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História Amor e Outras Drogas - Transforme lágrimas em êxtase


Escrita por: kyoongni e monanie

Notas do Autor


CHEGOU RÁPIDO, SIM?

Quem está aqui é a Pal! E venho dar a triste notícia que é o penúltimo capítulo de AEOD. T^T
Não vou enrolar muito, só quero agradecer infinitamente por todo carinho que estão dando a história, pelos surtos, por estarem nessa com a gente e aproveitando tanto quanto quando estavámos escrevendo. Sério, isso é muito sensacional e me faz ficar ansiosa para postar mais e mais. ♡

Estou com uma 2shot finalizada e escrevendo outra também, então a qualquer momento solto um "suprise, bitch" e estamos aí. Como diz o hino, né? Its about to go go. Vamos ao capítulo!

Desculpem qualquer erro e uma ótima leitura! ♡♡

Capítulo 13 - Transforme lágrimas em êxtase


Mesmo quando você está ao meu lado, eu sinto sua falta. Meu coração te ama mais que a mim. Você pode ver? Eu quero ficar mais tempo ao seu lado. Me dê mais um dia, amor, somente mais um dia.

 

✖♡ ✖

 

Mesmo com um desânimo palpável em seu no corpo, sob o traje formal, tinha de concordar que era emocionante toda a áurea que rondava aquele casamento — sem dúvidas, feliz. Era emocionante por serem duas pessoas que nitidamente se amavam sem medo do que aconteceria amanhã e dos pesos que o casamento traria. Estava sentado em uma das cadeiras próximas ao altar, as mãos tensas sobre as coxas batucavam silenciosamente um som mudo, seguindo o ritmo da música que tocava incansavelmente desde que pusera os pés na igreja. Passou a língua entre os lábios secos, olhando ao redor e observando os convidados adentrarem sorridentes no local; acomodavam-se logo após os arranjos altos de flores brancas e laranjas; no centro, um tapete vermelho estendido. Seu olhar vagou calmamente por cada assento, inconscientemente apertando os dedos na ponta do blazer escuro.

Estava em um dilema irreversível. Queria encontrar um par de olhos espertos e castanhos — mesmo que eles não estivessem direcionados a si — e, ao mesmo tempo, queria continuar naquela busca interminável por eles, onde a aflição dentro do peito o fazia repassar cada momento que passou pensando em todos os acontecimentos dos últimos meses. Fora pouco menos de dois longos meses desde que tivera certeza que palavras machucam e podem mudar tudo, que o desprezo e a falta de empatia são venenos tóxicos, tão intensos quanto a sinceridade e lealdade, mesmo em pontos de vista distintos. Tivera o desprazer de sentir a culpa o atormentando dia após dia enquanto relia aquela mensagem estupidamente verdadeira. Não sabia quantas noites havia chorado ao lê-la. Ele tinha toda e completa razão.

Junto a esse punhado de sofreguidão que lhe deixou sem ar por um longo tempo, não iria negar o quanto sorria ao lembrar-se dos momentos felizes e inesperados que tiveram. Desde o olhar curioso na festa de Oh Sehun a quando cozinharam juntos e recebeu a tão distinta confissão. Nesses momentos de uma quase reflexão, estava sentado na varanda de seu apartamento, com o notebook no colo e uma xícara de café no chão, ao seu lado. Normalmente era fim de tarde, quando tirava um tempo para organizar seus documentos enquanto ainda estava de férias.

Em meio a tímidos sorrisos ao olhar o pôr do sol quando o céu estava alaranjado​ e escuro, sentiu falta desses momentos com ele. Na verdade, sentiu falta de criar novos e tão memoráveis quanto os que tiveram. A adrenalina do inesperado o manteve vívido nesses meses e sequer notou isso, pois estava ocupado demais preocupando-se em quando e como tudo aquilo iria acabar e quem seria o primeiro a sair machucado. Como iriam estar nesse exato momento caso não houvesse acontecido tantos desvios no percurso? Talvez, ele estivesse ao seu lado agora, rindo de algo engraçado, como, por exemplo, o assistente do padre que parecia quase cair sobre o altar por cochilar enquanto esperava a cerimônia iniciar. Inconscientemente abaixou a cabeça e soltou uma curta risada soprada. Talvez, quem sabe, estivessem passeando aos arredores da igreja enquanto esperavam o horário da cerimônia, rindo juntos de qualquer coisa. Por um ínfimo instante quis tanto qualquer um desses momentos... E não os teria por um erro seu.

