Seus olhos percorreram todo o cômodo em buscar do Salvatore, infelizmente, não havia o menor sinal dele, nem mesmo um bilhete ou mensagem de texto, nada. Sentou-se ainda dolorido, começou a refletir sobre as últimas horas. Jeremy jamais se arrependeria pelo que fez, ainda assim, era o pior irmão do mundo por isso.
Se permitiu chorar não apenas pela culpa, mas sim por ter a certeza de que a noite anterior não significava nada para Stefan, seria apenas mais um segredo para a pequena Mystic Falls, um segredo que permaneceria com ela por toda a eternidade.
O Gilbert adentrou o sanitário, e se observou no espelho, havia pequenas marcas em seu corpo, sobretudo em seu peito. E mesmo se sentindo mal pela irmã, não pode deixar de sorrir ao reviver suas memórias. Sua primeira vez com um homem não poderia ter sido melhor, foi tudo o que imaginou e ainda mais.
– Jeremy, vai querer uma carona? – ouviu Jenna.
– Sim! – gritou, desligando o chuveiro rapidamente.
Ouvia “Give Me Love” em seus fones e se esforçava para não chorar, e não apenas pela sua situação, afinal, Ed Sheeran tinha um grande efeito sobre seus sentimentos. O cantor era capaz de lhe fazer sofrer sem o menor motivo, e ele gostava disso.
– As vezes é legal sair do nosso mundinho e conversar com as pessoas. – diz Jenna arrancando um de seus fones.
– Não tenho nada para falar.
– Eu tenho. – começou animada. – Ontem, eu tive o melhor encontro da minha vida...
– Não teve muitos encontros, não é, tia Jenna? – riu sozinho.
– Saudade da Elena, ao menos ela me escuta. – o jovem se fechou.
– É, ela é perfeita. – disse visualizando a escola.
– Jeremy, não foi o que eu...
– Tá tudo bem, tia Jenna. – saiu do carro assim que o mesmo parou. – Tenha um bom dia. – disse seguindo em frente.
Não foi preciso mais que alguns passos para que pudesse avistar rostos conhecidos, os amigos da sua irmã estavam dispostos em frente, ou em cima de uma caminhonete, entre eles: Matt, Dana, Tyler e sua ex, Vicki.
Meses após o término com a sua irmã, Matt havia conhecido Dana Sulez, sua atual namorada, eles pareciam felizes, o que era o total oposto de Tyler e Vicki, a garota não esperou nem dois dias antes de ir atrás do Lockwood. Ela parecia querer esfregar seu novo relacionamento na cara de Jeremy, mas ele não podia se importar menos, Tyler não era o tipo de cara por quem você sente algo real.
A princípio, Jeremy pensou em ir cumprimenta-los, mas mudou de ideia assim que viu um carro vermelho estacionar, era Stefan, e ele não estava sozinho, Elena estava com ele, assim como Caroline e Bonnie.
Tornou a encaixar os fones no ouvido e seguiu como se não os tivesse visto, ainda assim, não conseguiu controlar as lágrimas que involuntariamente deixavam seus olhos. Não sabia o porquê estava chorando, nada fazia sentido para ele. Estava tonto e sentia o mundo desmoronando atrás de si, quando notou, havia adentrado o banheiro jogando-se na parede.
Lutou para controlar a respiração e as lágrimas que insistiam em cair, escutou o alto barulho do sinal, mas seu corpo não se moveu um músculo sequer. Estava triste demais para isso e tudo piorou quando Stefan surgiu em sua frente.
– Oi.
– O que você quer? – foi mais grosso do que gostaria.
– Nós precisamos conversar. – o Salvatore disse com um olhar angelical.
– Eu não vou contar a ninguém, ok? – caminhou para as torneiras lavando o próprio rosto. – Não se preocupe. – disse.
– Não é sobre isso. – Stefan o seguiu.
– Então o que é? – o Salvatore pensou em alguma resposta, mas nada lhe pareceu bom o suficiente, além de atacar os lábios do jovem que o afastou. – Não podemos fazer isso com a Elena. – afirmou.
– Eu sei, desculpa, mas eu preciso que você saiba que o que aconteceu ontem não foi insignificante para mim. – disse com as mãos em seu rosto. – E eu sei que não foi insignificante para você. – tocou seus lábios com o polegar.
Jeremy chorou mais uma vez, mas não de tristeza, ouvir tais palavras o fez se sentir melhor, num impulso quase beijou o homem em sua frente, mas decidiu apenas abraça-lo. Fez isso por poucos segundos até deixar o local sem olhar para trás.
Stefan soltou o ar em seus pulmões observando o jovem ir embora, sua cabeça permanecia confusa, estava em busca do melhor momento para terminar com Elena, não poderia viver as escondidas, esse não era ele. Ainda não sabia se Jeremy tinha interesse em começar um relacionamento com ele, sem dúvida seria mais difícil para o garoto, mas tudo o que podia fazer era tentar facilitar as coisas para ele.
– Stefan! – Carolina gritou do outro lado do corredor. – Não ouviu o sinal? –puxou-lhe pelo braço. – O professor Tanner está surtando. – a loira disse enquanto caminhavam.
Por um segundo, Stefan pensou em revelar seus segredos para Caroline. Podia até tê-la conhecido graças a Elena, mas o fato é que tiveram uma conexão mais forte do que com qualquer outro. Eram melhores amigos, e não tinha dúvida de que seriam para sempre.
