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História Amor e Outras Drogas - Tudo está tão azul


Escrita por: kyoongni e monanie

Notas do Autor


Oi, pessoinhas!

Demorou? Demorou... Porém estamos aqui. Este capítulo está com uma carga extra de sentimentos e emoções, e o título diz muito sobre ele.

Vamos a leitura? Nos vemos nas notas finais.

Capítulo 12 - Tudo está tão azul


Eu estaria mentindo se dissesse que você seria a pessoa que me consertaria. Eu sei que você tem medo, estarei indo embora, com o tempo o sentimento acaba.

 

✖♡ ✖

 

 

Era como viver no vazio, mais especificamente em um galpão abandonado onde seus mais tórridos sentimentos faziam eco, golpeando sua razão sem dó de quantas lágrimas iria derramar até que tudo parasse. Era torturado. Todas as mais vergonhosas e doloridas verdades eram estampadas frente à sua face e davam-lhe calafrios. Era idiota. Idiota suficiente para fazer tudo virar uma bola de neve e destruir o que nem assumia para si mesmo. Poucos meses o distanciava de quando ainda possuía seu total controle emocional, porém não sabia ao certo se gostaria de voltar até ele.

Por que a sensação que cada toque e cada palavra dita por Park Chanyeol lhe conturbava de uma forma gostosa e surpreendente? De um jeito que nunca ninguém havia feito. Por isso, não sabia lidar. Tão novo, como se tivesse acabado de ser apresentado ao mundo e não soubesse que rumo tomar. “E se” haviam se tornado as palavras mais ditas por si nos últimos dias. Incansavelmente se pôs numa discussão com seu interior para, no fim, se culpar mais uma vez.

Não seria covarde de novo, foi o único desleixado e abusado de toda história. Era extremamente confuso tentar colocar a culpa em algo específico; ela parecia estar em cada pedacinho que compôs a cena e, no fim, o gatilho fora apertado por Baekhyun. Foi de sua boca que as palavras cruéis haviam saído e, no momento que as proferiu, queria minimamente dizê-las de verdade, era sua autodefesa. Por diante, a expressão alheia se repetia em looping em sua mente. Vivenciava de novo e de novo aqueles olhos castanhos decepcionados, se afastando e indo embora.

A sensação era de que ele havia levado parte de seu coração quando o olhou decepcionado e foi embora. O coração parecia bater mais lento a cada dia. Havia sido um adeus? Não tinha respostas, mas a possibilidade de ser amedrontava-lhe. Fazia pouco mais de uma semana desde o ocorrido, todavia a dor era tão recente que ainda agoniava o estômago. Não conseguia dar um passo sem pensar em Chanyeol. Diria que era o carma de sua vida se já não soubesse o que tudo aquilo significava: dependência. Não tinha mais forças para negar.

Forçadamente, deu tempo ao tempo.  Quando se sentou frente ao notebook e finalizou seu relatório atrasado — acompanhado de uma dor de cabeça e a face inchada devido ao choro incansável —, lembrou-se do quanto Chanyeol se importava consigo e parecia bem em ajudar-lhe com algo que era de responsabilidade somente sua. Em certo momento pôde sentir o calor e o perfume natural dele, teve que engolir em seco. Era assustador e ele não estava ali para tornar tudo menos difícil. Ao se deitar na cama e enrolar-se com os lençóis, lembrava-se da longa noite que tiveram juntos, naquele mesmo quarto. Havia trocado os lençóis após o ocorrido, claro, mas todos os amontoados de sentimentos, as promessas não ditas, os desejos gritados estavam presos ali e faziam questão de mostrar-lhe que não o deixariam em paz em nenhuma noite.

Por vezes, passou minutos e mais minutos olhando para tela do celular, esperando ansiosamente alguma ligação ou mensagem de Park Chanyeol, mas em nenhuma dessas vezes teve o que tanto desejava. Assim como, discava o número, digitava uma mensagem, mas não tinha coragem nenhuma para ligar ou enviar. Tão covarde. Tão fraco. Sentia falta do carinho dele que era unicamente seu, mesmo que nunca tivesse experimentado esse egoísmo natural que sentia próximo a Chanyeol. Sem saber explicar e deduzir da melhor forma o que isso era, equiparava-o ao ciúme. Do tipo que você sente certamente por alguém que gosta demais, que ama.

