História Amor Literário - Capítulo 13

A noite passa rápido e o dia chega depressa. Minha tão esperada folga semanal fixa. Ó, amada segunda. Acordo sozinho pouco depois das sete, hoje irei no cemitério visitar meus pais e depois ficarei atoa, talvez limpar algo e lavar algumas roupas. Levanto, tomo um banho e escovo os dentes. Visto uma roupa mais grossa, já que amanheceu frio e saio em direção ao cemitério.

Chegando lá, compro um bouquet de crisântemos amarelos e adentro os portões, fazendo o caminho que estou habituado. Paro no jazigo da família e deixo o bouquet novo no lugar do velho, que está ressecado e murcho. Passo a mão pelo granito frio e sento-me em cima dele.

— Bom dia mãe, pai... estou com saudade de vocês. Semana passada eu finalmente conheci o Olhos Verdes, e a propósito, o nome dele é Gabriel, nome do arcanjo mensageiro. Nós meio que estamos juntos... eu não o entendo direito, a irmã dele tem um problema no coração e acho que esse não é o único problema que ele tem. Mas tem sido bom comigo, eu gosto muito dele e ele parece gostar de mim... eu, eu queria que vocês pudessem conhecer ele. Acho que iriam gostar, ele gosta de esporte, pai, principalmente basquete. E é um exímio cozinheiro, mãe. — Fico um tempo sentindo as emoções, sentindo o vazio que deixaram em mim. Por fim, levanto pronto para ir embora. — Tchau mãe, tchau pai, estou com saudades, mas estou bem, não se preocupem comigo.

Não tenho muito o que fazer pelo resto do dia, ao menos, nada de importante. Mantenho-me em casa na esperança de que um certo ser de incríveis olhos verdes apareça por aqui. Também aproveito o tempo livre para ler um pouco sobre a doença da minha cunhada e assisto os últimos episódios das séries que acompanho.

O dia acaba sendo tão estagnado, que nem mesmo Dylan me visita hoje. Já estou pronto para dormir quando meu celular toca, avisando que chegou uma mensagem de texto.

[Gabriel]: Posso dormir aí?

[Will]: Claro.

O sono até me abandona quando vejo a mensagem, a promessa de uma noite gostosa nos braços quentes dele. Fico atento a todo barulho de moto e sou enganado algumas vezes antes de ser a dele.

Assim que o mesmo desmonta e tira o capacete, recebo um abraço apertado seu. Não entendo o porquê disso, mas retribuo sentindo um pouco de sua dor.

— O que houve? Está tudo bem com a sua irmã?

Ele mantém o silêncio até o final do abraço, depois se afasta e me dá um beijo leve. Sinto sua respiração pesada ao passo que deixa sua testa junto a minha.

— Ela está bem... não quero falar sobre isso, pode ser?

— Claro, vem. — O puxo para dentro de casa e fecho a porta, só então eu noto a mochila preta estufada em suas costas. — Quer tomar um banho? Comer algo?

— Sim, um banho. Já comi algo antes de vir.

— Tá, vai indo que eu levo uma toalha para você. Gabriel, eu estou preocupado, se eu puder fazer algo para ajudar, é só dizer.

— Você ajuda ao deixar eu ficar aqui com você.

Com essa pequena declaração, ele vai para o banho e eu buscar uma toalha para ele. Depois deixo no lado de fora do box e vou para o quarto, deitar. Não consigo dormir até ele chegar e se deitar atrás de mim, ele passa seus braços em torno de meu corpo e me puxa, deixando minhas costas colada em seu peito e sua cabeça no espaço do meu pescoço. Ficamos assim, em silêncio por algum tempo, até que sinto ele começar a chorar em silêncio, algumas lágrimas caindo e escorregando por meu pescoço, tento o acalmar desenhando círculos em sua mão com meu polegar.

— Desculpa. — Ouço ele sussurrar.

— Tudo bem, não se preocupe, estou aqui para isso. — Seguro sua mão e a levo até meus lábios, deposito um beijo nela e a aperto contra meu peito. — Vai ficar tudo bem, Olhos Verdes, vai ficar tudo bem. — Digo para o acalmar.

Seu choro continua por mais algum tempo, em momento algum ele deixa um som escapar. Só consigo dormir algumas horas depois, ainda preocupado com ele, que adormeceu há algum tempo.