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História Amor Além do Tempo - Epílogo


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Promessa é dívida.

Por isso, cá estou com o capítulo bônus que prometi pra vocês, um pouco atrasado, mas nem tanto. Esses dias estão corridos porque vou viajar e tive que organizar umas coisas antes e ainda nem respondi os comentários todos do último capítulo, mas vou fazer isso agora mesmo.

Já adianto o quanto acho vocês uns amores, o quanto fico muito feliz quando os leio e, portanto, quero deixar isso bem claro por aqui.

Espero que voltemos a nos esbarrar em breve!

Boa leitura!

Capítulo 80 - Epílogo


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Epílogo

Depois de recobrarem a consciência de suas outras vidas logo após a cerimônia de casamento, grande parte dos esforços de Max e Chloe, daquele momento em diante, foi empregada em se acostumarem ao fato de compartilharem um segredo sem precedentes, que não podiam dividir com mais ninguém.

E, se para Chloe era difícil estar na presença do pai sem se emocionar lembrando do acidente que havia lhe tirado a vida em outra linha do tempo, para Max era quase impossível dormir à noite, devido ao medo constante de que seus antigos pesadelos voltassem e trouxessem junto seus poderes e todas as ameaças que eles carregavam consigo.

Entretanto, mais de um ano depois daquele acontecimento, nem os poderes de Max, nem as visões de Chloe, e muito menos o tornado ou qualquer um dos perigos que assolaram o futuro das duas em outras realidades voltaram a assombrá-las.

Mas, mesmo assim, depois de todo esse tempo tendo como principais problemas apenas fatos corriqueiros do dia a dia, relacionados a trabalho ou a convivência como casal, ainda era difícil acreditar que a batalha havia acabado e que elas tinham vencido.

- Max, você tá bem?

Chloe perguntou preocupada, batendo na porta do banheiro onde a garota de sardas estava trancada havia vários minutos, vomitando, depois de uma noite mal dormida e de um dia inteiro passando mal. 

- Max…? - A punk insistiu, batendo na porta com mais firmeza, quando não ouviu mais nenhum barulho do lado de dentro, imaginando que a nerd podia ter desmaiado.

- Zó um zegundo... - A garota de sardas finalmente tranquilizou Chloe, que já começava a entrar em pânico, a ponto de considerar arrombar a porta do banheiro principal da casa dos Caulfield em Seattle, sem se preocupar em considerar como justificaria sua ação para os pais de Max.

Não mais que um minuto depois, Chloe ouviu o barulho da tranca e a porta sendo aberta, revelando uma Max calma e aparentemente ilesa do outro lado.

- Por que você não respondeu? Tá tentando me matar do coração? - Chloe perguntou, ao mesmo tempo em que se aproximava para observar o rosto de Max de perto e, quase instintivamente, passar um dos polegares embaixo do nariz dela para checar qualquer possível sangramento.

- Eu tô bem, Chlo… ehr… na medida do possível. - Max garantiu, fechando a porta e segurando a mão de Chloe que permanecia sobre seu rosto -  Só não respondi porque tava escovando os dentes, já que acabei de vomitar até minha alma naquele banheiro.

Em vez de acalmar Chloe, a explicação de Max só a deixou ainda mais preocupada, tanto que ela não tardou em levantar uma questão recorrente, que surgia sempre que a saúde de Max se mostrava ligeiramente abalada.

- Você acha que pode ser…?

- Não. Não tem nada a ver. Relaxa. - Max respondeu antes mesmo que ela precisasse concluir a pergunta. Conhecendo Chloe suficientemente bem para saber o que a afligia naquele momento. - Acabou. Nós vencemos. Eu nunca mais tive sequer um sangramento nasal e não tenho pesadelos desde antes do casamento… bom, só pesadelos normais, mas nada que envolva tornados ou você morrendo. - A nerd continuou - E posso garantir que meus poderes não voltaram. Eu sei porque testo todo dia pra ter certeza. Toda manhã, assim que acordo.

- Ótimo. - Chloe concluiu, respirando aliviada e abraçando Max. - De qualquer forma, a gente deveria ir num médico pra saber se você tá doente.

- Eu não tô doente… deve ter sido aquele sushi de ontem. Eu notei de cara que tava com um gosto estranho… Além disso, nós temos um casamento pra ir, esqueceu? - Max comentou em meio ao abraço e Chloe apenas balançou a cabeça negando. - Mas prometo que marco uma consulta assim que voltarmos pra casa, se for pra te deixar despreocupada.

