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História Amor e Outras Drogas - Estou desistindo de você


Escrita por: kyoongni e monanie

Notas do Autor


Opa, pensaram que havíamos abandonado AEOD? Não, não. Estamos de volta. E, sim, AEOD está quase no fim... (não gosto de me lembrar disso) A partir de agora será postada uma vez por semana.

Leiam as notas finais, temos um recadinho especial para vocês. ♡

Recadinho da Pal: Sim, a Anna está postando, mas o sofrimento é mútuo, queridosss. Estamos rendendo porque não queremos acabar e só faltam 3 FUCKING CAPÍTULOS. EU NÃO CONSEGUIREI DAR ADEUS. (respira) Esse capítulo é mais uma continuação do outro, certo? Então não nos matem. Tenham uma ótima leitura, sem ódio no coração, o amor é lindo, lembrem disso. ♡

Sugestão de música para este capítulo:
Say Something - A Great Big World (feat. Christina Aguilera)

Capítulo 11 - Estou desistindo de você


Diga algo, estou desistindo de você. Desculpe-me por não conseguir te ter. Em qualquer lugar, eu teria te seguido. Diga algo, eu estou desistindo de você.

 

✖♡ ✖

 

Baekhyun nem ao menos conseguia mover um músculo, mas a cabeça mirou o chão em um ato automático. Em algum momento teria que virar-se e encarar a realidade de suas palavras, consequências que se refletiam nos olhos grandes e escuros de Chanyeol. Se antes existia um sentimento de querer acelerar o tempo, agora queria que o tempo parasse e que fosse capaz de voltar atrás; porém, não sabia exatamente até onde voltaria. Voltaria até o primeiro beijo que compartilharam? A primeira vez que transaram e sentiu unir-se não só carnalmente com alguém? Não, talvez antes, muito antes. Talvez quando se conheceram, talvez quando se apaixonou pelo rapaz simpático e sorridente, quando não conseguia dormir sem antes pensar nos momentos que passou com ele durante o dia. Sim, talvez voltasse até estes momentos e impedir-se-ia de seguir em frente com aquilo e machucá-lo como havia feito agora.

— Não vai olhar para mim, Baekhyun? — Ouviu a voz grossa soar como se o despertasse de um pesadelo, mas a realidade para a qual Chanyeol o chamava era cruel demais.

Talvez, preferisse ficar naquele devaneio e esquecer-se de que não estava sozinho ali. Chanyeol tentou parecer forte, mas entre amigos era claro demais que a voz era falha, afetada.

Tão incerto, Baekhyun girou lentamente sobre o calcanhar, ainda olhando para o chão, era difícil encarar a realidade que a face de Chanyeol representava agora. Com dificuldade levantou o olhar, parecia que tudo a sua volta transcorria em câmera lenta, até mesmo a dor que sentiu — ao ver os olhos a sua frente molhados e vermelhos —, parecia lhe consumir lenta e cruelmente, como se ele merecesse cada batida dolorosa que o coração dava dentro do peito.

Essa era a sensação de ferir alguém que se ama? Amar não veio com instruções ou bula. Naquele momento, descobria mais um sentimento intenso demais para si. Os efeitos colaterais da droga eram severos, sentiu-se traído por nunca ter sido alertado sobre isso.

Baekhyun sentia as mãos tremerem dentro do casaco preto que usava. Não sabia ao certo se era por frio ou por medo. O brilho natural dos olhos grandes e espertos — que admirava quase que diariamente e onde encontrava uma paz inexplicável —, fora substituído por um brilho úmido. Suas palavras mentirosas rondavam por sua cabeça, por seu corpo, atormentando-o. Por que agia por impulso quando deveria manter a calma? Não conseguia mover um músculo que o ajudasse naquela situação desastrosa.

