“Ou você aprende com o passado, ou vive a dor do futuro”
13 Anos Antes
— El? — pergunto ao ouvir o choro da minha mãe.
—Oi abelhinha — ouço sua voz saindo tremula
— Por que papai está gritando com a mamãe?— falo com medo
— Não se preocupe está bem? O papai..— ele é interrompido assim que minha mãe entra no quarto, com o rosto vermelho, maquiagem borrada.
— Kael leve sua irmã ao parque agora, pegue dinheiro na minha bolsa— diz ela segurando o choro, então respira fundo, olha para meu irmão que está parado e grita — AGORA!
Sem questionar Kael me pega no colo em direção a sala, vejo quadros de nossas fotos quebradas no chão, era natal estávamos todos felizes, papai abraçava mamãe e a mim e Kael, e agora esta foto está em pedaços, papai está na janela com sua blusa de futebol preferida, e,olha para mim com um olhar triste, e no instante em que percebe que o observo vira o rosto, Kael com cuidado me coloca no chão, e vai em direção a bolsa de nossa mãe, pega a carteira, mas antes vejo papai sussurrando algo para ele, não sei dizer ao certo o que foi, mas ele volta até mim, pega em minha mão e saímos em direção ao parque, assim que fechamos q porta ouço gritos do meu pai, e de minha mãe, passando por duas casas ainda podia ouvir os gritos
— El? — digo, e ele para para me olhar esperando que eu diga o que eu quero — Colo.
Ele logo me coloca em seus braços, e coloco minha cabeça em seu ombro, do modo que consigo ver nossa casa diminuindo cada vez que andamos mais, e por ultimo vejo meu pai saindo de casa, indo e direção contrária a nós, e depois de alguns passos, olha para trás onde eu e meu irmão estamos, e volta a caminhar, fico o observando até que eu não consiga mais vê-lo.
Alguns minutos depois, chegamos ao parque colorido de nosso bairro, meu irmão me coloca no chão, mas não quero solta-lo, então me agarro mais, ele me abraça entendendo
—Maya, eu to aqui, vai ficar tudo bem— ele diz com calma me desgrudando de seus braços e me colocando no chão— Eu prometo. Agora vai brincar, esta bem?
— Tá —digo olhando para os brinquedos do parque tentando escolher um, e vou no balanço, chegando lá vejo um menino um pouco mais velho.
—Oi, quer brincar comigo?— pergunto ao menino de cabelos bagunçados e olhos azuis, roupa perfeitamente impecável, sapatos brilhando.
—Sim— responde com um sorriso no rosto— Qual seu nome?
—Maya Dove Cameron e você?— pergunto
—Meu nome é Adam Seth Filentr
—Vamos brincar de pega-pega? — pergunto tímida
—Claro Dove— responde. Odeio que me chamem por esse nome, parece marca de shampoo, mas não comento nada, aliás ele fala de um jeito fofo
—Ta com você Ad— digo já correndo
—Eii, "Ad"é estranho— diz ele correndo atrás de mim
Alguns minutos depois Kael me chama e levo Ad junto comigo até ele
— Olha a abelhinha fez um amigo, querem sorvete?— pergunta ele
—Sim — falamos quase juntos
—Vão querer quais sabores?— pergunta Kael
—Chocolate— respondo — e você Ad?
—Morango, Dove "Ad" é estranho! — Diz ele
—Eu gosto de Ad— respondo dando um sorriso sincero
Passamos o resto do dia brincando, e quando estava escurecendo era hora de voltar para casa, , a irmã de Adam perguntou onde morávamos, então percebemos que éramos vizinhos, eles se mudaram essa semana e no caminho fui brincando com Adam de perguntas e respostas, e ao chegar la, primeiro em sua casa, grande, branca, e pude ver um jardim impecável, era a primeira casa da rua, e nunca havia parado para velâ, e agora eu acho que essa é melhor casa de TODAS.. Nos e eu fui correndo para casa, em busca do papai e da mamãe para contar do meu novo amigo.
