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História Amor Além do Tempo - Mudanças


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Demorei, mas cheguei.

Não fiquem chateados, é que o capítulo é grande e demorou pra revisar. Espero que a espera valha a pena. Esse não é tão light quanto o último, mas vocês não vão sofrer tanto também. Prometo!

Boa leitura! :)

Capítulo 69 - Mudanças


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Mudanças

Max e Kate andavam despreocupadamente pelos corredores do colégio após serem liberadas de sua terceira aula da manhã para o primeiro intervalo. Naquele dia e em todos daquele mês, sem a presença, antes constante, da terceira integrante do trio.

- É muito estranho não ter a Chloe ao redor o tempo todo. Bem silencioso, eu diria. - Kate comentou em tom de brincadeira enquanto ainda caminhavam, fazendo Max rir.

- Ainda bem que foi você que falou isso e não eu porque odeio soar como namorada grudenta.

Foi a vez de Kate sorrir e também o momento em que as duas finalmente encontraram um lugar disponível para se sentarem juntas no pátio central do colégio, que naquele horário já estava tomado por diversas turmas diferentes de alunos.

- Mas como ela tá indo em Blackwell? - Kate perguntou, se mantendo no assunto.

- Sempre reclamando e se maldizendo sobre como tudo lá é chato, como as aulas são intermináveis e também sobre como se sente entediada o tempo todo. Você sabe... a Chloe de sempre. - Kate riu novamente e Max logo continuou - Ela também ficou chateada porque quase todos os antigos colegas de sala dela acabaram em outras turmas, mas não dá pra culpar Blackwell pelo fato de ela ser nerd e escolher o curso de ciências, diferente da maioria dos amigos. - Kate riu mais ainda do novo comentário e Max se apressou em acrescentar - Por favor, não conte que eu a chamei de nerd na sua frente porque ela vai ter um ataque histérico, se descobrir.

- Não se preocupe, Max. Seu segredo está a salvo comigo. - Kate garantiu num tom bem humorado, beijando os dedos cruzados para selar o juramento. - Mas todas essas mudanças devem estar mesmo sendo difíceis pra ela. Principalmente vocês passarem o dia inteiro longe uma da outra.

- É... essa é a parte mais complicada porque, além de ser bem chato, também está deixando ela com mais ciúmes do que o normal. Qualquer coisa que eu conto sempre vira motivo pra discussão. É muito cansativo. - Max concluiu num suspiro, relembrando as últimas brigas das duas instintivamente, motivada pelo rumo que a conversa tomava.

- Ah, mas isso não é nada. Aposto que vocês sempre se acertam rapidinho. Sempre foi assim.

E Kate tinha razão. Elas se acertavam mesmo. Principalmente porque Max dominava totalmente cada uma das diferentes e bastante eficazes formas de contornar aquelas discussões e arrefecer os ânimos de sua namorada. E muitas destas faziam seu rosto ferver só pela lembrança.

E Kate, observadora como era, não deixou que a reação da garota de sardas ao seu questionamento lhe passasse despercebida.

- Melhor você nem me explicar como faz porque está bem evidente na sua cara que eu não vou querer saber. 

Max sorriu timidamente, escondendo o rosto com uma das mãos, enquanto tentava superar, pelo menos em parte, o próprio constrangimento após o comentário indiscreto e um tanto maldoso de sua amiga.

- Espero que, em breve, chegue o dia em que vou poder dar o troco e fazer esse tipo de comentário malicioso pra te deixar constrangida. 

- Eu também espero. - Kate confessou após um novo sorriso. - Eu tenho até um pouco de inveja branca de vocês duas. Quer dizer, vocês têm toda essa cumplicidade que fica evidente até numa discussão e que eu não enxergo na maioria dos casais com os quais convivo. É muito bonito. Vocês são a encarnação do termo "almas gêmeas".

- Você acredita mesmo nisso? - Max buscou confirmação, lisonjeada com o elogio espontâneo da garota loira.

- Depois de conviver com vocês todo esse tempo, sim. - Kate reafirmou com sinceridade e Max lhe deu um sorriso agradecido em resposta, antes de voltar a falar.