Sua cabeça ainda latejava devido ao estresse que lhe consumiu durante todo o dia, talvez doesse também pela bebida que ingeriu e, quem sabe, pela pressão que sentia diante daquela situação. Desconsolável, queria voltar para a noite em que dormira com Chanyeol, em que o tivera por uma noite inteira e rendera-se à vastidão de sentimentos que transcendia o considerado normal. Arrependimento; encolheu os ombros e abaixou a cabeça novamente, os olhos ardiam e a boca secava.

O silêncio profundo fazia com que Chanyeol escutasse as próprias batidas aceleradas de seu coração. As lágrimas formavam-se com ainda mais força, os olhos já estavam em um vermelho vivo devido à intensidade que as segurava. A garganta doía, portanto não sabia mais o que falar. Mas sentia doer. Mais do que vê-lo sendo tocado por Sehun na noite da festa de boas-vindas. Ardia bem mais do que quando o observou negando-se para si. Queimava tão quanto o adeus que nunca o deu. A boca de lábios finos se tornara uma arma, por ela, balas saíram e acertaram Chanyeol em cheio; palavras nuas e cruas.

Onde estava o Baekhyun dócil que o amou mesmo sem saber como era amar? Onde estava seu pequeno que, por noites adentro, sussurrou coisas amáveis e apaixonadas para si? Aquele a sua frente, que cuspiu palavras tão cruéis, não poderia ser o mesmo. Havia resquícios do amor que compartilharam ali? Havia esperanças ou ele havia descartado tudo que construíram em palavras impensadas? Talvez, realmente tivesse amado sozinho todo esse tempo e todo afeto que doou e compartilhou com ele — fosse no calor e suor dos corpos emaranhados ou em simples momentos em que apenas esteve por perto doando de seu tempo — fosse oxigênio apenas para si.

Baekhyun nada dizia e o silêncio tornava-se sepulcral. Uma lágrima solitária rolara pelo rosto bonito do Byun e Sehun, que estava ao lado de Chanyeol — também em frente a Baekhyun —, tentava conter-se a não intervir. Assim como todos ali, não sabia ao certo o que fazer para alterar a situação. Também ouvira as palavras ácidas e impensadas de Baekhyun, mas Sehun não tinha certeza se deveria tentar mudar algo que não tinha a ver consigo. Porém, aquele silêncio quase intrínseco o causava desconforto; por isso pegou o celular do bolso, erguendo-o e balançando-o alto para chamar a atenção de todos na varanda. Abriu um sorriso animado.

— Bem — começou incerto. — Quem vai pagar as pizzas hoje? — falou alto e forçadamente divertido, balançando o celular novamente. Luhan ergueu o olhar para Sehun, tentando pedi-lo em silêncio para que fizesse algo e reverter-se a situação.

Minutos. Poderia dizer que era uma infinidade. O silêncio perturbador fazia mais uma humilde lágrima escorrer pela bochecha de Baekhyun. O menor sentia o olhar pesado do Park sobre si. Nenhum dos dois ousou se mexer e, com exceção de Sehun, ninguém mais também.

— Tudo bem! — Sehun ergueu a mão livre e revirou os olhos. Será que nenhum dos três amigos sentados entendia sua intenção de dissipar a situação embaraçosa? — Eu pago as pizzas de hoje — acrescentou, sorrindo e esticando o braço com o celular para que alguém o pegasse. Novamente ninguém se moveu. — Tudo bem de novo... Eu faço o pedido também.

Jongin sobressaltou-se do lugar em que estava, aproximando-se e colocando-se em pé ao lado de Baekhyun. Nos minutos de silêncio que passaram naquela tensão amarga, ponderou em como foi duro com o amigo. Talvez, tivesse o pressionado demais. Sentiu uma pontada de culpa em possivelmente ter atiçado aquele lado defensivo e impulsivo do Byun.