Assumia sua parcela de culpa e irresponsabilidade perante os sentimentos de outro alguém, porém a falta de Chanyeol dava-lhe a plena certeza de que não havia errado sozinho. Talvez não tivessem errado nos mesmo aspectos, mas quem sabe o Park devesse entender o quanto era complicado para Baekhyun lidar com tanta intensidade de sentimentos ao mesmo tempo. Mesmo agora, não diria que estava pronto para tudo, que simplesmente largaria seus princípios para correr aos braços alheios como se não houvessem nítidas incertezas e consequências para isso. No entanto, definitivamente havia cansado de lutar contra si mesmo e negar o que sentia por Chanyeol. Era real, palpável. Ele sabia, Chanyeol sabia, todos sabiam. Alguns pareciam até mesmo entender. Mas, acima disso, algumas mudanças profundas não aconteceram por variáveis tão distantes, e sim por um único motivo: o causador de todo esse reboliço.

Esforçou-se durante dias para ignorar a dor de perder aquele sorriso, afinal, trazia-lhe alegria por, constantemente, ser direcionado a si; esforçou-se a ignorar o possível desgaste, pois, a cada dia juntos, pareciam se conhecer cada vez mais, quase não havia segredos entre eles. A possibilidade de receber frieza pela decepção que causou o atormentava. Invertendo os papéis, não conseguiria suportar caso Chanyeol lhe causasse tais sentimentos, por isso tentaria contornar tudo aquilo, tornar os bons sentimentos recíprocos.

Ergueu novamente a cabeça e, antes que pudesse voltar a sua posição inicial e admirar o altar, entendeu porque sentia-se nervoso. Os olhos espertos e profundos, escuros e brilhosos, eram tão singulares que o tirava o fôlego. Baekhyun sentiu-se sufocado. Porém, olhou fixamente para ele, assim como sua alma era despida por Park Chanyeol, buscava algum indício de esperança, de que tudo não havia acabado para ambas as partes. Tentou decifrar tudo e um pouco mais do que ele realmente queria dizer-lhe. Era demais para si. Quando estavam em meio aos carinhos, beijos, promessas e desejos sussurrados, era simples compreender o que tudo aquilo significava. Mas estava distante. Distante demais para que pudesse se sentir aquecido e calmo. Sua aflição doía.

Doeu mais, bem mais, quando Chanyeol olhou para baixo, desviando o olhar. Arrumando o terno escuro em seu corpo e brincando com os dedos no colo. Ele estava impecavelmente lindo. Não tão diferente de qualquer outro momento, mas não podia negar que quando ele se vestia formalmente, sentia vontade de gritar para o mundo o quanto Chanyeol parecia ser dono de toda beleza. Os cabelos estavam bem cortados e caídos na testa de forma levemente desleixada, dando-o um ar de inocência contrastante com a situação; enquanto isso, Baekhyun estava de volta aos seus cabelos escuros e mais curtos que o normal. Logo, também desviou o olhar, voltando a vagar sua atenção pelos detalhes do altar decorado.

Estranhamente, sem ele, até sua cama parecia fria demais. Porém, mesmo que um futuro juntos fosse incerto, pareciam esperar um pelo outro quando não estavam por perto. Baekhyun sentia um rastro de vontade e confiança para apostar tudo que restara na parcela que poderia dar certo. Havia milhões de motivos para permanecer como estava; talvez em algum momento tudo voltasse ao normal, correto? Todavia, da forma mais clichê e romântica, que contradizia qualquer princípio que Baekhyun sustentava até então, o coração queria algo específico, e ele era incapaz de lutar contra isso — secretamente, sequer sentia vontade. Engoliu em seco, sentindo os pés formigarem dentro dos sapatos sociais bem polidos. Apoiou ambas as mãos na madeira do assento, iria levantar e tomar um pouco de ar fora da igreja, quem sabe colocar as ideias no lugar e impedir-se de ser impulsivo novamente. Porém foi impedido quando uma música diferente foi tocada e o padre subiu a rasa escadaria ao lado do altar, tomando seu posto e ajeitando todos os aparatos para a realização da cerimônia.