—MAMÃE— grito assim que entro em casa — PAPAi
A sala ainda está toda bagunçada, subo as escadas em direção ao quarto de mamãe, e vejo ela no chão, com uma garrafa na mão, Kael chega atrás de mim logo em seguida
—mamãe, acorda— falo balançando ela— MAMÃE, PAPAI — começo a chorar
Olho para porta e Kael vem em minha direção me pega em seu colo, retira seu celular do bolso, liga para alguém, me abraça. E essa é a única lembrança que tenho do meu pai.
HOJE
Estou no mesmo balanço, esperando Claire minha melhor amiga chegar com meu sorvete de chocolate, fico observando meus sapatos pretos, batendo os pés no chão para que fazem barulho, penso no dia que conheci Adam, e tudo o que vivemos para hoje estarmos aqui, e então Claire chega:
—Maya Dove Cameron,aqui está seu sorvete de chocolate — ela diz
—Você sabe que eu odeio que me chamem pelo nome completo—digo fazendo cara de brava
—E eu sei, come seu sorvete e não reclama — ela fala seu nome de uma forma tão idiota que me faz rir —O que foi?.
— Você— ela me olha confusa— deixa quieto
—Então já decidiu o que vai fazer na faculdade Maya?
—Pedagogia, fiz o teste para bolsa de estudos ontem, e agora espero a carta dizendo que fui aceita obvio, e você?
—Teatro, fiz um teste para julliard e agora estou como você, esperando que me mandem uma carta dizendo que fui aceita, por que obvio, sou uma excelente atriz, fiz todas as peças da nossa escola como a principal, e sou linda.
Levanto do balanço e digo bem alto
—E com vocês senhoras e senhores Claire, a menina mais convencida do mundo — começamos a rir muito, e depois de algum tempo paramos
—E o Adam, May? — pergunta
—Ele está na faculdade, nos falamos todo o dia, e nesse verão ele vem passar aqui
—É estou com saudade desse nerd que fazia meus trabalhos
—E o Brian?— Brian é o namorado de Claire, o que graças a Deus, fez ela tomar juizo, ela nunca ficou sem ninguém, toda vez era um diferente, sempre tinham homem a querendo, e é obvio que sim, ruiva, olhos verdes, corpo de modelo, ela não perdia um, até que Brian surgiu e então eles se odiaram logo de cara, sabe aquele ditado? "Quem muito odeia, muito ama" foi bem isso, no fim de tudo, eles se amam muito, demorou para perceberem e só agora oficializaram o amor
—Ele tá visitando os avós essa semana, me convidou, mas sabe que não sou muito de "familia"— Clarie é adotada, o que ela sabe é que seus pais morreram em um acidente de carro, e ela sobreviveu, mas ninguém foi busca-lá no hospital, e depois de alguns meses, a médica que cuidou dela a adotou, ela vive bem com os pais adotivos, mas ela não gosta de conhecer outras familias.
—Vai chamar quem para a formatura May?— ela pergunta quebrando o silêncio
—Adam
—Acho que você deveria chamar sua mãe May sabe ela....
—Ela acabaria com todas as bebidas em um segundo— falo interrompendo ela
—Seu irmão?
—Você sabe que não falo com ele a mais de um ano— respondo sem graça, depois de tudo o que aconteceu não sei se consigo olhar nos olhos dele de novo.
—Eu sei— ela diz desanimada
—Mas, com ou sem eles, vai ser o melhor dia, a Ashely ainda está como a mais votada para Rainha? — pergunto, mudando de assunto.
—Sim— ela respira fundo— Aquela vaca, tão má e não tem nada de rainha— diz com raiva
— Ela era nossa amiga lembra?
—Não tem como esquecer, mas depois de dar em cima de meu namorado, aquela vaca não é nada para mim— ela diz me olhando — você esta defendendo ela Maya?