- Obrigada. - Chloe concluiu, a beijando no rosto e sorrindo ao segurar a mão dela de novo e começar a conduzi-la escada abaixo e depois até a saída.

Max fechou a casa e seguiu Chloe até o carro, entrando logo que a porta foi destravada, até ter seu pensamento invadido por um questionamento que logo resolveu externar para a punk.

- E quanto a você?

- Eu? - Chloe perguntou distraída, dando a partida no carro.

- É… você teve algum sonho com possíveis visões do futuro ou qualquer coisa relacionada a isso?

Chloe desligou de novo o motor, recostando o rosto em uma das mãos, enquanto refletia sobre a pergunta e tentava puxar da memória algo que pudesse dar qualquer indício de que suas visões pudessem ter voltado.

Em um determinado momento, ela arqueou as sobrancelhas como se tivesse recebido uma revelação e dirigiu sua atenção para a nerd, pronta para lhe dar uma resposta.

- Esses dias eu sonhei com a gente cuidando de umas crianças pequenas, como se estivéssemos numa creche… você acha que eram nossos filhos? Será que você tá grávida e esse é o motivo do enjôo?

Chloe falou meio em tom de brincadeira, meio empolgada com a situação, mas Max apenas riu de mais aquela loucura expressa por ela como suposição lógica.

- Chlo, eu não acho que seus dedos sejam férteis. Então, vamos eliminar essa possibilidade por enquanto. - Max ironizou, balançando a cabeça, sem acreditar na sugestão da punk.

- O que é uma pena porque, se fossem, certamente já teríamos uma família bem grande a essa altura. - Chloe brincou, com seu tradicional sorriso debochado completando sua expressão espirituosa e bem diferente da preocupada de minutos atrás. - Eu ia adorar assistir o pequeno Max correndo pela casa, com você indo atrás e tentando pará-lo, morrendo de medo de ele quebrar uma das suas câmeras.

- Pequeno Max? - A nerd questionou com um olhar incrédulo.

- É. Nosso primogênito. - Chloe respondeu despreocupada, voltando a dar partida no carro, enquanto Max ria da imagem mental trazida por ela - Achei que seria legal ele ter o mesmo nome que o seu, já que é unissex.

- Não seria legal. Seria confuso. - Max rebateu, mal acreditando na ideia dela.

- Que egoísmo, Max. - Chloe ironizou, enquanto começava a manobrar o carro para tirá-lo da garagem - Não quer dividir o nome com seu próprio filho.

- Nós não temos um filho e, quando tivermos, com certeza ele não se chamará “Max”. - Max determinou, enquanto ajustava o cinto de segurança, mas a punk estava determinada a continuar a importunando com aquilo.

- O mais justo seria deixar ele crescer o suficiente pra decidir entre o nome sugerido por você e o sugerido por mim.

Max revirou os olhos e suspirou, ao notar que aquela discussão tinha um potencial infindável e não as levaria a lugar nenhum, só as faria se atrasarem para o compromisso. Por isso, decidiu encerrar o assunto sem maiores explicações.

- Chloe, dirija. Só isso. 

Chloe abriu um sorriso enorme ao atingir seu objetivo de tirar a hipster do sério e parou momentaneamente o que fazia para se aproximar e beijá-la repetidas vezes, até destitui-la de sua expressão irritada poucos minutos depois.

Logo, as duas estavam ajustadas de novo em seus lugares e prontas para ir ao encontro de suas amigas de longa data

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Assim que Max e Chloe chegaram à porta da imponente mansão dos Chase, puderam ouvir quase com clareza o barulho de gritaria que vinha do lado de dentro. Mas, em vez de questionarem o que poderia estar acontecendo, simplesmente se mantiveram em silêncio e tocaram a campainha, esperando ser recepcionadas.

Ao contrário do que acharam num primeiro momento, o barulho não cessou após o chamado das duas, ele se manteve inabalável, inclusive depois de a governanta da casa aparecer para atendê-las e deixá-las à vontade na sala, onde agora conseguiam distinguir não só a quem pertencia a voz ativa da gritaria, como também entender o que a havia deixado tão exaltada.

