História Amor de Verão - A Primeira Onda

Namjoon acorda com as batidas de sua mãe na porta, ela o chama dizendo que já está na hora. O loiro se levanta ainda sonolento e faz suas higienes matinais, logo sai do banheiro e veste uma roupa qualquer. Sua mãe ainda o chamava, mas ele a ignora colocando um de seus fones e descendo as escadas com sua mala em mãos.

- Bom dia, querido! – a Sra. Kim diz depositando um beijo na bochecha do filho. – Pensei que não ia descer tão cedo. O café da manhã está pronto, do jeito que você gosta.

- Obrigado, omma. – o loiro suspirou e se sentou à mesa.

Nada mais foi dito durante a refeição.  Namjoon terminou de comer, se despediu de sua mãe, pegou sua mala e se direcionou até o lado de fora da casa; não esperou mais do que alguns minutos para seu pai chegar para busca-lo.

- Ansioso para as férias, garotão? – seu pai disse animado, abrindo a porta do esportivo vermelho.

- Talvez. – Namjoon entrou no carro e jogou sua mala no banco de trás.

- Vamos, não seja tão desanimado. Você amava me visitar, o que mudou? – seu pai o cutucou de leve, tentando animá-lo.

- Isso foi quando eu era criança, Appa. Eu cresci, isso que mudou. – o loiro respondeu ríspido colocando seus fones de volta e desviando o olhar de seu pai.

O Sr. Kim não disse mais nada, apenas deu partida no carro e se pôs a dirigir até sua casa.
Foi um longo e silencioso caminho, mas logo eles chegaram ao destino. Namjoon pegou sua mala de imediato e adentrou o enorme apartamento praieiro se direcionando ao seu quarto de costume. Seu pai não deu muita atenção ao desinteresse do filho, aliás, ele nunca o deu muita atenção, então apenas trancou o carro e rumou para seu escritório.
Namjoon deixou sua mala em qualquer canto nem se importando em desfazê-la e se jogou na cama aumentando o volume de seus fones e relaxando do jeito que havia deitado, acabou por dormir ali mesmo, sem nem ao menos tirar seus tênis.

O loiro acordou com batidas na porta de seu quarto e seu pai o chamando baixinho – diferente de sua mãe, que sempre gritava mesmo se estivesse acordado.

- O que foi Appa? – perguntou ainda sonolento, esfregando os olhos e se levantando com dificuldade.

- Vou ter que sair, só chego mais à noite ou só amanhã de manhã. Tem pizza na geladeira e deixei dinheiro em cima da mesa junto com as chaves extras, caso queira sair. – disse encostado à porta com tom ainda baixo.

- Ok, Appa. Talvez eu saia, com certeza estarei na praia, caso vá me procurar. – respondeu arrumando seus cabelos e desamassando sua roupa.

- Tenha cuidado e volte antes da meia-noite. Se for trazer alguém pra casa me ligue primeiro, Ok?

- Ok. Cuide-se.

- Tchau. Te amo filho.

- Também te amo Appa. – seu “eu te amo” saiu tão falso quanto à cor loira de seus cabelos agora cobertos por uma boina preta.

Não trocaram mais nenhuma palavra, o Sr. Kim saiu e seu filho desceu logo depois, ainda conseguiu ouvir o som do esportivo arrancando dali com toda a velocidade. O loiro explorou a geladeira, mas nada encontrou. Pegou o dinheiro e as chaves e apenas enfiou no bolso da frente e saiu, deixando apenas um recado escrito em letras garrafais.

Namjoon vagava pela praia como sempre fazia aos fins da tarde, chutava uma pedrinha qualquer com a ponta do tênis e refletia sobre sua (medíocre) vida. Ao olhar mais adiante uma figura estranha lhe chamou a atenção.
Um garoto branco de cabelos castanhos estava sentado em um seus bancos preferidos dali, a vista eram uma das mais bonitas daquele ponto. O garoto vestia uma camiseta branca amassada, um jeans surrado e um converse vermelho que deveria ter muita história para contar. Aquele ser tinha lhe chamado a atenção como nunca foi chamado antes.

- Oi... – o loiro disse baixinho, tomado pela timidez.

- Ah, oi! – o garoto misterioso respondeu com um pequeno sorriso moldando os lábios.

- Vem sempre aqui? – insistiu na conversa, tomando liberdade para se sentar ao lado do outro.

- Eu moro a alguns quarteirões daqui, costumo vir a praia sempre. E você?

- Estou passando as férias na casa de meu pai. É bem ali. – respondeu apontando para a casa alguns metros à frente. – Nunca te vi por aqui.

- É que eu morava mais longe, me mudei recentemente. – o moreno explicou – Parece que vamos nos ver bastante.

-É sim. Amigos? – Namjoon estendeu a mão com uma ponta de nervosismo.

- Amigos. – o moreno apertou sua mão com força dando um sorriso simpático.

Eles conversaram por mais um longo tempo, nem viram o tempo passar. Conversaram sobre tudo: casas, carros, escola, amigos, família, comidas...
Pareciam que tinham se conhecido há anos, talvez amigos de infância.

- Olha só a hora! Desculpe, tenho que ir. - O moreno falou assustado, cortando o outro que contava como havia perdido um dente da frente e quebrou um skate no mesmo dia.

- Mas já?

- Me desculpe, mas sim. Minha omma deve estar preocupada, nunca estive tanto tempo fora. – ele se levantou e passou as mãos pela roupa, desamassando-a.

- É... Sendo assim também vou. – o loiro também se levantou e ajeitou a boina, dando um sorriso tímido ao perceber que o outro o observava.

Eles se despediram demoradamente com direito a um abraço sem jeito, trocaram seus telefones e marcaram de se encontrar outro dia.
Namjoon voltou para casa e tudo estava como deixou, a não ser por um pacote retangular em cima da mesa. O mesmo continha um bilhete:

“Filho, me desculpe, só voltarei amanhã de manhã. Queria estar ai quando abrisse o presente, mas infelizmente não posso. Espero que aproveite ele e não quebre nada, Ok?

Beijos, papai.”

Curioso, abriu o embrulho violentamente, rasgando todo o papel. Seu pai tinha lhe comprado um skate novo. O Sr. Kim não poderia ser o melhor em quesito de atenção, mas sempre tentava agradar seu filho amado de outras formas e sempre acertava.
Namjoon subiu para seu quarto e guardou o skate, deitou-se em sua cama e ouviu seu celular apitar e sorriu ao olhar a mensagem que recebera.

Numero desconhecido: Amei te conhecer. Quando vamos nos ver de novo?

Ele nunca se sentiu mais feliz...