Sobretudo, aquela distância tinha dado, mesmo que em pequenos momentos, tempo suficiente para que Baekhyun entendesse o que era aquele mar de sentimentos desconhecidos. Sentia saudade, sentia ciúme — sim! —, sentia vontade de tê-lo de todas as formas, sentia vontade de sorrir ao lado dele e fazê-lo sorrir também. Sentia desejo e... Talvez, fosse paixão correndo como adrenalina por seu corpo. Parecia tão conectado a ele que, perto ou longe, sentia até mesmo a respiração alheia, ressaltando o quanto era dependente daquele emaranhado de sentimentos bons. Juntamente a isso, uma faísca minúscula viajava por seu corpo e fazia-o sentir como se as chamas do que sentiam um pelo outro não houvesse se apagado.

Como poderia calar a profunda obsessão que descobriu ter por cada toque e carinho de Chanyeol?

Desde quando estava ficando tão loucamente apaixonado por ele?

Desesperadamente queria colocar um curativo em seu coração, redecorar seu interior e não permitir que a angústia da separação voltasse a feri-los porque acreditava cegamente em Chanyeol e sabia que a dor era mútua, por mais que o dolorido e breve adeus estivesse, ainda, à flor da pele. No entanto, tudo isso não passava de indagações e divagações internas, presas em sua mente e no seu peito no mais profundo e secreto baú.

E pensava em tudo isso, mais uma vez, deitado no sofá confortável do apartamento que dividia com sua irmã — que, naquele momento, estava passeando pela casa havia pouco mais de meia hora procurando algo que Baekhyun não sabia exatamente o quê. O antebraço cobria os olhos e a mão segurava fortemente o celular. Não suportava a luz forte acessa, da mesma forma não aguentava mais organizar os documentos para o processo que teria no outro dia com seu professor. Estava naquele cômodo para fugir do que sufocava-lhe no quarto, mas não teve um resultado tão eficaz.

— Está tudo bem, Baek? — Taeyeon, com os cabelos escuros postos apenas de um lado e escorridos por seu ombro charmosamente coberto pela curta manga do vestido escuro que vestia, indagou o irmão enquanto se aproximava do sofá e sentava-se em uma brecha do estofado próximo às pernas de Baekhyun. Estava com o par de sapatos de salto alto em mãos e aproveitou para calça-los, porém, antes, mirou seu irmão de forma um tanto quanto preocupada. Baekhyun nada respondeu, apenas engoliu em seco e suspirou. Taeyeon comprimiu os lábios e cutucou a barriga exposta do irmão pela camisa minimamente erguida devido à posição. — Eu estou falando com você! — exclamou, vendo o mais novo afastar um pouco o braço e olhar-lhe com olhos pesados. — Faz dias que você está assim... Aconteceu algo entre você e ele? — frisou o pronome no final.

Taeyeon era quem mais sabia sobre os acontecimentos da vida do seu irmão, era natural a relação deles e tudo fluía porque tinham apenas um ao outro naquele apartamento relativamente pequeno.  Então, qualquer mudança de comportamento do mais novo era percebida, e a preocupação de irmã mais velha vinha à tona.