- Espero que isso aconteça logo. Quer dizer... você encontrar sua própria "alma gêmea". - Max comentou empolgada e Kate assentiu - Nós vamos poder fazer vários encontros duplos. Quem sabe, até viagens...

- Se depender da minha fila de pretendentes, vai demorar um pouquinho ainda. - Kate ironizou, freando a empolgação de Max.

- Que nada, Kate. - Max discordou, tentando afastar o pessimismo da amiga - Vai por mim, esse tipo de coisa acontece quando a gente menos espera.

- Então, vamos torcer pra que você esteja certa e eu errada. - Kate pôs fim ao assunto, nenhum pouco inclinada a concordar com Max.

__________________________

Ao contrário do que acontecia no início, agora não era sempre que os constantes ataques de ciúme de Chloe acabavam de uma forma agradável para o casal. 

O mais sério de todos terminou com Max deixando a punk sozinha no meio de uma festa e voltando para casa de ônibus, simplesmente para não dar a ela a possibilidade de tentar fazê-la repensar a própria decisão e voltar atrás. A nerd estava decidida a dar um choque de realidade em Chloe e, daquela vez, nada a impediria.

E Chloe soube que tinha passado dos limites no exato momento em que Max passou a responder suas palavras duras e injustas com outras diretas e acusadoras, completamente diferentes das apaziguadoras com que a nerd costumava conduzir aquele tipo de situação. Devolvendo à Chloe o anel com que esta a havia presenteado quando oficializaram o namoro e encerrando o próprio discurso dando à punk a prerrogativa de fazer o que quisesse em sua ausência, incluindo ficar com outras pessoas e a abandonando logo em seguida sem um só minuto de hesitação.

O baque da reação inesperada de Max na garota de cabelos azuis foi tão grande que esta ficou um tempo em choque, sem saber como agir, o que a impediu de ir atrás da fotógrafa de imediato para consertar o estrago que fez.

Quando recobrou o controle de suas faculdades mentais e pôde esboçar uma tentativa tímida de fazer as pazes com Max, Chloe esbarrou numa barreira que a fez notar que daquela vez não seria fácil.

Max deixou os pais de sobreaviso sobre não querer ver a garota de cabelos azuis e esta não teve outra escolha a não ser voltar para casa e tentar entrar em contato com a nerd por meio de ligações não atendidas e mensagens não visualizadas.

E, assim, Chloe passou o restante da madrugada e todo o dia seguinte trancada no próprio quarto, rejeitando qualquer tentativa de contato de seus pais para se ocupar em apenas refletir sobre todas as implicações de suas atitudes impensadas e tentar descobrir uma forma de contornar o problema que ela havia causado. 

Já na madrugada do dia seguinte, movida por puro desespero ao não enxergar nenhuma perspectiva de melhora espontânea naquele quadro, Chloe decidiu voltar à casa da garota de sardas. Mas, diferente de suas visitas oficiais e igual às tantas outras que fazia sem que os Caulfield soubessem, Chloe recorreu à escada do quintal e consequentemente à janela do quarto de Max.

Ao chegar ao topo, a punk observou através do vidro a figura da fotógrafa ainda acordada, apesar da hora avançada, escrevendo no velho diário e ainda totalmente alheia a sua presença.

Chloe respirou fundo numa frágil tentativa de se preparar para enfrentar o problema de frente, batendo de leve no vidro e atraindo, quase no mesmo instante, o olhar visivelmente ferido e abalado de Max em sua direção.

Após fechar o diário e colocá-lo sobre a mesinha de cabeceira, Max se aproximou da janela, mas, diferente das outras vezes em que estiveram naquela situação, Chloe só conseguia enxergar decepção e dor no olhar da fotógrafa, o que ficou ainda mais claro quando ela passou vários minutos apenas a observando com uma expressão séria, como se decidisse se deveria deixá-la entrar ou apenas ignorá-la.

Para o alívio parcial de Chloe, ela acabou lhe dando passagem após o susto inicial.

- Valeu! - Chloe agradeceu timidamente à garota que já havia dado as costas a ela e voltado para seu lugar prévio na cama.

- Espero que você não esteja bêbada porque eu realmente não estou em condições de...

