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História Amor Literário - Capítulo 18


Escrita por: Vacuum

Notas do Autor


Não me matem por toda a demora, por favor.

Capítulo 18 - Capítulo 18


Os dias após a cena do pai de Gabriel passam leves e descontraídos, estamos cada vez mais próximos do outro, ainda assim, sinto que estou longe de estar realmente próximo a ele. Talvez seja apenas o jeito reservado dele, ou a apreensão de ser traído outra vez. Como se esse último fosse possível para mim.

Conhecê-lo e o ter para mim, foi a melhor coisa que já me aconteceu desde muito tempo, mais tempo do que posso me lembrar. Ele chegou preenchendo o espaço oco que meus pais deixaram após o acidente, não que ele tenha tomado o lugar deles no meu coração, pois isso nunca alguém fará.

Entretanto, ele faz minha vida mais saborosa só por estar nela, como um sorvete fica melhor ao adicionar a calda. Às vezes quando acordo e não o vejo ao meu lado na cama, sinto-me perdido e assustado, penso se tudo não foi apenas um sonho. Mas quando sinto seu cheiro no travesseiro e depois o encontro em algum canto da casa, não posso evitar o alívio, a felicidade, o calor e o sorriso que me escapa.

Mas hoje, depois de me deliciar com seu cheiro no travesseiro, depois de não o encontrar em nenhum cômodo da casa, penso em ligar em seu celular, mas ao voltar para nosso quarto, noto um bilhete na mesinha de cabeceira, o pego e vejo a letra artística dele (segundo ele, ela não é feia, é artística), leio o pedaço de papel.


Fui na casa dos meus pais

ver como minha irmã está e

se precisa de algo, mais

tarde estou de volta.

Desculpe não te levar para

o serviço, te vejo depois.

Obs.: Tem bolo no forno e 

suco na geladeira, não

vá sem comer.

       Bjos e até mais tarde.


Sorrio como se estivesse a ver ele e não um pedaço de papel rabiscado. Vou para o banheiro fazer minha higiene e em seguida como de seu bolo e bebo o suco que ele fez.

"Até parece que o de fora sou eu." Penso sorrindo e termino de engolir o bolo.

Saio da cozinha, mas não sem antes guardar as coisas, e vou para o banheiro. Tiro minha roupa e entro embaixo da torrente de água refrescante, em poucos minutos estou de banho tomado e vestido, pronto para pegar o metrô e ir para o serviço, e sem vontade alguma para encarar as dezenas de pessoas que vão espremidas comigo em um vagão qualquer.

Mesmo sem querer, faço o que tenho que fazer e após 45 minutos, estou chegando na biblioteca, mais de vinte minutos adiantado. Isso é obra de Gabriel, fazer eu acostumar a acordar cedo com suas técnicas secretas e super efetivas. Estou para transpassar o limite entre a rua e a biblioteca, as portas, quando uma mão delicada segura meu ombro e uma voz fina diz:

– Você é o garoto que o Gabriel está pegando.

Giro nos calcanhares para ver quem é e me deparo com a vadia destruidora de amizades, Jéssica a quenga.

– Jéssica... o que você quer? – Ela olha como se fosse óbvio.

– Obviamente o que sempre foi meu e você quis pegar, Gabriel. – Ela diz se aproximando de mim, tenho de olhar para baixo para poder encará-la olho-a-olho.

– Ele não é uma coisa para ser de alguém, e mesmo assim, depois de quase acabar com a amizade dele com o melhor amigo, não acho que vai conseguir tê-lo outra vez.

– Ah queridinho, você não faz ideia de como consigo ser convincente quando quero e já brigamos outras vezes, dessa não vai ser diferente, é só uma questão de tempo antes dele voltar para mim.

– Isso não vai acontecer, ele não é idiota para sequer pensar em fazer isso e além disso, nos amamos. – O modo dissimulado como ela fala, começa a me irritar e falo aumentando a voz, ela ri ao notar isso.

– Oh queridinho, não se sinta mal ao perder ele para mim, não é sua culpa se não pode satisfazer ele como eu faço. E se ele te ama como diz, então deve ter te contado que fui no jogo de domingo ver ele e que depois do jogo, nos beijamos...

– Vocês o que? – solto silvante, pronto para dar um soco no meio da cara depravada dela.

– Nos beijamos – ela fala lentamente – bem, eu o beijei, mas ele retribuiu e pode apostar que ele gostou.

– Você... Você está mentindo, ele não faria isso, não faria mesmo. – Digo, mas cenas passam por minha mente, principalmente como ele foi carinhoso comigo, fez o jantar e na segunda não saiu do meu lado ou sequer me deixou sair de casa, tudo começou a parecer suspeito, mas não daria esse gostinho para ela, principalmente se fosse verdade. Ele deveria ter me contado!

