História Amor(?), destino - Rise

(Ricardo)

Passei o sábado e o domingo sentindo borboletas no meu estômago. Aquela sensação não havia desaparecido, era como se eu revivesse aquela sexta-feira à cada 5 minutos. Troquei algumas mensagens com o Vitor no sábado...nada demais, ele basicamente me perguntou como eu estava e outras coisas banais relacionadas com a faculdade. A gente se falou basicamente por sms, e apesar daquilo parecer estranho, soava nostálgico pra mim. Era como se estivéssemos de volta a 2008. Acabei não estudando tudo que eu queria naquele final de semana, não conseguia me concentrar por muito tempo, a imagem de Vitor logo vinha à minha mente. Eu precisava esquecê-lo.... precisava mesmo? Acho que não queria esquecê-lo de forma alguma. Mas, e agora? Como é que eu iria lidar com essa situação. Quer dizer, ele no mínimo tinha um rolo com aquele moça que ele me disse ser só uma amiga e eu sequer tinha me aberto com Yane sobre aquela situação... Não queria ficar no meio da relação de ninguém, se o Vitor tivesse algo com aquela menina, não teria outra saída a não ser tirá-lo do meu caminho. Eu já tinha escutado que ele era pegador, mesmo sendo um pouco desleixado, ele fazia muito sucesso entre as garotas, principalmente entre as calouras.

Quando era por volta das 20:00 do domingo, ele começou a me mandar mensagens pelo Messenger.

Vitor: Boa noite, Rick, como vai? Qual é a sua turma de geometria? Quero assistir aula contigo (20:03)

Ricardo: Oi, então, sou da turma 5. Mas por quê? Achei que vc já tivesse passado nessa matéria...Vc quer assistir aula comigo? O seu professor n é bom? (20:04)

Vitor: rs sempre rola aquela dp, né? na verdade ele é bom sim, só queria passar algum tempo do seu lado (20:04)

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Após ler aquilo, fiquei mais vermelho do que um pimentão.

Vitor: Ué, te deixei sem jeito, foi? Desculpa se eu estiver sendo muito invasivo. Eu só quero te conhecer melhor, ficar perto de vc...

Tem algum mal nisso? (20:08)

Ricardo: E pra q vc quer tudo isso? N existe nada entre nós (20:09)

Vitor: É exatamente por isso. Eu quero q exista!

Tudo bem se vc n estiver preparado ou n me aceitar. Mas, por favor, não negue os meus bjos, eu preciso sentir  a sua boca na minha. (20:09)

Ricardo: Como assim? N consigo imaginar eu te beijando na frente de todo mundo... mesmo depois de vc ter sido extremamente gentil comigo na sexta, n significa q eu vou esquecer aquilo q vc me disse no laboratório, ou ainda esquecer q vc está comprometido com outra pessoa! (20:12)

Vitor: Eu já te pedi desculpas sobre isso, e da onde vc tirou q aquela menina é minha namorada? (20:12)

Ricardo: Eu vi... (20:13)

Vitor: Viu? Viu o quê? (20:13)

Ei, n vai me responder mais? (20:20)

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Não sabia mais o quê dizer para o Vitor. Ele estava me colocando na parede. Claramente, havia uma demonstração de interesse ali. Mas de onde surgiu isso? O quê ele quer com isso, não consigo acreditar que um cara como ele esteja interessado em mim...

Não o respondi mais, simplesmente desliguei o meu celular e fui dormir.

(~)

O despertador, como sempre, foi pontual na segunda. A minha mente era uma mistura de pensamentos e de confusões. Não sabia mais qual atitude tomar. Daquela vez, achei melhor não fazer nada, apenas deixar que as coisas se ajeitassem.

Acordei, tomei um banho e resolvi tomar café em casa, não queria correr o risco de encontrar com Vitor à caminho da cantina como acontecera na terça da semana anterior. Seria melhor deixar as coisas se acalmarem para pensar em alguma “solução” para o impasse que se formava em minha mente: “Investir ou não em meu possível sentimento por Vitor?”.