- Eu não tô. Você pode conferir, se quiser. - Chloe assegurou acuada, com as mãos nos bolsos, ainda desconfortável com o quanto sua presença parecia indesejada naquele ambiente e pela pessoa que ela mais amava. - Eu só tô um lixo porque não dormi de ontem pra hoje.

- O que você quer aqui? - Max perguntou num tom frio, tentando se manter firme em suas decisões e ignorar o estado fragilizado de Chloe, ao mesmo tempo em que disfarçava o seu próprio. - Eu pensei que tivesse deixado claro que não quero falar com você.

- Deixou, mas eu sou muito teimosa e te amo demais pra ficar parada esperando as coisas se resolverem magicamente sozinhas. - Chloe respondeu de imediato, ignorando o fato de estar se sentindo completamente deslocada. - Eu quero pedir desculpas pelo que fiz. Eu sei que fui uma completa idiota e que mereci o que você fez.

- Você não pode agir como agiu ontem toda vida e achar que eu vou sempre aguentar quieta. - Max a confrontou num tom feroz e cortante, se levantando da cama enquanto evoluía em seu discurso - Você também não pode dizer que me ama e me tratar como se eu não fosse confiável sempre que algum desconhecido puxa assunto comigo, muito menos ameaçar me dar o troco quando sente ciúme. 

- Eu falei da boca pra fora, eu nunca faria isso de verdade... - Chloe respondeu envergonhada, com o olhar focado no piso do quarto.

- Pode até ser, mas se ponha no meu lugar. Como você reagiria se eu fizesse isso com você?Como se sentiria? - Max insistiu, deixando as primeiras amostras de seu abalo e de sua mágoa chegarem à superfície.

- Eu perderia o chão completamente e me sentiria horrível. - Chloe confessou com sinceridade, finalmente a encarando. - Eu fico mal só de imaginar.

- Pois foi como eu me senti ontem e como continuo me sentindo agora. - Max devolveu com os olhos fixos nela, tentando se manter firme para não chorar e, em seguida, desviando o olhar para o chão antes de concluir num tom de voz mais baixo. - Se você tem alguma dúvida e quer sair com outras pessoas, eu...

- Não! Não! Não! - Chloe foi rápida em negar com uma expressão apavorada no rosto, se aproximando de Max e segurando os ombros dela instintivamente no processo - Foi isso que você entendeu do que eu disse? - Max assentiu ainda sem encará-la, mas também sem se desvencilhar - Não tem nada a ver, Max. Eu juro que não tenho nenhuma dúvida sobre nós, nem quero ficar com ninguém. É justamente o contrário.

Max arqueou as sobrancelhas em confusão e Chloe decidiu se sentar na cama, convidando-a gestualmente a acompanhá-la e segurando as mãos dela quando finalmente a atendeu. Só aí a punk começou a explicar as próprias palavras, mas ainda sem conseguir encarar a namorada.

- Não é segredo pra ninguém o quanto sou ciumenta e, agora que estamos passando mais tempo separadas, eu desenvolvi várias paranóias e muitas incluem você se cansando de mim, conhecendo alguém melhor e consequentemente me deixando. - Ela confessou visivelmente envergonhada - Isso não é uma tentativa de justificar meu comportamento porque sei que não tem justificativa. Só quis explicar o motivo dele.

- Então você considera um jeito eficaz de me manter apaixonada me constranger em público e me ameaçar com a possibilidade de ficar com outras pessoas? - Max ironizou a explicação, embora esta tivesse lhe trazido uma ponta de conforto que ela nunca admitiria.

- Não. Claro que não. Eu só fiquei fora de mim por causa do ciúme e falei um monte de bobagens das quais me arrependo. - Chloe acrescentou, finalmente encarando o olhar sério que Max lhe direcionava - É que, às vezes, você é tão adulta que eu acabo me acostumando mal e agindo infantilmente em situações desse tipo porque sei que você sempre dá um jeito de consertar. Eu também sinto como se precisasse mais de você que o oposto na maior parte do tempo.

- Isso não é verdade. - Max refutou a hipótese quase no mesmo instante.

- Pode não ser, mas é como eu me sinto. - Chloe insistiu dando de ombros com um olhar triste - Eu quase enlouqueci de ontem pra hoje imaginando os mil desdobramentos que nossa briga poderia ter.

