minutos, enquanto observava Chloe se aventurar escalando uma árvore próxima, mas decidiu ser sincera, já que alguma coisa desconhecida dentro dela sugeria que poderia confiar mais aquele segredo à garota loira, mesmo tendo acabado de se conhecê-la.

- Eu comecei a sonhar com ela no mesmo período em que achei o colar.

- Puta merda! Isso é outro sinal. - Ela falou, perdida em meio à folhagem, estupefata com a confissão de Max.

- Sinal de que?

- De que o tesouro é real, cara. Está tudo interligado. - Chloe falou com a maior certeza do mundo, abrindo um sorriso empolgado, enquanto pulava da árvore de volta para o chão. - O que mais você vê nesses sonhos?

- Uma mulher de cabelos azuis, mas ela não tem rosto ou qualquer outra coisa que possa identificá-la. 

Max começou a explicar, sentindo uma estranha sensação acompanhada de um arrepio que percorreu sua coluna vertebral até alcançar sua nuca, conforme evoluía na história.

- Obviamente a dona do tesouro.

- Vai com calma, Sherlock. Eu nem sei se ela existe mesmo ou se é só obra da minha imaginação. - Max falou, tentando frear a empolgação da garota mais velha.

- Claro que existe e provavelmente deve ser uma pirata, já que tem cabelo azul, enquanto essa tal borboleta é a chave pra encontrá-la. - Chloe especulou, como se aquilo fosse uma verdade absoluta. - Também acho que não foi por acaso que ela apareceu pra você hoje. Ela foi basicamente a responsável por nos conhecermos.

- Você realmente tem uma grande imaginação, Chloe Price.

- Qual é, cara? Admita que você está tão impressionada quanto eu. Não vai doer nada.

Algo dentro de Max, uma sensação que a fazia lembrar de situações que só havia presenciado em filmes, gritava "sim" para aquela pergunta, embora seu exterior tenha sido bem mais racional e comedido ao dar uma resposta para a garota que a encarava com um olhar desafiador.

- Talvez. 

- Talvez é o caramba! - Chloe devolveu em tom de descrença - Você acredita na minha teoria tanto quanto eu, senão nem teria aceitado ir até minha casa hoje, já que, fora os cordões "gêmeos", eu era uma total estranha pra você até algumas horas atrás.

Max se manteve em silêncio, mas seu foco tinha sido captado por algo atrás de Chloe antes mesmo que ela pudesse raciocinar sobre o que havia escutado e formular uma resposta.

- O que houve? Perdeu a língua?

Chloe brincou, entendendo o silêncio de Max como uma admissão de suas suposições, mas ela logo constatou que não era apenas isso, quando a garota de sardas tocou em seu ombro e apontou para um ponto atrás de si. Por onde elas haviam passado poucos minutos antes.

Decidida a retomar aquela discussão em outro momento, Chloe se virou olhando na direção apontada por Max bem tempo de ver a misteriosa borboleta sobrevoando erraticamente um coletivo de arbustos, sem pousar em nenhum deles.

Então, como em todas as vezes anteriores durante aquele dia, Chloe puxou Max pela mão sem aviso, andando o mais discretamente possível na direção em que o inseto permanecia voando, alheio à presença das duas.

Quando as garotas ficaram a apenas alguns centímetros dele, que finalmente escolheu uma das diversas folhas disponíveis como lugar de repouso, Chloe acabou replicando a ação que sua nova amiga teve na primeira vez em que o avistou. A garota loira esticou o braço praticamente em câmera lenta até tocar a borboleta azul com a ponta do dedos e assistir algo ainda mais surpreendente acontecer no momento em que sua pele fez contato com as asas dela.

O inseto não voou, assustado com a aproximação dela, ele simplesmente evaporou no ar bem no lugar em que estava, sumindo totalmente de vista, sem deixar rastros, fazendo Max e Chloe ficarem boquiabertas e completamente hipnotizadas com o acontecimento.

- VOCÊ VIU ISSO? - Chloe perguntou, sem conseguir conter a própria empolgação, balançando um dos ombros da garota mais nova enquanto falava. - Eu disse que essa borboleta não era normal! Eu sabia!

- Isso foi bastante surreal... dessa vez, eu admito. - Max confessou, mal acreditando nos próprios olhos.

- Nós temos que achar mais pistas urgentemente.

Max já se preparava para acompanhar Chloe em uma nova investigação quando se lembrou da hora e da promessa feita a sua mãe naquela tarde.

Ciente da parada brusca da garota de sardas, Chloe recuou agora percebendo também a expressão desapontada que dominava o rosto dela.

- O que houve, MadMax?

- Nada. Eu só lembrei que preciso voltar pra casa.

- Merda! Já tá anoitecendo. - Chloe deixou escapar, agora também ciente de quão rápido o tempo tinha passado. - Vamos, eu te acompanho.

As duas garotas caminharam em silêncio até a casa de Max, ambas contrariadas com o fim precoce de sua caçada e a garota de sardas com um medo novo, totalmente estranho para si. O medo de nunca mais falar com Chloe novamente. 

Max sequer conseguia entender porque estava tão preocupada em perder contato com alguém que acabara de conhecer, quando na maioria do tempo estava empenhada em evitar o contato com outras pessoas.

- Foi legal te conhecer e uma pena não podermos concluir nossa missão. Quem sabe a gente se esbarra por aí novamente algum dia. - Max falou olhando para a rua, tentando disfarçar a própria frustração e o temor de uma possível rejeição por parte da garota.

- Você tá de brincadeira, cara? - Chloe perguntou incrédula, mas sem esperar resposta para continuar a falar - É lógico que vamos nos ver de novo. Quando eu te disse que nós estávamos ligadas por aqueles colares, falei sério. Ainda mais depois de termos presenciado aquele lance da borboleta. Aquilo foi sobrenatural, Max.

- Se você diz.

- Cara, olha o tanto de coisas que desvendamos e vivemos num único dia. Se você acha que eu vou abrir mão disso é daquele tesouro a troco de nada, você deve estar louca. - Ela brincou, fazendo Max rir genuinamente e assentir em resposta. - Eu vou passar aqui de manhã pra irmos juntas pra escola e podermos discutir, no caminho, novas estratégias pra nossa missão. Aí, depois da aula, a gente põe os planos em prática.

- Tudo bem, capitã. - Max falou em tom de ironia, embora estivesse bastante satisfeita e empolgada com o plano traçado por Chloe.

- Esse é o espírito, primeira marinheira.


Notas Finais


Gente, agora vocês estão bem, né? Espero que sim.

Eu poderia, pular daí pro epílogo, mas decidi que, daqui pra frente, vou dar um bônus pra vocês.
Explico: A partir de agora até o fim da fic, vou fazer algo que eu achava interessante do jogo, que era aquele lance das fotos mostrando as mudanças que haviam acontecido depois de alguma viagem que a Max fazia.

Nessa história, isso significa pequenos flashforwards mostrando trechos de tempo, remontando o que aconteceu na vida delas a partir dali, todas as consequências. Algumas se repetem, outras mudam parcialmente e outras completamente. O que me leva ao Chasemarsh que também vai ser recontado.

Enfim, já escrevi demais. Qualquer dúvida ou sugestão, me mandem nos comentários.

Beijos e até a volta!


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