- … Ela é sua filha. Será que você não tem um pingo de remorso pelo que está fazendo com ela? - Victoria questionava com a voz alterada do andar de cima. - Eu não gosto de você, nem você de mim, mas nós amamos a Kate. Você precisa lembrar disso ao menos por um segundo e aparecer no casamento… eu juro que… ahn? - Ela ficou muda de repente mas, alguns segundos depois, retomou a fala num tom mais ameno. - Tu-tudo bem... Então, tchau.

Um novo período do mais completo silêncio e, então, elas começaram a ouvir os passos lentos de Victoria descendo as escadas, já trajada com seu vestido de casamento, maquiada e de cabelo arrumado. 

A expressão sisuda da garota loira se transformou numa aliviada ao enxergar Max e Chloe sentadas no sofá, a observando com um olhar preocupado.

- A gente veio checar pra saber como você estava e, pelo visto, chegamos num bom momento pra isso. - Chloe explicou, enquanto Victoria andava pela sala e se sentava no sofá de frente para elas, enterrando o rosto nas mãos logo em seguida.

- Eu tô ótima, mas temporariamente estressada por estar esse tempo todo tentando convencer a aquela mulher horrível, que jura ser mãe da Kate, a ir no casamento da filha - Victoria explicou, encarando as garotas, agora com o queixo sustentado nas duas mãos.

- E, pelo visto, você não conseguiu, né? - Max acrescentou, ao analisar a expressão cabisbaixa da loira e se admirou ao vê-la responder sua pergunta com um aceno negativo.

- Pelo contrário. - Victoria disse, para a surpresa de Max e Chloe - Parece que ela não está completamente morta por dentro.

- Então eu não tô entendendo mais nada…

Victoria suspirou, se ajeitando no sofá e exibindo um olhar apreensivo, antes de finalmente responder.

- Eu tenho medo do que ela pode estar planejando… de que ela vá só pra tentar estragar nosso casamento. Ela é como uma vilã de contos de fada. Eu nunca sei o que esperar, mas sempre espero o pior. - Victoria concluiu após um novo suspiro.

Chloe e Max se levantaram, indo até ela e sentando uma de cada lado para consolá-la.

- Ela não faria isso, Vic. Apesar de tudo, a Kate é a filha dela e não acho que ela, por pior que seja, humilharia a Kate ou mesmo você em público. 

- Espero que você esteja certa, Chloe. De outro jeito, eu juro que mato aquela mulher dentro da igreja, na frente de todo mundo. - Victoria declarou, ao se levantar do sofá, arrumando o próprio vestido e se observando no espelho.

- Vamos esperar que não precise chegar a tanto. - Max comentou, trocando um olhar de esguelha com Chloe, mas logo voltando de novo sua atenção para a loira - Mas e seus pais, onde estão? Não são eles que vão te levar até o casamento?

- Sim. Eles provavelmente estão redigindo um acordo pré nupcial de última hora que vão tentar obrigar a Kate a assinar antes da cerimônia, mas eu tô tentando não pensar nisso porque todo o resto já está me tirando o juízo. - Ela respondeu sarcasticamente, deixando evidente seu estresse com a situação e depois acrescentando. - Eles devem chegar daqui a pouco.

- Humm… E a Kate? - Max mudou o foco do assunto, tentando não estressar ainda mais a garota loira.

E foi o movimento certo a se fazer, já que a expressão de Victoria se transformou ao ouvir o nome da garota, a fazendo assumir uma expressão tranquila de novo.

- Na nossa casa, com as irmãs. Ela quis se arrumar por lá mesmo, com a ajuda delas e esperar o Richard passar pra levá-las até a capela. 

- Justo aonde nós vamos depois daqui. - Chloe comentou com um sorriso.

- Ótimo. Assim vocês podem se certificar de que ela tá bem. Ela nunca me diria se algo estivesse acontecendo, porque sabe que eu tô com os nervos à flor da pele nos últimos dias.

- Tenho certeza de que está tudo bem, mas, se surgir qualquer coisa, ajudaremos ela a resolver. - Victoria assentiu, respirando aliviada. - Tem algum recado que queira mandar pra ela?

Victoria refletiu por um tempo, cogitando entre ser romântica, dar alguma instrução prática ou mesmo ser sarcástica. Obviamente, o sarcasmo venceu no final.

- Só diga a ela pra não me deixar plantada esperando. - Ela disse com um sorriso de canto de boca.

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O clima na casa onde Kate se preparava para o casamento estava bem menos tenso que na mansão dos Chase. Tanto que, quando Max e Chloe chegaram, deram de cara com uma Kate sorridente, acompanhada das irmãs, já praticamente pronta para sair.