Sempre soube que ambos — Chanyeol e Baekhyun — eram apaixonados um pelo outro. Porém, a grande resistência por parte deste último o irritava consideravelmente, ainda mais quando via o estado em que Chanyeol ficava ao esperar ser correspondido de alguma forma. Nunca soube se deveria intrometer-se entre eles e, naquele momento, a dúvida não era diferente. Mas até quando eles ficariam parados ali, tecendo decepção, orgulho e falta de coragem?

— Há quanto tempo está aqui, Chanyeol? O quanto você ouviu da conversa? — perguntou Jongin olhando para o amigo. Chanyeol nem ao menos desviou seu olhar de Baekhyun, que ainda mantinha o olhar marejado em qualquer lugar que não fosse o maior a sua frente. — Sabe, não era para você ouvir certas coisas... — Fora interrompido por uma voz rouca, carregada de tristeza.

— Há tempo suficiente para ouvir bastante. — Chanyeol disse firme, recebendo, por fim, o olhar de Baekhyun. Estava carregado, assim como o dele próprio, pronto para explodir em mais lágrimas do que somente aquelas teimosas que escorriam solitárias pelo rosto de ambos. — E ao que parece, não ouvirei nada diferente — completou, fazendo o pequeno a sua frente morder o lábio inferior com a dor aguda que se apossara de seu peito. Todos em volta ou estavam com a boca entreaberta ou com os olhos arregalados.

Apavorado, Baekhyun tirou uma das mãos do bolso quentinho e ergueu os dedos trêmulos, levando-os em direção ao rosto de bochechas cheias e tão gostosas para se fazer carinho. Porém, era tarde demais, pois quando olhou nos orbes castanhos como os seus mais uma vez, Chanyeol deu as costas para si, acelerando os passos para fora da varanda — que mais parecia ter se tornado extremamente fria e doentia.  No caminho, esbarrou o ombro com extrema força contra o semelhante de Sehun — quase que propositalmente —, recolhendo em seguida seu casaco no sofá de cor escura e seus outros pertences sobre a mesa de centro.

— Chan... — Baekhyun sussurrou, dando passos largos em direção ao maior, a visão embaçando devido ao excesso de lágrimas que não conseguira mais conter. O corpo pequeno estremeceu quando Chanyeol virou-se para si de súbito.

— Bom saber, Baekhyun — disse. — Bom saber que tudo para você se resumiu a apenas algumas fodas — completou ríspido, saindo do apartamento e fechando a porta atrás de si com extrema força.

Chanyeol esperou que Baekhyun alcançasse seus braços e dissesse que tudo não passara de uma mentira, uma brincadeira de mau gosto e que nada daquilo era expressão da realidade — assim como acreditava piamente.

Em contrapartida, Baekhyun esperou que Chanyeol o envolvesse em seus braços e desvendasse seus pensamentos mais sinceros. Foi por impulso, sentiu-se pressionado e, por isso, agiu sem pensar mais uma vez. E o amava. Amava tanto que só queria sair dali com ele, como se os momentos anteriores desaparecessem como fumaça.

Mas a vida parecia querer separá-los por ora. Talvez, a dose que sorveram um do outro houvesse sido grande demais, intensa demais. Borbulhava e não os deixava nem mesmo respirar por causa do vício; porque mal dava tempo entre um suspiro e outro, já se desejavam novamente. Precisavam amadurecer. E a vida bem sabe que amadurecer é doloroso. Mesmo o amor mais intenso pode ser cruel às vezes.

 

•••

 

Seus passos eram rápidos e mal podia enxergar um palmo a sua frente. Não tinha controle sobre a força que impunha nas mãos fechadas em punho e sobre a velocidade com que descia os lances de degraus; não teve paciência para sequer esperar pelo elevador. A cada curva que dava para encontrar mais escadas, as luzes sensoriais acendiam e as anteriores se apagavam, como acontecia com suas esperanças acerca de um relacionamento com Baekhyun. Sentia nós se formando na garganta, os olhos constantemente embaçando e tendo que focá-los se não quisesse perder mais um degrau de vista. Nada ao seu redor importava, sua mente era bombardeada com lembranças nem tão passadas assim.

