História Amor de Infância - The End

Mais um sonho, não, pesadelo, aquilo foi um pesadelo e fora horrível. Jared estava cansado de tudo aquilo. Dormir e sonhar com alguém que ele não conhecia, era como se eles tivessem algum tipo de ligação, Jared nunca viu de fato o rosto de Jensen pessoalmente, mas em seus sonhos ele era lindo e gentil, um verdadeiro príncipe. Ele só não sabia se aquilo era bom ou ruim. 

Da primeira vez que sonhara, ele era criança e acordou aos berros porque tinha sonhado com seus pais morrendo em um acidente de carro. Sharon passou a noite toda o embalando em seus braços e dizendo que aquilo fora só um sonho ruim e que estava tudo bem, mas Jared não conformado com aquilo, fez a mãe prometer que não sairia de carro em noites de tempestade.

Na manhã seguinte, Jared não falou sobre o pesadelo porque era só um pesadelo, não era real, nada daquilo era real. 

Mas na semana seguinte ele sonhara de novo,  e dessa vez ele estava sendo adotado por um casal que já tinha um filho.

- Mamãe, ele era loirinho e tinha pintinhas no rosto, não me lembro do nome dele, mas ele queria ser meu amigo. - Jared dizia.

- Filho, foi só um sonho, tá bem? Volte a dormir, você tem aula amanhã.

E na semana seguinte aconteceu de novo e de novo. Jared foi crescendo e se acostumando a sonhar com Jensen e era frustrante quando ele não sonhava, mas cada sonho parecia dar continuidade ao outro.

No início Sharon o levou para um psicólogo, ela achou que o filho precisasse de ajuda, talvez estivesse ficando perturbado demais com aqueles sonhos malucos. Depois Jared convenceu a mãe de que não precisava de ajuda e ela decidiu apenas ouví-lo. 

Em Julho de 2004 ,Sharon acordou no meio da madrugada ouvindo os soluços de Jared. Ela correu até o quarto do filho e o encontrou chorando encolhido na cama. Sabia que tinha sido por causa de mais um daqueles sonhos então ela só o abraçou. 

- O que aconteceu dessa vez filho?

- Ele morreu, mãe. Ele me deixou, foi embora sem dizer adeus. - aquilo fez o coração de Sharon se cortar em mil pedaços.

- Meu amor, o Jensen não é real, nada disso algum dia foi real, você não o conhece, Jared nem sabe se ele existe ou se sua imaginação criou isso tudo.

- Não! Ele é real, nós... n-nós éramos felizes e... - Jared não conseguiu terminar de falar.

- Você não pode deixar isso atrapalhar sua vida ainda mais. Jared você não viveu, passou a vida inteira obcecado em encontrar esse rapaz e nunca o encontrou de fato.

- Mas eu o amo.

- Ele não é real! 

- Ele é, e ele me ama também! - Jared gritou.

- O que está acontecendo aqui? - Gerald perguntou da porta. - Por que está chorando?

- Não foi nada, Jared precisa descansar, venha, vamos dormir. - Sharon o levou de volta para o quarto. 

E a partir daí os sonhos desapareceram, Jensen não aparecia mais em sua mente todas as noites enquanto dormia. 

Meses se passaram e o tempo foi levando a esperança que Jared tinha de sonhar outra vez ou até mesmo de encontrar Jensen. 

Novembro de 2005. 

Era Dia de Ação de Graças e a família inteira de Jared estava ao redor da mesa, suas tias e primos, dessa vez até sua voz estava presente, ela era uma velhinha resmungona, mas dizia que Jared era seu neto favorito porque era o único que se importava com ela. 

- Vó, eles também amam você.

- Não tente defendê-los, olhe só para eles, aquele ali não solta essa namorada namorada grudenta. - ela disse apontado para Henry o primo mais velho de Jared que estava abraçado à sua namorada Emily. Jared riu e lhe deu um beijo na bochecha. 

- Eu vou dar uma volta tá? Te vejo mais tarde. 

- Mas é dia de ação de graças! O que diabos você vai fazer na rua? 

- Eu só vou esfriar a cabeça. 

- Tá querendo ficar longe de mim, você é igual a eles, desnaturado. - ele disse torcendo o nariz. Jared riu.

- Eu te amo vovó. 

