1. Spirit Fanfics >
  2. Amor e Outras Drogas >
  3. Bebendo rum e Coca-Cola

História Amor e Outras Drogas - Bebendo rum e Coca-Cola


Escrita por: kyoongni e monanie

Notas do Autor


Demorou? Demorou! Mas nós tá aqui surtando porque tá tendo conferência de imprensa e tá perto de lançar Ko Ko Bop VOU MORRER ♡♡♡

Os dias estão alterados, mas vamo que vamo. Difinitvamente próximo capítulo vocês vão querer nos matar, mas acontece!!

ÓTIMA LEITURA E OBRIGADA POR TUDO ♡♡

Capítulo 9 - Bebendo rum e Coca-Cola


Tudo o que você tem que fazer é ficar um minuto, leve o tempo que precisar. O relógio está correndo, então fique. Suas mãos nas minhas, não quero passar a noite sozinho. Acho que preciso de você... E eu preciso.

 

✖♡ ✖

 

Depois de alcançar a utopia — tendo quase a certeza de que seria impossível sentir-se completo daquela forma novamente —, Baekhyun sentia-se estranho. Deitado, ainda nu e suado, fazia com que sua respiração normalizasse, assim como sua mente, antes desfocada sem saber, ao certo, que rumo tomar. Era tudo menos complicado do que pensara, mas não menos temeroso. E amanhã? O que seria do amanhã? Mesmo que estivesse arriscando com todas suas cartas, sabia que qualquer movimento errado poderia pôr tudo por água abaixo. Culpar-se-ia pelo resto de sua mera existência por qualquer dor que causasse a Chanyeol. Respirou fundo pela incontável vez, soltando todo ar pela boca e, com isso, chamando a atenção do mais novo ao seu lado. O Park apenas se aproximou mais, pondo um dos braços sobre a barriga de Baekhyun e depositando um beijo cálido na bochecha avermelhada devido a temperatura dos corpos e do quarto. Temia que ele se arrependesse. Estava tudo fluindo perfeitamente bem novamente, correto?

Todavia, o desconforto não só pairava por Baekhyun. Chanyeol sentia-se da mesma forma, por motivos diferentes. Era por sentir que o que nutria por Baekhyun aumentava ao ponto de não conseguir controlar ou saciar nem mesmo quando tinham uma relação sexual. Era por saber da insegurança insistente e sempre presente de Baekhyun, mesmo quando se mostrasse totalmente entregue ao desejo que tinham um pelo outro. Era por, também, acreditar de modo falho que a qualquer momento ele escaparia por entre seus dedos novamente. Quando seria a hora de Sehun se meter entre ambos e Baekhyun não conseguir escolher? Pois tudo dependia de uma escolha, e estava sendo precipitado em levar a sério demais as atitudes do Byun. Recebeu um carinho em seus cabelos e quase ronronou se não fosse pelo riso que compartilharam.

Juntos e em quase absoluto silêncio, tomaram banho; segredaram mais beijos, mais carícias. Toques apaixonados e quentes. Onde estava a sanidade de Baekhyun? Beijando a boca cheinha e apetitosa, erguia as mãos em rendição. Por seu desejo errôneo, fora preso pelas loucuras amoráveis de Chanyeol. Não tardou para que voltassem a se deitar na cama, desta vez mais esparramados e relaxados. O Byun estava sonolento, mas não deixava de mover seus dedos vagarosamente, fazendo um carinho nos fios negros do rapaz mais novo que estava deitado ao seu lado. Não sabia de onde aquele sentimento de proteção surgia, mas sabia existir quando se relacionava a Chanyeol.

Mesmo que já estivesse entrando num sono leve, sentiu a falta do peso ao seu lado assim que o Park se moveu para levantar. Engoliu em seco, sentindo o coração acelerar parecendo querer sair pela boca. Chanyeol se levantou devagar, primeiramente sentando-se na cama e mexendo nos cabelos bagunçados, alongando os ombros e, por fim, saindo definitivamente da cama. Baekhyun abriu os olhos, o desespero corria por suas veias; adrenalina. Rapidamente esticou o corpo e, com certa dificuldade, alcançou a mão do mais novo, segurando-a com certa necessidade e medo. Nitidamente, Chanyeol se assustou — afinal achou que o loiro estivesse dormindo —, virando-se e vislumbrando um par de olhos úmidos e um rosto pálido. Juntou as sobrancelhas, apertando a mão de Baekhyun na sua.