Soltou todo ar pela boca, ouvindo a sinfonia calma do violino tocar ao fundo para celebrar a entrada dos pais do noivo. Virou o rosto devagar para encontrar Chanyeol mais uma vez; ele olhava para os próprios dedos relaxados em seu colo, imerso em pensamentos tão profundos que toda a áurea da cerimônia não o despertava. Estava divagando tortuosamente sobre tudo que havia acontecido e entregado a Baekhyun, o quanto foi sincero em cada um de seus atos e palavras, porém não tinha mais certeza se o contrário teve a mesma veracidade. Após quase dois meses, a dor estava vivíssima, talvez somente o tempo acalmaria a avalanche de sentimentos que Baekhyun causou-lhe. Ou, quem sabe, a sinceridade dele. Olhar nos olhos pequenos o afogou na incógnita que era quem amava mais uma vez.

 

•••

 

— Jongin, você estava encharcado de suor! — A voz de Luhan, um pouco alterada devido ao som da festa, soou entre os quatro rapazes. — Sério, você estava pálido. Vou ter o prazer de rir das fotos depois. — Gargalhou antes de bebericar o champanhe na taça longa e delicada. O noivo sorriu desajeitado, arrancando uma risada harmoniosa de seus outros amigos.

— Não era você quem estava uma pilha de nervos, Luhan! — disse o noivo, dando leves empurrões no ombro do chinês divertido. — Além disso, os pais dela ainda acham que eu só quero... — Olhou para baixo, deixando um sorriso sugestivo nascer nos lábios carnudos, arrancando gargalhadas altas de seus amigos. — Mesmo depois de tantos anos juntos, acreditam? Eles não imaginam a filha espertinha que têm. — Ergueu a sobrancelha, erguendo a taça insinuando um brinde, mas bebericando o champanhe por fim.

— Deixe essa animação toda para a lua de mel, Jongin... Não precisamos de detalhes. — Fora a vez de Junmyeon dizer em meio aos risos, dando leves tapinhas nas costas do noivo.

Baekhyun estava feliz de alguma forma. Feliz por ver seu amigo, Kim Jongin, finalmente casado com quem amava e completamente feliz. A união de duas pessoas que se amam, independente da maneira que seja celebrado, é emocionante e esbanja felicidade sempre. Mesmo que, ainda sim, achasse desnecessário qualquer tipo de rótulo para provar que realmente gostava de alguém. Porém, percebia em tais casais algo especial — que por anos não viu em si mesmo.

E, contrariando o que acreditou por tanto tempo, nesse momento, questionava-se se realmente não desejava ser apresentando como namorado de alguém... Especificamente de Chanyeol. Talvez não apenas um namorado, mas companheiro de todos os momentos, desde os mais lúdicos e engraçados aos mais prazerosos. Nunca sentiu tanta necessidade de tudo isso, visto que havia meses que estava lutando erroneamente contra suas vontades mais secretas. E desta vez estava sem forças. Quem sabe deixasse seu corpo ser levado pela maresia amorosa de Chanyeol e ficasse feliz com a ressaca de seu mar de sentimentos.

Estavam na festa de comemoração do casamento. Era tarde, pouco mais de onze horas da noite e o amplo salão de festas estava repleto de familiares e amigos dos noivos. Estavam na parte externa do salão: um jardim bem decorado e iluminado. Seus amigos conversavam sobre diversas coisas e sua reação era praticamente automática: rir e tomar o champanhe interminável de sua taça — seu paladar para bebidas não estava dos melhores ultimamente. Vez ou outra desviava o olhar para o céu que parecia nebuloso demais, compatível a época que estavam. Compatível com a situação que estava com Chanyeol.

Agora era estranho falar dessa forma porque, de alguma maneira, a culpa parecia triplicar. Não o viu após a cerimônia. Na verdade, teve receio de vê-lo. Porém, era quase inevitável não procurar por sua presença. Em certo momento, onde não soube definir quando decidiram voltar para o salão onde ocorria uma festa mais agitada, Sehun — que estava ao seu lado, rindo de qualquer coisa que falavam — pôs o braço sobre os ombros largos de Baekhyun, olhando-o de uma forma acolhedora com um sorriso bonito. Sem dúvidas, desejando resgatar seu amigo do nervosismo que o perseguia.

De fato, o Park havia driblado olhares depois do casamento. Ficou horas dentro do próprio carro, encontrando forças para decidir que rumo daria para sua vida. Poderia soar um tanto dramático e pesaroso demais, no entanto era dessa forma que Chanyeol se encontrava. Havia passado dois meses sem ver Baekhyun tão de perto — no máximo, se torturava com fotos e conversas antigas, ou comentários de seus amigos — e, ao vê-lo novamente por uma força de destino, fora jogado contra uma verdade que jamais o deixaria em paz: não conseguiria viver sem ter certeza de que tudo havia acabado. Poderia ir embora, dizer que não estava se sentindo bem e continuar longe. Mas a troca de olhares que tiveram significava demais. Era perturbadora. Era como se estivessem frente a frente, perto demais, enquanto ele lhe oferecia o eterno êxtase da vida — como se estivesse ciente de todas as consequências e da dependência iminente.