Max estava quase sendo vencida pela fragilidade aparente da garota de cabelos azuis, enquanto se amaldiçoava internamente por ser tão suscetível à influência dela.

- É bom porque assim você pensa bem antes de fazer aquilo de novo - Ela reclamou num tom ferido - Eu sei que você é ciumenta, eu entendo, mas isso não te dá carta branca pra me tratar mal e muito menos me fazer ameaças de traição, mesmo que sejam da boca pra fora.

Chloe assentiu e suspirou novamente, encarando o chão envergonhada para, em seguida, voltar seu olhar de novo para Max, segurando uma das mãos dela e respirando fundo antes de falar com toda seriedade que pôde.

- Eu não posso prometer que não farei mais nenhuma idiotice porque isso seria mentira, mas juro que o que aconteceu ontem não vai se repetir nunca mais. - Ela afirmou categoricamente com os olhos fixos nos da fotógrafa - Eu não vou descontar meu ciúme em você, muito menos pressupor que você esteja fazendo algo errado, antes de conversarmos.

- Ótimo. Vamos ver se você cumpre. - Max murmurou desconfiada, desviando o olhar.

Notando a reação, Chloe usou uma das mãos para trazer delicadamente o foco dela de volta para si antes de responder.

- Eu sempre cumpro minhas promessas. - A punk reafirmou, antes de acrescentar. - Inclusive, se eu falhar com minha palavra e fizer isso de novo, você pode me ignorar por tempo indeterminado e eu prometo não te incomodar. Por mais que isso vá me doer.

A certeza de Chloe era tão grande que Max não ousou mais questionar as palavras dela e apenas assentiu discretamente em resposta. Então, a punk se ajeitou na cama, ficando quase de frente para Max e levando as duas mãos dela até a altura do rosto antes para prosseguir no assunto.

- Você me perdoa? 

Depois de um momento em silêncio e incerteza, Max finalmente deu o braço a torcer assentindo e Chloe não conseguiu mais se conter, se aproximando para abraçá-la, levada pelo alívio que sentia pela resolução da briga.

- Mas continuo magoada com você. - Max respondeu, a afastando parcialmente.

- Eu sei. Você tem todo direito.

Chloe concordou, até porque não tinha muitos argumentos para fazê-la mudar de ideia. Em vez disso, a punk passou alguns minutos em silêncio apenas refletindo, enquanto observava a fotógrafa, hesitando por um tempo até criar coragem para tentar a sorte.

- Pode parecer abuso... e talvez até seja, mas será que eu poderia passar o resto da noite aqui? Eu durmo no chão, sem problemas. Eu só queria ficar com você depois disso tudo.

Max revirou os olhos com a sugestão, mas para o alívio da punk, também esboçou um sorriso que indicava que a mágoa dela provavelmente não duraria muito tempo.

- Você pode dormir na cama, Chlo. Tem espaço suficiente pra nós duas. - Max disse num tom bastante diferente do sério de minutos antes e a garota de cabelos azuis ficou ainda mais aliviada com o uso de seu apelido por ela. - Só espero que você não tente fazer nada que faça eu me arrepender disso.

- Pode deixar. Eu vou ficar na minha. - Chloe respondeu sorridente, tirando apressadamente os tênis, a jaqueta e, logo depois, ocupando o lado aposto ao de Max na cama.

- Você vai dormir de jeans? - Max questionou em tom de deboche, quando Chloe já se cobria com um lençol e esta apenas deu de ombros, como se não houvesse outra escolha - Não precisa. Pode ficar à vontade.

Chloe ficou agradecida com a oferta, mas antes de fazer uso dela, lembrou de algo, mais precisamente de um objeto que carregava no bolso e que retirou, ainda sentada de costas para a nerd.

- Max...

- Hum...?

Antes de ir dormir, eu queria te devolver isso - Ela comentou, já se virando e devolvendo nas mãos da fotógrafa o anel que esta havia lhe entregado no momento da briga - Não precisa usar, se não quiser, mas é seu. Sem devoluções.

Max aceitou a oferta, observando atentamente o objeto com um olhar enigmático que Chloe não conseguia ler, mesmo com todo o esforço que fazia, até que a fotógrafa finalmente quebrou o silêncio e sanou sua curiosidade.

