História Amor de Infância - Eu prometo.

Estava chovendo e o céu azulado não se mostrava mais presente, estava tudo cinza e aos poucos tudo ficava sem cor, voltando ao preto e branco. A família inteira estava lá, com suas roupas escuras e lágrimas no olhar. O que poderia ser mais triste do que a morte de um jovem, ele era tão bonito e tinha tanto para viver, mas agora o que ele imaginava para o futuro se tornou passado e não importa mais.

- Jensen Ackles era jovem e tinha uma vida inteira pela frente, mas Deus decidiu chamá-lo agora, nós que não somos nada além de um pedaço de carne não temos o direito de julgar as vontades de senhor. Esse rapaz está em paz agora. - foram as palavras do padre, foram as facadas no peito de Jared. 

Aqui jaz Jensen Ackles, filho querido, irmão amado. 

" A morte é só mais uma de minhas aventuras." 

Jared quis que colocassem aquela frase lá porque foi a última coisa que Jensen lhe disse antes de fechar os olhos para sempre.

- Jared? Jay, amor você 'tá bem? 

- Jen, você tá aqui, você tá aqui comigo. - Jared falou tocando o rosto de Jensen para ver se ele era mesmo real.

- É amor, eu 'to aqui com você. - Jensen o aconchegou em seus braços. - Você teve um pesadelo, foi só isso, quer me contar o que aconteceu? - Jared negou com a cabeça e Jensen não insistiu em saber o que ele havia sonhado. - Você está bem? - Jared fez que sim com a cabeça. 

Quando amanheceu e Jared abriu os olhos Jensen não estava mais lá o que fez ele pensar que não havia sonhado tudo aquilo. O moreno olhou no banheiro e Jensen não estava lá, Jared desceu as escadas correndo e suspirou aliviado quando o viu sentado à mesa com seus pais.

Ele agiu por impulso, não pensou em nada, simplesmente puxou o irmão da cadeira e o abraçou forte, ele quase o beijou ali mesmo, mas notou o olhar de inquisição de seus pais e soltou o loiro.

- Aconteceu alguma coisa? - Jensen perguntou.

- Não, foi só aquele sonho ruim, está tudo bem agora. - Jared estava visívelmente constrangido então tratou de sair dali usando a desculpa que precisava se arrumar para ir à escola. 

Jensen esperou um tempo e logo depois seguiu atrás de Jared, o moreno estava em pé de frente à janela, estava tão distraído que não percebeu Jensen chegando, ele só sentiu quando o outro o abraçou por trás e beijou seu pescoço.

- O que aconteceu? Você não parece bem. - Jensen falou

- Não foi nada, eu acordei e não te vi aqui então fiquei com medo por causa daquele pesadelo de madrugada, mas está tudo bem agora.

- Mesmo? - Jensen perguntou

- Mesmo. - Jared respondeu o beijando em seguida. - Jen, eu quase te beijei na frente deles hoje.

- Eu sei.

- Isso não pode acontecer, o papai vai morrer se souber que os dois filhos dele são gays e que ainda vivem juntos como um casal, e a mamãe, Deus ela vai nos odiar Jensen.

- Não, não vai. Ela já sabe.

- O quê? Quando você contou? Porque não me falou isso antes?

- Calma, ela não sabe de tudo, ela não sabe que estamos juntos, embora eu ache que ela desconfia. Naquela noite que você saiu com o Matt ela entrou aqui e me viu observando vocês pela janela, eu estava mal e ela percebeu, a nossa mãe não é idiota, ela somou dois mais dois e sacou na hora o que estava acontecendo, e ela não nos odeia muito menos sente nojo de nós se é o que você quer saber. - Jensen falou.

- Eu tenho tanto medo. - Jared sussurrou.

- Medo de quê?

