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História Amor em Células e Vértebras - Recaída


Escrita por: LilBeM

Notas do Autor


Oi, meus lindões e lindonas que leem essa fic maluca que brotou em uma cabeça mais maluca ainda, tudo bem com vocês?
Comigo vai bem médio, já que minhas aulas começaram quarta-feira e estou pedindo a Deus que chegue logo dezembro:D
Capítulo passado finalmente vocês descobriram o que a Hermione tem - o que me rendeu algumas ameças de morte - e agora é hora de entender o por que disso, certo? Aproveitem e nos vemos lá em baixo.

Capítulo 12 - Recaída


Rony parou. 

Estático e de olhos arregalados, o ruivo pode escutar de novo a barulheira que a freada do carro de onde estava naquela madrugada gritar em seus ouvidos e quase estourar seus tímpanos. Mesmo depois de dois anos, frequentemente, sendo qualquer sinal de anormalidade de seu subconsciente ou a sua vontade de querer lembrar com nitidez daquele trágico acidente, sentia a pontada paralisante em suas costas - talvez onde fora atingido. 

Mas ali, com a voz de Hermione repetindo em sua cabeça que ela tinha Leucemia, o medo e descrença se misturaram e o deixaram parado. Era uma mentira... ou uma brincadeira, mas brincar com aquilo era covardia, principalmente para a morena que odiava aquele ato. Balançou a cabeça freneticamente.

- Rony... 

- É mentira - murmurou, virando-se e constatando que o que falara era contraditório para a imagem que Hermione passava: olhos vermelhos com as lágrimas presas e pele amarelada. - Só está dizendo isso porque não confia em mim. 

Estava impressionado com a sua voz; o som dela parecia estranhamente calma. 

O rosto da garota mudou instantaneamente, virando uma carranca de raiva. 

- Acha que eu diria isso da boca para fora sem qualquer entendimento? - falou. - Que outro motivo seria pior do que eu ter leucemia? 

- Você não tem leucemia - o ruivo negou. 

- Deus sabe o quanto eu queria que fosse verdade - Hermione colocou as mãos no rosto e bagunçou os cabelos nervosamente. - Mas eu simplesmente cansei de continuar mentindo para você. 

- Você não tem leucemia! - repetiu Rony, agora levemente vermelho. - Você é forte, saudável e só tem dezessete anos! 

- É o que todos dizem também, ok, e não é como se eu não soubesse! - Hermione gritou. - Não preciso de mais uma pessoa lamentando a minha vida e dizendo o quanto eu conquistaria se não tivesse essa droga! 

- Então por que mentiu? - Rony exclamou, dando-se conta da gravidade do momento. - Quer dizer... não é como se você não tivesse muitas chances de cura, certo? Leucemia é tratável e você vai se recuperar... 

- A porcentagem de cura cai quando se tem uma recaída - a morena falou devagar. - Rony, não é a primeira vez que tenho isso. 

Um ar tenso surgiu entre os dois e ficaram se olhando por um tempo. Recaída? O que aquilo significava? Para Rony, os tipos de câncer era todos iguais e não estava entendendo. Olhar para Hermione e saber que ela era doente - mesmo com suas tentativas vans de pensar em alguma coisa que mudasse aquela questão -, era difícil acreditar. Ela transmitia coragem e sempre estava disposta a ajudar os outros. 

- E quando foi a primeira vez? 

Depois de entender o que o ruivo perguntara, a garota começou a caminhar para fora da escola e Rony a acompanhou. A morena sentou no tão conhecido banco de madeira - as conversas que tinham sobre aquele lugar sempre acabavam em risos por parte dos dois e combinaram que ali seria um segredo só deles. Ela respirava fundo e Rony viu, por baixo da máscara de uma garota quase mulher, havia uma menina com medo do futuro incerto. 

- Tudo bem, vamos lá - ela falou por fim, tentando transmitir coragem para si mesma e ainda fitando o enorme jardim da escola a frente. - Na primeira vez, fazia um mês que eu tinha completado dez anos e mais ou menos seis meses que alguns mal estares surgiram. Mamãe e papai começaram a achar estranho depois de um tempo e me enchiam de perguntas, pensando que a mudança do meu comportamento fosse algum problema na escola. Eu dizia o tempo todo que era normal, que eu estava crescendo ou eram os hormônios que deviam está trabalhando feito loucos dentro de mim - ela parou um segundo para dar uma risada. - Mas o cansaço ficou pior. Os sangramentos. Cheguei ao ponto de andar na minha própria casa e trombar do nada nos móveis e meus pais não me deixavam sozinha por mais de meia hora. 

