1. Spirit Fanfics >
  2. Amor Além do Tempo >
  3. Desafio

História Amor Além do Tempo - Desafio


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Gente,

Demorou, mas o Chasemarsh voltou.
Pra vocês que me cobram em toda postagem, só digo isso: apreciem com moderação. XD

Boa leitura!

Capítulo 71 - Desafio


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Desafio

Geralmente não havia quase nenhum movimento no horário em que Kate Marsh costumava ir ao banheiro para fazer sua preparação diária antes das aulas, mas naquele dia foi diferente.

Assim que abriu a porta, a garota loira conseguiu notar de imediato que não estava sozinha no recinto ao distinguir sons baixos vindos de um dos boxes e que ela podia jurar que lembravam muito alguém chorando. 

Kate passou alguns minutos em silêncio, reticente entre tomar uma atitude ou simplesmente sair e voltar em outro horário, mas o barulho angustiante venceu sua inclinação a não se envolver no possível problema e, no minuto seguinte, ela estava tentando contato com o outro habitante temporário do vestiário.

- Quem tá aí? - Ela questionou, vacilando, como se aguardasse uma resposta atravessada, mas só recebeu silêncio. - Aconteceu alguma coisa? Você está precisando de ajuda? Eu posso...?

- Apenas vá embora e me deixe em paz! - Sua rodada de perguntas sequenciais e insistentes foi interrompida por uma voz chorosa que ela pôde imediatamente constatar a quem pertencia logo que a ouviu.

- Victoria? - Ela buscou confirmação, se aproximando do box, antes de prosseguir com as perguntas.

- É, gênio! Óbvio que sou eu. Agora você vai me deixar aqui no meu canto ou vai chamar algum amigo seu pra rir de mim? - Ela devolveu com uma voz amargurada, cortante e ainda embargada pelo choro recente.

- Eu nunca faria isso. Eu só estou tentando te ajudar. - Kate respondeu num tom ofendido, embora ainda tentasse se manter calma para enfrentar a situação racionalmente. - Se você não quer minha ajuda, tudo bem! Mas será que eu posso ao menos chamar a Taylor ou a Courtney pra virem aqui te...?

- NÃO! - Victoria interferiu quase gritando e, como se adivinhasse a reação surpresa de Kate do outro lado da cortina sem necessidade de enxergá-la, logo mudou o tom para explicar sua negativa. - Não... eu não quero falar com elas agora... eu... eu não sei o que dizer... por favor, não. Apenas deixe pra lá. Finja que não sabe que eu tô aqui. Pode ser?

Kate suspirou, refletindo sobre a situação por alguns minutos até finalmente dar o braço a torcer e desistir de discutir com a garota ou insistir em fazê-la lhe dar mais detalhes sobre o que estava acontecendo.

- Tudo bem, Victoria. Eu já vou, mas se você precisar de alguma coisa, é só bater na minha porta, tá bom?

Mesmo sabendo que Victoria provavelmente a estava ignorando, Kate esperou ao menos uma confirmação de que ela está ouvindo, mas ela não veio. Então a garota desistiu de esperar e se encaminhou até a pia para juntar seus itens de higiene e logo depois foi em direção à saída.

- Kate?

Kate ouviu de novo do box em que Victoria permanecia, quando já estava do lado de fora do banheiro.

- Eu já tô indo, ok? Tava só pegando minhas coisas - Kate se explicou, imaginando que Victoria já estivesse preparando outra sucessão de ofensas para ela.

- Não é isso. - Victoria a corrigiu com uma voz frágil que Kate nunca tinha ouvido antes. - Você pode vir até aqui?

- Tem certeza? - Kate ouviu apenas um suspiro alto e impaciente vindo do box e escolheu entendê-lo como um "sim", largando novamente suas coisas sobre a pia, indo até o cubículo e abrindo a cortina calmamente para encontrar Victoria de braços cruzados e sentada no chão.