Tentar novamente? Quem sabe ser maduro o suficiente para dizer isso a Baekhyun, conversarem e, independente do resultado, resolverem a situação em que se colocaram. Afinal, ainda havia dois corações machucados e mentes perturbadas pela culpa e falta de explicação.

Em meio a essas dúvidas, mais uma vez sentiu a vontade de chorar presa na garganta. Não somente pelo que Baekhyun o causou, mas também por ter sido tão ingênuo ao acreditar que tudo estaria bem, por ter uma parcela de culpa naquela confusão; apostou todas as suas moedas em algo que, desde que conhecera Baekhyun, sabia ser diferente. O Byun nunca se renderia tão facilmente ou entenderia que nem tudo eram espinhos e decepções. Havia, sim, uma parte ruim em todas as escolhas, nem todos os momentos eram perfeitos; porém, com complacência conseguiriam contornar tais problemas e recomeçar. Passo a passo, juntos.

Ligou o carro e começou a dirigir enquanto tentava desviar seus pensamentos. Não queria ser o covarde de sua própria história de amor, pois no fundo entendia que o que guiava Baekhyun era apenas o medo. Viu, naquela breve troca de olhar, uma súplica para cessar toda e qualquer distância que estivesse entre eles, entre o que haviam criado aos poucos. Encontrava, a cada vez que acelerava o carro e mordia o lábio, motivos para tentar somente mais uma vez por todos os momentos que estiveram juntos. Os sorrisos eram sinceros. As vontades eram verdadeiras. O prazer era único. Poderia se arrepender na manhã seguinte, todavia não deixaria de tentar de novo.

Respirou fundo, apertando o volante entre os dedos gélidos devido ao tempo mais frio que os dias passados. Ao parar em um sinal vermelho, pegou o convite bem decorado, antes jogado no banco do passageiro, conferindo o endereço da festa após a cerimônia. Breve, estacionou a metros da casa devido a fila de carros próximo ao ambiente bem decorado e cheio de convidados no jardim externo, rodeado por uma cerca baixa e branca, com arranjos laranjas e brancos. Após passar as mãos no rosto e respirar fundo, saiu do carro e trancou-o. Acelerou os passos, entrando no local depois de conferirem seu nome na lista de convidados.

O jardim era repleto de mesas delicadamente decoradas, onde diversos convidados bebiam, conversavam e comiam com a nítida felicidade que cerimônias como aquela traziam. Chanyeol olhou ao redor, procurando pela razão de estar ali além de ser o casamento de seu amigo. Aceitou a taça de champanhe servida por um dos garçons e caminhou em direção ao salão coberto. O ambiente era completamente diferente do anterior — a música era centralizada numa pista de dança iluminada, agitada, e não havia mesas além da bancada que servia bebidas para os convidados. No centro, Yuri dançava com Jongin, segurando em sua gravata e insinuando puxá-lo para colar os corpos, porém afastando-se e rindo com o descontentamento do noivo.

— Achei que você não ia aparecer, Chan. — Uma voz lenta e quase embriagada soou próxima a lateral do seu rosto. Virou um pouco e sorriu para a figura mais baixa, Luhan, abraçando-o pelos ombros e recebendo leves tapinhas em suas costas.

— Eu estava pensando se vinha ou não. — Pigarreou, limpando a garganta. O chinês abriu os lábios num “ah” prolongado, tomando o resto da bebida amarelada no copo longo entre os dedos. — Mas... Enfim, Lu. Jongin parece tão feliz, não é? — Apontou para os noivos no meio do salão. Aproveitou para olhar ao redor, arrependendo-se assim que encontrou Baekhyun com as mãos nos ombros de alguém pouco mais alto, dançando tão próximos sobre o ritmo agitado. Duvidou se não havia algum clima a mais, pois quem estava com ele era Oh Sehun. Riu soprado, olhando para o chão e balançando a cabeça em negação. Sentiu-se idiota. — Fico feliz por ele.  — disse com a voz entrecortada e rouca, erguendo o olhar para Luhan, que parecia estar analisando-o havia minutos.