— Para onde você vai? — O Byun perguntou num rompante, sentindo o coração acelerado e as mãos geladas. Ele iria embora, não era? Pois fizera isso com ele. Fora que, era assim que os relacionamentos funcionavam, correto? Sempre haveria um adeus.

— Por quê? — Chanyeol ergueu a sobrancelha, virando totalmente para Baekhyun sem deixar de segurar a mão de dedos finos. — Você quer que eu fique? — perguntou olhando profundamente na imensidão castanha dos olhos do mais velho. As luzes, ainda acesas, proporcionavam isso.

— Eu... — Baekhyun desviou o olhar, engolindo em seco. Perguntava-se se podia voltar a algumas horas atrás, quando aproveitava dos sentimentos mais surreais que o ser humano seria capaz de sentir com outro alguém. — Eu só perguntei para onde você ia... — completou incerto, não tendo coragem para olhar nos olhos de Chanyeol mesmo com um carinho acanhado sendo depositado em seus dedos.

— Tudo bem. — Chanyeol suspirou de forma teatral, porém um sorriso queria a todo custo nascer em seus lábios. — Eu vou te dar mais uma chance. — Ergueu o indicador da mão livre e comprimiu os lábios quando Baekhyun, finalmente, o olhou. — Você quer que eu fique? — indagou baixo, mas ansiando demasiadamente pela resposta.

A expectativa do moreno voava pelo quarto, tropeçava nas paredes e voltava a usá-lo como fantoche para as vontades de Baekhyun. Bastava dizer. Ocultamente sabia que o desejo de continuar junto era mútuo, portanto queria ouvi-lo nos mínimos detalhes para que pudesse apenas não ir embora ao fim de tudo. E Baekhyun conseguia até mesmo visualizar as pequenas partículas de poeiras, tão imerso em seus pensamentos, demorou a responder.

— Quero — murmurou incerto, apertando a mão de Chanyeol; era um pedido mudo para que ele não fosse embora. Não, não agora. Somente mais um pouco e estaria satisfeito. O Park deixou um pequeno sorriso abrir em seus lábios e iluminar a face sonolenta.

— Eu não ia embora, só vou tomar água — disse, começando a rir baixinho quando Baekhyun abriu os lábios diversas vezes, olhando-o incrédulo. O Park soltou-se do loiro e deu passos rápidos para fora do quarto, mas antes vendo de relance uma das almofadas ser arremessada em sua direção.

— Isso foi golpe baixo, Chanyeol! — Baekhyun gritou, jogando o corpo de volta por completo na cama. Cobriu o rosto com os braços e não se negou uma risada gostosa ao ouvir o mais novo gritar que tinha sido bom ver o seu desespero.

Ainda havia um sorriso brincalhão no rosto. Era mais como uma prova da satisfação que tinha em ficar com o outro e ter momentos felizes com ele. O coração estava aquecido de novo. Remexendo-se na cama, o Byun tornou-se impaciente. Sempre havia dormido sozinho, mas, especialmente naquela noite, não conseguia, e Chanyeol demorava mais que o necessário para beber um único copo d’água. Estava dependente de alguém. Isso soava tão masoquista e errado, pois quem seria Chanyeol para suprir todas as suas vontades, desde as mais simples às mais complexas? Contudo, acima disso, estava sendo sincero consigo e desmentindo o que dias atrás iria dizer para si mesmo numa situação como essa: “É apenas por uma noite”. Quantas noites — tão incontáveis como as estrelas no céu — gostaria de ter Chanyeol?

Insofrido, levantou-se da cama e caminhou até a cozinha ao passo que ajeitava sua calça de moletom no corpo. Baekhyun encostou o ombro no batente da porta, cruzando os braços e relaxando o corpo. Sorriu pequeno. Chanyeol estava concentrado procurando algo na geladeira e, de onde Baekhyun estava, era possível vislumbrar as costas largas e nuas junto aos cabelos pretos bagunçados. Da geladeira, o Park caminhou com as mãos cheias de coisas para a bancada de mármore. Vagarosamente, Baekhyun aproximou-se do mais alto, envolvendo a cintura alheia com os braços lentamente. Chanyeol deu um leve sobressalto, surpreso, porém olhou para as mãos de dedos finos acariciando sua barriga e abriu um sorriso maior do que se permitira. Baekhyun depositou um beijo no meio das costas do maior, deixando um carinho na tez morna com a ponta de seu nariz.

— A cama está vazia sem você. — Baekhyun segredou tão baixo que só foi capaz de ser ouvido porque estavam próximos demais; apertando o corpo esguio entre os braços, suspirou. — Vamos voltar para lá... — pediu. Chanyeol sorriu maior, largando as fatias de pão sobre o prato e virando-se, ainda naquele abraço gostoso, para poder procurar os lábios finos e selar demoradamente. Em seguida deixando um beijo de esquimó a fim de arrancar risadas contidas e um olhar brilhante do Byun.