Ao saber da visita prévia das duas amigas à Victoria, todos os questionamentos da garota tímida obviamente passaram a girar em torno de preocupações com a noiva, culminando nas mais diversas perguntas sobre o estado dela.

- Ela tá ótima, Kate. Só um pouco estressada e preocupada com você. O que é perfeitamente normal. - Max tranquilizou a amiga, decidindo omitir a parte da conversa de Victoria com a senhora Marsh.

- E, pra sorte da Vic, não tinha ninguém lá pra agredi-la como aconteceu na minha preparação pro casamento com a Max. - Chloe acrescentou, fazendo as outras garotas rirem.

- Queria saber quando vocês vão parar de fingir que não gostam uma da outra, já que todas sabemos que isso não é verdade. - Kate levantou a questão assim que as risadas cessaram.

- Nós gostamos uma da outra. Só que gostamos mais ainda de implicar uma com a outra, Marshmallow. - Chloe esclareceu, arrancando um novo sorriso das garotas. - Nossa amizade é bem peculiar. Só a gente entende.

Antes que as garotas pudessem retomar o assunto, a campainha foi tocada, atrapalhando a conversa, e a irmã do meio de Kate se levantou para atender, revelando a presença do pai do lado de fora. 

Max e Chloe acharam estranha a ausência da mãe de Kate, que, ao que tudo indicava, havia voltado atrás em sua promessa de comparecer à cerimônia. 

A garota tímida não conseguiu esconder totalmente o desapontamento com a atitude da mãe, mas ao mesmo tempo decidiu ignorar o fato e continuar agindo normalmente, da mesma forma de antes da chegada do pai, até superar a melancolia causada pela situação.

Depois dos últimos retoques na maquiagem, Kate se olhou no espelho, surpresa com a própria aparência e muito feliz com o resultado final, enquanto os demais visitantes da casa a observavam, fazendo comentários elogiosos e aguardando seu sinal para partirem rumo à modesta capela onde seria celebrado o casamento.

A garota se despediu de Max e Chloe, passou um tempo refletindo até respirar fundo e finalmente dar a mão ao pai, acenando positivamente para que eles seguissem caminho.

O único pensamento que povoava a mente de Kate naquele momento, quase como um mantra, era o da certeza de que ela seria feliz a partir dali, independente do que viesse depois.

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Parada de pé ao lado da figura imponente e silenciosa do pai, Victoria analisava cada detalhe da decoração da capela, tentando se distrair e não pensar na ansiedade que fazia seu estômago revirar como uma betoneira naquele momento.

Quando o local começou a ficar cheio, sua maior preocupação era enxergar os rostos conhecidos com que havia se deparado mais cedo naquele mesmo dia para que eles pudessem acenar positivamente e lhe dar a certeza de que estava tudo dentro do planejado, de que realmente não havia a mínima possibilidade de ela ficar ali plantada ali, esperando para sempre.

Victoria Chase estava sendo devorada pela ansiedade e pelo nervosismo internamente, mas por fora, só deixaria uma pessoa perceber aquilo, mas essa pessoa não estava ao lado dela naquele instante.

- Eu não acredito que você vai casar aqui nessa capela. Nós nem ao menos somos católicos. - O pai dela comentou por auto, sem fazer ideia do estado da filha, que mantinha uma expressão imperturbável, apesar de seus caos interno.

- Isso não é uma casamento católico. Até porque nem seria possível. É só algo simbólico. Para a Kate. - Victoria confessou com sinceridade, imaginando que consideraria até conversão, se a garota menor tivesse alguma vez lhe sugerido - O pai dela, além de ter conseguido que nos alugassem essa capela, também vai conduzir a cerimônia. E eu sou muito grata a ele por ter me ajudado nisso.

- Tudo bem… eu só estou dizendo que poderíamos ter feito algo bem mais… como posso dizer? - O homem falou, enquanto media suas próximas palavras, ao notar o olhar crítico da filha - Grandioso!

- Eu não quero um grande evento social, pai. Eu quero algo bonito e verdadeiro, de que eu me lembre no futuro com alegria e saudade. - Victoria respondeu com os olhos fixos no altar à distância. - Isso não é pros outros, é pra mim e pra Kate. Eu deixo os grandes eventos para o senhor e para a mamãe.