Ainda em silêncio, ela fechou de novo a cortina e decidiu também se sentar, se acomodando da melhor forma no espaço apertado e ficando de frente para Victoria, de modo a analisar a expressão da garota para identificar melhor o estado dela, mas era quase impossível com ela olhando para o chão o tempo todo.

- Por que você está aqui? - Kate perguntou assim que criou coragem.

- Tentando não ser incomodada. - Victoria respondeu de uma forma levemente irritada, mas Kate ignorou o tom e a clara indireta para persistir no interrogatório.

- Não seria mais fácil se trancar no seu quarto? 

- Não, porque a Courtney e a Taylor iriam aparecer lá, falando sobre o quanto estou exagerando e deveria ficar feliz pelo que aconteceu com o Nate e todas aquelas idiotices que elas insistem em tentar enfiar na minha cabeça como se eu fosse uma criança idiota.

A resposta de Victoria foi bastante esclarecedora para Kate, mas ela não disse nada, especialmente porque imaginava que viria algum tipo de complemento para aquele desabafo.

- O Nate testemunhou contra o Jefferson e foi um dos responsáveis pela prisão dele, mas ninguém parece ligar. - Ela continuou falando acaloradamente enquanto se livrava das próprias lágrimas - Nem mesmo aquela vadia idiota da Amber, que foi o principal motivo de ele fazer isso. Ela nem ao menos procurou saber como ele está agora que o desgraçado do Sean finalmente conseguiu se livrar dele e interná-lo naquela maldita clínica.

Quando notou que o silêncio e a imobilidade de Kate persistiam, Victoria deu um sorriso sarcástico e voltou a falar.

- Você deve estar arrependida de ter se oferecido pra me ajudar agora, né? Ainda dá tempo de ir embora. Eu, no seu lugar, nem teria entrado.

- Não. - Kate respondeu com simplicidade, ignorando a reação hostil de Victoria. - Na verdade eu estava pensando em como posso te ajudar. Quer dizer... você já foi visitá-lo? Se quiser, eu posso ir com você.

Victoria foi pega de surpresa pelo oferecimento de ajuda sem contrapartidas. Até porque suas experiências pessoais a diziam que aquele tipo de coisa não existia. Por isso mesmo, sua reação foi de completa desconfiança.

- Por que você faria isso?

- Pra te ajudar, ué. - Kate respondeu, ligeiramente confusa com a pergunta. - Não era esse meu propósito desde o início?

- Mas por que? O que você ganharia com isso? Você não tem nenhum motivo pra me ajudar. - Victoria insistiu, inconformada com a atitude inexplicável da garota - Ir num lugar assim. Isso tudo se o pai do Nate nos der autorização pra visitá-lo. Enfim, é muita dor de cabeça pra alguém que não tem nada com isso. Você deve ter alguma condição.

- Ah... uma condição. Claro. - Kate repetiu, finalmente entendendo o que Victoria queria dizer, enquanto esta achava ter enxergado a intenção por trás do altruísmo dela. - Apenas tente tratar à mim e à Max de forma civilizada e ficamos quites.

- Essa é sua condição? - Victoria perguntou incrédula.

- É... como você fez tanta questão de uma, foi a única que me veio à cabeça na hora. - Kate explicou sorrindo para uma Victoria perplexa. - Quanto ao Nathan, você só tem que me dizer o dia e, então, iremos até a casa do pai dele e, se tudo der certo, fazemos a visita no mesmo dia.

- Tá... O-obrigada. - Victoria falou ao se reestabelecer do choque causado pela atitude da garota. - É melhor sairmos daqui antes que o banheiro comece a encher. - Ela desconversou, já se levantando e sendo acompanhada por Kate.

- Na verdade, eu ainda tenho que tomar banho. Então, você vai e eu fico. - Kate falou tentando ser simpática, mas Victoria assentiu sem encará-la, já se direcionando para a saída. - E, Victoria...

- Hum? - Victoria perguntou distraída, se virando para Kate, já na porta do banheiro.