— Acho que... Acho que terminamos, ou algo do tipo. — Desviou o olhar de sua irmã que, após juntar as sobrancelhas, abriu os lábios algumas vezes. Baekhyun teve de engolir em seco, pois sentiu a garganta apertar e uma súbita vontade de chorar novamente ao dizer o que havia acontecido com eles. — Quando estávamos na casa do Jongin, aconteceram algumas coisas e eu disse... — Estalou a língua e levantou-se até ficar com as costas apoiadas no braço do sofá, de frente para Taeyeon. Repousou as mãos no colo e mirou-as, mais uma vez lembrando-se de suas cruéis palavras. — Eu disse que poderia trocá-lo a qualquer momento e que o que tínhamos não era nada demais. — A mulher comprimiu os lábios de novo e fechou os olhos, apertando-os e deixando nítido o quanto as palavras de seu irmão haviam sido erradas. — Eu senti ciúmes dele, Tae! Ele parecia tão bem com o Luhan, estavam animados por causa de uma droga de casa nas montanhas! — Ergueu o olhar para Taeyeon e começou a gesticular, exasperando-se um pouco. — E, eu estava muito estressado. Eu falei sem pensar e ele foi embora. Mas eu vi o quanto ele estava decepcionado comigo... — murmurou as últimas palavras, passando as mãos pelo rosto, após jogar o celular no sofá, sentindo os olhos úmidos.

— Coloque-se no lugar dele, Baekhyun. O que você falou deve ter machucado muito. É como se o que tiveram não significasse nada! — Taeyeon suspirou e levou uma das mãos até os fios descoloridos e de raiz escura de seu irmão. Depositou um carinho singular neles e sentiu o peito apertar com o curto soluço que Baekhyun havia dado. — É normal sentir ciúme e, se você gosta mesmo dele, terá que se acostumar com isso. Mas não pode deixar que o sufoque ou machuque vocês dois. — Afastou a mão do irmão e respirou fundo antes de abrir um pequeno sorriso. — Onde ele está?

— Eu não sei... Ele está me evitando e — Taeyeon interrompeu-o.

— Ele está te evitando ou você não consegue procurá-lo e pedir desculpas por um erro seu? — indagou rapidamente, observando Baekhyun limpar as bochechas e olhar-lhe cheio de culpa e dúvidas. Por um momento o loiro sentiu-se sem ar, o coração parecia bater tão próximo ao seu ouvido. — Baek... Vocês se gostam, já está mais que na hora de resolverem isso logo. Sério! Se eu estivesse no lugar do Chanyeol, já teria te dado um pé na bunda. Ele tem muita paciência com você. — Gargalhou baixinho, tendo a resposta que queria do irmão: um riso contido, mas ainda sim algum sinal de alegria. — Aposto um mês lavando a louça que se você ligar, ele vai atender... — Riu mais uma vez e Baekhyun balançou a cabeça para os lados e fungou. — Agora preciso ir, não me espere essa noite. — Taeyeon terminou de calçar os sapatos e olhou mais uma vez para Baekhyun, agora com um sorriso ligeiramente malicioso nos lábios.

— Eca! Eu não quero subentender que você vai transar com aquele cara hoje, Taeyeon! — O Byun puxou uma das almofadas do sofá e bateu-a nas costas da irmã, que não conteve a gargalhada e levantou-se rapidamente. — E também não quero sobrinhos agora. — Revirou os olhos, sentindo o afago em seus cabelos e voltando a se encolher no sofá, desta vez, abraçado a almofada.

Tão rapidamente a porta do apartamento fora fechada e, após a sensação de conforto que conviver com sua irmã causava-lhe passar, o torpor retornou e teve de apertar a almofada entre os braços. Deveria tomar a iniciativa? Fora Chanyeol quem tivera forças para tentar algo consigo mesmo estando na presença de Sehun, então... Seria correto tomar a iniciativa desta vez já que quem tinha algum propósito era ele? Tateou o sofá até encontrar seu celular e desbloqueou a tela assim que o encontrou. Buscou pela conversa que tinha com Chanyeol no aplicativo de mensagens e abriu-a. Respirou fundo. A última conversa que tiveram fazia semanas. O teclado abriu a sua frente, e seus dedos tornaram-se mais gélidos, mas não se conformou em deixá-los parados.

“Oi, Chanyeol...