O que Baekhyun fez com todos os momentos que estiveram juntos naqueles meses, tentando pouco a pouco entender um ao outro assim como o sentimento forte que os atava?

Havia ouvido o suficiente. Na verdade, gostaria de ouvir outras palavras, distorcidas e com sentido completamente diferente; quem sabe um “eu acho que vou me arriscar e vamos ficar juntos”. Não sabia, mas, talvez nem mesmo para essas palavras estivesse pronto. Ansiou para que Baekhyun não tivesse receios de assumir para si mesmo o que sentia, porém, o único disposto a fazer isso era ele mesmo. Então talvez desse tempo ao tempo mais uma vez e quem sabe nem depois desse período conseguisse olhá-lo com os mesmos olhos, com as mesmas vontades explícitas — afinal elas não deixariam de existir, mas seriam abafadas sem dó.

Eram passadas largas. Passadas essas que lhe distanciavam de alguém que jurava de pés juntos nunca conseguir evitar amar. Porém, era apenas mais um. Não era uma lista grande, mas era mais um, até depois de Sehun quem sabe. Como conseguiria competir com o relacionamento que tinham? Como não parou para pensar, sequer um minuto, que tudo daria errado porque Baekhyun nunca deixaria de ser ele mesmo? Ele simplesmente não abriria mão de seus princípios e vontades para viver um relacionamento pacato. Martirizava-se com tais pensamentos como se quisesse matar a facadas cada pedaço de Byun Baekhyun que estava fundido às suas entranhas. Era árduo acreditar que os olhares sublimes e cheios de significados, na verdade, não passaram de uma peça pregada por seu coração acelerado e apaixonado.

Ao chegar ao estacionamento, necessitou parar abruptamente os passos e puxar com força o ar pela boca. Os lábios tremeram e o choro iminente alcançou-o, fazendo os ombros curvarem-se um pouco e tremerem. Um soluço escapou dos lábios cheinhos e as mãos grandes passaram pela face bonita até puxar os cabelos escuros. Devido ao horário, o estacionamento do prédio estava quase em um total breu, o que lhe ajudou para que pudesse pôr para fora o que apertava seu peito. Chanyeol estava desabando.

Não, não era tristeza. Pelo menos não somente isso. Talvez fosse mais decepção por ter depositado toda sua fé e vontade em um relacionamento que pareceu começar a dar certo em um desejo mútuo para que, de fato, acontecesse. Estava enganado! Sentia-se traído e não sabia pelo quê, pois quando fora que prendeu Baekhyun em seu coração, em cada parte sua, e achou que ele seria tão fiel aos mais ocultos sentimentos que possuía? Jurou para si mesmo que não forçaria Baekhyun a nada. E não forçou. Tudo fora feito de acordo com as vontades dele também. Porém, o medo não deixava que entendesse o que era todo o amontoado de sensações que Chanyeol insistia em causar em si. Era involuntário. Era uma forma de se defender. E, com isso, o machucou.

Olhou para cima e respirou fundo mais uma vez. Não eram lágrimas grossas que caíam, seus olhos estavam vermelhos, molhados, a garganta presa, mas sentia somente a necessidade de gritar, de colocar para fora tudo que havia esperado acontecer e, com simples palavras, não aconteceriam mais. Desta vez era ele mesmo que não queria que acontecesse, porque, talvez, não suportasse lidar com as divergências de Baekhyun mais uma vez. Era difícil tê-lo em um dia sem saber se ele estaria disposto a ficar consigo no outro. Olhou ao redor, girando no próprio calcanhar e procurando pelo seu carro. Sabia onde ele estava, mas sua mente estava desnorteada o bastante para que não conseguisse encontrar o veículo preto. Lembrou-se da chave em sua mão e destravou-o, tendo sua atenção tomada pelo barulho rápido e as luzes piscando.

