(Ricardo)
Passei o sábado estudando feito um louco. A véspera das provas era sempre uma chance de refazer provas antigas. Não parei de pensar em Vitor após a sexta, fazia só um dia... mas já sentia a falta dele. Ele não me enviou mensagens, não me ligou... nada. Eu me sentia egoísta e mesquinho por nunca iniciar conversas com ele. Tanto pessoalmente, quanto virtualmente, Vitor tomava todas as iniciativas, isso se dava, em partes, pela minha não-certeza acerca dos meus sentimentos. Passei o domingo tentando evitar o uso do celular, porém, já estava ficando impaciente. Queria vê-lo, abraçá-lo, olhar naqueles olhinhos puxados e ouvir todas as bobagens que ele sempre me dizia. Encarei isso como um sinal de que sentia algo mais profundo por Vitor. No começo, não passava de atração: asiáticos sempre me chamavam a atenção. Entretanto, nunca havia me encontrado numa situação semelhante, ou melhor, nunca havia sido correspondido. E agora, pelo menos, acreditava que seria correspondido. Tratei de vencer o meu orgulho e mandei mensagens para Vitor:
Ricardo: Oi. Td bem? (21:18)
Demônio asiático: O.o vc me chamando pra conversar? (21:19)
Ricardo: cê tava ocupado? Td bem, nos falamos outra hora. (21:21)
Demônio asiático: NNNNNN (21:21)
Só fiquei surpreso ‘-‘ (21:22)
Ricardo: hum (21:24)
Demônio asiático: sim, estou bem.
Morrendo de saudades suas, mas estou bem :/ (21:25)
Ele sabia exatamente quais palavras usar. Estava tão contente de falar com ele que tentava me conter nas respostas, sempre maneirando na empolgação.
Demônio asiático: Rick (21:26)
Posso te perguntar uma coisa? (21:27)
Ricardo: Pode... (21:27)
Demônio asiático: vc tá sentindo a minha falta? A gente se falou pouco desde sexta. (21:27)
Visualizado
N vai me responder? (21:32)
Ricardo: Sim (21:32)
Demônio asiático: sim o q? (21:32)
Ricardo: Eu senti a sua falta... (21:34)
Demônio asiático: MEU DEUS
Vou tirar print
*--* aaaaaa (21:34)
Ricardo: N FAZ ISSO, EU FALEI BRINCANDO (21:34)
Demônio asiático: N ADIANTA
Ricardo me ama, aaaaaa (21:35)
Ricardo: Nem nos seus melhores sonhos... (21:35)
Era só o quê me faltava. Ele ia ficar tirando sarro da minha cara?
Demônio asiático: ^.^
Td bem
Tô mt feliz por vc ter dito isso. Quero te encontrar agora. Me passa o seu endereço (21:36)
Ricardo: Oi? Tá doido? (21:36)
Demônio asiático: Doido pra te beijar, ué (21:36)
Vai, por favoooor
Eu passo aí só pra te dar um oi (21:37)
Ricardo: Daqui a pouco são dez da noite, é perigoso andar assim, ok? (21:37)
Demônio asiático: eu vou de moto(21:37)
Ricardo: Mesmo assim, n tem onde colocar sua moto aqui
N quero q te roubem (21:38)
Demônio asiático: eu poderia passar a noite aí se me assaltassem...
( ͡° ͜ʖ ͡°) (21:38)
Que safado! Já queria me corromper. Não que eu nunca tenha feito essas coisas, mas... já?
Ricardo: SÓ SE FOSSE DORMINDO NO CHÃO E DO LADO DE FORA (21:38)
Demônio asiático: Se vc estiver no chão comigo... (21:40)
Ricardo: aff, vai dormir
Já falei mt contigo. Tô indo (21:40)
Demônio asiático: NN vai, tá cedo. Vamos conversar até amanhã (21:40)
Ricardo: enlouqueceu? Preciso acordar cedo, amanhã é segunda e tem prova! (21:41)
Demônio asiático: :(
Tá bom (21:41)
Ricardo: Boa noite (21:42)
Demônio asiático: Boa noite, bjos meu amor ;) (21:42)
Meu amor? Ainda bem que ninguém viu a minha cara, socorro... estava queimando com aquele “apelido”. Meu amor? Meio brega... mas eu gostei.
