História Amor livre - Por favor, não me deixe!

- Você matou sua mãe? - Emma balbuciou, em choque. 

- Não exatamente. Três dias depois saiu no jornal. Foi encontrado vestígios de sangue. De duas pessoas diferentes, mas nenhum corpo. Mais o menos dois meses depois disso, minha mãe me ligou. Disse que se eu não tivesse atirado nela, provavelmente ela teria me matado e a Kristin também. Vi que ela queria pedir desculpa com a ligação, mas não o fez. E depois simplesmente sumiu – Regina segurava as lágrimas, sentia muito remorso disso, mas não tinha como mudar o passado. E ela não sabia como agir na época, agora provavelmente, se fosse Emma com ela naquele barracão, ela teria ligado para a polícia – Emma, olha para mim, por favor.

- Você disse que o passado voltou. Como assim? – a loira tentava ir processando as informações na mesma velocidade em que ia recebendo, mas estava muito difícil.

- Ela apareceu na casa da Kristin. Disse que sabia que tinha sido ela que tinha colocado fogo no lugar. Quis chantageá-la. Kristin pediu um tempo para conseguir o dinheiro e me contou. Emma, eu sei que você deve estar pensando que eu sou um monstro, mas...

- Regina, para! – Emma quase grita ao ver o desespero da mulher à sua frente. Assim que Regina para de falar, Emma se vira e sai da sala, indo para seu quarto.

- Amor, não vai embora – Regina sussurra e cai em prantos no sofá. Emma logo volta com algo na mão. Pega a cerveja dela que estava na mesa e dá para a namorada com um remédio.

- Um calmante, você precisa – Emma diz ao ver o olhar interrogativo da professora.

- Você vai embora? Quer que eu te leve pra casa? – a morena pergunta, depois de virar a cerveja.

- Eu estou em casa – Emma da um pequeno sorriso – agora venha aqui – ela se senta ao lado da namorada e faz a mesma deitar a cabeça em seu colo – você já falou demais por uma noite, está nervosa. Descanse, depois nós falamos mais sobre isso. Apenas descanse – ela começa a fazer carinho nos cabelos da mais velha. Regina ainda chorava silenciosamente. Mas aos poucos o cansaço e o remédio venceram e ela se entregou ao sono – eu amo você – a loira sussurrou.

Quando Regina acordou no dia seguinte, estava sozinha na sala. Demorou alguns segundos para lembrar tudo o que tinha acontecido no dia anterior. Mas quando foi lembrando e se viu sozinha, o desespero bateu. Ela correu para a cozinha, nada. Banheiro, quarto, tudo vazio. O choro começou a querer descer novamente. Emma teria ido embora? Se arrependeu? Regina voltou para a sala e se jogou no sofá. Apoiando os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos, começou a chorar. Ela sempre se achou a pior pessoa do mundo pelo o que faz com a sua mãe. Não sabia como Emma iria reagir, mas esperava que a namorada a entendesse.

- Regina? – a voz loira ecoa pela sala – Regina, o que aconteceu? – a morena ao ouvir a voz de sua amada levantou e pulou em seu colo.

- Achei que tinha ido embora! – a morena sussurra, sem largar o pescoço de Emma.

- Ei! Calma! Eu só fui correr um pouco – ela diz acariciando os cabelos curtos e morenos da mulher à sua frente.

- Emma, eu sei que sou horrível, eu quase matei a minha mãe! Sei que não mereço que você na minha vida, mas por favor. Por favor, não me deixe. Eu preciso de você – Regina diz ao se separar do abraço. Emma se assustou com a cara de pânico que sua namorada estava, sua única reação foi puxa-la para outro abraço.

- Eu já te disse que estarei sempre com você. Você não planejou matar sua mãe, foi por defesa. E eu sei que você só não impediu a Kristin por que paralisou – ela acalmava o pranto da namorada – dois anos atrás Granny teve um infarto na minha frente, eu não consegui ligar para a emergência. Travei, sabia o que eu devia fazer mas meu corpo não respondia. Foi assim com você, não foi?

- Sim – foi a única coisa que Regina conseguiu responder.