 

•••

 

Ele havia escapado por entre seus dedos, corrido para longe de si. Havia o espantado com seu ciúme desequilibrado e tão novo. Onde havia parado seu bom senso? Onde havia parado seus princípios? Queria ter respostas, mas era sempre assim... Chanyeol lhe bagunçava da cabeça aos pés e era difícil controlar-se. Era quase impossível. Sentia-se sufocado naquela varanda. Os olhos assustados e temerosos de Sehun não desgrudavam de sua figura, agora, aparentemente, tão pequena e frágil.

Em um ato tão desesperado, visível em seus olhos pequenos e úmidos, mirou Sehun, suplicando em silêncio para que ele fizesse algo, talvez organizasse toda a bagunça que tinha feito, porque temia dizer mais alguma coisa e acabar com o que mal havia começado. Porém, assistir a expressão decepcionada, o corpo alto e tenso deixar o apartamento, não lhe dava resquícios sequer de esperança de que teria alguma chance.

Tão rápido seus olhos perderam o foco, se antes sua cabeça já doía devido ao estresse do dia, agora não sabia se suportava a dor. Um gosto amargo se espalhou por seu paladar; queria culpar a bebida por isso, mas sabia que era a própria culpa tirando-lhe o prazer. Sehun descera as escadas após ver o desespero e a súplica nos olhos castanhos de seu amigo. Mesmo que não pudesse resolver todos os problemas de Baekhyun, agindo como se fosse algum protetor dele. Ele era adulto e tinha de saber como lidar com tais problemas, porém, não via outra saída a não ser desenfrear o desentendimento que houve.

 

•••

 

Logo após passar nervosamente as costas das mãos pelo rosto e antes de seguir até o carro, escutou seu nome ser chamado às pressas e passos largos fazerem um corpo magro e alto aparecer no estacionamento; ofegante e com o olhar um tanto quanto perdido. Os dedos finos, antes pousados no peito para acalmar a respiração, foram até os fios pretos. Sehun soltou todo ar pela boca e relaxou os braços, assim como todo o corpo, olhando para Chanyeol, para o chão, para qualquer outro lugar a fim de organizar os pensamentos e as palavras. Talvez soar rude demais fosse o pior para o momento. Mas antes que pudesse dizer algo que valesse a pena, o Park ignorou sua presença e caminhou em direção ao seu carro. Sehun sentia-se quase como que cuidando de duas crianças, e o mais trágico era não saber como lidar com isso, até porque não tinha que estar no meio dos dois. Era somente amigo.

— Chanyeol! Espera. — Sehun disse acelerando os passos até alcançar o Park e segurar o braço do amigo.

Queria deter a raiva crescente que se alastrava por suas veias, dominando todos seus sentidos e culpando alguém que não tinha culpa... Pelo menos não como pensava. Chanyeol queria engolir suas decepções e apenas ir embora. No fim, tudo dentro de si se acalmaria.

Mas não era naquela hora, pois não calculou o quanto estaria errando quando sentiu seu braço ser segurado e virou o corpo com o punho estendido, encontrando a maçã esquerda do rosto de Sehun — que rapidamente soltou o braço alheio e levou a mão até o local atingido, juntando as sobrancelhas e grunhindo de dor. Mirou Chanyeol, incrédulo; os olhos espertos do outro estavam negros e molhados.

— Me deixa em paz. Você e o Baekhyun... Me deixem em paz! — disse aumentando o volume da voz gradativamente, desta vez sentia ela embargada e foi impossível conter o choro mais uma vez. Fungou fortemente e passou o antebraço pelo rosto, virando-se para voltar a caminhar às pressas até seu carro.