Depois da nova frase da filha, o senhor Chase apenas deu de ombros e Victoria agradeceu o reestabelecimento do silêncio porque não se via em condições de continuar envolvida num debate em seu atual estado. Mas, quando sua cabeça estava longe de novo e seus olhos escaneavam cada um dos assentos do local em uma nova busca infrutífera, um ligeiro toque em seu ombro não só a trouxe de volta à realidade, como a fez respirar aliviada.

Ela teve que controlar a si mesma para não exibir um sorriso maior do que deveria para a punk debochada que a encarava ao lado da figura também sorridente de Max Caulfield.

- Sentiu saudade, Vic? - Chloe perguntou com seu sorriso de sempre.

- Prefiro não te xingar dentro de uma igreja, Price. Pode dar azar. - A garota loira respondeu com a mesma gentileza de sempre.

- Pelo visto, sentiu. - Chloe devolveu no mesmo tom irônico - A Kate já tá aqui e a cerimônia vai começar daqui a pouco. Só espero que a minha presença não ofusque sua entrada triunfal.

Victoria ficou tão aliviada ao saber da chegada de sua futura esposa ao lugar do casamento, que nem teve tempo de reação para devolver a provocação de Chloe de imediato. 

Ela ficou sem fala por alguns instantes e, antes que pudesse recobrá-la e dar voz aos seus pensamentos, foi impedida pelas advertências dos responsáveis pela organização do evento, avisando que a cerimônia iria começar.

Quando a tradicional marcha nupcial começou a ser tocada, a loira só teve tempo de ouvir um “boa sorte” ser murmurado por Chloe, antes de esta começar a seguir o caminho até seu posto no altar ao lado de Max. 

De repente, eram só Victoria e o pai de novo. Então, ela estendeu a mão para ele, que a segurou prontamente e os dois começaram a percorrer o mesmo caminho que o restante das pessoas haviam feito, o que a garota fazia sem demonstrar nenhum abalo exterior, embora, por dentro, estivesse surtando.

Enquanto assistia a loira se aproximar e finalmente se postar em seu lugar no altar, Chloe especulava ao pé do ouvido de Max quanto tempo Victoria manteria a postura de rainha de gelo. E, ao passo que a nerd apostava que aquilo acabaria na hora dos votos, Chloe acreditava que fosse acontecer bem antes. Mais precisamente, no momento em que ela visse a chegada de Kate.

E foi como se a punk tivesse uma bola de cristal pois, logo que a figura de Kate se mostrou no início do caminho que a levaria ao altar, olhando com um sorriso na direção de Victoria, esta foi incapaz de conter o sorriso enorme que se apossou de seu rosto no instante em que a viu.

E o sorriso de Victoria se tornou ainda maior quando, logo depois de se despedir do pai, Kate se postou ao seu lado e buscou sua mão, a segurando com firmeza, ao voltar sua atenção para o altar.

- Estamos aqui reunidos esta noite para celebrar a união de minha filha, Kate Beverly Marsh, e de sua jovem noiva, Victoria Maribeth Chase. - O Sr. Marsh iniciou o rito, tentando controlar a própria emoção ao se referir à filha. - Um momento tão especial para elas, quanto para mim.

A garota tímida sorriu para o pai que prosseguia com o discurso e, minutos depois, por puro reflexo, olhou para trás, para o lugar que deveria ter sido ocupado por sua mãe, mas que naquele momento permanecia vazio.

O sorriso dela se desfez parcialmente com a constatação e Victoria foi rápida em notar, percorrendo com o olhar mesmo trajeto que o dela fez momentos antes e praguejando internamente pela ausência da senhora Marsh, enquanto segurava com ainda mais firmeza a mão de Kate.

- …O amor humano autêntico é uma entrega total da pessoa: alma, coração, corpo e a própria vida, presente e futuro…

Enquanto Richard Marsh evoluía no discurso, a mente de Victoria viajava para horas antes naquele mesmo dia, para a conversa que teve com a mãe de Kate, rememorando cada detalhe e tentando entender porque a mulher tinha faltado com a palavra.

A garota só voltou a si quando, assim como a maioria dos convidados e até a própria Kate, teve sua atenção captada pela movimento da porta pesada da capela se abrindo e revelando a chegada da mulher que ela tanto odiava, mas cuja visão a deixou imensamente feliz naquele momento.