Eu não sei exatamente como consegui coragem para digitar esta mensagem, apenas sei que algo mais forte está me guiando a fazer isso, fazendo meu coração acelerar absurdamente. E esse “algo” é por sua causa. Eu queria poder dizer que não é importante, porque provavelmente eu não teria te machucado e decepcionado daquela maneira, mas... Não é. Eu sei que te machuquei e decepcionei. Eu quero gritar um pedido de perdão, porém sei que ao te ver de novo não vou saber o que dizer. Talvez, apenas terei um mínimo de forças para correr e te beijar mais uma vez. E quem sabe se eu te beijar novamente você entenda que tudo em mim parece depender de você. Eu sinto tanto sua falta... E nada pode te substituir. Eu queria te pedir uma coisa, mesmo não estando numa posição muito boa para exigir algo... Me ensina a amar? Plenamente e sem receios. Tudo dentro de mim é um reboliço que eu não sei lidar, mas sei que é amor... E sei que é por você. É tão grande que sou incapaz de entender sozinho... Mas eu vou aprender. Vou viver cada momento sem medo. Vou te abraçar e te beijar bem mais. Só não posso ficar longe de você... Não consigo. Vamos começar direito dessa vez?”

Era como uma tempestade de agonia e necessidade ao digitar palavra por palavra. Se sentia sufocado, mas ao mesmo tempo aliviado. Era como gritar que o amava. Chanyeol havia se tornado seu pequeno mundo. Encontrava nele os mais sérios problemas, às mais sortidas felicidades. Nele havia sua estrutura, seu fracasso. Tão tarde notou isso. Tão tarde notou que era nos olhos castanhos que via o brilho mais belo que o brilho de estrelas numa noite de verão. Tão tarde notou que era nos braços fortes onde poderia sorrir e chorar. Era em Park Chanyeol que deveria depositar todas suas fichas e apostar sua vida, porque confiava cegamente nele. Parou de digitar quando não mais conseguia enxergar com nitidez a tela do celular, era o suficiente por ora; os olhos marejados miraram a varanda do apartamento. O coração estava acelerado, doía contra suas costelas — exageradamente citando. E se Chanyeol não quisesse mais nada consigo? Se já estivesse com outro alguém e por isso havia preferido se distanciar. E se...

Olhou mais uma vez para o celular e apagou toda mensagem escrita, bloqueando o aparelho e jogando-o sobre a mesa de centro. Escorregou o corpo pelo sofá e se encolheu deitado nele, abraçando a almofada como se fosse algo precioso demais para ser solto. Fechou os olhos com força e, mesmo que não tenha de fato chorado, sentiu lágrimas escorrerem pelo canto de seus olhos, descerem pelo início do nariz e viajar até encontrar o estofado.

Era mesmo um covarde.

 

•••

 

Desabotoou o único botão do terno, descansando os cotovelos sobre a mesa do escritório e deitando a cabeça nas mãos grandes — ao passo que segurava nos fios pretos e puxava-os para trás, desfazendo o arrumado. Respirou fundo, fechando os olhos posteriormente. Umedeceu os lábios antes de virar o rosto e mirar a parede feita de vidros, fazendo com que o escritório mediano tivesse uma visão encantadora que o décimo oitavo andar dava-lhe. Era noite, pouco mais de oito horas. Seus ombros doíam, tão tensos quanto o resto de seu corpo. Nem as luzes das avenidas e dos prédios eram capazes de entreter-lhe quando sua mente só estava voltada para um único pensamento: Byun Baekhyun.

Era uma grande mentira dizer que não sentia falta. Ah... Como sentia. Todas as horas. Mesmo que não fosse um namoro com todas as letras, Chanyeol sentia-se em uma relação forte demais com Baekhyun — como se estivessem a poucos passos de, finalmente, compreenderem o que tinham de verdade. Foram poucos meses naquela relação indefinida, porém, suficiente para se apaixonar ainda mais. Quando se levava em consideração o tempo que passou esperando por um momento em que poderia demonstrar seus sentimentos a ele, era tempo o bastante. E tudo tinha ido embora ao notar que, aparentemente, Baekhyun não pensava da mesma forma, tão pouco compartilhava dos mesmos sentimentos. Sentiu-se enganado. Acreditou inadvertidamente que todos os olhares eram diferentes, que os toques eram mais possessivos e carinhosos. Acreditou que os momentos juntos quisessem dizer bem mais que “é somente sexo”.