- Quando eu voltei pra casa ontem e minha mãe viu meu estado, a primeira coisa que ela falou foi que sabia que isso ia dar errado, que era só questão de tempo. - Max contou, deixando Chloe abalada já no início do discurso. - Enquanto isso, meu pai tentou me consolar, discordando do que ela disse e pondo panos quentes na situação. 

- E quanto a você? - Chloe perguntou num tom incerto, quase temendo a resposta. - O que falou?

- Eu disse que te amava e que nada disso tinha sido um erro. - Max respondeu honestamente, tentando controlar as próprias emoções - e que, mesmo que terminássemos, eu não me arrependia de nada. De nenhum minuto que passamos juntas.

- Obrigada. - Chloe respondeu com uma voz fraca e enxugando os olhos com as duas mãos, já que não conseguiu obter o mesmo êxito que a garota de sardas em controlar o próprio choro - Só pensar nessa possibilidade já me dá calafrios. Espero nunca ferrar algo a tal ponto que te faça cogitar isso.

- Eu também espero. 

Max respondeu com simplicidade, recolocando o anel no dedo e trocando com Chloe um sorriso que continha uma mistura dos vários sentimentos conflitantes que as dominavam naquele momento.

- Eu vou fazer de tudo pra provar que sua mãe está errada sobre nós e isso inclui me esforçar pra ser a pessoa que você merece, o que não tenho passado nem perto de ser nos últimos meses. - Chloe continuou seu discurso num tom sério - Eu quero casar com você, Max.

Max arqueou as sobrancelhas, pega de surpresa por mais aquela declaração tão séria surgida inesperadamente, mas tentando encará-la de forma crítica.

- Espero que você não esteja falando isso só pra tentar me comover e me fazer te perdoar mais rápido.

- Não. Eu sei disso há muito tempo e só não falei antes pra não te assustar. Mas hoje, que quase ferrei com meus planos por pura burrice, senti necessidade de confessar. - Chloe explicou o mais sinceramente que pôde - Eu sei que somos só adolescentes agora e que ainda vamos passar por muitas coisas boas e ruins, mas se há algo que tenho certeza na minha vida é disso.

Max se manteve em silêncio, sabendo que aquele discurso ainda não havia chegado ao fim.

- Eu quero todos aqueles clichês bem piegas de casamento, sabe? Tipo te ver num vestido branco extravagante, depois daquele atraso planejado, nossas famílias e amigos assistindo a cerimônia emocionados, nós jogando o buquê juntas no final e depois indo embora num carro todo enfeitado pra nossa lua de mel. - Ela detalhou, fazendo Max sorrir - E quero viver com você pro resto da vida, ter casa, filhos, bicho de estimação, enfim, tudo o que for possível. E vou fazer de tudo pra atingir esses objetivos.

Max sorriu novamente, sem conseguir mais conter o grande misto de emoções que a envolviam e a levaram a se aproximar de Chloe para beijá-la brevemente. Então, ainda em silêncio, ela se deitou na cama de frente para a punk, a observando replicar seus movimentos.

- Que fique claro que eu não tentei nada. Foi totalmente você. - Max confirmou a encarando com um sorriso genuíno e Chloe aproveitou a aparente mudança de cenário para se aproximar novamente e beijar a ponta do nariz dela. - Já esse fui totalmente eu.

Max sorriu mais abertamente dessa vez, decidindo finalmente abrir mão de suas decisões prévias para extinguir o espaço entre as duas e abraçá-la.

- Eu te amo. Não estrague isso.

- Eu não vou. - Chloe garantiu, apertando o abraço e beijando o topo da cabeça dela.

__________________________

Apesar do cansaço acumulado de duas noites mal dormidas, Chloe não lembrava da última vez em que havia iniciado um dia tão bem humorada. 

O comportamento curioso e contrastante com o de apenas um dia atrás não passou despercebido aos olhos de seus pais, que logo a questionaram sobre o fato e foram agraciados com uma resposta simples e evasiva de que ela apenas havia acordado de bom humor.

A explicação não pareceu convencer a nenhum dos dois, mas, enquanto Joyce seguiu a vida considerando que não havia mais nada que pudesse ser feito para arrancar a resposta da filha, William esperou pacientemente o momento em que ficaram a sós para insistir no interrogatório.