- Quando você precisar "fugir" de novo, fique a vontade pra usar meu quarto como esconderijo. Às vezes fico tão em silêncio lá que é como se não tivesse ninguém. Além de ser bem mais confortável que o chão desse box.

Victoria assentiu novamente e Kate podia jurar que, dessa vez, ela tinha esboçado um sorriso, mas era impossível dizer ao certo, já que ela imediatamente se virou de novo e saiu sem dizer mais nada.

__________________________

Chloe ainda dormia pesadamente no quarto 219 dos dormitórios de Blackwell, quando o barulho insistente do toque de seu celular a fez bufar e acordar à contragosto.

Desfazendo o abraço dado em Max, que ainda ronronava adormecida de costas para ela, a punk se esticou e tateou a mesinha de cabeceira até encontrar o aparelho e resgatá-lo, ao mesmo tempo em que fazia o possível para não acordar a nerd. 

Mas, enquanto ela checava o visor para saber quem estava ligando tão cedo, sentiu Max se mover na cama e depois se virar, enterrando o rosto na dobra do seu pescoço e voltando a abraçá-la, dando os primeiros indícios de que havia acordado. 

- Oi, mãe. Bom dia... - Ela atendeu o telefone ao mesmo tempo em que compartilhava um cumprimento silencioso com a nerd, que permanecia de olhos fechados, abraçada a ela. - onde eu tô...? Na biblioteca... aham... muitos trabalhos... eu sei que é sábado, mas não tem dia certo pra estudar.

Max riu contra o pescoço dela, a beijando, enquanto a sentia se contorcer pelas cócegas que aquela ação provocou no local.

- É, mãe, eu dormi aqui. Em cima de um pilha de livros. A senhora sabe o quanto valorizo minha educação. - Ela ironizou uma Joyce que Max imaginava já estar perdendo a paciência do outro lado da linha - A Max? Não... ela não tá aqui. Ela não gosta de estudar tanto quanto eu.

- ...Chloe, passe o telefone pra ela agora. Não me obrigue a ligar diretamente...

Max pôde ouvir da voz um pouco mais alta de Joyce e confirmou que tinha escutado direito quando a punk, mesmo contrariada e revirando os olhos, lhe entregou o celular.

- Bom dia, Joyce... sim, claro... a gente vai sim. - Ela confirmou, enquanto Chloe apenas a observava com um olhar questionador. - Pode deixar que eu digo e, não se preocupe, ela vai avisar da próxima vez que for passar a noite fora. Eu entendo...

Chloe revirou os olhos, concentrando seus esforços para, sem aviso prévio, puxar Max do seu lado para cima de si, rindo enquanto a nerd fazia reclamações silenciosas, ainda ouvindo as indicações de Joyce no telefone.

- Até mais tarde, Joyce. Um beijo. - Max se despediu, desligando o telefone e o depositando em seu lugar original. 

- E aí, que compromisso você combinou com ela sem perguntar minha opinião? - Chloe ironizou, enquanto afagava os cabelos da nerd.

- Não seja ranzinza. - Max a advertiu ao mesmo tempo que se aproximava para um beijo rápido - Ela só nos chamou pra almoçar na sua casa e você não deveria responder daquele jeito quando ela pergunta por você. 

- Se não fosse por aquela regra idiota de você não poder dormir lá em casa, ela não precisaria se preocupar com meu paradeiro. Até porque ela sabe onde eu tô. - Chloe contra argumentou emburrada - Além disso, eu praticamente só durmo aqui nos fins de semana. Não é como se eu tivesse me mudado.

- Bom, nós podemos tentar reverter essa proibição. Afinal já faz muito tempo. - Max sugeriu, voltando a beijá-la no rosto, no queixo, na boca e mordendo a orelha até notar o humor dela se transformando - Mas você precisa ser boazinha ou pelo menos conter um pouco do seu sarcasmo.

- Estranho! Sempre achei que você preferisse meu lado malvado e rebelde. - Chloe brincou, apertando o abraço, a trazendo mais para perto com a finalidade morder o pescoço dela e ao mesmo tempo a fazendo rir com a provocação.