Kate abriu um sorriso genuinamente emocionado ao ver a mãe se aproximando, enquanto pedia desculpas para os convidados ao passar e, no fim do percurso, sentava na primeira fileira, a apenas alguns metros do altar.

Richard também sorriu consigo mesmo, pensando no quão irônico era sua esposa aparecer na igreja exatamente na hora de as garotas trocarem os votos. 

Então, com isso em mente, ele advertiu as duas sobre o fato e pediu à filha que fosse a primeira a professá-los, o que ela atendeu prontamente.

- Tori, quem poderia imaginar que terminaríamos assim quando nos conhecemos? Nosso relacionamento tinha potencial para se tornar uma tragédia shakespeariana, mas, no fim, acabou se tornando uma história de amor incondicional, respeito, cumplicidade e admiração mútua. Nós fomos de rivais para almas gêmeas quase num piscar de olhos, e todas as dificuldades, todos os obstáculos que enfrentamos nesse meio tempo só serviram para fazer o que eu sentia por você se tornar mais forte.

Kate parou um momento para trocar um breve olhar com uma Victoria bastante emocionada, que tentava conter as lágrimas que começavam a querer cair se seus olhos com os nós dos dedos.

Nunca me importei o que os outros diziam ou pensavam sobre nós, porque você nunca foi “só uma fase” pra mim. Nem no primeiro beijo, muito menos agora, depois de tantos anos juntas. Você é a maior constante da minha vida e eu tenho muito orgulho de te chamar de minha namorada, noiva e, muito em breve, esposa. - Ela sorriu para a loira antes de completar - Tudo isso porque eu te amo muito e tenho certeza absoluta de que será pra sempre.

- Bom, Victoria. Vai ser difícil você superar essa. - O senhor Marsh brincou, emocionado com o discurso da filha, fazendo todos do recinto rirem junto.

- Eu vou tentar, Richard. 

Victoria garantiu, enxugando os olhos mais uma vez, pigarreando e, finalmente, abrindo o papel que leria, mas só começando após trocar mais um olhar com a garota tímida. 

- Kate, eu costumava odiar tudo o que você era e representava. Eu tinha uma ideia totalmente errada da sua pessoa até o dia em que você me ajudou sem contar ninguém, nem esperar nada em troca, num momento em que poderia simplesmente me ignorar. Até porque eu merecia ser ignorada. - Ela fechou os olhos e respirou fundo, buscando calma para continuar - E, a partir daquele dia, eu comecei a enxergar a Kate de verdade, a que me faz rir, que tem gostos parecidos com os meus, aquela com a qual eu me sentia a vontade e conseguia conversar por horas a fio sem cansar. E, todos esses fatores e muitos outros somados, me fizeram esquecer totalmente aquela imagem pré concebida que eu tinha antes de te conhecer e começar a te admirar. 

Victoria não conseguiu evitar olhar para Kate depois de dizer aquilo, notando de imediato que o começo de seu discurso já havia causado uma reação emocionada na garota tímida.

- E a admiração, que nos tornou amigas, rapidamente se transformou em amor. E, quando finalmente me dei conta disso, já era tarde para voltar atrás. Eu estava perdida. - Victoria falou, relembrando do começo do relacionamento das duas e sorrindo antes de voltar a falar. - Mas, para minha sorte, você me achou e me mostrou o caminho. O mesmo por onde você me ajuda a seguir desde o nosso primeiro dia de namoro e que nos trouxe até aqui hoje. - Ela então fechou o papel e encarou uma Kate extremamente emocionada antes de prosseguir. - E eu espero continuar caminhando ao seu lado pra sempre.

- Nós vamos. - Kate respondeu num sussurro, sem conseguir conter a reação.

Um Richard visivelmente emocionado, quase esqueceu do passo a ser dado a seguir, mas logo se recuperou, lembrando as garotas das alianças.

- Kate Beverly Marsh, você aceita Victoria Maribeth Chase como sua legítima esposa?

- Aceito. - Kate respondeu, colocando a aliança no dedo de Victoria.

- Victoria Maribeth Chase, você aceita Kate Beverly Marsh como sua legítima esposa?

- Aceito. - Victoria respondeu, replicando a ação de Kate.

- Se alguém entre os presentes tiver alguma coisa para dizer que possa impedir esse matrimônio, que fale agora ou cale-se para sempre.

Ao ouvir aquela frase, instintivamente Victoria prendeu a respiração e olhou em direção à senhora Marsh, que para seu alívio se manteve inerte no assento. Então, ela voltou a olhar para o pai de Kate no exato momento em que ele prosseguiu.