— Você está sendo tão infantil, Chanyeol. — A calma nas palavras de Sehun, assim como a quase indiferença, havia atingido o rapaz mais velho em cheio, pois ele havia parado os passos antes mesmo de chegar ao carro, e faltava menos de dois passos para isso. Sehun ainda alisava o rosto e tentava amenizar a dor no local atingido. — Você sabe que está sendo, sim. Você sabe que o Baek não iria, simplesmente, aceitar viver tudo isso com você tão rapidamente. — Mais um nó. Chanyeol se sentia sufocado. Virou um pouco o corpo e olhou para Sehun que o encarava, quase com total desprezo para tudo aquilo que não lhe envolvia.

— Eu estou sendo infantil? — Suas palavras eram pausadas e pesadas, quase como se quisesse cravar cada uma em Sehun, como ele estava fazendo consigo. — Baekhyun é um adulto e não sabe o que quer! E eu sou o infantil?! — Apontou para si mesmo, dando passos lentos em direção ao mais novo. — E o que você tem a ver com meus assuntos e do Baekhyun? Não acha que ficou tempo demais entre nós dois? — falou rápido e olhando fixamente nos olhos pequenos do outro, este que riu soprado e quase revirou os olhos.

— Vocês são meus amigos. E eu conheço muito bem o Baekhyun para saber que você deveria pegar leve. — Chanyeol sentia o estômago revirar com os sentimentos mais idiotas. Seus olhos sequer focavam e sentia um vazio em seus braços; Baekhyun não estava neles. — Baekhyun não está sabendo lidar com nada disso, porém isso não quer dizer que ele não goste de você de verdade.

— Por que, com você, ele não tem nada disso? Por que para ficar com você ele não pensa duas vezes, Sehun? — Se aproximou vagarosamente do Oh, engolindo em seco e com as mãos tencionadas. Apertava a chave do carro na palma da mão direita e a sentia machucar levemente a pele. Sehun passou os dedos pelos lábios e apoiou ambas as mãos na cintura, relaxando o peso de seu corpo em uma perna. — Por quê?! — Finalmente gritou a todo pulmão, sentindo a cabeça latejar. Seus lábios estavam molhados, assim como os olhos, ambos vermelhos. Encarava Sehun, procurando algo no olhar vago que lhe dissesse mais do que via e custava aceitar.

— Porque ele não sente nada comigo, Chanyeol. — O Park apenas riu soprado, batendo as mãos nas próprias coxas e olhando para o teto baixo e acinzentado. Colocou a mão sobre os lábios, contendo qualquer palavra impensada que ousasse sair dali.

Era errôneo acreditar tão facilmente que não havia nada além do que era visível na relação que Baekhyun tinha com Sehun. E talvez não se importasse tanto com o que havia, não mais, porém doía saber que havia caído em uma ilusão da qual achou ser tão verdadeira e menos dolorosa. Preferia que Baekhyun fosse sincero com todas as letras, do jeito mais franco, desde o início.

Lembrava-se de quando ele havia dito que seria apenas sexo. Ele foi sincero todo o tempo? Pelo menos no começo de tudo. Depois já não conseguia distinguir se Baekhyun queria, de fato, somente sexo. Os toques estavam mais calorosos, ele estava bem mais atencioso. Sem contar os momentos que nem se envolviam sexualmente, mas estavam tão atraídos que mal podiam respirar ou negar. Contudo, quando olhava para o lado, via Sehun e como Baekhyun não media esforços por ele. Fácil, sempre fácil. Talvez os sentimentos reprimidos não fossem por si. Pensar nisso era como se uma mão invisível apertasse seu coração.

— Você precisa se acalmar. Sobe e conversa com ele... Ou melhor, vai esfriar a cabeça e depois vocês conversam. Baekhyun falou... — Chanyeol interrompeu a fala calma de Sehun, que era acompanhada de gestos como se quisesse amenizar o estresse do mais velho.