- Não quando estamos lidando com os seus ou com os meus pais. - Max argumentou, cedendo aos carinhos - Mas fique a vontade pra ser tão rebelde quanto você quiser todo o restante do tempo.

- Tipo agora? - Chloe arriscou, sem a visão da reação de Max ao ouvir aquilo, aguardando ansiosamente pela resposta, enquanto percorria o ombro dela com os lábios.

- Tipo agora.

Max respondeu diretamente e, em seguida, riu da comemoração efusiva da punk que a girava de uma lado para o outro da cama, enquanto mordia seu ombro.

Max tentava se defender dos ataques, fazendo cócegas em Chloe, que resistia praticamente intocada a cada uma das investidas da nerd até o ponto de girar na cama e encurralá-la num contra ataque certeiro. 

Entretanto, quando Chloe já vibrava com sua nova vitória, as duas foram interrompidas por batidas leves na porta, levando a punk a se lamentar no meio da comemoração.

- Max, tá ocupada? - A nerd ouviu da voz conhecida de sua amiga do lado de fora. - Posso entrar?

- Só um minuto, Kate. - Max respondeu, enquanto se desvencilhava de uma Chloe contrariada para, em seguida, se pôr sentada na cama e se dirigir à punk, com uma voz baixa. - Ponha uma camisa, Chlo.

- Mas você disse que eu podia ser rebelde alguns minutos atrás. - A punk repetiu num tom de lamento.

- Rebelde sim, nudista não. - Max esclareceu, enquanto se olhava no espelho, arrumando o cabelo e ouvia Chloe rir de sua resposta.

- Mas você tá com minha camisa. - Ela insistiu, se referindo à regata branca que, em companhia de um short preto de algodão, compunham o visual de Max desde a madrugada do dia anterior.

- Como se você não tivesse mais umas 10 no meu armário.

- Tá bom... tá bom...

Chloe deu o braço à torcer, levantando da cama e indo em direção ao armário, enquanto Max aguardava ela se vestir e voltar num passo lento para o mesmo lugar, antes de finalmente abrir a porta.

O clima descontraído de antes foi substituído por um de surpresa quando Max notou que Kate não estava sozinha do lado de fora, mas acompanhada de uma Victoria ainda desconfiada e bastante reticente se era uma boa ideia estar ali naquele momento.

Notando o claro desconforto de Victoria e o choque de Max, Kate decidiu dar início à conversa para contornar a atmosfera inicial.

- Bom, vocês sempre perguntavam no que eu estava metida ultimamente quando sumia. Essa é a explicação. 

- Ah meu deus! -  Chloe exclamou, ao se inclinar na cama para finalmente enxergar Victoria ao lado de Kate. - Você trouxe a rainha em pessoa para nos visitar, Marshmallow. Não acredito! - A punk debochou, quando as duas garotas foram convidadas a entrar no quarto por Max, sentindo o olhar irritado de Victoria fixo em si. - Nós deveríamos estender um tapete vermelho? Quem sabe colocar roupas a rigor?

- Não. Mas seria bom, pelo menos, você usar algo que não pareça ter sido fruto de doação para desabrigados. - Victoria respondeu ao fim da última provocação da punk.

- Eu adoraria ouvir seus conselhos de moda, mas não acho que esse seu visual de patricinha esnobe é muito meu estilo. - Chloe retrucou na mesma moeda, já se preparando para a nova ofensa que receberia.

Mas quando Victoria já se preparava para sua tréplica na discussão com a punk, Max intercedeu, tentando encerrar o assunto.

- Gente, não briguem, por favor.

- Ah, amor, a gente não tá brigando. Só se conhecendo melhor. - Chloe se defendeu, se aproximando de Max, afagando o ombro dela e a beijando no rosto. - Qualquer amigo da Kate se torna nosso amigo por tabela.