- Pelos poderes a mim investidos, eu vos declaro casadas. - O homem falou com um sorriso. - Podem se beijar.

Com um passo tímido, foi Kate a responsável por buscar a aproximação para o beijo rápido compartilhado pelas duas, que se transformou em um sorriso constrangido logo que ouviram as comemorações e os aplausos dos convidados, que só aumentaram quando começaram a fazer o caminho de volta na direção da saída da igreja e rumo à festa.

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Já na festa, depois de comer e tomar uns goles a mais de bebida, Chloe decidiu que apenas conversar com sua esposa e suas duas amigas não era mais suficiente. Por isso, passou a se focar em uma de suas atividades favoritas: importunar Max.

- Gente, gente… - Ela falou, interrompendo o assunto da vez e trazendo a atenção delas para si - eu e a Max estávamos discutindo o nome do nosso filho que está pra nascer e uma das opções mais cotadas é “Max”, se for menino. O que vocês acham?

- Peraí! Alguma de vocês está grávida? Como a gente não soube disso antes…? - Victoria interrompeu, pega de surpresa pela possível revelação.

- Nosso filho não vai se chamar Max. - A fotógrafa disse, olhando com uma expressão contrariada para Chloe. - E não, Victoria. Ninguém está grávida. Ela só tirou o dia pra me encher com esse assunto.

- Amor, não intimide nossas amigas. Deixe elas escolherem o nome por conta própria.

-  Max é um nome bonito. - Kate comentou logo em seguida.

- Viu?? - Chloe falou, eufórica com sua vitória parcial

Uma Max agora indignada já se preparava para responder de novo, quando a conversa foi interrompida pela aproximação inesperada da mãe de Kate.

- Filha, eu posso falar com você um momento? 

- Claro. - Kate confirmou de imediato, se levantando da mesa - Eu volto já.

A duas então se afastaram, mas não o suficiente para evitarem ser vistas de longe pelas três garotas que permaneceram na mesa e observavam, à distância, a cena evoluir de uma conversa distante para uma repleta de sorrisos e depois interrompida por um abraço. 

- Você não vai contar pra Kate que a mãe dela só apareceu por sua causa? - Chloe perguntou, distraindo Victoria de sua observação.

- Não… - Victoria respondeu, se virando de volta para o sentido certo da mesa, deixando o restante da cena entre Kate e a mãe transcorrer distante de seus olhos. - Eu só queria vê-la feliz. Então, missão cumprida.

- Eu bebi demais ou Victoria Chase está mesmo abrindo mão de levar crédito por algo importante sem nenhum motivo? - Chloe ironizou, se dirigindo à Max.

- As duas afirmações estão corretas. - Max respondeu no mesmo tom, beijando Chloe no rosto como reação ao olhar irritado que recebeu dela pelo comentário.

- Eu posso ser humilde, Price. - Victoria acrescentou após a constatação de Max e depois completou em tom de provocação. - E, diferente de você, eu consigo ficar fora dos holofotes numa boa.

A nova discussão que estava a ponto de acontecer entre as duas foi interrompida pela reaproximação inesperada de Kate que, sem aviso prévio, deu um abraço apertado numa Victoria confusa e ainda sentada de costas para ela, mas que logo se levantou para devolver o gesto e entender melhor a situação.

- Por que foi isso?

- Eu te amo. - Kate declarou, acariciando o rosto de Victoria e assistindo a expressão confusa dela se transformar numa sorridente

- Isso é bom. Afinal, acabamos de jurar, diante de várias pessoas, incluindo nossos pais, que ficaremos juntas pra sempre.

Victoria fez uma de suas típicas ironias, sem esperar o que viria a seguir, já que uma Kate eufórica e sorridente avançou em sua direção e a beijou com intensidade, de uma forma que ela nunca fazia em público, mas que, naquele momento, parecia o único jeito correto a se fazer.

E a garota mais velha não demorou a se envolver no beijo e a fechar um braço mais apertado ao redor de Kate.

- Foi você quem a convenceu a vir. - Kate explicou o motivo de sua felicidade ao fim do beijo e Victoria assentiu com um sorriso constrangido, ainda a abraçando. - E nem me contou.

- Foi ela que te disse? - Kate confirmou empolgada.