Talvez quem estivesse errado fosse ele, por idealizar tantos sonhos, tantas vontades. Depositou suas necessidades e sentimentos sobre o loiro, esperando que pudesse ser correspondido de alguma forma. Estava tão encantado com a ideia de que tudo ficaria bem que não ignorou as inseguranças. Respirou fundo e soltou todo ar pela boca.

E, agora, a resposta que teve foi unicamente decepção. Doeu ouvir suas palavras, todavia doeu ainda mais não compreender o que aquele olhar pedia-lhe. Foi incapaz de decifrar Baekhyun no estado em que estava. Então, a melhor saída era se afastar. Juntar o útil ao agradável, dar um tempo e as férias da universidade. Longe até mesmo de seus amigos, que não tinham culpa alguma. Apoiou o peso do corpo nos braços e levantou-se da poltrona confortável, caminhando até a parede de vidro e cruzando os braços em frente ao corpo, observando aquela paisagem cativante.

Até mesmo Sehun. O que fizera com o amigo fora apenas um ato impensado, onde não distinguiu quem, de fato, não conseguia seguir os próprios passos e arcar com as consequências de seus erros. Em uma oportunidade, o pediria desculpas pela agressão — porém, talvez, nada disso diminuiria o ciúme que sentia, independente do rumo que a relação com Baekhyun tomaria. Afinal, estarem separados não significava cessar todos os sentimentos que sentia por ele. Mesmo que soasse um tanto masoquista, seu amor não dependia de como ele iria corresponder. Porém, respeitaria seu espaço e, por enquanto, continuar afastado era melhor.

Todavia, isso também não significava sanar a acidez da decepção e desilusão que teve.

Chanyeol pegou seu celular do bolso interno do terno e desbloqueou a tela, engolindo em seco ao ver a foto no papel de parede. Era ele e Baekhyun. Foi tirada em um dos momentos que aproveitaram juntos; o loiro estava com um sorriso radiante nos lábios e com a pontinha da língua entre os dentes, o que o deixava sapeca o bastante para o Park querer apertá-lo nos braços. Os olhos pequenos estavam fechados e ele recebia um beijo na bochecha. Um beijo que Chanyeol levava consigo e não conseguia excluí-lo facilmente. Mordeu o lábio inferior, apertando o aparelho em mãos. Quem sabe quando tivesse plena coragem, pudesse trocar e excluir aquela foto.

Acessou a galeria de fotos e encontrou outra. Nessa, Baekhyun estava sentado entre suas pernas com a cabeça apoiada em seu ombro, os dedos finos cobriam o rosto envergonhado enquanto o próprio Chanyeol tirava a foto e deixava um beijo atrás da orelha do menor. Lembrou-se do dia em que a tiraram e uma sensação boa apossou-se de seu corpo. Estavam estudando juntos, especificamente no apartamento de Chanyeol. Era tarde, estavam dedicando tanto tempo a estudar quanto a trocarem carinhos sem malícia alguma. Aconteceu tão naturalmente que, somente com aquele dia, poderia ter certeza de que tudo daria certo, para sempre, como em romances hollywoodianos.

 

Baekhyun esticou o corpo e deixou a caixinha mediana, assim como o jeotgarak dentro dela, sobre a mesa de centro. Estavam sentados no chão, o Byun entre as pernas de Chanyeol. Haviam acabado de jantar o que tinham pedido em um restaurante tradicional. O Park terminou seu jantar um pouco antes e estava mexendo no celular enquanto depositava um carinho lento no braço de Baekhyun — que, ao terminar sua refeição, virou um pouco o rosto e não conseguiu conter um pequeno sorriso ao ver a expressão séria e concentrada do maior; secretamente achava-o encantador e sensual daquela forma. Baekhyun esticou-se um pouco e levou a mão até o rosto de Chanyeol, virando-o rapidamente e depositando uma sequência rápida de selinhos nos lábios cheinhos. Aquela demonstração de afeto estava cada vez mais frequente e não menos deliciosa.