- Obrigada, Chloe. - Kate respondeu com um sorriso tímido.

- Mas, Vic... eu posso te chamar assim, né? - Ao ouvir um sonoro e claríssimo "não" em resposta, Chloe se aproximou da garota e continuou seu discurso sem o mínimo abalo - Ótimo! Como eu ia dizendo, Vic. Se você magoar ou causar qualquer mal à Kate, pode ter certeza de que eu vou escalpelar esse seu brilhante e sedoso cabelo loiro, fazer uma peruca com ele e te obrigar a engoli-la. - A punk advertiu encarando a garota loira com uma expressão ameaçadora, mas logo voltou a sorrir antes de completar - Bem vinda ao grupo!

- Você acabou de me ameaçar? - Victoria perguntou com os punhos cerrados e o cenho franzido, bastante incomodada com a postura de Chloe.

- Parece que surda você não é. - Chloe respondeu calmamente, voltando em seguida para a cama e ignorando a irritação evidente de Victoria.

- Por favor, Tori, releve. - Kate intercedeu, tentando botar panos quentes na situação - A Chloe só é um pouco super protetora e desconfiada, mas tenho certeza que, com o tempo, vocês vão acabar se entendendo.

- Eu duvido muito disso. - Victoria rebateu no mesmo instante, agora de braços cruzados, ainda com o olhar fixo no sorriso cínico que Chloe lhe direcionava.

- Já eu acho que temos tudo pra ser BFFs - Chloe acrescentou em tom de deboche, enquanto ria da reação de Victoria ao seu comentário.

- Sem querer ser bisbilhoteira, mas já sendo - Max falou, tentando desviar o foco do assunto - como vocês começaram essa amizade? É bem inesperado, pra dizer o mínimo.

- Vamos dizer que nos ajudamos mutuamente em algumas questões e acabamos descobrindo que temos coisas em comum. Aí uma coisa acabou levando a outra e aqui estamos. - Kate respondeu o mais evasivamente possível, evitando trazer à tona a questão de Victoria com o Nathan.

- Na verdade, só ela me ajudou, mas o resto da história foi bem parecido mesmo. - Victoria a corrigiu esboçando um sorriso, que Max pensou nunca ter visto antes nos lábios dela.

- Bom, Victoria, eu sei que temos nossas diferenças e, com certeza, já tivemos vários desentendimentos, mas o fato de você fazer um esforço pra estar aqui com a Kate prova que você está disposta a passar por cima disso e mudar. - Victoria assentiu e Max continuou. - Então, pode ter certeza que faremos o mesmo. A Chloe também. Ela fala essas coisas, mas no fundo só quer o bem da Kate.

- Eu entendo a desconfiança. Sendo totalmente honesta, no lugar de vocês, eu agiria até pior. - Ela confessou desconcertada para a surpresa de Max e Chloe.

Mas a surpresa maior veio quando, em sua nova participação na conversa, Chloe fez um convite bastante inesperado a Victoria.

- Vocês poderiam ir jantar lá em casa hoje. - Chloe sugeriu, enquanto as outras garotas a olhavam abismadas - Seria mais fácil lembrar de me policiar pra não importunar a Vic na presença dos meus pais e também seria uma forma de começar essa "amizade" com o pé direito. - Depois acrescentou - Claro, se vossa realeza estiver disposta a comer com a plebe.

- Primeiro: vai se foder, Price! - Chloe riu novamente da ofensa que ela já aguardava - Segundo: eu aceito. Contanto que não seja você a cozinhar.

- Então, tá marcado. E não se preocupe, você vai degustar a melhor comida da cidade hoje à noite. Eu garanto.

- Isso nós vamos ver.

__________________________

Meses após a primeira reunião do quarteto, a amizade improvável acabou se estreitando e, enquanto o ódio mútuo entre Victoria e Chloe se transformava em pura implicância, o sentimento da garota loira por Kate se convertia em algo que ela nunca esperou e que, por isso mesmo, passou um bom tempo tentando negar para si mesma.