- E sabe o que mais ela me disse? - Victoria negou com um gesto simples, mas se manteve em silêncio aguardando o complemento da frase. - Que estava feliz por nós e arrependida de tentar nos separar. E que, embora ainda não concorde 100% com nosso relacionamento, vai fazer um esforço para tentar entender porque não quer que nos afastemos mais.

- Não é à toa que você está tão feliz. - Victoria disse ao final.

- Eu tô tão feliz porque tenho você, que me proporciona esse tipo de coisa. O resto é consequência. - Kate a corrigiu, pontuando a declaração com um beijo em seu rosto - Agora vem dançar porque eu tô muito eufórica pra ficar aqui sentada.

Então, uma Victoria sorridente se deixou ser levada por Kate até próximo do local onde a banda contratada para a festa tocava e onde as duas começaram a dançar.

- Ei, vem dançar também! - Chloe chamou, segurando as duas mãos de Max, que não parecia nenhum pouco empolgada com o convite.

- Não posso. Essa sandália tá acabando com meu pé.

- É nisso que dá querer ser mais alta do que é. - Chloe devolveu num tom crítico, enquanto analisava o estrago causado pelo calçado no pé da nerd - Eu te disse pra vir com uma mais confortável.

- Eu não posso ir a um casamento de vestido e tênis, Chlo. Especialmente num em que sou madrinha.

- Mas você com certeza pode tirar essa sandália agora e vir para a pista de dança fazer sua esposa feliz.

Max suspirou, mas rapidamente acatou a sugestão, deixando a sandália embaixo da mesa e dando a mão a uma Chloe sorridente, que a conduziu até próximo de onde Victoria e Kate estavam dançando uma música lenta e conversando distraídas.

- Feliz agora? - Max perguntou quando começaram a dançar abraçadas em meio aos demais casais de convidados.

- E alguma vez eu não estou feliz quando você está comigo? - Chloe devolveu a pergunta, conquistando um sorriso da nerd e, em seguida, completou. - Quando o pequeno Max nascer, vamos ter que dançar em trio.

- Chloe…

- Tô brincando. - A punk falou, mas logo se corrigiu - Bem, não totalmente… porque eu realmente quero ter filhos com você, mas nenhum deles precisa se chamar Max.

- Eu também quero, mas você não acha que ainda tá cedo pra isso?

- Cara, nós vivemos literalmente duas vidas ao lado uma da outra, casamos duas vezes e é até difícil estimar nosso tempo de união, se contabilizarmos tudo. - Chloe argumentou - Pode não ser a hora certa, mas eu nunca chamaria de “cedo demais”.

- Tem razão…

- Então eu posso marcar isso na minha lista de coisas a fazer? Esse item tá logo abaixo de vencer a morte múltiplas vezes. - Ela brincou, fazendo Max sorrir de novo.

- Por enquanto não, já que não é algo simples e, por isso, precisaremos discutir bastante a respeito. Mas acho que vamos chegar num consenso muito em breve.

Chloe comemorou rodando Max mais animadamente ainda pelo salão, até se aproximar de Victoria e Kate para avisar que elas seriam tias em breve, ignorando qualquer apelo da nerd por cautela.

Quando tudo voltou a se acalmar e elas se viram em silêncio novamente, apenas se movimentando a esmo, levadas pelo ritmo da música, Chloe decidiu levantar a mesma questão pela terceira vez aquele dia.

- Tem certeza que você não quer nem considerar a possibilidade de “Max”? Nem se for uma garota?

- Chloe…

- É melhor eu só ficar calada, né?

- Uhum.

- Tudo bem. Então, só teremos uma Max na família.


Notas Finais


Agora é definitivo. Quero agradecer a todos que me acompanharam na jornada até aqui, comentando ou não. Essa fic só existe por causa de vocês.

Talvez e muito provavelmente, eu faça uma ou outra oneshot dentro dessa realidade, mas o projeto principal agora é dar início a uma nova história mesmo.

Eu tenho três ideias bem definidas, só que ainda não decidi qual fazer primeiro. Mas, assim que isso acontecer, venho aqui avisar vocês. Acho que vai levar, no máximo, uma semana para sair o primeiro capítulo.

Quem quiser me acompanhar, é só ficar atento. :)

Um beijo e até a volta!

P.s. Se alguém tiver essa imagem do capítulo numa qualidade melhor, e manda pra eu substituir. Eu tinha outra, mas perdi. :(

(Update: achei a foto! ^^)


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