Do outro lado da cidade, Jeremy abria a porta de casa, seguindo para seu quarto. Se preparava para a bronca de Jenna, mas não estava com cabeça para assistir aula, ou ver Elena pelos corredores, precisava de um tempo para saber como agir.
“Eu vou resolver tudo”, Stefan dizia na mensagem que acabara de receber.
Largou o telefone sobre a cama e caiu sobre ela.
Jeremy não acreditava que poderiam resolver algo, eles simplesmente não ficariam juntos, haviam começado da pior força possível, e jamais dariam certo. Em sua cabeça, planejou esquecer o Salvatore antes que qualquer sentimento crescesse. Se culpava por não ter feito isso desde o primeiro dia, sentia-se atraído por ele desde o primeiro “oi”, deveria te matado esses desejos assim que os notou, não cometeria esse erro novamente.
Escondido pelos muros da escola, Stefan se esforçava para se concentrar, mas seu cérebro insistia em criar as mais diversas situações. Era uma verdadeira tortura. Sabia que não era a vítima ali, ele estava em um relacionamento, ele havia traído a namorada, e se não fosse ruim o suficiente, havia feito isso com o irmão dela. Era um monstro, tinha certeza disso. Buscava uma forma de resolver tudo magoando o menor número de pessoas possível, mas não sabia se seria possível.
Evitou Elena o máximo que conseguiu, afinal, não poderia fingir que tudo estava bem. Seu relacionamento estava caindo aos pedaços, e felizmente, Caroline notou isso. Ela convenceu Elena a ir até a sua casa com uma desculpa qualquer, permitindo que Stefan pudesse resolver suas questões do qual ela não fazia ideia.
De certa forma, isso era o que mais amava em Caroline, a sua capacidade de sentir quando algo está errado. Continuava pensando em como revelar sua traição a ela, mas não era capaz de pensar em uma forma de fazer isso.
Em sua própria casa, Stefan mandou diversas mensagens pedindo para que Jeremy o encontrasse, todas lidas, nenhuma resposta. Torcia para que o garoto viesse ao seu encontro, não poderia ir a casa dos Gilbert, não tão cedo assim. E não com o risco de Jenna estar em casa.
Tentou distrair os pensamentos preparando o jantar, havia aprendido a cozinhar ainda muito novo, afinal, estava sozinho a maior parte dos dias. Seu tio Zach trabalhava muito para cuidar dele e do irmão, insistia em não usar um centavo da herança dos pais, por isso, acabou sendo muito ausente.
E seu irmão, Damon, se preocupava mais em ir a festas e curtir que cuidar de seu pequeno irmãozinho, como o chamava. Mas não reclamava, tinha uma ótima vida agora, seus maiores problemas eram aqueles que ele criava, por isso, era sua responsabilidade resolvê-los.
Acabara de desligar o fogo quando ouviu a campainha, automaticamente, um sorriso se formou em seu rosto. Não sabia explicar como, mas sentia o Gilbert do outro lado da porta, tinha total convicção de que era ele, e estava certo.
– Oi. – não conseguiu conter seu entusiasmo. – Entra. – pediu.
– Oi. – o garoto estava frio e distante.
Stefan o guiou para o sofá, onde se sentaram lado a lado.
– Então... – tentou falar, mas foi interrompido.
– Eu gosto de você. – Jeremy disse olhando em seus olhos. – Mas você namora a minha irmã, e mesmo que termine com ela ou algo assim, nunca seria certo existir algo entre nós. – tentou se manter firme.
– Então o certo seria ignorarmos o que sentimos? – questionou visivelmente melancólico, Jeremy refletia em silêncio. – Não vai ser fácil, ok? – segurou as mãos do garoto. – Mas eu estou disposto a tentar se você estiver. – encarou seus olhos e se permitiu esquecer tudo apenas tocando os lábios do jovem em um selinho.
– Okay.
Jeremy caminhava para casa num misto de emoções, planejava se afastar do Salvatore, mas acabou beijando-o. Não sabia o que pensar quanto a isso, mas não podia negar estar feliz por tê-lo. Estava disposto a lutar desde que ele estivesse ao seu lado.
Assim que abriu a porta, ouviu vozes vindas da sala. Tentou seguir para o quarto, mas teve a sua presença solicitada pela tia. Ela segurava algumas revistas e apontou uma para ele, eram alianças. Jeremy riu internamente, não esperava que Logan e sua tia estivessem tão bem ao ponto de se casarem, pensou em falar algo, mas sua fala se perdeu quando Elena surgiu.
– Ainda bem que você chegou, precisamos de uma opinião masculina. – sentia o gelar nas mãos, se esforçava para controlar a tremedeira. – Antes que pergunte, não é uma aliança de casamento, é mais como um anel de compromisso. – a garota falava animada. – Estamos meio afastados, mas daqui um mês e meio, nós fazemos um ano, quero que ele saiba que eu o amo, qual você acha que expressa esse sentimento? – apontou outra folha para o jovem que largou tudo e correu para seu quarto, o lugar mais seguro que poderia estar agora.
Sentou-se no chão e permitiu que as lágrimas caíssem, sentia sua respiração fechar, seu coração estava acelerado. Seu peito doía, não havia dúvida de que se tratava da dor da culpa. Sua dor era tenta que não podia falar, embora por dentro estivesse gritando.
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