— Você me deixou com fome. — Riu soprado, observando um sorriso falsamente malicioso iluminar os lábios finos e apetitosos de Baekhyun. Mais um selinho demorado. — Você não está com fome? Vou preparar algo para nós dois e voltamos para lá, tudo bem? — Baekhyun assentiu, levando ambas as mãos até às bochechas cheinhas e ficando na ponta dos pés para poder depositar um selinho na ponta do nariz arrebitado e um ligeiro beijo nos lábios cheinhos.

Com muito esforço, Baekhyun se afastou de Chanyeol e se sentou sobre a mesa pesada no centro da cozinha. O mais novo tentou se concentrar no que fazia, mas diversas vezes quase se cortou; estava atordoado com toda demonstração de afeto vinda de Baekhyun. Era repentino demais, principalmente para quem havia fugido de si tantas vezes.

Baekhyun, admirando a dedicação do Park, por um momento imaginou se, caso estivessem num relacionamento — já não estavam? —, funcionaria daquela mesma forma: cheio de carinho e momentos de tirar o fôlego. Seria? Era tão incerto... Porém, não queria que essa dúvida se tornasse uma pedra em seu caminho. Não naquela noite. Não quando se sentia tão bem e especial. Por que a felicidade tinha que durar tão pouco? Não estava sendo fácil apenas ignorar toda bagunça dentro si — afinal, a conversa com Sehun não mudara isso —, deixava-a de lado, mas era o único que sabia o quanto entrar em um relacionamento lhe amedrontava.

Sempre fora daquele jeito. Ou melhor, desde que conhecera Sehun e passaram os massacrantes anos da adolescência juntos, amigos. Acompanhou o mais novo em festas e baladinhas — que acabava com algum vizinho mandando desligar o som e os adolescentes irem para casa antes que chamassem a polícia —, e nesses lugares até procurou alguém para viver os mais bobos romances. Esse foi seu erro. Era novo demais, nem mesmo sabia quais seriam as maiores desilusões da vida. Por isso deixou seus encantos de lado e seguiu os mesmos passos de seu amigo mais novo. Por qual motivo necessitava amar alguém para aproveitar uma noite? Sem obrigações, sem amarras.

Como Oh Sehun. Sem nem mesmo uma ligação no dia seguinte ou um “olá” nos corredores de sua antiga escola. Mas além das poucas tentativas falhas, via o quanto seus amigos e amigas sofriam nesses tais romances e relacionamento de mil flores. Absorvia as mágoas, os relatos sofridos, chorosos e raivosos, mais o que Sehun sempre dizia: relacionamentos sempre são uma droga. E era influenciável ao ponto de acreditar fielmente naquelas palavras, engatando numa quase “amizade colorida” com o garoto mais novo. E com ele nunca fora nada além do carnal. Talvez, ele estivesse certo... Somos capazes de amar de verdade? Com o passar dos anos, tinha somente mais certeza que não, não éramos capazes. Até Chanyeol entrar em sua vida sorrateiramente, encantando-o sem deixar brechas para Baekhyun controlar os sentimentos que, pouco a pouco, cresciam dentro de si.

Era madrugada, pouco mais de três horas da manhã. Tinham comido e, junto à refeição, deixaram risadas ecoarem pela casa. Mais beijos estalados e sussurros que jamais teriam coragem de dizer em voz alta; não na situação que estavam, onde nem mesmo para os demais amigos se assumiam. Deitaram na cama e, agora, o quarto só era iluminado pela luz do abajur, no entanto, não impediu que deitassem um de frente para o outro, tão próximos que conseguiam sentir a respiração alheia tocar os rostos; as pernas entrelaçadas. Chanyeol deixava um cafuné nos fios desbotados de Baekhyun, sua outra mão descansava nos lençóis claros da cama. O Byun acariciava a perna do moreno com seu pé, deixando a mão encontrar a de Chanyeol no meio dos corpos. Entrelaçou os dedos ao passo que erguia o olhar e fixava-o no do mais novo. Queria que o brilho nos olhos espertos, o sorriso tímido aberto quando as mãos foram apertadas, não fossem um aviso para as mais densas tempestades.