O sorriso nos lábios do moreno era incapaz de ser ofuscado. Habilidosamente ele ativou a câmera do celular e ergueu um pouco o braço — havia algum problema? Gostava de registrar tais momentos e Baekhyun, na maioria das vezes, também se agradava. No entanto, Baekhyun parou com os selinhos quando percebeu o que Chanyeol fazia e afastou o rosto, voltando a deitar a cabeça no ombro largo como o seu e colocou as mãos finas em frente ao rosto. O mais novo riu baixinho.

— Chanyeol! — O Byun exclamou, escondendo o rosto cansado de tanto estudarem. A gargalhada gostosa de Chanyeol invadia seus tímpanos e fazia o coração acelerar.

Tão rapidamente o moreno se aproximou e deixou um beijo delicado atrás da orelha de Baekhyun — quando, agilmente, capturou o momento. Baekhyun se encolheu em seu peito e deu leves tapas em seu braço.

Porém, no fim, guardar aqueles momentos de forma material era apenas um capricho de Chanyeol. Em sua mente, tinha certeza, que nunca conseguiria apagar e era bem vívido. Beijaram-se com carinho, desejando quase que, aquele sentimento bom que tinham no peito, se eternizasse.

 

Park Chanyeol despertou do transe, saindo do mar de lembranças que apenas uma única foto lhe trazia, quando o celular começou a vibrar insistentemente em sua mão. Piscou algumas vezes e balançou a cabeça, atendendo a ligação de Luhan.

— Chanyeol! — O chinês disse um tanto afobado, o que fez Chanyeol soltar um riso soprado. — Do que você está rindo, moleque? Eu sou o mais velho aqui, acho melhor me respeitar! — O tom de Luhan era brincalhão, o que fez o mais novo balançar a cabeça e sorrir um pouco.

— Diz logo, Lu. Preciso terminar umas coisas por aqui — advertiu ao mais velho e ouviu um sonoro e quase chiado “chato”, porém, prontamente Luhan disse o que queria.

— Está tudo certo para amanhã, não é? O Junmyeon disse que vai passar por lá para conhecer também, mas no domingo. — Luhan se referia à pequena viagem que iriam fazer para a casa nas montanhas dos pais de Chanyeol. Iriam passar o fim de semana nela, como havia prometido.

— Está sim, Lu. Às sete horas passo na sua casa, e se você não tiver pronto eu te arrasto da cama e jogo no porta malas do carro de qualquer jeito — brincou, sorrindo pequeno.

— Você é tão engraçado, Chanyeol! — Luhan falou com a voz pesada e tediosa. O Park conseguia visualizar mentalmente a face retorcida do mais velho. — Boa noite, idiota — disse antes de finalizar a ligação.

 

•••

 

Deitado dentro daquele pseudo saco-de-dormir, coberto até os olhos pelo frio que fazia, olhava fixamente para a televisão. Chovia, e sua atenção se dividia entre ler as legendas da série que assistia e ouvir o barulho da pipoca sendo mastigada ao seu lado assim como os pingos fortes caindo sobre as telhas. Estava coberto por diversas colchas e tentava ao máximo se entreter com o novo caso de Elementary. Ao seu lado, Luhan estava sentado sobre seu próprio colchão, vestindo um pijama amarelado e longo e encolhido debaixo de cobertas quentinhas. Porém, não largava o pote de pipoca que havia feito para os dois, mas, no fim, somente ele estava comendo.

Enfim, estavam na casa das montanhas; haviam chegado cedo e Chanyeol teve que se conter ao extremo para não rir exagerado da admiração do chinês com o local. A casa era relativamente simples, a riqueza maior era a paisagem e as belezas naturais ao redor. As montanhas altas, um lago de água escura, a grama verde e úmida e diversas árvores que deixavam o ar disparadamente mais puro que o da cidade. Chanyeol gostava de ir para aquele local quando queria relaxar.