— Estou vendo toda sua felicidade. — Ergueu a sobrancelha, deixando que suas palavras soassem um tanto irônicas. — Então... Qualquer coisa estou por aqui, okay? — Soltou um risinho e apertou o ombro do Park antes de se afastar e sumir entre os convidados.

Os corpos esguios e cobertos por ternos escuros se mexiam de acordo com a música de batida marcante. Sehun não largava o copo com bebida alcoólica, Baekhyun apenas experimentou duas doses por insistência de seu amigo, que alegava ser extremamente deliciosa. De fato, era. Por longos minutos deixou-se aproveitar o clima bom da festa, dançando e rindo junto a Sehun enquanto ele observava e dizia estar afim de uma das convidadas.

Em certo momento, se afastou um pouco do mais novo para tirar o blazer, engolindo em seco quando ergueu a cabeça e encontrou a figura alta desfalcada pelas luzes coloridas, mas facilmente decifrável para quem conheceu cada encontro e desencontro daquele corpo esbelto. Ele estava parado, quase próximo a entrada, olhando para si antes de fechar os olhos e engolir a bebida da taça de uma única vez. Chanyeol crispou os lábios, assentindo com a cabeça em sua direção — um nítido gesto de aceitação para com a aparente decisão alheia. Baekhyun sentiu um arrepio frio percorrer por sua coluna.

Sehun notou o amigo estagnado e percorreu o olhar para o ponto fixo em que ele olhava, entendendo rapidamente o motivo. Pôs a mão sobre o ombro de Baekhyun, suspirando e apertando-o. Chanyeol já não aguentava assistir um segundo a mais do teatro que era a relação de Baekhyun e Sehun. Então, segurando a taça com força e passando a mão pelo pescoço — sentindo o suor frio molhar a pele —, saiu do salão, pondo a taça na primeira mesa que avistou pelo caminho. Acelerou os passos pelo jardim, sentindo os olhos embaçarem. Balançou a cabeça dissipando minimamente o choro que tampava sua garganta de novo.

Os lábios finos do Byun tremiam e os olhos estavam assustados. Por instantes surgiu a vontade violenta de correr para Chanyeol e dizer tudo que o coração gritava, que queria tentar mais uma vez. E Sehun estava ao seu lado, engolindo em seco e erguendo as sobrancelhas. Baekhyun piscou algumas vezes, tornando consciente que Chanyeol havia ido embora. Seu peito apertava. Procurou pelo olhar do amigo.

— Eu não sei o que fazer — disse com a voz baixa e trêmula, Sehun se aproximou o máximo para ouvi-lo devido à música alta. — Ele está com raiva de mim, okay? Eu o decepcionei e não sei como reverter isso — desabafou rapidamente, se afastando logo em seguida. — Ele está com raiva de mim — repetiu num sussurro, martirizando-se com a culpa.

— Ah, Baek... Faz o que vier na sua cabeça. Eu não entendo mais vocês dois, e prefiro não entender. — Com a voz impaciente, Sehun murmurou estalando a língua. Baekhyun apertou o blazer entre os dedos e olhou para a saída.

Parecia que estava prestes a morrer, típico dos filmes, onde a vida se passa frente a seus olhos — dessa vez, o pequeno espaço de vida que teve ao lado de Chanyeol; todos os sorrisos, todos os gemidos, todas as promessas silenciosas e conversas. Sabia que nenhum de seus amigos suportava tentar entender o dilema que rondava a ambos e, agora, no máximo torciam para que de alguma forma se resolvessem e entendessem o que era nítido.

Chanyeol esteve embriagado em observar Baekhyun próximo a Sehun, escancarando que estava tudo bem, que existia alguém melhor e mais completo para suprir as vontades do mais velho. Sentiu, finalmente, algumas lágrimas escorrerem, mas cuidou de limpá-las e engolir o choro, por raiva e por tristeza. Os passos rasos e pesados marcavam “adeus” ao que tentou tornar verdade. Sua mente lhe traía trazendo lembranças da noite que havia passado na casa de Baekhyun. Ele ficou com medo de que fosse embora e o deixasse sozinho. Porém, por que fez isso consigo? Lembrar-se disso estava deixando Chanyeol atordoado.

Enquanto saía daquele lugar repleto de pessoas aparentemente felizes que se divertiam, achou ouvi-lo chamar seu nome. Mas aquilo era traição do seu coração, da sua mente. Era saudade. Era o amor que tentava a todo custo reprimir. Eram diversas outras coisas que o deixavam louco, fora do eixo.