- Você não é um monstro, Regina. E eu admiro você por ter me contado. Por ter seguido em frente – Emma a fez olhar em seus olhos – É claro que eu me assustei e fiquei apavorada, mas você entende que eu precisava de um tempo pra pensar, não é?

- Sim – fungava – eu entendo totalmente! Eu não acredito que eu pensei que você não seria madura suficiente para isso – a morena negava com a cabeça – pensando bem, nem eu sou madura para isso tudo.

- Amor, você estava sendo muito dura com você mesma. O que você fez não foi certo, mas é sim compreensível – Emma finalmente se afasta da namorada – agora venha, vamos tomar um banho. Você precisa de um banho para limpar a sua alma – calmamente as duas vão para o banheiro. Emma liga a banheira. Regina entra e a loira senta atrás da namorada.

- Eu te amo tanto, até dói – Regina diz. Emma a ensaboava com a esponja tranquilamente, parecia querer tirar toda a carga emocional que Regina estava segurando.

- Sei o que você quer dizer – Emma ri baixo – passo por isso diariamente – depois de alguns minutos em silêncios, onde elas conversavam apenas por gestos de carinho uma com a outra, o silencio foi quebrado – amor, porque sua mão voltou agora? Porque precisa de dinheiro? – a morena dá um longo suspiro.

- Eu não tenho nem ideia, Ems – ela vira um pouco a cabeça para olhar para a namorada – Kristin apenas me avisou que ela a procurou. Mas ela não entrou em contato comigo. Só que era obvio que se ela falasse algo para a Kristin, ela viria correndo me contar – outro longo suspiro – ela deve querer me ver morta. Mas sei que ela precisa mesmo de dinheiro, caso contrário, não teria vindo.

- E você pensou em procura-la? – Emma acariciava os ombros de sua namorada com sutileza, não queria que o assunto voltasse a estressa-la.

- Pensei, ela deu um número para a Kristin. Pediu para ela ligar assim que tivesse todo o dinheiro. Deu duas semanas – Regina dizia com a voz falhada – e se ela tentar me matar novamente?

- Se você for encontra-la, eu vou junto!

- Não Emma! Não posso deixar você ir! Olha tudo o que aconteceu com a Kristin! Não posso arriscar te perder – Regina se desesperou, embora não tenha demonstrado tanto quanto sentiu.

- E eu jamais deixaria você ir sozinha. Isso está fora de questão! Ou sou eu ou eu um segurança – Emma tenta quebrar um pouco o clima ruim – é sério, não deixarei você ir sozinha.

- Mi ángel, é perigoso.

- Eu sei os riscos e isso não me fez hesitar – a loira beija a nuca da professora – mas vamos ver isso com mais tempo. Eu acho que já estamos a muito tempo aqui. Estou ficando com fome. Quer fazer o almoço, pedir ou ir em um restaurante?

- O restaurante chinês entrega – Regina responde sorrindo, fazendo Emma sorrir também e concordar. Elas saem e se secam. Emma coloca um shorts de moletom e uma regata branca e Regina apenas pegou uma camiseta larga da namorada e ficou só com isso.

- Não estão transando no sofá, não é? – Zelena grita para ser ouvida ainda da porta de entrada.

- Estamos transando loucamente – Regina rebate, fazendo a irmã e Ruby sorrirem.

- Aí sim, hein patinha! – Ruby aparece gargalhando na sala com sua namorada ao lado – viemos almoçar com vocês.

- Íamos pedir comida chinesa agora, topam? – Emma responde.

- Macaco quer banana? – Zelena diz rindo, fazendo todas ao redor sorrirem – peçam pra gente, vamos subir trocar de roupa e já voltamos.

- Está bem – Regina diz já com a atendente no outro lado da linha.

- O que acham de passarmos à tarde maratonando alguma serie? – Ruby diz antes de ir para o quarto de Zelena.

- Leu meus pensamentos – Emma diz sorrindo e cariciando os cabelos negros da namorada que estava deitada em seu colo e como estava ocupada fazendo pedido apenas faz um “beleza” com a mão.

- Um dia perfeito – Zelena encerra, já puxando a namorada pela mão.