- Chloe, talvez eu devesse pôr trancas na sua janela como punição por mentir. - Ele comentou despreocupadamente, sentado ao lado da filha, com os olhos fixos na televisão - Ou até advertir Vanessa e Ryan a reforçarem a segurança da casa deles contra invasores.

- O que..? - Chloe deixou escapar abismada por ter sido descoberta e, ao mesmo tempo, curiosa sobre como William tinha chegado àquela conclusão.

- Meu quarto fica imediatamente abaixo do seu agora, filha. Eu consegui te ouvir pulando e xingando quando caiu. - Ele explicou antes que ela precisasse perguntar.

- Eu precisei me acertar com ela. - Chloe confessou de imediato sem precisar da insistência do pai. - Eu tentei ir até lá do jeito convencional, mas não consegui. Por isso, recorri a esse outro.

- Eu também sei que essa não foi a primeira vez. - William acrescentou logo que a filha concluiu a explicação.

- Meu deus, o senhor virou o professor Xavier agora? - Chloe questionou em estado de choque, levando William a rir de sua reação.

- Você só não é tão sorrateira quanto imagina. 

- E eu vou ficar de castigo por isso? - Ela questionou num tom preocupado.

- Não. Senão já teríamos tido essa conversa há muito tempo. Mais precisamente da primeira vez que te vi escapando. - Ele disse para o alívio inicial da punk - Mas quero que fique claro que também não vou interceder por você, se os Caulfield descobrirem. Você já é suficientemente adulta pra arcar com as consequências dos seus atos.

- Nós vamos maneirar, eu prometo. 

- Acho bom mesmo.

__________________________

- Como você pode falar isso com tanta tranquilidade, Max?

Chloe questionou num tom de voz alterado, andando nervosamente de uma lado para o outro de seu quarto, desarrumando os próprios cabelos com movimentos nervosos de suas mãos e gesticulando, enquanto Max suspirava, postada de pé no mesmo lugar, aguardando que ela se acalmasse antes de voltar a falar.

- É como se você não se importasse com o nosso namoro. - Chloe a acusou num tom de voz ferido e abalado.

- Chloe, é claro que eu me importo e, se você deixasse eu me explicar sem interrupções por dois minutos, certamente entenderia. - Max se defendeu, tentando ser paciente com a punk.

- Explicar o que, Max? Não tem o que explicar. Está tudo muito claro. - A punk rebateu irritada, indo em direção a Max, enquanto a encarava. - Você vai embora pra outra cidade, vai me deixar praticamente um mês depois de eu confessar que queria casar com você.

Chloe esbravejou, já com a voz embargada pelo choro que começava a cair de seus olhos, se sentando na cama e escondendo o rosto entre as mãos, enquanto tentava se controlar ou pelo menos conter parcialmente seu ataque de fúria.

Max suspirou, sentando ao lado dela, tentando pensar na melhor forma de voltar ao assunto sem que Chloe reiniciasse sua revolta.

- Chlo, eu nunca disse que eu vou te deixar. Por favor, só me dê uma chance de...

A fotógrafa não teve a chance de concluir a frase, já que foi interrompida de novo por uma Chloe ainda mais furiosa, que se levantou da cama abruptamente com os punhos cerrados e o semblante sombrio.

- Ah, então você não vai me deixar? Talvez seu pai vá ficar fazendo uma viagem diária de, sei lá, 600km todo dia pro trabalho. É isso, né? - Chloe voltou a ironizar mais aquela tentativa de Max de acalmá-la - Eu devo ter me enganado mesmo, porque isso faz todo o sentido, Max.

- Não. Óbvio que não.

- Então pare de tentar relativizar a situação e me deixe ter a reação que se espera de alguém que está a ponto de perder a pessoa que mais ama, droga! - Chloe exigiu praticamente aos gritos, pegando o objeto que achou mais próximo de seu alcance para descontar sua raiva o arremessando na parede.

Max permaneceu de braços cruzados e em silêncio durante o novo acesso da punk, o qual lhe deu uma nova perspectiva para abordar o assunto.

- Quer dizer que, se eu me mudar pra outra cidade, você vai terminar comigo? 