E, por mais que tentasse ocultar seu novo estado de espírito de todos ao redor e principalmente do objeto dele, Victoria não conseguiu escondê-lo muito tempo das duas garotas que observavam tudo acontecendo de fora da situação, mas bem de perto e, finalmente, se viu obrigada a confessar tudo à Chloe, quando as brincadeiras de duplo sentido envolvendo suas intenções em relação à Kate começaram a se tornar bem reveladoras.

Desde então, Max e Chloe haviam se unido a ela na dura tarefa de tornar o futuro ato de confessar a Kate sobre seus sentimentos numa tarefa menos ingrata e assustadora. 

Não foi rápido, muito menos fácil, mas Chloe estava muito empenhada em levar àquilo adiante, muito para a surpresa de Victoria que a observava especular sobre a vida amorosa de Kate constantemente, como quem não queria nada, além de planejar passeios para o quarteto fazer em conjunto, aos quais ela e Max sempre furavam em cima da hora, quando Kate e Victoria já estavam no local sem poder mais desistir.

Mas o dia que Victoria teve certeza de que não aguentaria a pressão foi o que elas decidiram fazer uma festa do pijama no quarto de Kate.

Depois de conversas, filmes e muitas risadas, uma Chloe, já com a percepção parcialmente alterada pela quantidade de álcool em seu cérebro, propôs que elas encerrassem a noite brincando de verdade e desafio.

Não foi preciso muito esforço para fazer o restante das garotas aceitarem, mas Victoria logo se arrependeu de sua decisão quando a punk decidiu usar cada oportunidade que surgia após o giro da garrafa para deixar evidente para Kate os sentimentos dela.

Victoria rapidamente constatou que escolher "verdade" em vez de "desafio" poderia colocá-la em uma saia justa quando o poder estivesse nas mãos de Chloe e isso a fez utilizar a estratégia contrária na segunda vez que a garota de cabelos azuis foi selecionada para lhe direcionar uma pergunta, logo após a primeira em que a questionou sobre seus interesses amorosos.

- Vic, quem é essa pessoa que você diz gos...?

- Desafio, Price. Eu escolho "desafio". Pare de pular as etapas. - Victoria interrompeu a frase de Chloe pela metade com um sorriso vitorioso, achando que tinha atrapalhado os planos da punk, mas logo descobrindo que nunca esteve tão enganada.

A garota de cabelos azuis abriu um sorriso diabólico pela mudança na opção escolhida por Victoria, tomou um novo gole de sua cerveja e não precisou pensar por mais que alguns segundos para escolher qual desafio a garota loira iria enfrentar.

- Vic, Vic, Vic... - Ela começou a falar empolgada, fazendo suspense, enquanto a loira se mantinha impaciente - eu te desafio a beijar a Kate... na boca. 

Logo que Chloe concluiu a sugestão, toda a cor do rosto de Victoria sumiu, enquanto seu coração saltou até a garganta, a tornando capaz de praticamente ouvi-lo pulsar no meio de suas cordas vocais e quase a impedindo de negar veementemente aquela proposta indevida.

- Não!

- Como não? - Chloe questionou de braços cruzados, a encarando, sem entender a reação exagerada.

- Você não pode fazer isso. É contra as regras. - Victoria se esquivou, se pautando numa regra que acabara de inventar e olhando, aflita, de Kate para Max, que apenas observavam a conversa das duas, sem emitir nenhuma opinião.

- Por que contra as regras? - Chloe insistiu, ainda sem entender a hesitação da loira. - Que regra é essa?

- Você estaria desafiando nós duas ao mesmo tempo desse jeito. Você não pode obrigar a Kate a participar disso. - Ela se explicou com uma desculpa que não parecia convencer Chloe minimamente.

- Conta outra, Vic. Você acabou de inventar essa regra. - A punk fez pouco caso, deitando no colo de Max, enquanto analisava a expressão de Victoria. - Quando você teve oportunidade, me fez ir até o dormitório masculino pra vandalizar a placa do quarto do Logan. Eu arrisquei ser pega pela segurança pra agora você dar esse piti todo por causa de um simples selinho na Kate? Qual é, cara?

