História Amor de vampiro - A morte cada vez mais próxima

    Pov. Alan

Abro meus olhos, mas não vejo nada, a escuridão ao meu redor toma posse de tudo. Olho em direção à janela esperando ver a luz da rua passando por ela como todas as noites, mas a única coisa que vejo é mais escuridão. Tem algo estranho, posso sentir que tem. Tento me mexer, mas não sinto nenhum músculo do meu corpo, é como se eu estivesse paralisado, conseguindo apenas fugir para os meus pensamentos que me oferecem algum tipo de segurança. Sinto algo familiar nisso tudo, mas não me lembro do por que. Abro meus lábios e tento dizer alguma coisa, e minha voz não sai como o esperado.

Não estou em minha cama, nem em meu quarto e muito menos em minha casa. Na verdade não estou em lugar nenhum, é como se isso fosse o nada.

- Alan... – ouço um sussurro que faz um eco por todo o lugar, já ouvi essa voz antes, é a mesma que estava em meu sonho alguns dias atrás, eu poderia classificar mais como um tipo de pesadelo sem sentido. – Eu te avisei, mas você não me deu ouvidos... – a voz penetrante que parece pertencer a um homem continua a falar. – Sua morte está cada dia mais próxima e ninguém poderá te salvar. Mas ainda há tempo de reverter essa situação, é só preciso se afastar daquela garota...

Ignoro essas palavras ditas, fecho meus olhos. Isso é apenas um sonho, nada disso é real, preciso acordar para acabar logo com isso.

- Não se engane, posso estar em sua mente, mas o que esta acontecendo agora não é apenas um simples sonho, é muito mais que isso, é um aviso, que claramente é real... – sinto uma mão tocar nas minhas costas, ela é fria como o gelo. Medo. Essa é a palavra que define o que eu sinto agora, tenho que acordar, isso não pode ser real!

Como ele pode saber o que eu estou pensando? E por que ele quer que eu me afaste de Ally? Nada disso faz sentido.

De repente uma luz se acende a minha frente, uma luz tão forte que tenho que fechar os olhos para que eles não se queimem com a claridade. Sinto uma leve brisa passar pelo meu rosto, o cheiro de grama molhada entra pelo meu nariz, a luz vai diminuindo lentamente até não sobrar mais nada dela. Abro os olhos novamente me surpreendendo ao poder ver de novo, ao meu lado vejo uma arquibancada vazia e a minha frente é possível perceber uma trave de futebol. Estou na escola, no meio do campo em que são praticados os jogos.

- Olhe para trás – agora a voz parece sair da minha cabeça, como aconteceu da outra vez que sonhei.

Viro-me de imediato, deparando-me com um corpo jogado na grama, não consigo ver o rosto, pois o mesmo está virado para o outro lado do campo. Dou alguns passos à frente em sua direção, mas paro com medo de acontecer alguma coisa. Me concentro, (nada pode me machucar aqui), continuo andando até ficar próximo do corpo, me abaixo e observo atentamente, vou aproximando devagar minha mão em seu ombro, até que...

- AÍ MEU DEUS! – grito quando o corpo se mexe rapidamente e segura minha mão, fico paralisado olhando naqueles olhos completamente pretos que me encaram. SÃO MEUS OLHOS.

- Este é o seu futuro! – esse corpo é MEU!, minha pele esta muito pálida e a mão que me segura permanece muito fria, é como me ver morto. Em seguida “meu corpo” despenca virando um monte de cinzas.

Levanto-me rapidamente, e começo a correr. Lagrimas escorrem pelo meu rosto, o medo toma conta do meu corpo, mal consigo respirar de tanto apavorado que estou

- Se acalme. – a mesma voz surge na minha cabeça mais uma vez.

- Quem é você?- falo com lagrimas nos olhos – O que quer de mim? – grito o mais alto que posso enquanto me ajoelho no chão, não consigo parar de chorar, lagrimas causada pelo medo.

- Acredite, sou seu amigo, só quero o seu bem...

Não sei mais em que acreditar, não sei se isso é real ou é coisa da minha mente, a única coisa que quero agora é sair daqui, eu quero acordar!

- ALAN!!! – meus olhos se abrem.

Me levanto da cama assustado, minhas roupas estão cobertas de suor, mas finalmente estou em meu quarto, finalmente sai daquele lugar horrível, minha mãe segura meu rosto, é notável a sua preocupação. Por extinto eu a abraço, ela me aperta.

- Calma, já passou, foi só um sonho... – começo a soluçar em meio ao abraço, não tenho controle sobre meu choro, me sinto uma criança que acabou de ter um pesadelo e correu parar os braços da mãe, e foi bem isso que aconteceu. Parecia tão real, tão assustador, tão verdadeiro.

Aos poucos vou me acalmando, e consigo retomar o controle da situação, me sinto envergonhado pela minha atitude, nunca fui de ter medo de pesadelos quando era criança, mas esses sonhos atuais são diferentes, me fazem passar mal até vomitar ou chorar feito uma criança, tira todo o controle exercido por mim. Que voz é essa que tanto me incomoda, me obriga a ter medo e me pede para me afastar de Ally? Tenho certeza que já á ouvi antes, mas não consigo me lembrar.

                            (...)

O tempo passa devagar, não volto a dormir por falta de sono. Minha mãe já voltou para seu quarto, convenci a mesma que eu estava bem e que gostaria de dormir. As lembranças ainda me perturbam, meu corpo jogado na grama, a pele pálida, os olhos negros, a morte me levando. Esse é meu futuro? Como alguém poderia morrer desse jeito? Tenho varias duvidas mas nenhuma resposta, talvez eu esteja meio paranoico por ficar pensando nisso, talvez seja só a minha mente querendo me pregar uma peça.

Pego meu celular, vejo a única coisa que me faz ter um pouco de alegria neste momento. Uma foto, uma pessoa, uma garota, um sorriso. Na minha cabeça ainda posso me lembrar dos fogos coloridos que explodiam no céu, uma dança que me permitia ficar vidrado naqueles olhos verdes e um beijo que me fez ser a pessoa mais feliz do mundo. A frase “...apaixonada por você” passa a tomar conta das minhas memorias, não sinto mais o medo dentro de mim, isso é bom.

Vou até a lista de contado e visualizo o numero da garota que salvei no mesmo dia que a ela me ligou para ir ao parque. Ainda é de manhã, o relógio marca 7h30 nesse sábado. Não quero incomodar, mas preciso vela nesse fim de semana, tenho que beijar ela mais uma vez...

Ligo para o numero, o telefone toca alguns segundos e logo posso ouvir aquela voz que tanto me alegra.

                           (...)

A manhã permanece nublada como a maioria dos dias, a movimentação na cidade é pouca. Estou sentado no banco de uma praça, espero no lugar marcado, logo vejo alguém se aproximando. Ally. Como sempre ela está linda, me levanto caminho em passos largos até ela, percebo que se prepara pra falar alguma coisa, porem a interrompo com um abraço.

- Eu juro que nunca vou me afastar de você – uma lagrima desce por minha bochecha, eu rompo a abraço e seguro seu rosto perto do meu, coloco uma mecha de cabelo atrás de sua orelha  - Nunca. – eu a beijo.