– Fofinho, você é só um pequeno veadinho que o lobo mau capturou, não se sinta mal, você é até bonitinho e parece inteligente, só não deu sorte com ele. – Ela sorri cheia de veneno, dá uma batidinha no meu braço com a mão e se vira, indo embora.


Mal consigo prestar atenção no serviço, faço tudo no automático e meu gerente chama minha atenção diversas vezes, quase nem noto Chris e suas tentativas frustradas de me seduzir, apenas por um instante penso em dar o troco em Gabriel ficando com ele, mas por não ter certeza de que Gabriel ficou com ela, não o faço. E de qualquer modo, não conseguiria ser baixo assim.

Bianca pergunta o que eu tenho, mas digo apenas que estou avoado, nada com o que se preocupar. Ela me olha do jeito não-acredito-nenhum-pouquinho-nisso, e deixa por isso mesmo. Até Christian depois de um tempo, pergunta se estou bem e se oferece para bater no Olhos Verdes caso ele tenha me machucado, dou risada disso e até brinco falando que ele seria devorado por Gabriel, que é maior e mais forte, ele diz que possível é verdade, mas que por mim tentaria mesmo assim. Meus olhos ardem com lágrimas e agradeço por não ter usado o garoto, não seria nada certo, por fim, falo que pensarei na oferta e fico um pouco mais leve após nossa conversa.

Meu turno acaba e Gabriel aparece para me pegar, a mochila com suas roupas do treino de basquete (ele tem um time e é o armador deles, seja lá o que isso for), e ele está suado do treino, penso se ele não estava com ela, mas não vejo nenhuma marca nele e não sinto cheiro de mulher. Ele me beija forte, o que normal faria minhas pernas vacilarem, porém, depois do balde de água fria jogado em mim pela Jéssica, não sinto nada e logo quebro o contato.

– Está tudo bem? – Suas sobrancelhas franzem quase se tornando uma. – Aconteceu algo, Will?

– Estou legal, como está a Ali?

– Se recuperando bem, ela disse que quer te ver, então passei seu número para ela, deve chegar uma mensagem logo logo.

Mordi a língua para não falar que a mensagem já chegou, embalada e entregue especialmente pela Jéssica, com muita boa vontade e uma dose de veneno.

– Ah, claro, podemos ir?

– Tem certeza que não aconteceu nada? Você está muito estranho.

– Eu sou estranho Olhos Verdes, isso nunca vai mudar. – Digo forçando um sorriso.

– Certo, então vamos. Segura bem firme em mim.

Monto atrás dele, deposito minhas mãos em sua cintura e o deixo pilotar para casa. Não consigo pensar em mais nada além do maldito beijo que talvez nem tenha existido.

Felizmente, ao chegarmos em casa, recebo uma ligação da Bianca e posso me safar de conversar com ele.

– Oi Bi.

– Will, oi. Está tudo bem? Sua voz está estranha-estranha.

– Não, estou com um problema e não sei o que fazer...

– Quer falar? – Fico alguns segundos quieto, pensando apenas na proposta dela. – Ou poderia falar com o Gabriel, sabe, seu namorado pode ajudar.

– Não, ele faz parte do problema... Eu-eu vou te contar – e assim começo a tagarelar para ela sobre o possível beijo.

– Sabe que você vai ter que perguntar para ele. – Ela sentencia por fim.

– É, eu sei... mas e se ele achar que não confio nele? E se for verdade? O que eu faço?

– Olha Will, verdade ou não, a dúvida está se mostrando pior do que a certeza, só vai saber o que fazer depois que falar com ele, talvez tenha sido apenas veneno da vagaba que perdeu ele. Então vá atrás dele, e pergunte de uma vez.

– Se eu ficar quebrado, você que vai juntar meus cacos, okay? – Brinco com ela.

– Okay, pode deixar que já estou com a cola preparada. Então, só liguei para te avisar que vai ter que me cobrir amanha, aparentemente eu vou pegar uma virose forte e nem de casa vou sair.

– Aposto que essa virose tem nome e é alta, mas tudo bem, cubro sim, valeu Bi.

– Ah Will, eu que agradeço, você não tem nem ideia do quanto. Depois falo para você, beijo que minha virose parece ter chegado.

Antes que eu a responda, a ligação é encerrada. E como se fosse a deixa, Gabriel me agarra por trás, viro para ele e noto o quão delicioso ele é, trajando apenas uma boxer verde escuro.

– Precisamos conversar. – Digo antes que não consiga mais resistir a ele.



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