— Vá você conversar com ele, Sehun. Não é sempre assim? Ele te escuta. Ele faz tudo que você quer. — Respirou fundo, a voz trêmula e rouca caracterizava a tristeza e o ciúme palpável que rondava cada palavra. Deu passos relutantes para trás, aproximando-se do carro e não deixando de encarar o mais novo. Abriu os braços, rendendo-se, demonstrando desistir, estava entregue às decisões de Baekhyun. — Como você ouviu: não temos nada, e nem teremos. — Mais uma vez, suas mãos encontraram as coxas, relaxadas, mas acompanhadas de ombros tensos. Sehun mordia o lábio inferior e ignorava o ardor do machucado em seu rosto. Ao encontrar o carro, Chanyeol segurou a trava com força quando abriu a porta. Olhou mais uma vez para o teto; parecia-lhe interessante. — Pare de usar o Baekhyun como um brinquedinho sexual seu — murmurou e Sehun mal o ouviu. Todavia, seus lábios se partiram e ergueu a mão para chamar a atenção de Chanyeol. Era tarde demais.

O Park entrou no carro e, após colocar a chave na ignição, apertou as mãos nas pernas, finalmente deixando um soluço escapar de seus lábios e as lágrimas voltarem a cair desreguladas. Não esperou que Sehun se aproximasse de novo, ou quem mais quisesse opinar sobre suas atitudes; rapidamente saiu do estacionamento do edifício onde Jongin e sua noiva residiam, acelerando ao passar próximo a Sehun — a imagem dele parecia mais uma mancha, talvez o reflexo do que ele tinha sido na relação que tinha com Baekhyun. Não menos esperado, Sehun sobressaltou-se ao levar um leve susto e se afastou do carro com velocidade crescente. Respirou fundo e relaxou os ombros, estalando a língua e balançando a cabeça — eram adultos e, por mais errôneo que fosse ver desta forma, Chanyeol achava que tinha algo a ver com as palavras impensadas de Baekhyun.

 

•••

 

Baekhyun mal sentiu quando Luhan envolveu seu pulso com ambas as mãos a fim de parar seus impulsos de andar rapidamente até o banheiro — sua resposta fora apenas tirar as mãos dele de si sem encarar a face um tanto assustada. Ao entrar no cômodo, tateou a parede e ligou a luz, fechando a porta atrás de si com certa força. Se estivesse em sã consciência, diria que aquele ato foi pouco educado. Porém, nas atuais circunstâncias, somente conseguiu escorregar as costas pela porta até se sentar no chão, imediatamente abraçando as próprias pernas e apoiando a testa nos joelhos juntos. Deixou as lágrimas escorrerem como desejassem.

Eram dúvidas e mais dúvidas. Entre elas a de não entender porque sentia-se tão culpado por ter dito aquilo, de uma forma ou de outra, acreditava que havia um tanto de verdade. E em meio a isso, colocou-se no lugar de Chanyeol em toda aquela situação. Sua mente fez-lhe o favor de pensar em como seria ouvir aquelas palavras sendo direcionadas a si. Doeu. Seu peito apertou e teve que erguer o rosto e entreabrir os lábios para buscar por ar. Imperdoável. Era culpado por todo aquele desastre. Escondeu o rosto com as mãos e sentira mais vontade de chorar. Não só era por aquela noite, mas sim por ter a certeza de que tudo já havia saído de seu controle havia meses.

Sentir ciúmes foi somente a ponta do iceberg. Era tão dependente de Chanyeol que, naquele mesmo instante, duvidava se estava tremendo pelo choro ou por uma crise de abstinência. Como seria? Tudo ficaria bem após alguns dias, correto? Tentou ser otimista, todavia parecia tardio demais, porque viu o quanto Chanyeol havia estava decepcionado e machucado. Viu o quanto ele já não tinha forças para esperar que suas oscilações e inseguranças passassem. Tudo havia acabado. Pensar nisso fez um soluço escapar por entre seus lábios. Não conseguia deixar de desejar em tê-lo novamente, mesmo que não fosse de forma carnal, sexual; somente tê-lo por perto era mais que suficiente.

