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História Lágrimas de São Pedro - Aconteceu na Bahia...


Escrita por: CandyVanD

Notas do Autor


Boa leitura! <3

Capítulo 7 - Aconteceu na Bahia...


Fanfic / Fanfiction Lágrimas de São Pedro - Aconteceu na Bahia...

As irmãs recepcionam a mãe com beijos e abraços apertados. Stela finge estar bem, não quer estragar o jantar de família.

Não demoram a sentar à mesa. Roberta serve os pais enquanto Dona Joana conta como foi passar os últimos dias em Ilhéus:

– Passeei bastante com a avó de vocês! Ainda tive tempo de ler um livro que comprei por lá.

– E desde quando a senhora se interessa por leitura? – a mais nova questiona rindo, acomodando-se na cadeira. – O que esta obra tem de tão especial?

– Conta a história de algumas das mulheres que trabalharam no Bataclan*. É muito interessante!

– Tu tá lendo coisa de quenga?! – o pai indaga acompanhando a risada das filhas.

– Tu me respeite, homem! – brada. – Achei interessante, ué. Principalmente porque tudo que tá ali aconteceu mesmo.

– Eu num guento com vocês! – Beta continua gargalhando cada vez mais alto. – Conta mais sobre o livro, mulher!

– É sobre Luíza Hernandez, descendente de família espanhola. Fugiu de casa para se livrar de um casamento arranjado, e outras torturas sofridas por imigrantes na época. Foi tirada das ruas pela dona do bordel. Conta a história dela e das outras raparigas. Também fala sobre quando ela se apaixonou por Christian, um homem de descendência inglesa. Só que esse homem era apaixonado por outra quenga, entendeu? E nossa, o fim da bichinha foi horrível! Ela morreu afogada, acusada de roubo!

– A Luíza?!

– Não! Quem morreu afogada foi a meretriz que o Christian era obcecado! O nome dela era Maria Clara.

[...]

Após o jantar, Stela recebe uma ligação do advogado dizendo que precisa urgentemente resolver toda a questão que envolve a herança de Victor. Marca de encontrá-lo na manhã seguinte.

Se joga na cama, acende outro cigarro. Observa à fumaça, lembra da história que sua mãe contara e os arrepios voltam. Enquanto o conto de Ilhéus saía dos lábios de Dona Joana, a morena entrou numa espécie de transe. Tenta puxar da memória de onde ouvira essa história.

Entre tragos e lágrimas, outra questão vem à tona: Por que Richard lhe atormenta tanto?!

Ouve alguém abrindo a porta, seguido disso, a voz de sua progenitora:

– Já mandei tu parar de ficar fumando no quarto! – brada, senta ao lado dela. – Quando vai conversar comigo sobre o que está acontecendo?

– Ainda não sei. – bufa. – Mãe, a senhora acredita em Espírito Obsessor?

– Acredito! Tenho certeza de que seu falecido marido te rodeia! Sente dores na nuca?

– Sim. – levanta, olha fixamente a mãe. – Acredita no Mundo Espiritual?

– Acredito. – ri. – Tive uma experiência com ele.

– E como foi?!

– Um pouco antes de ter meu primeiro filho, fiquei internada com pneumonia. Uma criatura de luz me visitou, disse que seria mãe de um menino, mas que ele ficaria comigo por pouco tempo, tinha que cumprir a missão dele. Três meses depois, engravidei. Um dia antes de o seu irmão morrer, ele me abraçou forte e agradeceu por ter acolhido ele durante sua estadia na Terra. Ele sabia que ia morrer. – abaixa à cabeça, algumas lágrimas rolam. – Deus escreve torto por linhas certas.

– O quê?! – ri, abraça a mãe. – Tenho certeza de que ele é muito grato por ter conhecido a senhora!

[...]

Richard levanta pontualmente às dez da manhã. A primeira coisa que faz é fumar. Dá tragos no cigarro, liga para filha, convida-a para almoçar. Precisa tirar a limpo essa história de que sua esposa tem uma irmã.

– Te busco às treze horas, querida!

– Tudo bem, pai. Vê se relaxa! Por que não vai dar uma volta? Sério, vai caminhar um pouco, aproveita o sol! Garanto que te fará muito bem.

– Farei isso durante o final de semana. – ri. – O que acha de irmos a São Pedro da Aldeia*?

– Vou ver como está à escala por aqui, minha colega só volta semana que vem.

[...]

Enquanto aguarda o ônibus para ir de encontro ao advogado, Stela sente náuseas. Teve uma noite tranquila após rezar com a mãe a irmã, mas não amanhecera tão bem. Questiona a si mesma se deve ficar com as coisas do ex-marido, se é correto administrá-las quando nem ao menos quis casar.

O veículo chega, causando certo alívio. Tem vontade de resolver tudo o mais rápido possível, agradece mentalmente por este homem tratar-se de um antigo colega de Victor, o mesmo sempre fora amável com ela.

[...]

A família Luz toma café da manhã ao som da rádio-novela Corações Invencíveis. Gritam, xingam, vibram a cada fala. No fim da mesma, o telefone toca insistentemente, Joana levanta, retira-se pra atender.

– O que acha que tua irmã vai resolver com aquele advogado? – Joaquim questiona, serve outra xícara de café.