— Chanyeol! — E a voz tão conhecida por si tornou a todo pulmão, puxando-o com força pelo braço e fazendo o corpo do Park virar com brusquidão antes que pudesse chegar ao carro.

Baekhyun havia fechado os olhos e deixado o coração acelerado guiar seus passos para longe do salão de festas, através do jardim até a calçada; tão rápidos e tão necessitados, finalmente conseguindo alcançar a única pessoa que importava para si naquele momento.

Acelerado, Chanyeol descobriu que o coração poderia parar algumas batidas, pelo menos na metáfora. Sentiu seus pulmões pararem de trabalhar e a cabeça latejar com a visão do rapaz a sua frente; os cabelos, agora escuros, estavam bagunçados pelo vento. Baekhyun sentiu-se exposto quando Chanyeol o olhou nos olhos e trincou suas estruturas, as barreiras que por anos criou e sequer sentiu. Toda a adrenalina de coragem que o trouxe até ali ardia sob a pele. Chanyeol deu passos curtos para trás, tentando se acalmar ao afastar-se daquela ilusão tão perfeita. Baekhyun respirava com dificuldade, parecia ter corrido para chegar até ali. Chanyeol se perguntou se ele havia corrido para si e o porquê de fazer isso.

— Você não pode ir embora agora — disse ofegante, ficando em frente ao mais novo e olhando-o profundamente. — Eu tenho algumas... Algumas coisas para falar, Chanyeol. — Baekhyun engoliu em seco, apertando inconscientemente o braço do Park enquanto tentava se organizar na confusão de pensamentos e prosseguir com o que bombeava a necessidade de tê-lo.

— O que você quer, Baekhyun? — Chanyeol levou a mão livre até a do menor em seu braço, afastando-a levemente, porém, sequer se movendo para ficar longe dele. — Pode voltar para onde estava, não precisa me dar explicações. Eu não sou nada para que precise fazer isso. — disse ríspido, recolhendo coragem enquanto olhava nos olhos brilhosos do outro. Havia algo a mais neles. Algo que instigava o coração do Park a acelerar.

E mesmo que Chanyeol dissesse tudo aquilo, nos olhos espertos e belos a sua frente, Baekhyun via a singela súplica para que não fugisse mais, para que finalmente admitisse e falasse o que estava guardando do peito. Havia esperança. E, mais uma vez, Baekhyun sentiu medo de machucá-lo com suas palavras, por isso hesitou. Passou os dedos trêmulos por seus lábios, descendo pelo queixo e pescoço em sinal de nervosismo. Desviou o olhar. Sem perceber, já era o protagonista de sua própria história de amor, clichê, porém sua. Chanyeol estava estagnado, observando aquela cena e sentindo tudo dentro de si doer. O rapaz mais velho respirou fundo, voltando a olhar para a face bem desenhada a sua frente, sendo atingido por lembranças. Apertou o blazer entre os dedos a fim de depositar sua insegurança palpável.

Diz, Baekhyun! — Chanyeol deu um passo a frente, falando com a voz mais elevada e fazendo com que Baekhyun erguesse um pouco a cabeça e o fitasse fixamente, entendendo toda aquela impaciência. — Diz o que você quer! Diz o que quer de mim! — A voz elevada e agora trêmula não assustava Baekhyun, ao contrário, parecia o lembrar do que era certo a fazer; seu coração estava acelerado e seus lábios formigavam. — Você não vai dizer nada, não é? — Chanyeol riu soprado. Os rostos estavam próximos o suficiente para Baekhyun sentir a respiração quente e pesada tocar seu rosto. — Você é covarde demais para ser sincero comigo, Baekhyun.

Tais palavras resgataram Baekhyun da instabilidade da confusão de seus sentimentos, pondo-o na mais difícil situação onde havia palavras demais presas à garganta; a mente fervia tentando organizar tudo para conseguir falar e mostrar que não era covarde, que, na verdade, era um idiota completamente apaixonado e necessitando dizer tudo que escondeu por tanto tempo.

— Eu aprendi algo com você — disse tão baixo que, se não fosse pelo quase total silêncio do local mais afastado da festa, Chanyeol não teria ouvido. A mão vazia ao lado de seu corpo agora estava em punho, pressionada como se estivesse tentando controlar-se. — Aprendi algo com o que... Com o que temos. — Elevou um pouco o tom da voz. Os olhares fixaram-se um no outro mais uma vez. Algo maior que insegurança rondava Baekhyun, e Chanyeol não sabia dizer com exatidão o que era. — Eu aprendi que temos muito mais momentos felizes quando amamos alguém, bem mais do que qualquer momento ruim. Mas, quando temos esses momentos ruins, dói... Dói muito.