- Foi quando descobriram? - Rony conseguiu fazer sua voz arranhar pela garganta até sair em um sussurro. 

Hermione assentiu. 

- Como dessa vez, fizeram um exame de sangue em mim. O resultado das minhas células brancas deram anormais e os médicos pediram um hemograma - a garota engoliu em seco e para ajudá-la, o ruivo estendeu o braço e alcançou a mão da amiga. Hermione olhou nos olhos de Rony. - Se chama Leucemia Linfoide Aguda e é resultante quando os leucócitos produzem um número muito grande de células, só que imaturas e malignas. 

Malignas. Os outros termos médicos não fizeram muito caso para Rony, mas ao escutar aquela palavra sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem. Era muito, muito ruim. 

- E durou quanto tempo? 

- Cinco anos - ela suspirou. - Cinco longos e intermináveis anos de tratamento. 

- E todo esse tempo de tratamento não serviu para nada? - ele franziu a testa, levemente aborrecido. 

- Serviu - Hermione respondeu. - Por dois anos. 

O silêncio surgiu de novo entre eles. 

O sino para retornarem as salas soou pela escola estridente como sempre, mas os dois jovens amigos não mexeram nem um músculo. Do banco onde estavam, podiam escutar também a correria dos alunos, armários batendo e o zumbido dos ventiladores de teto. 

- Vamos voltar - murmurou Rony avaliando a expressão de Hermione. Não conseguiu chegar a uma boa conclusão que o deixasse confortável.

Ela apenas assentiu e o movimento fez o sangramento estancado retornar. 

- Aqui - Rony a estendeu um lenço ao irem para as últimas aulas do dia. Observando ela secar o sangue do nariz, o ruivo sinalizou para a gola da camisa dela agora manchada com sangue seco e que ficara com uma cor estranha. Hermione subiu o zíper de seu casaco e juntos sentaram no balcão do fundo. 

Mal eles se posicionaram em seus lugares, os olhares acusadores de Nevile e Luna caíram neles, como se esperassem uma resposta rápida e urgente, mesmo estando em aula. Hermione crispou os lábios de irritação e teve vontade de atirar neles o lenço encharcado de sangue que tinha na mão, como se aquilo fosse um: "Isso responde a pergunta?"

Se arrependeu imediatamente quando se tocou que eles não tinham culpa de nada; era só preocupação. 

Quando pensou que tinha se livrado deles ao vê-los se virarem para frente, em um átimo, Luna escorregou pelo balcão de mármore uma embalagem transparente de frutas para a amiga. E com um sorriso digno de Mônica, ela sussurrou: 

- Vem até com um garfinho de plástico! - e voltou sua atenção para a professora. 

Hermione arqueou as sobrancelhas para Rony e não conseguiram segurar o riso de descrença. Sobre o olhar do amigo, a morena pegou a embalagem e a cada momento de distração da professora, abocanhava um pedaço de fruta. 

Em um minuto, as duas últimas aulas tinham acabado e o grupo caminhava para a saída da escola. 

Luna e Gina tagarelavam sobre alguma coisa que as deixavam empolgadas e Harry e Rony jogavam insultos de um modo nada ofensivo um para o outro sobre os constantes pedidos de opiniões de Nevile; Hermione achou melhor ver aquilo como um jeito que cada um tentava retornar a antiga amizade. Mas ainda falta muito a se conversar entre os dois e faria o impossível que aquela conversa acontece. De preferência, o mais cedo que conseguisse. 

- Tenho uma sessão de quimioterapia hoje - Hermione sussurrou bem próxima a Rony. - Se estiver curioso ou não... 

- Vou se for comigo na fisioterapia - propôs. - Ah, vamos lá, por favor! Faz semanas que te chamo e se eu continuar indo sem você a Padma vai tirar minha cabeça fora. 

Hermione soltou uma risada. Padma faria isso mesmo. 

- Eu queria ir mesmo - lamentou. - Mas estou cansada e pretendo descansar um pouco antes da químio.

- Tudo bem, eu entendo. 

- Vamos, Ronald! - a voz de Molly surgiu entre eles. Os dois olharam para o lado e viram o rosto gorducho da Sra. Wesley sorrir para eles. 

- Te vejo as seis - Hermione murmurou e seguiu Luna e Nevile para dentro do ônibus. 

***

- Para a casa da Hermione agora - Rony falou para a mãe. 

Molly parou no ato de trancar as portas do carro e olhou para o filho. Era fim de tarde e o ruivo acabara mais uma sessão de fisioterapia; infelizmente, ainda sem nenhum progresso. O sol laranja começava a se esconder atrás das montanhas a frente de onde tinham estacionado, deixando as ruas um pouco escuras. 