(~)
Acordei cedo na segunda. Não tinha dormido muita coisa... estava nervoso com as provas que viriam e não parava de pensar em minha conversa com Vitor. Será que seria bom que ele viesse aqui? Quer dizer, eu moro num lugar pequeno, basicamente: cozinha, quarto e banheiro. Meus pais me sustentam aqui, então não posso esbanjar com aluguéis caros. A casa ficava num bairro relativamente próximo à faculdade, os donos eram um casal de idosos que já tinham experiência em alugar para universitários, a casa que eu ficava estava no fundo da casa deles. Não era grande coisa, não sei se valeria a pena trazer Vitor aqui.
Tratei de me arrumar. Fazia um friozinho naquele início de setembro, então escolhi um casaco, junto com um gorro e uma calça de moletom, precisava ir confortável pra fazer a prova. Estava um pouco engraçado, mas não importava. Só queria me sentir bem.
Peguei o circular cedo para não me atrasar, o ônibus estava mais lotado do que o normal, ainda mais para aquele horário. Cheguei na sala, seria prova de geometria. Acabei me deparando com Yane esparramada sobre uma mesa, a bichinha dormia feito uma pedra.
-Hey, dorminhocaa- disse chacoalhando a mesma.
-Ai... me deixa dormir, Ricardo, pelo amor de deus...
-Ué, a noite de ontem foi boa? Com quem você passou- perguntei malicioso.
-Com um livro na cara e o caderno entre as pernas...
Ri da resposta de Yane, já fazia um tempinho que não a via, precisava colocar o papo em dia, mas como tínhamos prova não podia me desconcentrar, portanto, tratei de me sentar.
(~)
Eu saí daquela sala praticamente MORTO. Eram 10:00 h e se passaram duas horas e meia de prova. Estava destruído. E pior, não tinha conseguido fazer tudo... era melhor rezar pra tirar nota azul, não era bom começar assim escorregando no tomate.
Teria outra prova às 13 h da tarde, enquanto isso, tinha todo aquele tempo livre, ou melhor, todo aquele tempo para estudar! Como Vitor era de outra turma, não encontrei com o mesmo. Ele provavelmente não teria muitas provas naquela semana, visto que já estava no terceiro ano e fazia poucas matérias do primeiro ano.
Pensei em procurar pelo mesmo, mas logo desisti. Não podia descuidar nenhum segundo, seria bom utilizar aquele tempo para estudar mais um pouco e depois ir comer rapidinho. Querendo ou não, Vitor tomava toda a minha atenção.
(~)
Procurei por uma sala livre e adentrei para estudar. Tirei os cadernos da mochila e comecei a reler a matéria, a outra prova seria de cálculo. Depois de um certo tempo estudando, meu celular começou a tocar, era Yane:
[ligação on]
-Oi Yane, pode falar.
-Onde cê tá?
-Tô aqui na sala 7 no segundo andar.
-Tô indo aí.
[ligação off]
Ela chegou na sala depois de algum tempo e começou a tirar um cochilo, aparentava estar mais exausta do que eu. Yane era uma mestiça muito atraente, porém, naquele dia, estava toda descabelada e coberta por uma blusa enorme, provavelmente de algum ficante.
Fiquei na sala até as 11:30, depois comecei a arrumar as minhas coisas para ir pro RU.
Acordei Yane e saímos da sala, quando eu me aproximava da saída do prédio ouvi uma voz me chamando:
-Rick!! Espera.
Só uma pessoa me chamava assim. Sim, Vitor.
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