- De perder você, tenho medo da reação do papai quando descobrir, tenho medo do futuro, o que vamos fazer? Todo mundo na cidade pensa que somos irmãos, eu não quero passar a minha vida inteira me escondendo. Jen, eu estou desesperado. - Jensen tentava acalmá-lo, mas ele estava mesmo desesperado, como se tivesse guardando aquilo há meses.

- Não chora, você não tem que ter medo de nada tá bom? Eu vou estar aqui com você, nós vamos enfrentar isso juntos, como sempre fizemos. - Jensen secou as lágrimas do outro e beijou seus lábios. - Eu quero que você se vista, nós não vamos para escola hoje.

- Para onde nós vamos?

- Surpresa. - ele disse sorrindo. 

Jensen o levou há alguns lugares em que gostava de brincar quando criança e contou algumas de suas aventuras, a próxima parada foi no Mc Donald's onde Jared comeu um hambúrguer enorme e uma porção de batatas. Depois foram a pracinha da cidade, sentaram em um banco e ficaram planejando o futuro enquanto viam crianças correndo para lá e para cá. Jensen não queria estar fazendo planos para um futuro que ele achava incerto, mas aquilo fazia Jared se sentir seguro e ele faria qualquer coisa para o outro se sentir bem.

- Eu quero te mostrar um lugar. - Jared falou. 

Depois daquilo não disse mais nada, ele simplesmente arrastou Jensen até o viaduto, estava de noite e a vista de lá era perfeita.

- Você gostou? - Jared perguntou

- É incrível, como descobriu esse lugar? 

- Foi no dia que você me contou sobre a doença, eu andei a cidade inteira e acabei parando aqui. - eles se entreolharam e ficaram em silêncio. Jared olhou para baixo e depois olhou para Jensen.

- O quê? Você não tá pensando em... Jared, não! Eu te proibo entendeu? - Jensen falou.

- Eu não vou conseguir, se acontecer alguma coisa com você eu...

- Você vai viver, vai encontrar alguém e vai ser feliz ao lado dessa pessoa, vai construir a família que tanto deseja. - Jensen falava secando as lágrimas de Jared que balançava a cabeça freneticamente em negação. - Prometa para mim, Jay.

- Eu não posso

- Por favor. - Jensen pediu.

- Eu prometo. - saiu como um sussurro. - Me desculpe, eu estraguei o nosso passeio.

- Não. Foi perfeito. - Jensen o beijou.

Naquela noite, depois do jantar os meninos voltaram para o quarto, trancaram a porta e trocaram beijos e carícias até adormecerem. Por volta das uma e meia da madrugada Jensen acordou sentindo dores fortes pelo corpo, reações da doença, ele imaginou. Aquela altura do campeonato ele já devia saber que uma dorzinha não é só uma dorzinha, mas ele era cabeça-dura demais para acordar alguém para falar o que estava acontecendo. Desceu as escadas e andou devagar até a cozinha, pegou um dos remédios que usava para aliviar e rezou para que aquilo ajudasse.

Na manhã seguinte, as dores tinham passado e ele achou que não fosse necessário preocupar ninguém com aquilo. 

A tarde Jensen foi acordado pelos gritos eufóricos de Jared.

- Ela me respondeu, Jen! Ela quer me ver! 

- Ela quem? Do que você está falando? - Jensen perguntou.

- Aqui, o nome dela é Lilian Padalecki, ela era irmã do meu pai biológico, ela quer me encontrar essa semana. 

- Você não vai. - Jensen falou

- Como é? 

- Você não vai, pode ser perigoso. Eu não vou deixar você sair daqui para ir à lugar algum ver essa mulher.

- Você não pode me impedir, ela é minha tia, eu preciso vê-la, preciso saber mais sobre a minha família.

- A sua família somos nós, a mamãe, o papai e eu! Porque você não esquece essa história estúpida de procurar por essa gente que nunca ligou para você! - Jensen gritou e não percebeu como aquilo magoou os sentimentos de Jared. O moreno saiu de casa correndo, ele só queria ficar longe de tudo aquilo. 

Continua...