Na varanda, não mais sorridente como antes, Junmyeon e Luhan pareciam receosos, estavam em silêncio. Jongin fora o único a se levantar e ir em direção a Baekhyun, contudo, antes de dar leves batidas sobre a porta, relembrou das palavras do amigo e crispou os lábios. O que ele havia dito não tinha sido legal, em nenhum ponto de vista. Baekhyun havia errado e machucado alguém que não havia feito nada além de seu melhor para que ficassem juntos. Ainda assim, não teve coragem de correr atrás e tentar reverter seus desastres. Jongin não tinha que mostrá-lo que estava tudo bem. Como o bom amigo que era, deveria deixar que ele mesmo notasse seus erros e buscasse resolve-los. Pensando assim, se afastou e voltou para a varanda. O clima estava tenso e isso piorou — se possível — quando Sehun voltou para o apartamento passando os dedos pelo rosto retorcido em desconforto.

Ao ver o rosto do rapaz mais novo machucado, Luhan levantou-se rapidamente e seguiu em direção a ele — levando a mão direita até o pequeno inchado e vermelhidão na maçã do rosto do Oh. Tocou o local com cuidado, observando-o emitir um ruído como se aquilo tivesse incomodando. Buscou olhar nos olhos castanhos, vendo-o um tanto quanto perdido, talvez em busca de Baekhyun. Luhan suspirou, afastando sua mão da face alheia e começando a falar baixo.

— Acho que falamos demais... — Comprimiu os lábios e cruzou os braços em frente ao peito. Sehun balançou a cabeça para os lados lentamente.

— Baekhyun é difícil... Ele acha que vai conseguir ignorar o que sente pelo Chanyeol para sempre. — Bufou e balançou os ombros em uma tentativa falha de tirar a tensão que estava ali. — Eles vão se resolver... Eu acho — murmurou a última parte e voltou a olhar para Luhan, vendo-o encará-lo da mesma maneira.

Não soube dizer quantos segundos passaram em silêncio, daquele jeito, mas entendeu rapidamente que não era uma simples troca de olhar. Engoliu em seco, tocando no ombro do chinês com um leve carinho antes de voltar completamente para a varanda. Junmyeon se levantou da cadeira acolchoada e bateu uma mão na outra, depois ficou na ponta dos pés — voltando para a posição normal rapidamente — e respirou fundo. A noite não durara mais que alguns poucos minutos.

Quando Junmyeon fora embora, juntamente de Luhan, Baekhyun saiu do banheiro acuado — com os olhos vermelhos e levemente inchados, a aparência num todo desgastada e triste. Sehun esperou para que ele se sentisse à vontade para sair do cômodo e, enquanto isso, Jongin havia pego uma pequena bolsa de gelo para o rosto do Oh. Ficaram no sofá até a figura de Baekhyun aparecer e estranhar o que havia acontecido ao seu amigo, mas a resposta de Sehun foi apenas um “depois eu te explico” e, sem mais falar, deixou o Byun em casa.


Notas Finais


Eu não sei dizer o que estou sentindo com AEOD, mas vocês podem dizer pra gente o que estão sentindo. Okay?

O recadinho especial (talvez a Pal me mate por contar): Estamos escrevendo uma nova fanfic! Já temos o plot prontinho e já iniciamos. Estamos especialmente animadas com esse plot, pq trata-se de ChanBaek papais; algo que nós estamos planejando escrever desde que nos conhecemos. Esperamos todo apoio de vocês! ♡

Bjokas e até o próximo sábado! ♡
Trailer: https://youtu.be/BUHQy7D1mbc

twitter: www.twitter.com/kyoongni
cucat: https://curiouscat.me/kyoongni


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