Desviou os olhos da televisão e passou a olhar além da vidraça ao seu lado esquerdo, a qual passou grande parte do dia encarando. Já noitecia, o azul límpido daquele céu visto das montanhas dava lugar a um tom de azul mais sombrio, acinzentado. Tão triste quanto tudo ao seu redor. Gostaria de saber quando aquela atmosfera deprimente o deixaria.

— Está com saudades dele, não é? — Estava tão imerso em pensamentos que não percebeu quando Luhan tinha dado pausa no episódio e virado para si. Olhou para o amigo e não precisou responder nada para que o mais velho entendesse que sim. Luhan olhou para os lados e crispou os lábios, brincava com a pipoca entre os dedos. — Aquilo foi arrogante e pesado demais, eu sei. — Respirou fundo e olhou para o amigo, tentando transmitir a veracidade de suas palavras. — Mas eu vi no olhar dele que foi da boca para fora. Foi tão nítido que era mentira... — A resposta de Chanyeol foi apenas um balançar de cabeça, como se quisesse desacreditar das palavras alheias para não se iludir novamente. — Chan... — Luhan deixou o balde de pipoca ao lado e sentou-se ereto, com as mãos entre as pernas cruzadas. — Eu sempre achei que você estava errando feio quando se meteu no meio da relação do Baekhyun com o Sehun. É, basicamente, Baekhyun querer ser tão importante para mim quanto você é, a grande diferença é que eu e você não transamos. Mas aconteceu e eu não te culpo por isso, porque sei que não escolhemos por quem nos apaixonamos, não é? — Ergueu a sobrancelha, deixando nas entrelinhas que também estava em uma situação semelhante. — Só que você se meteu nessa de corpo e alma e agora quer sair como se fosse conseguir esquecer tudo. Chanyeol... Chega a ser ridículo o quanto é nítido que vocês se gostam demais e reprimem isso. Então, faz alguma coisa! Mesmo que seja apenas para mostrar ao Baekhyun que ele está errado, ou que você está mal por isso. — Luhan esticou o corpo em direção ao sofá e tateou o estofado até encontrar o celular que o Park havia deixado ali. Pegou-o e esticou o braço com o aparelho em direção a Chanyeol. — Vai em frente, manda algo, o máximo que você pode receber é um pedido de desculpas. Você só vai piorar se continuar levando as coisas assim, principalmente quando não puder evitar totalmente ele.

— Baekhyun é difícil de lidar, Luhan. — O chinês balançou o celular em frente ao mais novo, erguendo a sobrancelha. — O que eu vou dizer? Eu não sei! — Pegou o celular e respirou fundo, descendo as cobertas e deixando-as no pescoço.

— Seja sincero. — Luhan disse simplista, pegando o pote de pipoca e tornando a posição inicial.

Tirou o episódio do pause e começou a comer a pipoca novamente. A situação era delicada, e pouco podia ajudar Chanyeol, pois não queria se intrometer em nenhum relacionamento em que sua presença não fosse tão bem-vinda. O Park juntou as sobrancelhas e olhou fixamente para Luhan.

— Você também está mal, não é? — Conhecia bem o amigo e, quando ele falava tantas coisas profundas e sérias ao mesmo tempo, principalmente naquela intensidade, era porque queria que tal conselho também servisse para si mesmo. Luhan mordeu o lábio inferior, ignorando a pergunta de Chanyeol. — Se não vale a pena, não tenta. Não quero ver você sofrer também.

— Ele é diferente comigo, mas não sei se isso quer dizer muita coisa — murmurou e suspirou, aumentando o volume da televisão, nitidamente não querendo continuar com o assunto. E o Park respeitou-o.

Talvez Luhan tivesse razão. Havia muito que dizer, sentimentos estavam presos em sua garganta. Talvez não fosse tão errado expressá-los. Pensando assim, cobriu todo o corpo até a cabeça e desbloqueou o celular, procurando pela conversa que ainda tinha com Baekhyun. Fazia dias que não haviam sequer mandado um educado “bom dia” para o outro e iria bombardeá-lo com seus questionamentos e decepções. Mas, em contrapartida, era mais que justo, pois Baekhyun fizera seu coração quase que em pedaços, tirando parte de suas vontades em viver idealizando uma vida amorosa perfeita com quem amava. Deixou fluir; as palavras no início pareciam confusas, vez ou outra tinha de parar e piscar algumas vezes porque não conseguia enxergar direito, lágrimas finas desciam por seu rosto.