—Não.. Eu só, esquece
—Bom eu tenho que ir, prometi a Margareth que iria comprar roupas para o Ben com ela— ela diz se levantando
—Tudo bem, vou ficar por aqui por mais um tempo
—Cuidado May, volta pra casa antes de escurecer
—Tudo bem mamãe Claire— falo com voz de bebê, fazendo com que nós duas ríssemos — Mas não se preocupa eu sei me cuidar
—Te vejo amanhã na aula— ela diz já um pouco distante
—Tchau Claire
Observo ela com suas roupas sempre na moda, seu cabelo cumprido até a cintura, e um jeito que atrai olhares por onde passa, até que não consigo ve-la mais. Olho para o parque, antes colorido e cheio de vida com famílias rindo conversando, crianças brincando, e agora enferrujado, sem vida, e não vemos mais tanta felicidade em volta, tento recordar todos os momentos que vivi feliz aqui, e são muitos
10 anos antes
—Kael, Kael— falo na tentativa de acordar meu irmão do sofá — KAEL —grito fazendo com que ele leve um susto
—Não me acorde mais assim May— ele fala bravo
—Desculpa — me afasto um pouco dele —Posso ir no parque?
—Com quem?
—Com o Ad e a irmã dele— me sento na mesa
—Que horas que são abelhinha?— ele diz se levantando do sofá
—Meio-Dia
—Meu Deus, porque não me acordou May?—ele fala todo apressado
—Eu não sabia que...
—Você comeu alguma coisa?— ele me interrompe
—Cereais— respondo
Ele abre carteira e me da dinheiro
—Compre algo para comer, eu tenho que ir.— diz tomando um leite rapido
Desde que meu pai foi embora quando tinha lá pelos meus 4 anos, minha mãe perdeu o emprego, e só sabia beber e dormir, quase que não nos víamos, a casa foi ficando sem nada, com contas atrasadas, Kael começou a trabalhar em uma padaria, com 14 anos, mas o dinheiro não pagava todas as dispensas, e foi ai que Kael entrou no mundo do crime, no começo ele não era ninguém, somente o menino que avisava se a policia, que olhava os inimigos, bom, um mensageiro, e assim ja ganhava o suficiente para pagar as contas, e agora com 17 anos, já é o braço direito do chefão, e ganha muito dinheiro, e não falta nada para nós, eu estudo em uma boa escola, e ele cuida bem de nós duas, Adam e eu nos tornamos melhores amigos, e nos vemos todos os dias, ele é um pouco mais velho do que eu, ele tem 9 anos agora e eu somente 7, Kael diz que eu cresci muito rapido, mas ainda acho que sou pequenina, me levanto e arrumo meu vestido azul preferido, e ajeito meu cabelo em um rabo de cavalo. Corro para abraçar meu irmão antes que ele vai embora
—Eu amo você maninha.— ele me beija na testa e se abaixa para ficar na mesma altura — Avisa a mãe tudo bem?
—Ta, amo você El— falo e ele facha a porta
Fico parada um tempo, e subo as escadas, vou no meu quarto cor de rosa, com muitas bonecas, vou até o guarda-roupa pego minha mochila roxa, pego Peti, meu ursinho, uma blusa de frio, e o dinheiro que meu irmão me deu. Amarro meu sapatos e vou em direção ao quarto da minha mãe, bato na porta mas ninguém responde, entro e vejo ela sentada na cama, vendo TV e com sua garrafa na mão
—Mamãe — falo abraçando Peti, e indo em direção a onde ela está, subo na cama —Kael foi trabalhar, e eu vou no parque com o Ad, está bom?
Fico um bom tempo esperando ela responder, mas faz tempo que não ouço a voz dela, eu me aconchego a ela, que se afasta de mim, decido ir embora, fecho a porta desço as escadas e vou em direção a casa de Ad, toco a campainha e espero, até que Adam abre a porta, observo seus olhos semicerrados, sua bermuda jeans e sua camiseta polo, ele sempre foi estilo, nerd riquinho, mas era encantador o jeito
— Oi Ad. Estou pronta
— Demorou muito — diz sério — brincadeira, vou chamar minha irmã e vamos, entra.
Eu entro na sua casa, vejo o Werley e Jannie, pais do Adam sentados no sofá, e os comprimento, vejo Rayne ( irmã de Adam ) e seu marido Kevin, descendo as escadas, quando eu crescer quero ser igual ela, linda e muito inteligente igual o Adam
— Oi May— ela se abaixa para me abraçar
— Oi tia Rayne, o Kael me deu dinheiro para comprarmos comida, podemos ir no Mc'Donalds ?