A rua era calma, o movimento se concentrava no jardim a metros dos dois. E Baekhyun estava ali, respirando fundo e olhando para Chanyeol de forma indecifrável. Era, talvez, um misto de medo e saudade. O rapaz mais novo não sabia o que fazer. O mais sensato poderia ser dar-lhe as costas e correr para longe da decepção e do recém passado que nunca voltaria a acontecer. Rapidamente ficaram tão distantes, mas aquela curtíssima distância já não era saudável para nenhum dos dois. Ele tinha algum propósito para deixar a festa e correr até onde estava. E se Chanyeol estivesse mais longe, ele iria correr mais? E se aquelas trocas de olhar estivessem significando algo além do que pudessem entender? Baekhyun mordeu o lábio inferior, anulando quase por completo a distância entre os corpos, fazendo com que se olhassem de perto, sentissem realmente a presença do outro, quase ouvissem os corações acelerados. Estariam em quase total penumbra se não fosse a parca luz de um poste de iluminação próximo de onde estavam.

— Se lembra da nossa primeira noite? — Chanyeol engoliu em seco ao ouvir aquelas palavras, desgostando das imagens que passaram por sua cabeça: Baekhyun sendo tocado por Sehun, Baekhyun o olhando como se, independente de quem o tocasse, sentisse os sentimentos do Park. — Eu não me arrependo do que aconteceu naquela noite, porque eu estava sendo honesto com meus verdadeiros sentimentos. Fui sincero quando te olhei tão profundamente e percebi que meu corpo correspondia àquela troca de olhar. — Falava calmamente, tendo noção de todas as palavras que proferia. Desceu seus olhos até os lábios de Chanyeol, fazendo o caminho de volta de modo lento, até os olhos castanhos e confusos. — Como corresponde agora, com meu coração batendo rápido. — Baekhyun apertou mais uma vez o blazer entre seus dedos, admirando a figura a sua frente. Os fios pretos caíam sobre os olhos, escondendo erroneamente a beleza sombria que eles tinham.

— Quais sentimentos, Baekhyun? Que sentimentos são esses? — A perguntou saiu baixa e um pouco rouca. Chanyeol franziu o cenho. Suas mãos suavam, o coração estava acelerado. Baekhyun parecia tão convicto ali, próximo, olhando para si, desafiando a si mesmo para finalmente falar o que havia escondido.

Eu tive medo. Medo de você ir embora, de te machucar com meu jeito sempre impulsivo. Eu tive receio de acreditar em algo subjetivo. Eu te decepcionei, Chanyeol. Machuquei você por causa do meu egoísmo e sei disso tudo. — Baekhyun olhou para baixo, levando os dedos livres e um pouco trêmulos até o abdome do Park, tocando-o e subindo-os devagar pelo terno escuro, Chanyeol estremeceu; não havia malícia, apenas uma vontade quase inerente de tocá-lo para se sentir vivo de novo. O carinho se estendeu até que os dedos finos pudessem se entrelaçar nos cabelos da nuca do maior, Chanyeol acompanhou cada movimento lento do mais velho. — Tenho certeza que mal estou sabendo explicar a confusão que sou... Mas parece que ninguém consegue me fazer ser tão vívido como você. Eu sou tão único no seu mundo... — O Byun acariciou a nuca alheia, voltando a olhá-lo nos olhos. Uma calmaria singular tomava seu corpo pouco a pouco. Não sabia se era por estar com Chanyeol novamente ou por falar o que sentia. — Eu cheguei a pensar que tudo estava destinado ao nada. Que tudo que vivemos foram apenas aventuras e que não resultariam no meu peito ardendo, na minha vontade incansável de ter você para mim. — O silêncio era essencial para Chanyeol no momento. Não queria atrapalhar Baekhyun. Já havia dito muito. Agora, queria que ele colocasse para fora o que guardou desde o primeiro beijo. E, mais do que nunca, queria respostas. — Me perdoa? O que eu falei não foi certo. Eu estava estressado e... Acho que estava com ciúmes de você, do quanto você e o Luhan estavam próximos. — Sorriu de lado, lembrando-se do quanto se sentiu irritado com aquela aproximação de ambos. Relaxou um pouco a cabeça para o lado, levando a mão ocupada até a cintura do Park e, finalmente, anulando a mínima distância que existia entre eles.