 

•••

 

Apertando-se entre as brechas que as nuvens acinzentadas deixavam no céu, o sol nasceu de mansinho, como Baekhyun às dez da manhã. Espreguiçou-se com cuidado no abraço que Chanyeol dava-lhe. Um dos braços fortes estava jogado sobre a lateral de seu corpo, mantendo-os próximos. Boa parte da noite dormiram daquele jeito, de conchinha; a outra parte passaram jogados em lados opostos da cama. E ficaram assim naturalmente, com a necessidade de sentir o outro próximo, movendo-se durante o sono profundo após uma noite cheia de estudos, sexo e risadas.

Abriu os olhos devagar, encolhendo-se e amando sentir o corpo quentinho colado ao seu. Sonolento demais acariciou o braço sobre si, brincando com seus dedos na pele morna e puxando levemente os pelos ali existentes. Sorriu ao escutar um muxoxo, sentindo o Park enfiar o rosto na curvatura de seu pescoço. Queria voltar a dormir, quem sabe passar o resto do dia daquela forma, mas só seria divertido se estivesse com ele. Não sabia ao certo o que estava acontecendo consigo, mas, mesmo que fosse cedo demais para dizer isso, estava gostando. Antes mesmo de se acomodar melhor nos braços de Chanyeol e fechar os olhos a fim de voltar a dormir, ouviu as notificações de mensagens do seu celular, deixado sobre o criado-mudo. Contorceu os lábios e vagarosamente tirou o braço do mais novo de cima do seu corpo. Com um carinho nos fios negros, afastou seu pescoço, saindo completamente de perto dele. Pegou o celular, sentando-se na beira da cama e passando a mão livre pelo rosto, desbloqueando o aparelho para visualizar uma mensagem de sua irmã.

[10:15, 02/8/2016] Taeyeon: Bom dia, Baek!
[10:17, 02/8/2016] Taeyeon: Irei ficar o resto do dia com o Changmin. Já avisei a mamãe, não se preocupe!
[10:19, 02/8/2016] Taeyeon: Se cuide! :D

Baekhyun riu soprado, bloqueando o celular novamente e balançando a cabeça. O mundo parecia girar conforme as suas vontades secretas. Olhou para trás, admirando por poucos minutos o mais novo num sono profundo. Mais um pouco. Somente mais um pouco e estaria satisfeito. Puxou as cobertas grossas e se enfiou embaixo delas; se aproximou mais de Chanyeol e abraçou-o — entrelaçando suas pernas nas dele —, envolvendo ambos com a colcha dos pés à cabeça. O Park, inconscientemente, apertou o mais velho após acolhê-lo.

Seria difícil esquecer-se do decorrer daquele dia. Chanyeol não foi embora, na verdade sequer saiu de perto de Baekhyun. Estudaram, sim, todavia eram interrompidos por um Byun encarando o mais alto e, em silêncio, pedindo por mais um beijo. No início da noite, Chanyeol foi embora pouco tempo depois da irmã de Baekhyun chegar, dizendo que no outro dia passaria para pega-lo e irem para a universidade juntos; isso nem mesmo era necessário, mas o loiro não negou. E quando entrou no quarto mais uma vez, abriu um sorriso diferente dos que estava acostumado: era grande, sincero e repleto de felicidade. Estava sob efeito de sua droga preferida.

 

•••

 

Observou o pequeno adentrar a sala grande. A camisa social escura destacava os ombros largos, os cabelos claros estavam bem arrumados. No entanto, ele estava inquieto, pois adentrou o ambiente sem sorrir para seus amigos e, ao se sentar, passou a mão nos fios loiros e respirou fundo. O pé mexia-se insistentemente, denunciando o estresse. Chanyeol iria se esticar para alisar as costas de Baekhyun e perguntar o que havia acontecido, no entanto, fora interrompido pelas folhas da prova postas sobre sua carteira. Respirou fundo e olhou para o documento sobre a cadeira, tentando se concentrar ao máximo, mesmo que sua vontade fosse abraçar Baekhyun e perguntar-lhe o que havia acontecido. 

A todo custo, Baekhyun tentou ignorar seu mais novo problema e fazer, por fim, um bom exame do que havia se dado o trabalho de estudar. Seus dias estavam tão cheios de Chanyeol e mais Chanyeol, noites adentro passavam juntos, que Baekhyun esquecera, até mesmo, de que havia apenas alguns dias desde que decidira deixar as coisas fluírem naturalmente. Esquecera-se, da mesma forma, do relatório sobre o último caso que tinha participado com o professor Kim. Uma completa negligência de sua parte e fora quase que rudemente advertido por isso. Recebeu um novo prazo, mas sua nota estaria reduzida de qualquer forma. Estava uma completa pilha de nervos, queria culpar a todos por isso, no entanto, a culpa era unicamente sua. E, pouco tempo depois de se desculpar com seu professor — quando já acelerava o passo para ir a sala a fim de fazer outra prova —, recebeu uma mensagem do senhor Kim, exigindo-o que recolhesse todos os depoimentos, assim como os analisasse; um caso pouco antigo que fora reaberto.