— Opa, ouvi Mc'Donalds ?— diz Werley
— Vamos Ray, por favor— implora Adam
— Claro, vou só pegar minha bolsa, We, leva eles pro carro — fala subindo novamente as escadas
Adam vai dar um beijo em seus pais, e logo após vamos em direção carro
— Você viu o brinquedo novo da escola? — pergunto para Adam
— Vi, mas ainda prefiro meus quadrinhos de Heróis
— Você brincou lá ? — pergunto
— Já, você não?
— A marianne brigou com a Claire, e a professora deixou todo mundo de castigo — digo lembrando da cena em que Claire e Marianne estavam puxando o cabelo uma da outra, Claire era minha amiga e não gostava que ninguém pegasse no seu lápis cor de rosa com glitter, e Marianne era nova e não sabia disso, e foi pegar, foi quando Claire viu, e começou a brigar, e um pouco depois já estavam puxando o cabelo, e a srta.Lires brigou com todos
— Já estão prontos? — diz Werley no banco da frente
Eu e Adam nos olhamos e gritamos
—Estamos capitão — como no desenho Bob Esponja
— Eu não ouvi direito — Diz Rayne que chegou ao carro a tempo para fazer parte dessa brincadeira
— ESTAMOS CAPITÃO — falamos em uníssono, e começamos a rir.
No caminho fomos brincando de " Qual era o filme/desenho/musica ", eu amo estar com eles, é minha família também.
Chegando lá sentamos na mesa ao lado dos brinquedos.
— O que vão querer? — pergunta Ray
— Um BIG MAC— diz Werley
— Um Lanche Feliz— digo
— Eu também quero um Feliz— fala Adam
— Vamos escorregar enquanto não chega o lanche Ad?
— Vamos
Fomos escorregar, conversamos sobre varias coisas de crianças e depois a tia Ray nos chamos, comemos nosso lanche brincamos no parque que havia la e depois estava na hora de voltar para casa, no caminho pegamos muito trânsito, e acabamos chegando em casa, quando ja havia escurecido, me despedi de Adam, Ray e Werley, e fui para casa, chegando lá ouço a voz de meu irmão, e já corro vê-lo, mas noto que ele esta no quarto de nossa mãe, e percebo que ele grita com ela, chego mais perto, para ouvir:
— MÃE NÃO ACREDITO QUE NÃO ME CONTOU SOBRE A MAYA, COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE ESCONDER ISSO, FOI POR ESSE MOTIVO QUE PAPAI FOI EMBORA, FOI SUA CULPA— ele diz bravo — RESPONDE MÃE, VOCÊ ABANDONOU NÓS DOIS, E AGORA ESTÁ AI COMO UMA PUTA, BEBÂDA, E EU TIVE QUE PARAR DE ESTUDAR PARA COLOCAR COMIDA AQUI, VOCÊ É UMA INCOMPETENTE, COMO PODE FAZER ISSO COM O PAPAI? E QUANDO A MAYA DESCOBRIR ELA VAI TE ODIAR, TÃO PEQUENA, NÃO DEVERIA TER A MÃE QUE TEM— Ele respira fundo — MÃE, FALA COMIGO, fala comigo, por favor— termina chorando, é quando ele me vê na porta — May...
Estou parada na porta tentando compreender tudo o que ele disse, ele vem até mim, seca minhas lagrimas
— Por que está chorando abelhinha?
— Porque que.. — respiro fundo — Papai brigou assim com a mamãe e depois foi embora, você vai embora?
— Não, ei, eu vou ficar aqui, com você, pra sempre — diz me pegando no colo — Agora quer assistir um filme comigo?
Faço que sim com a cabeça, antes de fechar a porta posso ver lagrimas no rosto de minha mãe, descemos, ele me coloca no sofá, e faz pipoca enquanto eu escolho o filme, PROCURANDO O NEMO, amo esse filme, porque o pai, nunca, desiste de achar seu filho
— PIPOCA PRONTA, e a sessão já vai começar — ele se senta do meu lado, apoio minha cabeça em seus ombros, e depois de mais da metade do filme adormeço, ele me coloca em seus braços e me leva para cama, e antes que eu entre no sono profundo, posso escutar ele chorando
— Eu amo você Abelhinha, vou te proteger de tudo.
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