Max questionou, se sentindo momentaneamente insegura, embora tivesse quase certeza da resposta de Chloe. Já a punk recebeu a pergunta como quem recebe um soco no estômago, sentindo toda sua raiva e indignação se esvaírem completamente e se transformarem em medo.

- Não. Claro que não. - Chloe respondeu de imediato, enquanto enxugava as lágrimas e se aproximava de Max para se sentar novamente ao lado dela. - Eu faria qualquer sacrifício por você, inclusive esse. - E concluiu a abraçando com tudo de si e suspirando pesadamente no ombro dela - Mas vai ser horrível não ter você por perto quase nunca. Eu não gosto nem de pensar.

Ainda abraçada a Max, ela se manteve em silêncio, refletindo sobre as diversas possibilidades para contornar aquela situação, que começou a externar quando Max já se preparava para uma nova tentativa de aprofundar o assunto.

- Você deveria tentar convencer seus pais a te deixarem morando aqui em casa ou a gente podia casar escondido e eles não poderiam mais no separar. Se eles fossem contra depois de tudo, nós poderíamos fugir pra outra cidade, sumir por um tempo. Qualquer coisa.

Max não respondeu nada, apenas riu das sugestões de Chloe e se desvencilhou parcialmente do abraço para segurar o rosto dela com as duas mãos, encará-la de frente e, no fim, beijá-la amorosamente, sendo correspondida quase no mesmo instante com uma investida feroz por parte da punk.

Quando o beijo finalmente teve fim, com elas já sem fôlego, Max finalmente respondeu as sugestões desesperadas de Chloe.

- Isso não vai ser necessário.

- Como não? Voc... - Max conteve qualquer novo protesto que Chloe estivesse prestes a fazer com um novo beijo, aproveitando o momento para finalmente explicar tudo.

- Chlo, você precisa aprender a ouvir as histórias completas antes de surtar. Esse é seu maior defeito. - Aquele puxão de orelha foi suficiente para fazer Chloe conter o ímpeto da própria língua e se manter paciente - Se você tivesse me deixado explicar assim que comecei a contar a história, não haveria necessidade dessa comoção toda, já que o que estou há quase uma hora tentando te dizer é que não vou a lugar nenhum. Bom, talvez eu vá em um ou outro feriado ou nas férias, mas isso já é outra conversa.

- Como não, Max? Você acabou de dizer que... - Max tampou a boca dela com uma das mãos, a impedindo de continuar.

- Eu disse que meu pai arrumou um emprego melhor em Seattle e, se você tivesse me deixado terminar, eu teria completado dizendo que meus pais vão se mudar pra lá, mas eu vou ficar porque fui aceita em Blackwell. - Max explicou pacientemente, ignorando a nova interrupção da punk.

- O que? - Chloe insistiu ainda confusa.

- O que você ouviu. Nós vamos voltar a estudar no mesmo lugar e eu vou morar num dos dormitórios de lá. - Max completou, sorrindo para Chloe quando esta já começava a abrir o seu próprio sorriso, finalmente ciente de todas as informações.

- Nós temos um quarto livre da supervisão de nossos pais? - Chloe perguntou empolgada.

- Não. Eu tenho um quarto, mas você está convidada a fazer uso dele sempre que quiser. - Max brincou, dando língua para ela ao final.

- Eu quase tive um ataque cardíaco por causa disso? - Max assentiu, rindo da reação aliviada dela - Da próxima, ponha uma meia na minha boca ou qualquer coisa que me impeça de falar.

- De qualquer forma, isso foi bom pra eu saber que você ficaria comigo mesmo assim.

- Você ainda tinha dúvida? - Chloe perguntou incrédula.

- Uns 0,4%.

Max brincou fazendo Chloe rir e abraçá-la no mesmo instante.

- Cara, distância não é nada, eu enfrentaria o mundo inteiro pra ficar com você.

- Vamos esperar que você nunca precise.

Max comentou num tom bem humorado sem saber que aquilo era verdade em várias outras realidade, mas, para sua sorte, na em que estava vivendo agora, ela nunca teria que descobrir.


Notas Finais


Pronto, gente!
Chegamos em Blackwell. Rachel, Chasemarsh, Warren e companhia are coming. XD

Beijos e até!


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