Baekhyun sentia como se o mundo tivesse resolvido girar da forma contrária e bagunçar suas decisões e vontades. Estava próximo de finalizar mais um semestre, mesmo que não deixasse de trabalhar durante suas férias, uma carga a menos estava sendo aceita de bom grado. Bateu levemente com ambas as mãos sobre a madeira da carteira, não conseguia se concentrar, mesmo que soubesse tudo que precisava para fazer uma ótima prova. Chanyeol, praticamente ao seu lado, observava a falta de paciência do outro.

Pouco mais de uma hora depois, Baekhyun finalizara a prova e saíra da sala, caminhando às pressas até a biblioteca da universidade. Sentou-se em uma das mesas redondas mais afastadas da entrada, era próximo a um vitral de cores pastosas. Ao se sentar, não perdeu tempo; abriu sua bolsa e tirou todos os documentos para poder iniciar o relatório. Só não iria para casa, pois teria outra prova no meio da tarde. Cuidou de se concentrar no que digitava rapidamente no notebook que sempre carregava consigo. Alguns papéis estavam espalhados pela mesa, e sua atenção era dividida somente naquilo, por isso não percebeu a sorrateira aproximação de um rapaz alto e de cabelos negros, com um semblante preocupado.

Chanyeol sentou-se próximo a Baekhyun, apoiando seu braço na parte superior da cadeira do mais velho, acariciando o ombro que alcançava, assim como o braço. Baekhyun quase suspirou com aquele carinho, no entanto, somente afastou os dedos do teclado e olhou para o lado, admirando por breves segundos o rosto cheinho com uma graciosa covinha na bochecha direita e olhos escuros que derramavam ternura. Park Chanyeol aproximou o rosto de Baekhyun, vendo-o relutante, porém, apoiara os dedos na nuca dele e depositara um beijo na testa, sobre alguns fios desbotados.

— Aconteceu algo? — perguntou, afastando o rosto e voltando a acariciar o ombro do mais velho. — Você parece bem estressado e... — Antes que pudesse continuar, fora interrompido por uma voz suave, mas ao mesmo tempo impaciente.

— Chanyeol, hoje não. — Suspirou, voltando sua atenção para o notebook. — Eu não fiz meu relatório, minha nota não vai ser a que possivelmente seria. Um caso antigo foi reaberto, o que significa mais dor de cabeça. Então, eu não posso me dar o luxo de ficar com você agora. — Mordeu o lábio inferior, estava desesperado. O peito doía em falar tudo aquilo, mas na situação que estava não encontrava outra maneira.

Chanyeol crispou os lábios, desviando o olhar para a mesa redonda. Já conhecia esse lado de Baekhyun; ele se cobrava demais e, por vezes, era ignorante sem perceber. O Park tinha que aprender a relevar tais momentos — se já não estivesse acostumado com eles devido ao tempo que se conheciam —, afinal, sempre pensara em ter algo duradouro com Baekhyun. Levou a mão livre até a do loiro sobre o teclado, entrelaçando os dedos. O Byun parou o que fazia mais uma vez, olhando para Chanyeol.

— Ao menos vamos almoçar. Depois voltamos e eu ajudo você a terminar o relatório e a separar os documentos do caso. — Baekhyun iria negar, mas seus dedos foram apertados e o carinho em seu ombro o relaxava gradativamente. — Por favor... — Fixou o olhar nos orbes castanhos e cansados do loiro.

— Você tem que ir para o escritório do seu pai. Não vou te atrapalhar. E, também, não posso parar isso aqui. — Apontou para a tela, contudo sem deixar de olhar para Chanyeol, que se ajeitou da melhor forma na cadeira para aproximar mais um pouco o rosto de Baekhyun. — Não faça nada que me deixe desatento... — murmurou, notando os lábios cheinhos abrirem um sorriso pequeno. Sim, queria beijá-lo. Isso era fato consumado e estampado nos quatro cantos do mundo. — Por favor... E tem muitas pessoas aqui também — continuou com a voz baixa, voltando a olhar para os olhos do Park com sacrifício.