- Não é piti. Você só não pode obrigá-la a fazer isso, sua idiota. Ela não...

- Eu faço. - Kate a interrompeu, a fazendo perder a linha de raciocínio imediatamente, tamanha sua surpresa com a concordância inesperada. - É só uma brincadeira. Que mal pode fazer?

Victoria ficou um tempo parada, novamente sem ação, apenas observando a expressão serena que não abandonou o rosto de Kate por um só minuto enquanto aquela cena se desenvolvia. 

"Era só uma brincadeira", ela tinha razão e, embora aquela frase contivesse uma resposta positiva, ela também significava que um provável beijo não significaria nada para ela além da conclusão de um desafio em um jogo bobo de adolescentes.

E, para Victoria, aquilo doía mais que uma possível rejeição.

- Mas eu não quero. - Ela reafirmou de uma forma mais raivosa do que gostaria, trazendo uma nova onda de surpresa para o recinto e um embrulho para seu próprio estômago.

Notando os olhares confusos direcionados a ela, ansiosos por suas novas palavras ou até por um aviso de que estava brincando, Victoria resolveu fazer algo que ninguém esperava.

- Isso claramente foi um erro. Eu vou voltar pro meu quarto. Boa noite...

- Tori... espera! Qual o...?

Antes que Kate pudesse concluir sua pergunta, Victoria se levantou e foi até a porta, saindo e a fechando atrás de si sem olhar para trás ou dizer qualquer outra coisa, deixando o quarto no mais completo silêncio, até Chloe voltar a se pôr sentada e também a quebrar o silêncio.

- Eu vou lá pedir desculpas e tentar trazer ela de volta. - Chloe avisou, se levantando e caminhando rumo à saída.

- Não... deixa que eu vou - Kate a interrompeu quando ela já estava à ponto de cruzar a porta - O problema dela obviamente é comigo. Além disso, você ir agora só deixaria ela mais irritada.

Chloe assentiu sem mais argumentos e voltou a sentar no chão, ao lado de Max, enquanto Kate tomou o lugar dela, se dirigindo até o quarto de Victoria.

Kate bateu na porta, chamou pela garota, mas não ouviu nenhuma resposta, mesmo após insistir no padrão diversas vezes. Então, decidiu tentar a sorte, girando a maçaneta e descobriu que Victoria havia esquecido de trancá-la.

- Que droga você está fazendo?

Victoria perguntou, tentando disfarçar o próprio abalo enquanto se punha sentada na cama, logo que notou Kate fechando o quarto e se aproximando de onde ela estava.

- Checando como você está. - A garota menor respondeu a pergunta feita de forma ríspida com seu tom amável de sempre, ignorando a hostilidade direcionada a ela e sentando ao lado de Victoria.

- Eu tô ótima. Pode ir agora. Eu vou dormir. - Ela ironizou, sem olhar em direção à Kate, mas esta não estava disposta a desistir tão facilmente.

- Tori, eu não sei porque você ficou tão possessa por causa da brincadeira, mas tudo bem. Se você não queria me beijar, se está com a cabeça em outra pessoa, não tem problema nenhum. Você não precisava sair daquele jeito. Era só ter dito e a gente teria seguido a vida normalmente.

Victoria riu abertamente após ouvir as palavras de Kate, a deixando completamente confusa, enquanto tentava entender se aquela reação tão despropositada era só outra tentativa de atingi-la.

- É exatamente o oposto.

- O que? - Kate perguntou ainda mais confusa que no início da conversa.

Victoria suspirou esfregando o rosto insistentemente com as duas mãos e afastando os cabelos de sua testa, tentando criar coragem para explicar seu comentário.