Chanyeol deixava-se ser levado por Baekhyun, processando lentamente cada palavra e atitude. Devagar, o mais novo fechou os olhos para sentir o quanto tudo era real. Os dedos finos depositavam um carinho sem igual em sua nuca, as palavras preenchiam cada lacuna dentro de si e tudo não deixava de ser surpreendente e quase assustador; Baekhyun havia alcançado seu estopim. O mais baixo aproximou um pouco mais os rostos, encarando os lábios cheinhos, o queixo e toda a face serena do mais novo — até mesmo a marca quase imperceptível da barba que nunca deixava crescer.

— Baekhyun... — Chanyeol abriu os olhos, bêbado por causa daquele perfume único do Byun, do jeito firme que falava cada frase. Internamente, suplicava, “diga, diga mais”. — Quais sentimentos? — Baekhyun mordeu o lábio inferior de leve, estava na hora de ser claro e verdadeiro com ambos.

— Eu sinto sua falta — sussurrou. Lentamente a primeira barreira era desfeita por completo. Chanyeol não sentia as próprias pernas. — Eu sinto que não quero ficar sem você. — Baekhyun estava tirando-lhe o ar dos pulmões. Teve de levar ambas as mãos para a cintura do mais velho, apertando-a. — Eu sinto que quando olho para você... — Ergueu o olhar, focando-o no do Park. — É como se a felicidade sorrisse para mim. — Abriu um sorriso um pouco maior que o anterior, querendo afastar a insegurança que queria tomar-lhe por não ter nenhuma resposta de Chanyeol. — Tudo é diferente com você. Eu te amo, não é? — segredou. 

O mais novo escutou a pergunta como um eco em sua cabeça. Não sabia ao certo o que fazer. Felicidade ou surpresa? Eram tão pequenos para o que estava sentindo. O sorriso singelo e cheio de expectativa no rosto de Baekhyun parecia valioso demais para deixar escapar. Então, Chanyeol moveu a cabeça lentamente, respondendo afirmativamente a pergunta. Afinal, era o que sentia também. Mal sentiu quando uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha, escancarando todo o reboliço dentro de si.

— Eu sempre soube que te amava, mas era covarde demais para aceitar isso. — Baekhyun confessou baixinho, segredando o que havia por tanto tempo lhe torturado. Subiu um pouco a mão até o rosto do maior, passando o polegar pela bochecha de Chanyeol e levando consigo a lágrima. — Fica comigo — pediu em sussurro, ficando na ponta dos pés e selando demoradamente os lábios de Chanyeol, não obtendo nenhuma reação. Acariciou o rosto dele, silenciosamente suplicando por alguma resposta.

— Você está... Dizendo que me ama? — Os lábios formigavam, precisou umedecê-los antes de perguntar nervosamente. Baekhyun sorriu, confirmando com a cabeça enquanto sussurrava um “sim, eu amo” tão carinhosamente que Chanyeol assistiu aos olhos pequenos fecharem-se, o corpo deleitar-se em seus braços ao mesmo tempo em que era tão possessivo.

Os lábios se encontraram de novo, lentos, reconhecendo a melhor droga que já haviam experimentado: o amor. Fora Baekhyun a necessitar de mais. Guiou suas necessidades em um beijo lento e profundo, onde se abraçavam e o que os movia eram os corações acelerados. Na ponta dos pés, suspirava, aproveitando do êxtase que aqueles lábios cheinhos o proporcionavam. Em contrapartida, Chanyeol era dominado pela avalanche de sentimentos e sensações. Ambos sentiam a completude. As línguas roçavam e a vontade era de continuar até o fôlego ir embora; porém, gotas finas e rápidas de chuva fizeram com que afastassem os lábios e olhassem para cima juntos, sorrindo abertamente para o céu nublado, abraçando-se mais — se possível —, e retomando o beijo que nunca deveria ser interrompido.

Naquele beijo, Baekhyun confessava bem mais do que as palavras ditas poderiam expressar. Confessava o que ninguém conseguiria decifrar se não fosse quem o amasse. E Baekhyun amava Chanyeol. Quem sabe desde a primeira vez que o viu ou tempos depois, enquanto mais o conhecia. Na verdade, não estava tão interessado em saber quando e como tudo aquilo começou, estava mais empolgado em trilhar novos caminhos para continuarem juntos, independente dos contratempos que apareceriam.


Notas Finais


Até próxima semana!
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