— Eu estou de folga hoje e, sim, vamos almoçar juntos. — Chanyeol desentrelaçou os dedos, levando-os até a parte de trás da tela do notebook. Ergueu a sobrancelha. Não havia folga, porém, Baekhyun era mais importante. — Vou contar até três para você salvar as coisas e irmos. Se não, eu vou ficar aqui, fazendo várias coisinhas que deixarão você desatento até parar para comer e descansar. — Baekhyun abriu os lábios, pensando em contestar. — Um. — Abaixou um pouco a tela e observou, com um sorrisinho, o mais velho bufar e revirar os olhos. — Dois. — Tentou afastar a mão do moreno para longe de seu notebook, porém causou apenas uma risada contida. — Tr... — Mais uma vez, Chanyeol fora interrompido. Desta vez por um pequeno rapaz exasperado e nitidamente sem muita paciência.

— Está bem! Eu vou almoçar com você. — Deu um leve tapa na mão de Chanyeol, fazendo-o afastá-la do computador e sorrir mais. Confessava internamente que aquele sorriso contagiava. — Mas... — Arrastou a voz, voltando a atenção para a tela e salvando os arquivos abertos para, por fim, desligar o aparelho. — Nada mais que isso. — Apoiou o cotovelo na mesa redonda e, consequentemente, o queixo na palma da mão. — Sério, Chan... Eu preciso entregar tudo isso. — Chanyeol sorriu de lado quando, mais uma vez, Baekhyun mostrou os papéis e o notebook, desta vez com um balançar de cabeça.

— Eu só quero que você descanse um pouco... Nada mais que isso, hm? — Olhou para os lados rapidamente antes de deixar um beijo ligeiro na bochecha de Baekhyun, arrancando, finalmente, um sorriso pequeno deste.

 

•••

 

Park Chanyeol ajudou Baekhyun a organizar os papéis, assim como a guardá-los. Pouco tempo depois, saíram juntos da biblioteca e caminharam até o estacionamento aberto da universidade. O carro do moreno estava estacionado atrás de um dos edifícios do local, o que possibilitava o rápido acesso a sala onde, geralmente, tinha suas aulas.

O local estava relativamente calmo devido ao horário, principalmente na parte onde, agora, estavam. Chanyeol se aproveitou da calmaria e, sorrateiramente, levou a mão esquerda até a cintura de Baekhyun, apertando-a e roubando a atenção alheia com um sobressalto. O loiro virou o rosto para perguntar o que havia acontecido para que Chanyeol o apertasse de repente, desta forma e principalmente em público. Contudo, antes que pudesse raciocinar a falar algo, o mais novo abaixou um pouco a cabeça e envolveu os lábios cheinhos aos seus; ao passo que empurrava seu corpo até ser encostado na parede da parte de trás do edifício. Acabou por ser envolvido pelo ósculo profundo, correspondendo de forma relutante — porém, todos os seus problemas pareciam se estabilizarem cada vez que Chanyeol invadia sua boca com a língua quente. Não era de forma despudorada, mas sim como se quisesse mostrar que tudo, no fim, se resumia ao que sentiam um pelo outro.

Era um local de livre movimentação dos que trabalhavam e estudavam na universidade. Baekhyun sentia medo de aquilo prejudicar algo em seu trabalho e, principalmente, no de Chanyeol. Além de que acreditava ser intenso demais para o que nem mesmo sabiam se iriam continuar ou se daria certo. Então, levou ambas as mãos até os ombros largos do Park, afastando-o minimamente. Sentiu falta dos lábios macios e tão dominadores dos seus. Respirou fundo, tentando não olhar para a boca úmida de Chanyeol. Era uma completa tentação para quem estava viciado.

— Alguém pode nos ver... — sussurrou, olhando para os lados e constatando que não havia ninguém e pouquíssimos carros estavam estacionados. — Você disse que íamos somente almoçar, Chanyeol — advertiu, porém era tão superficial que seu corpo tremeu quando as duas mãos grandes passaram a apertar sua cintura.

— Eu sei... Só mais um beijinho, Baek... Só mais um! — Um pequeno bico se formou em seus lábios, os olhos brilhavam, mas a vontade que teve fora de rir quando Baekhyun revirou os olhos e riu soprado.

— Eu gostaria muito de te xingar agora, Park Chanyeol. — disse baixo, envolvendo o pescoço do moreno com os braços e ficando na ponta dos pés para poder selar os lábios alheios. — Você é tão idiota. — Sorriu, aproximando os rostos até envolvê-los em um beijo cheio de significados e vontades.