Escolhi uma roupa bem discreta para aquele dia, tudo que eu não precisava era que me notassem. Coloquei um calça moletom folgada bem confortável, uma camiseta branca sem estampa e o meu velho casaco azul. Segui rumo ao ponto ouvindo uma música que estava praticamente me deixando surdo. Não demorou muito e o Circular passou, não encontrei nenhum conhecido no ônibus... ainda bem.

(~)

Cheguei na faculdade e logo fui para a sala de aula, não olhei muito para os lados para não correr o risco de ver alguém. Quando adentrei na sala, tive uma surpresa: Vitor acenava para mim, ele havia guardado um lugar para mim ao seu lado na fileira próxima às janelas. Não tive reação alguma, até que notei Yane sentada no seu lugar de costume, então fui ao lado dela e lá sentei. Pude notar que Vitor se chateou com o fato de eu não sentar ao lado dele. Mas o quê eu poderia fazer? Sequer citei o nome dele pessoalmente para Yane, precisava me abrir com ela antes.

-Bom dia, senhora festa. Como passou o final de semana?- disse sem graça.

-Bom dia, passei muito bem.. tão bem que não estava pronta para voltar a ter essas aulas entediantes...

-Então somos dois!- rimos juntos.

O professor chegou e deu início à aula. Eu olhava para trás de vez em quando e Vitor olhava imóvel para a lousa, será que ele ficou muito zangado comigo? Decidi falar com ele após o final da aula.

(~)

Corri em sua direção assim que o professor saiu da sala, ele já havia passado pela porta, foi quando eu o segurei pelo casaco já no corredor:

-Oi, espera, eu queria te pe...

-Tudo bem, eu já entendi. Você não quer ter nenhum contato comigo. Pelo menos pro cinema eu sirvo, né?- me respondeu com um olhar feroz, nunca o vi daquela forma.

-Não é isso. É que..

-É o quê? Quero saber.

-Olha, me desculpa, é que a minha amiga assiste aula comigo e eu ainda não comentei nada com ela sobre nós.. sobre você, enfim, foi mancada eu não ter ido falar contigo. Desculpa...-disse com cabeça baixa.

Voltei a encará-lo e percebi que o seu olhar já não estava mais tão pesado sobre mim, ele parecia ter me compreendido, porém ainda demonstrava que estava chateado. Ele começou a andar sem me falar nada, mesmo atônito eu o segui. Ele parou e olhou para mim. O quê passava na mente dele?

-Tudo bem, eu posso te desculpar. Mas, em troca, você vai ter que passar a tarde comigo, eu sei que as suas aulas acabaram por hoje...

Espertinho, usou daquela situação para que eu saísse com ele. Tudo bem, eu realmente havia pisado na bola.

-Você é quem decide- me pressionou mais uma vez.

Assenti com a cabeça e logo percebi que um sorriso se formava naquela boca linda que eu havia beijado na sexta.

-Ok, eu preciso voltar pra sala de aula e arrumar as minhas coisas. Me encontra daqui a meia hora nos bancos que têm perto da entrada.

-Eu posso te acompanhar até a sala.

-Não! Melhor não, vou falar com a Yane antes- disse e ele concordou.

(~)

Chegando na sala, Yane me esperava ainda sentada em sua carteira com uma cara de quem não havia entendido nada.

-É impressão minha ou você acabou de ter uma discussão com aquele veterano?

-Na verdade o nome dele é Vitor e eu não estava tendo uma discussão com ele, foi apenas um leve desentendimento- respondi sem graça.

-Whatever, pode começar a me contar tudo.

-Ok.

Comecei a contar toda história para Yane, desde o momento em que coloquei os olhos nele naquela terça de início do semestre, passando pelo incidente no laboratório e chegando ao beijo de sexta-feira. Ela quis me bater pelo fato de eu não ter me aberto antes e também porquê eu menti sobre sexta, na verdade eu não tinha mentido, né? Nem sabia que o Vitor me chamaria para ir ao cinema, muito menos que eu fosse aceitar...

Tratei de me despedir de Yane e fui rumo ao local que havia combinado com Vitor, aquele dia seria longo...