- Eu queria muito beijar você, muito mesmo, mas não como brincadeira, não num desafio que não significa nada. E a razão é que eu gosto de você de verdade. É isso! Pronto. - Victoria confessou agora encarando uma Kate boquiaberta - Desculpa jogar isso no seu colo agora. Não era minha intenção.

Kate continuava em silêncio, apenas encarando Victoria que havia voltado a chorar só pelo pensamento de que a garota tímida iria sair correndo dali a qualquer momento, mas em nenhum momento cogitando interromper seu desabafo ferido.

- Primeiro eu fingi que não estava acontecendo, depois tentei esquecer, mas não consegui. Você não faz ideia do quanto é difícil deixar de gostar de você! - Victoria acrescentou após um novo sorriso melancólico. - Aí eu tentei conviver com isso para, quem sabe um dia, criar coragem e contar tudo, mas nunca imaginei que seria assim.

Kate a observava sem piscar, mas a manutenção de seu silêncio era aterradora para Victoria e esta sabia que surtaria e gritaria de desespero, se aquele silêncio persistisse por mais tempo. Por isso, resolveu interceder.

- Por favor, diga alguma coisa antes que eu entre em pânico totalmente. Qualquer coisa. - Victoria exigiu quase em tom de súplica.

Mesmo com isso, Kate permaneceu em silêncio, mas não no desesperador estado de latência que devorava Victoria por dentro. Em vez disso, ela se aproximou da garota maior, tocando o rosto dela com uma das mãos e sorrindo pouco antes de se aproximar para beijá-la.

Nem mesmo a surpresa inicial pela ação de Kate impediu Victoria de correspondê-la quase no mesmo instante, a abraçando e a trazendo para mais próxima de si, enquanto o beijo se prolongava.

- Graças a Deus eu não estou enlouquecendo ou imaginando coisas. - Kate comentou, logo que interrompeu o beijo, mas ainda sem desfazer o abraço. 

- O que...?

- Eu não sou cega, Tori e a Chloe não é nenhum pouco sutil nas insinuações ou nos planos dela. - Kate respondeu, sabendo que seria compreendida sem necessidade de maiores detalhes para suas palavras. - Mas pode ter certeza de que fiquei bastante confusa quando você se negou a me beijar mais cedo. Só que, agora que você me contou isso, fez todo sentido.

- E você...? Quer dizer, nós...? Err... existe um nós, não existe? - Victoria perguntou num tom incerto fazendo Kate sorrir.

- Existe um "nós" sim, mas vamos discutir isso direito amanhã, pode ser? É melhor a gente voltar antes que a Max a Chloe apareçam no meio da conversa. - Victoria assentiu aliviada, devolvendo o sorriso.

- Eu posso te beijar de novo antes?

Victoria arriscou, compartilhando com Kate um sorriso genuíno logo que recebeu uma resposta positiva, voltando a abraçá-la apertadamente e a beijando com mais calma para, no instante seguinte, se levantar da cama e voltar ao quarto onde Max e Chloe as aguardavam, conversando distraídas entre si, mas parando assim que perceberam a chegada das duas. 

A punk, inclusive, decidiu se levantar para se desculpar diretamente com a loira pela brincadeira.

- Cara, foi mal. Eu sei que passei um pouco dos limites, mas não foi minha intenção te cons... - Chloe foi interrompida no meio do pedido de desculpas por um abraço inesperado de uma Victoria de muito bom humor.

- Não se acostume, Price. Isso não vai se repetir muitas vezes. 

A garota loira comentou no momento em que se separou de uma Chloe confusa e se sentou ao lado de uma Max também surpresa, que observava a cena ainda sentada.

- O que deu nela, Marshmallow? - Chloe perguntou, logo que se recuperou do choque pela atitude de Victoria.

- Nada demais. - Kate respondeu tranquilamente, se juntando às outras duas garotas - Acho que ela só está satisfeita por ter cumprido seu desafio.


Notas Finais


Espero que vocês estejam satisfeitas, mas não chorem ainda porque obviamente vai ter mais. Hehe! Até lá!

Beijos e bom fim de semana! :)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...