– Eu não faço ideia! – bufa. – Os pais do Victor continuam perturbando?

– Não falo com eles desde a missa de sétimo dia. A última coisa que disseram é que estão dispostos a lutar pelos bens que o filho deixou.

– Por que fiquei com medo?

– Porque tu é besta! – ri. – Se aquiete, Solzinho! Mal nenhum adentra essa casa.

[...]

Com muita insistência de Rodrigo, Stela resolve aceitar a herança. Pensa que o dinheiro fará bem aos pais. Será ótimo ver Joaquim fechando a vendinha e cuidando do bar. Pode vender os carros, ou aprender a dirigir. No geral, tudo poderá possibilitar um conforto àqueles que tanto ama. O advogado garante que a família Alcântara não tem como recorrer, pois ela é a única herdeira. 

No fim da reunião, decide passear um pouco, quem sabe visitar os amigos na rádio. O sol está convidativo, como se lhe dissesse que tudo está prestes a mudar pra melhor. Contudo, existe algo que não podemos ver, tocar ou ouvir. A cada passo da morena, dois espíritos fazem sua segurança, impedindo Victor de se aproximar.

O vento é gentil com ela, as pessoas sorriem. As crianças brincam, fazem barulho. Um senhor sentado com seus amigos jogando baralho e ouvindo a Estação Paraíso soam como uma confirmação de que vá visitar Dani, Sr. Francisco e os demais.

[...]

Richard aguarda impacientemente por sua filha no escritório do Sr. Alencar. Ansioso, nunca soube desse parentesco de sua esposa com uma mulher chamada Luíza. Até onde sabe, Maria Clara era filha única. Bate os dedos na mesa, cantarola um pouco.

A porta de vidro abre, faz mudar completamente sua postura, levanta a fim de receber o dono da rádio. Contudo, o coração acelera ao ver Stela.

– Desculpe, não sabia que estava aí. – dá de ombros.

– Não! – brada. – Por favor, fique. Estou esperando...

– Não me interessa saber o que faz aqui! – responde no mesmo tom. – O que quer comigo? Por que transita pelos mesmos locais que eu?

– Eu não sabia que...

– Não quero ouvir!

Bate a porta de forma rude, corre, esbarra em Dani.

– O que houve?! – abraça a amiga. – Está pálida!

– Tenho medo dele! – esbraveja, começa a chorar. – Por que ele tem que me seguir?

– Ele?! – aperta-a, beija a cabeça dela. – Está falando de quem, Stelinha?

– Ninguém. – respira fundo, larga do abraço da amiga. – Foi uma péssima ideia ter vindo.

Dá de ombros, ignora os gritos da loira, caminha rapidamente até a saída.

[...]

No restaurante de comida japonesa, Richard conta sobre a carta, mostra-a, questiona a filha o que ela entende disso.

– Isso é uma Psicografia! – ri. – Mamãe não tinha irmãos. Luíza é um espírito que sempre escrevia pra ela.

Psicografia?! Por que sua mãe nunca me contou nada?!

– Você não acredita! – pega nas mãos dele. – Por favor, precisa relaxar! Olha pra mim, eu te amo! Vamos passar o final de semana na praia, ok? – beija-o na mão. – Sabe o que te faria bem? Um novo amor!

– Vou morrer sozinho! – gargalha.

[...]

Chegando em casa, Stela conversa com os pais. Conta de sua decisão e como pretende administrar os bens de Victor.

– Isso é ótimo, querida! – Joana sorri. – Estou muito orgulhosa de você!

– Obrigada, mamãe. – acompanha o sorriso. – Acha que ainda dá tempo de sermos felizes?

– É claro que sim! Deixa de ser besta! Vou preparar um café pra gente, o que acha? – levanta. – Lembrando que não pode achar nada! – vai em direção a pia, lava as mãos. – Aquela amiga da Betinha ligou.

– Nicole?

– Sim! Gosto muito dela! Ligou pra nos convidar a passar o fim de semana em São Pedro da Aldeia.

– E vocês vão?

– Vamos! – Joaquim esbraveja. – Você precisa distrair sua mente, Stelinha!

– Não gosto de praia. Tenho pavor de praia. Não vou.

– Vai sim! – gritam juntos.

[...]

Victor passa pela fachada da casa da família Luz, mas não consegue nem ao menos chegar à porta. Duas criaturas celestiais protegem a entrada. O senhor Alcântara não se conforma, grita quem o deixem entrar, nisto repara que um desses anjos é Luíza.

– Por que quer me deixar longe da Stela?

– Porque eu te amo, Christian!

[...]

Na calada da noite, o Dr. Siebra acaba adormecendo no carpete da sala. Ao adentrar o Mundo dos Sonhos, encontra Stela dançando num grande teatro.

Senta-se, admira-a. Ela desce do palco, caminha em direção a ele. Imediatamente levanta, à medida que a morena se aproxima, questiona-a:

– Por que tem tanto medo de mim?

– Porque te amo! 


Notas Finais


1*- Bataclan é um prostíbulo dos anos 20, localizado na Bahia. Ficou bastante conhecido pela obra Gabriela.
2*- São Pedro da Aldeia fica na famosa região dos lagos, RJ.


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