O ósculo era lento e profundo, deixava que ambos aproveitassem a maneira deliciosa que as bocas se encaixavam; as línguas roçavam ternamente. Vez ou outra Baekhyun afastava minimamente os rostos para poder segurar o lábio inferior de Chanyeol com os dentes e puxá-lo devagar. Posteriormente semicerrava os olhos somente para assistir ao sorriso gracioso que se abria por entre os lábios alheios. Era nesses momentos que Chanyeol apertava mais a cintura de Baekhyun e sentia vontade de gritar ao mundo que ele era perfeito para si. Envoltos pela áurea amorosa, não perceberam um par de olhos arregalados e vidrados na cena que se desmanchava.

Kim Junmyeon estava próximo ao seu carro, estacionado um pouco distante do de Chanyeol. Ele pigarreou teatralmente alto, chamando a atenção de ambos os rapazes. O Park fora o primeiro a procurar pelo dono do barulho, visualizando Junmyeon com um pequeno sorriso no rosto. Baekhyun engoliu em seco e escondeu a cabeça no peito de Chanyeol, levando os dedos finos até os lábios a fim de tirar qualquer rastro do momento. Impossível. Estava cravado em seu peito, muito além de evidências físicas.

— Olá, pombinhos. — Junmyeon abriu um sorriso maior e acenou rapidamente com uma das mãos. — Finalmente, em? Finalmente! — O Byun se afastou de Chanyeol e olhou para o outro amigo, balançando a cabeça para os lados com um pequeno sorriso. — Ah! Souberam que o Jongin irá noivar? Ele combinou uma reuniãozinha na casa dele, hoje. Vocês estarão lá, certo? — Destravou o carro, abrindo a porta para, primeiro, colocar a pasta que carregava no banco do passageiro. — Levem as bebidas. Vamos fazê-lo passar vergonha e filmar, depois mostramos para a Yuri. Teste final para ver se ela aguenta o Jongin bêbado! — Balançou as mãos no ar, rindo e arrancando uma risada contida de Chanyeol e Baekhyun. — Preciso ir. Encontro vocês mais tarde e... — Junmyeon olhou para os lados, tornando-se pensativos por rápidos segundos. — Arrumem um lugar mais adequado para fazer isso aí! — Ergueu a sobrancelha e sorriu malicioso, deixando o casal completamente envergonhado, posteriormente entrando no carro e saindo do estacionamento.

— Vamos hoje, sim? — Chanyeol perguntou quase eufórico, virando-se rapidamente e deixando um selinho nos lábios de Baekhyun antes de caminhar até seu carro e abrir a porta do motorista.

Chan... — Baekhyun advertiu, entrando no carro assim como o mais novo. Não poderia desperdiçar tempo, seus planos não eram esses e, mais uma vez, não podia se atrapalhar por causa de Chanyeol.

— Eu vou te ajudar, Baek! — disse, olhando para o loiro enquanto ligava o automóvel. — Você precisa relaxar também... Ficar dia e noite estudando e trabalhando não é legal. — Voltou sua atenção para a direção, saindo do estacionamento quando ambos colocaram o cinto de segurança. — Podemos dar uma passadinha lá e depois te deixo em casa, se você quiser. — Baekhyun apenas concordou com um muxoxo, pois sabia que Chanyeol, de alguma maneira, iria convencê-lo.

Era errado o que estava fazendo por diversos motivos. Desde o fato de ter coisas importantes para finalizar a alimentar ainda mais o que sentia pelo Park e esquecer-se de que tudo poderia dar mais errado ainda e acabar por afastar os dois. Todavia, era compreensível sua maleabilidade perante a situação. Sem dúvidas ficar com Chanyeol o trazia uma paz inexplicável, assim como sentimentos bons, resumindo-se em completude. Por vezes parou para imaginar se ele também se sentia assim e, quando o olhava e via o sorriso grande direcionado a si, tinha toda certeza que, para o mais novo, o que sentiam não era somente para o agora. Ele queria ultrapassar os limites. E depois de ver Baekhyun sem forças para lutar contra o que verdadeiramente sentia, dar-lhe-ia um pouco mais de sua droga mortífera: o mais belo sentimento aconchegante, denominado de amor pelos romances.

— Chanyeol! — Baekhyun bateu ambas as palmas na coxa coberta pela calça escura, virando-se para olhar a face de bochechas cheias e lábios bonitos e apetitosos que mostravam um sorriso pequeno. — Você disse que só íamos almoçar. Por que estamos indo para sua casa? — O caminho era conhecido por si e, somando com o sorriso astuto de Chanyeol, era exatamente para sua casa que ele estava dirigindo.

