História Amor(?), destino - Rainy day

Já eram 08:45 e Ricardo estava se espremendo no ônibus rumo a faculdade, era terça-feira e neste semestre ele só tinha uma aula na terça que começava às 09h. Era início do mês de agosto e havia chovido naquela madrugada: “Como eu gostaria de ter dormido um pouco mais...”, pensava o  futuro engenheiro.

Ricardo não era exatamente o que podemos encaixar como “rapaz padrão”, não era alguém chamasse atenção. Era um moço branco de estatura mediana (tinha os seus 1,78m) e fazia questão de deixar o cabelo loiro curto para evitar cuidados excessivos com a aparência durante a manhã, afim de evitar atrasos. Seus olhos eram levemente puxados, nada que chamasse a atenção, seu rosto já não tinha nenhuma espinha e ele cuidava relativamente bem da aparência. Também não era adepto aos exercícios físicos... era magro e mantinha o seu peso só com o desgaste da faculdade, sem frequentar academias. Não tinha muitos amigos, na verdade apresentava muita dificuldade em socializar com outras pessoas e acabava ficando sozinho a maior parte do tempo.

O ônibus havia chegado no ponto e rapidamente começou a chover. Ricardo correu o que pôde rumo ao prédio de Engenharia Mecânica para não chegar atrasado na aula, não queria receber uma bronca do professor logo no início do semestre. Ele havia se vestido com uma calça jeans preta, uma blusa azul e um casaco que cobria boa parte do seu corpo. Eram 08:55 quando o mesmo entrou na sala e foi logo procurando um lugar para se sentar. De relance notou a presença de muitos veteranos em sua sala. “Ótimo, mais uma reprovação à caminho.... ahhh, não. Não posso permitir isso, farei o possível para ser aprovado!”. Dizia para si mesmo. As notas vermelhas já não o assustavam mais, até porque haviam deixado de ser novidade desde a primeira semana de provas.

Rapidamente o professor adentrou a sala de aula e começou a dar as instruções para o semestre. Muitos colegas de Ricardo chegaram atrasados para a aula, o professor nada disse. A disciplina era voltada para a elaboração de projetos, área na qual Ricardo havia mostrado facilidade durante o primeiro semestre.

No meio da aula chegou um rapaz que aparentava ser veterano (Ricardo não conhecia muitas pessoas, por isso não tinha certeza). O rapaz logo buscou um lugar em meio às diversas fileiras e se sentou. Ricardo havia sentido algo diferente neste garoto. O professor passou a lista de chamada e todos assinavam a lista sem problemas, até que esta chegou na mesa do rapaz misterioso:

-Desculpa professor, mas o campo para eu assinar se encontra riscado- disse o atrasado.

-Sim. Você chegou no meio da aula, acha mesmo que merece presença? Talvez, uma meia presença- retrucou o professor e todos riram.

O rapaz não se mostrou satisfeito com a resposta do professor, porém não replicou. Este se sentindo mal, desculpou-se com o atrasado:

-Desculpa Vitor, mas realmente existe uma tolerância de atraso que é de 20 minutos, a partir disso, não posso deixar que assinem a lista.

-Tudo bem, eu entendo- Respondeu o agora não tão misterioso, Vitor.

Vitor era alto, devia ter algo em torno de 1,90 m pelas contas de Ricardo. Tinha ascendência asiática, um corpo definido, ombros largos e uma voz grossa. Estava com os cabelos negros molhados, o que o deixava mais atraente. Ricardo o encarava sem perceber, até que Vitor deu uma risada para o mesmo. Imediatamente, Ricardo voltou-se para o professor.

A aula estava para terminar, até que o professor informou a todos sobre o projeto a ser desenvolvido no semestre:

-Como vocês devem imaginar, essa matéria está diretamente relacionada à elaboração de projetos. Então, nesse semestre, vocês irão formar grupos de 3 pessoas e me entregar uma miniatura de uma estrutura a ser definida por mim e que será projetada no software disponível nos laboratórios. Me entreguem a lista com os nomes de cada integrante até a próxima aula. É isso.

Ricardo sabia que não seria um projeto fácil, porém já havia desenvolvido estruturas no mesmo software e isso o aliviava. O loiro arrumou suas coisas e notou o quão “desleixado” Vitor aparentava ser, não tinha dúvidas, era um veterano repetente naquela matéria.

-Oi? Ricardo?Ricardo!!? Olaaaaaa? Terra chamando Ricado!- disse Yane, uma garota mestiça amiga de Ricardo.

-Oi Yane, desculpa estava um pouco distraído.

-Um pouco? Eu estava te chamando faz meia hora... você vai almoçar aqui hoje?- perguntou Yane.

-Na verdade não, só faço essa matéria hoje. Então vou voltar pra casa e preparar o meu almoço.- Ricardo morava sozinho e recebia dinheiro dos seus pais para se sustentar durante seus primeiros anos de faculdade.

-Ah, tudo bem então. Vamos ficar no mesmo grupo, hein? Depois a gente entrega a lista para o professor. Até amanhã!!- terminou Yane enquanto saía da sala.

Ricardo tratou de se apressar e seguiu rumo ao ponto de ônibus para voltar pra sua casa. Chegando no ponto, lá estava Vitor. Ricardo tinha uma certa queda por orientais e isso fazia com que ele não tirasse os olhos daquele “veterano desleixado”. Vitor notou a presença de Ricardo e logo o encarou de volta. Ricardo sentiu seu rosto esquentar; pra sua sorte o ônibus já chegava no ponto, então logo entrou no mesmo e deixou Vitor ali no ponto esperando por talvez um ônibus de outra linha. Era o fim de mais um dia de aula para ele.

Ricardo chegou em casa e tratou de fazer seu almoço, às vezes pensava em Vitor. Aquilo tudo era muito estranho para ele: “Eu acabei de encontrar com o menino e já estou assim? É muita carência mesmo, viu....”. Assim que terminou de almoçar, foi estudar para o dia seguinte como já era de costume para ele, com exceção de que sempre se pegava flertando com o pensamento na beleza de Vitor. Ele não fazia ideia do que Vitor causaria em sua vida...