- Para a casa da Hermione? - ela peguntou. - Por quê? 

- Por que? - Rony repetiu, buscando uma resposta que a convencesse. - Ora, por que. Porque ela é minha amiga e quero visitá-la! Não posso? 

- Vai com calma, nervosinho - Molly o repreendeu e entrou no trânsito. Chegaram a casa dos Granger e notaram outro carro parado em frente. Rony olhou para a janela que ficava na sala e viu a mesma mulher que vira semanas atrás. 

- Droga - praguejou e pediu para a mãe lhe ajudar a sair do carro. 

- Você já pode ir mãe - Rony falou quando chegara na calçada. - Vou falar uma coisa para Hermione e ligo para vir me buscar. 

E deixando a mãe perplexa e sem fala, o ruivo se dirigiu para a entrada da casa. Se inclinou na cadeira e tocou a campainha com dificuldade, vendo um homem de cabelos castanhos abrir a porta com um sorriso. 

- Você deve ser o Rony - a voz dele era grossa e o garoto aceitou a mão estendida. - Wendel Granger. 

- Rony Weasley, senhor, é um prazer conhecê-lo. 

O Sr. Granger o ajudou a passar pelo pequeno degrau da porta e se dirigir para a sala da casa. O ambiente era aconchegante e cheirava estranhamente a batatas cozidas. Sentada com as pernas cruzadas no sofá, ele viu Hermione. Sorriu imediatamente e recebeu de volta o mais lindo e radiante sorriso da morena. 

- Você veio mesmo! 

- Disse que viria. 

Sentada ao lado dela, uma mulher de jaleco branco puxou o braço de Hermione e ergueu a manga cumprida de sua blusa. Rony arfou. O antebraço da amiga tinha várias picadas e manchas roxas que marcavam a pele alva da garota. A médica - ele supôs -, passou um pedaço de algodão que tinha um forte cheiro de álcool no antebraço dela. 

- Não é tão ruim quanto parece ser - Hermione falou ao notar o olhar de choque de Rony. - Pode ir embora quando quiser. Não precisa ver isso. 

Rony negou com a cabeça e avançou com sua cadeira. 

A mulher que observava o braço de Hermione tinha as sobrancelhas juntas e repetia o ato de passar o algodão com álcool. 

- Essa está difícil, Hermione. Não consigo ver sua veia. 

Permaneceram em silêncio e de repente a mulher sorriu. Com o polegar parado em cima de uma suposta veia - Rony não conseguia ver nada além das manchas roxas -, ela puxou uma espécie de seringa de sua maleta e injetou no local, fazendo sua paciente morder o lábio por conta da pressão da agulha. 

A mulher colocou uma fina fita para deixar o objeto parado no braço e retirou uma bolsa de soro da bolsa. Mas não era soro. Dentro, continha um estranho líquido cor de rosa e o colocou em um suporte perto do sofá. Os pais de Hermione e a médica saíram da sala e o ruivo não conseguia desviar seus olhos do líquido que pingava e passava por um longo tubo até a seringa no braço da morena. 

- E é isso - ela murmurou, batendo a mão livre no sofá. 

O garoto assentiu e travou as rodas de sua cadeira, erguendo o tronco e sentando ao lado da amiga. Mesmos depois de anos passando por aquela situação, Hermione ainda não se acostumara e vendo o desconforto dela, o ruivo jogou o braço para cima de seus ombros e a trouxe calmamente para mais perto, tendo cuidado com o braço imobilizado. 

Atraído pelo cheiro dos cabelos dela, sentiu alguns pingos de alguma coisa estranha lhe molharem a blusa. 

- Ei, não precisa chorar. 

Hermione fungou. 

- Não sou eu. É esse remédio que me deixa maluca e me faz chorar. 

Rony sorriu e subiu sua mão para fazer um carinho na cabeça dela. Pensou em algo que a fizesse se distrair. 

- Quem é ela? - apontou para a mesa da cozinha onde os adultos estavam. 

- É a Dra. Maria - ela respondeu. - Minha oncologista desde sempre. 

Nada mais foi dito. Sentindo apenas o baixo bater do coração da amiga, Rony ficou a olhar o líquido da quimioterapia ir acabando a medida que entrava para dentro do corpo de Hermione, pedindo a Deus que aquilo a curasse, notou que ela já dormia. 


Notas Finais


Satisfeitos? Essa veio mais rápido.
Pra quem acompanha minhas outras fics eu vou atualizá-las, não se preocupem:D
Malfeito Feito.


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