— E vamos só almoçar! — Esbravejou o Park, olhando rapidamente para o pequeno ao seu lado, que o olhava quase de forma incrédula. — Que tal cozinhar comigo? — Baekhyun abriu a boca algumas vezes, queria poder ter coragem para bater em Chanyeol até ele ter um par de olhos roxos e, quem sabe, uma dor insuportável nos testículos. O moreno já adentrava o estacionamento do edifício em que morava. — Hm? — Ao estacionar o carro, retirou o cinto e esticou o corpo na direção do loiro. Riu quando Baekhyun revirou os olhos, mas selou os lábios cheinhos com vontade antes de saírem do veículo e rumarem até o apartamento de Chanyeol.

De fato, a intenção do rapaz mais novo era a mais simples e casta possível. Não negaria que era gostoso ficar beijando Baekhyun o tempo todo, mas compreendia seus deveres e, no momento, tinha que apoiá-lo e mostrá-lo que sempre teria alguém para pedir ajuda — mesmo que isso não fosse costumeiro por parte do Byun.

Cozinharam juntos quando chegarem ao apartamento; apenas colocaram as bolsas sobre os sofás e foram para a cozinha. A sincronia que tinham, principalmente ao escolher o que queriam almoçar, deixava Baekhyun confortável. Vez ou outra — quando o via tornando-se tenso de novo —, Chanyeol se aproximava por trás e depositava vários beijos estalados pelo pescoço de Baekhyun, roçando o nariz na pele quente e sentindo o cheirinho gostoso que ele possuía, acabando por arrancar risadas gostosas de ambos mais um punhado de ameaças brincalhonas feitas por Baekhyun. Almoçaram em meio a conversas, mais falavam sobre a rotina que tinham que sobre a relação que formavam gradativamente. Depois, aproveitando o tempo que ainda tinham antes de terem que retornar para a universidade, o Park ajudou-o a prosseguir com o relatório, e só não conseguiram finalizá-lo por falta de alguns documentos que estavam na casa de Baekhyun.

Em certo momento, fora Baekhyun quem procurou pelo conforto dos braços de Chanyeol. Estavam sentados no chão da sala, próximos. O rapaz mais velho afastou as mãos do notebook sobre a mesa de centro e levou-a até a cintura do Park — que estava concentrado lendo alguns papéis —, surpreendendo-o um pouco pela atitude. Chanyeol entendeu o que Baekhyun queria apenas com uma rápida troca de olhares, então deixou os papéis sobre a mesa de centro e teve sua boca envolvida pela do Byun. Levou as mãos até a nuca e o rosto dele, fazendo um carinho singelo na tez que alcançava. O beijo era lento, mas tão arrebatador quanto qualquer outro que tiveram. Após brincar de maltratar os lábios cheinhos, o mais velho afastou um pouco os rostos, deixando um beijinho rápido na ponta do nariz arrebitado de Chanyeol.

— Obrigado por me ajudar — sussurrou, abrindo um sorriso pequeno. Chanyeol sorriu da mesma forma; era incrível como seu corpo correspondia a tudo que vinha de Baekhyun. O beijo mais o sorriso fizeram seu coração acelerar violentamente, e palavras secretamente proibidas escaparam em um sussurro quase inaudível.

Eu te amo. — Puxou os fios loiros devagar, repreendendo-se por não conseguir guardar aquela confissão por mais algum tempo.

O sorriso nos lábios finos sumiu pouco a pouco, e Chanyeol fechou os olhos para não se decepcionar mais. Não esperava uma resposta, muito menos uma confissão que se resumiria em “podemos tentar de verdade agora”.

Baekhyun sentiu sua espinha arrepiar e todo seu corpo gelar, queria poder dizer que aquelas palavras não causaram nada em si. Mas causaram. Um reboliço incontrolável. Seu estômago revirava, gelava, estava tão ansioso e não sabia ao certo pelo quê. Eram as famosas borboletas. E para esquecer-se de que tais palavras também estavam pinicando na ponta de sua língua, beijou Chanyeol novamente.

Eram três simples palavras, “eu te amo”, mas que pareciam iniciar uma grande tragédia. Era uma promessa que Chanyeol fazia sem ao menos ter noção que seria doloroso honrá-la, mas o faria sem necessitar de muito. Pois amar Baekhyun não vinha com bula, muito menos poderia ser contrabandeado.

Deixá-lo-ia nadar em um mar de rosas.
Rosas perfumadas e violetas.
Rosas com espinhos.


Notas Finais


Trailer: https://youtu.be/BUHQy7D1mbc

twitter: www.twitter.com/kyoongni
cucat: https://curiouscat.me/kyoongni


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...