Jared pegou seu casaco que estava sob o sofá e saiu. Gostava de andar pela cidade, estava frio e o sol estava indo embora.

Estava distraído demais pensando que talvez fosse a hora de viver, viver de verdade, talvez viajar, conhecer lugares e pessoas novas, talvez aquilo o ajudasse a fugir um pouco desse caos que tem sido sua vida esses anos todos. 

As ruas estavam tão calmas, não tinha barulhos de carros passando por todos os lugares, nem mesmo de vozes. Era Dia de Ação de Graças e Jared começara a pensar na pergunta de sua vó, o que diabos estava fazendo na rua? 

Jared girou os calcanhares, iria dar meia volta e voltar para casa, mas acabou derrubando alguém.

- M-me desculpe, eu não te vi, você está bem? Se machucou? eu sou idiota mesmo.

- Eu estou bem. - Jared ajudou o rapaz a se levantar. - Você é um pouco atrap... Jared?! - ele não conseguiu terminar a frase, quando levantou a cabeça e viu o rosto da pessoa que lhe derrubara.

- V-você, você existe. Como isso é possível? Como sabe o meu nome? - Jared perguntou, estava tão confuso que sentia sua visão escurecer e temia que aquilo fosse mais um sonho.

- Passei a minha vida inteira sonhando com você. - Jensen falou, ele não conseguia desviar o olhar de Jared, era fascinante demais poder finalmente conhecer a pessoa que protagonizou seus melhores sonhos. 
- E-eu também, eu... eu não sei o que dizer, tá tudo tão confuso, eu achei que você...

- Que eu não fosse real, eu também não acreditava que você era real, mas você estava lá comigo, todas as noites. 

- Você ainda sonha comigo? 

- Não, os meus sonhos pararam em agosto do ano passado.

- E você se lembra? 

- Sim.

- Jensen, posso te levar há um lugar? 

(...)

- Mãe, esse é o Jensen. - Jared disse com um sorriso que parecia querer rasgar seu rosto. Sharon soltou o copo que estava segurando, sua boca ficou no formato de um "O". Ela olhou para Jared e depois olhou para Jensen.

- Jensen? O seu Jensen? - perguntou para Jared.

- É mãe, o meu Jensen. - o loiro coçou a nuca envergonhado.

- Meu Deus! Eu passei a vida inteira achando que...

- Que eu era maluco.

- Não! Maluco não... tudo bem, talvez um pouco. - Jensen riu. 

Depois daquela conversa confusa e constrangedora, Sharon fez Jensen se sentar à mesa e jantar com eles. Os dois estavam tão confusos e felizes que mal conseguiam se conter, sorrisos, olhares, até mesmo toques repentinos.

- O jantar estava maravilhoso, mas eu preciso ir. A minha mãe deve estar querendo a minha cabeça numa bandeja agora. - Jensen disse. 

- Tudo bem, me desculpe por tudo isso. 

- Você me trouxe para dentro da sua casa sem ao menos me conhecer, já pensou na possibilidade de eu ser um assassino psicopata? - Jensen disse sorrindo.

- Ninguém com esse sorriso pode ser um psicopata. - Jensen sentiu seu rosto queimar, sorriu ainda corado e disse: - Quer me acompanhar até em casa? Assim você vai saber onde eu moro.

- Claro!

Durante o caminho, conversaram sobre tudo, ainda era estranho para Jared e ele as vezes ficava meio perdido no olhar de Jensen, sentindo vontade de se beliscar para ter certeza se aquilo era mesmo real. 

- Chegamos! - Jensen disse parado a porta. - Você quer entrar? 

- Ãn acho melhor deixar para outro dia, eu não quero incomodar.

- Tudo bem.

- Então... eu já vou indo e... Jensen?

- Oi? 

- O que aconteceu no seu último sonho? - Jared perguntou. Jensen relutou um pouco, não era uma lembrança agradável.

- No meu último sonho eu vi você se atirando de um viaduto. Por quê? - ele queria saber porque Jared faria uma coisa daquelas mesmo em
um sonho.

- Porque você tinha morrido de câncer no meu último sonho.

- Eu estou aqui  - Jensen falou.

- Sim, você está.

- E você vai se lembrar de mim amanhã? - disse Jensen.

- Todos os dias da minha vida. Eu não posso me esquecer do meu amor de infância.

The End.