“É covardia dizer palavras bonitas e depois agir feito criança que não sabe o que quer e o que diz. É covardia dizer que pretende ficar quando, na verdade, irá partir a qualquer momento. Não consigo entender o gosto de descartar o que tivemos. Não consigo entender seus joguinhos de fazer promessas silenciosas, quando suas atitudes demonstraram o contrário. Você foi tão covarde, Baekhyun.

Acreditar em nós foi o meu maior erro. Foi tolice minha pensar que você poderia ser diferente comigo. Foi tolice minha pensar que poderíamos ter um futuro juntos, que seríamos felizes e que com você tudo seria perfeito. Foi tolice minha pensar que nossos corações se encaixavam perfeitamente, assim como nossas mãos quando entrelaçávamos os dedos. Foi tolice minha pensar que você seria algum tipo de “príncipe encantado” e no fim, tudo daria certo.

Talvez não tenha sido culpa sua, Baekhyun. Estou fadado a pensar que a culpa é inteiramente minha por acreditar fielmente. E mesmo com toda essa dor que eu estou sentindo, mesmo assim, eu não consigo me arrepender de ter te mostrado o que sinto.

Fico estacionado revivendo todos os momentos. Aqueles em que nos beijávamos e depois você mostrava me amar, mostrava que era diferente comigo... Eu juro que viveria isso tudo de novo, por mais que seja apenas uma ilusão. Porque esse pequeno espaço de tempo em que vivi um conto de fadas, talvez seja o pouco de tempo mais feliz que vivi, só de ter você nele. Eu tento esquecer, porém não consigo, basta lembrar que ainda te amo, por mais idiota que você seja. Ou o idiota sou eu? Quem sabe…”

Fungou, enviando a mensagem e sentindo os dedos doerem pela tensão com que a escrevera. Os olhos estavam molhados, ardiam um pouco, mas não chorava mais. Não esperou por respostas, não esperou nem mesmo que ele a lesse; bloqueou a tela e deixou o aparelho debaixo do travesseiro, virando-se e encolhendo-se para, finalmente, tentar dormir. O peso em seus ombros havia diminuído consideravelmente, no entanto, ainda agoniava em seu interior.

Diferente de Baekhyun que, mesmo a quilômetros de distância da casa nas montanhas, sentia tudo dentro de si gelar, tremer violentamente ao ler cada palavra de forma pausada e pesada. Um arrepio frio transpassava sua coluna e fazia sua cabeça doer, os olhos arderem. O ar faltava nos pulmões. Essa era a sensação de ter machucado quem ama. Era tão dilacerante quanto uma dor física, insuportável. E era ainda mais assustador saber que dependia desse alguém, que o amava tanto e corria o risco de perdê-lo para sempre.

Baekhyun amava Park Chanyeol.


Notas Finais


Aaaaaah, estão vivos? Espero que sim... Sentiram a pressão daí? Hehe Por favor, não odeiem o meu neném, Baekhyun é meu filho, gente!

Pois bem, eu (Anna), comecei a trabalhar e tenho ficado muito cansada para betar os capítulos. É preciso bastante atenção, o que está ocasionando a demora na postagem. Mas vocês perdoam, não é?

P.S. Sobre a mensagem que o Chanyeol enviou para o Baekhyun, nos inspiramos bem levemente em um texto encontrado na internet. Porém, fui procurá-lo para creditar e não encontrei. Quando encontrar coloco o link aqui. Okay?

Até a próxima pessoal.
Bjos

Trailer: https://youtu.be/BUHQy7D1mbc

twitter: www.twitter.com/kyoongni
cucat: https://curiouscat.me/kyoongni


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