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  3. 23, fevereiro 2016

História A.m.o.r - 23, fevereiro 2016


Escrita por: KimMinRyong

Notas do Autor


oiiiii.

bom, eu nem sei se tem alguém lendo essa fanfic, mas foi o que eu disse, eu terminei ela todinha, então vou postar hehe. Eu decidi que vou postar dois caps por semana, um na segunda e outro na sexta. Então, se tiver alguém aí, aproveite kakakaka

ANTENÇÃO:

ESTE CAPÍTULO TEM CENAS QUE PODEM GERAR GATILHOS, COMO EU DISSE NA NOTA DO INÍCIO, O LINK DO CVV VAI ESTAR NAS NOTAS FINAIS.

Boa leitura ;u;

Capítulo 3 - 23, fevereiro 2016


Fanfic / Fanfiction A.m.o.r - 23, fevereiro 2016

 

Capítulo – Dois.

23, fevereiro 2016...

O sol já brilhava lá fora.

Acabei acordando um pouco atordoado, sem conseguir pensar muito em alguma coisa, não sabia as horas ou o dia, nossa, eu teria que ir para a aula? Era feriado? Ah! Eu ainda estou de férias. Arg, eu odeio tanto quando acordo sem saber o que fazer. Passei a mão no meu rosto e cocei os olhos, tudo bem, eu precisava levantar e encarar a vida.

Quer dizer, eu tentei me levantar, mas algo não deixou, eu me assustei e olhei para o que era. Jin está dormindo comigo, eu sorri, era ele e eu não podia fazer muita coisa. Estava tão calmo que me fazia pensar que não estava triste com a morte de seus pais, era como se nada tivesse acontecido e só dormimos juntos outra vez.

Tínhamos esse costume de dormir juntos e abraçados, bem daquela forma; com sua cabeça no meu peito, sua mão em minha barriga e pernas entrelaçadas. Era muito errado fingir que namorávamos quando isso acontecia?

Sempre que eu ficava desse jeitinho, fingia que estávamos juntos e que ele era meu namorado, isso acelerava meu coração de uma forma tão dolorida que me fazia duvidar se não estava doente. Talvez eu devesse ir atrás de um médico ou simplesmente me declarar, mas ambos estão fora de cogitação.

Todo o lado direito do meu corpo está dormente, mas eu não me importo. Me ajeitei na cama e o coloquei em meu braço, queria poder olhar seu rosto, então o fiz, logo depois ele se aninhou. Estávamos tão íntimos, coloquei minha mão em sua cintura e minha mão me traiu em um espasmo, só para que ele sentisse que tinha alguém ao seu lado, em resposta, ele aproximou seu rosto um pouco mais de meu pescoço.

 Por um segundo eu pude me iludir achando que ele estava acordado, que se aproximou por também estar fingindo namorar comigo, mas não, seu ressonar deixava claro isso. Passamos um tempo assim, abraçados e eu fazendo carinho em suas costas para que tivesse sonhos tranquilos, eu até já havia esquecido que estava preocupado com a escola ou com o horário.

Ainda tínhamos algumas semanas de férias de inverno antes do ano letivo começar, nossa escola tem uma classe mais alta, os pais do hyung tinham negócios com vários pais de colegas nossos. Todo mundo da escola já deve saber o que está acontecendo, se alguém tentar perturbar o Jin, vai ser um ano bem complicado para os meus pais e a diretoria. Eu sei que sou um tolo apaixonado, mas poxa, não importa se sinto algo além de amizade, antes mesmo dele ser qualquer coisa como: Crush, paixãozinha ou futuro namorado, ele era meu melhor amigo, isso ninguém podia mudar. 

Era isso que eu queria, que assim que ele acordasse não começasse a chorar do nada, mas tentasse lidar com tudo da melhor forma e comigo ao lado se possível. Eu queria ser uma estrutura para Seokjin, eu queria ser dele e para ele. Meu coração pode aguentar uma paixão não correspondida, mas não suportaria se me tratasse com algum tipo de indiferença e era por isso que meus sentimentos continuavam a sete chaves.

Estava olhando para o seu rosto, ele é tão bonito e eu sinto vontade de beijar ele.

Descansei minha mão na curva do seu rosto e acariciei seus lábios levemente entreabertos com meu dedo polegar

Olho para o hyung e penso em como pode ser tão perfeito, seu rosto, sua voz, seu jeito, ele... Isso é tão confuso, como e quando eu me apaixonei pelo meu melhor amigo? Claro que eu tinha que estragar tudo, é só nisso que eu sou bom.

 Não consigo conter um sorriso quando ele franze o nariz como se alguma poeirinha tivesse caído lá. Intensifico o carinho em seus lábios, o que o faz franzir ainda mais o nariz, acho que quase o acordei. Ele afunda o rosto em minha mão como se pedisse por mais carinho, como um gatinho manhoso, poderia jurar que, se continuasse assim, ele ronronava.

 Nossos rostos estão tão próximos...

Eu me inclinei para a frente, é eu ia beijar ele, mas parei. Penso se é certo roubar um beijo, acredito que quando alguém tem intimidade o suficiente para dormir na mesma cama que você é porque ela confia em você, ficamos tão vulneráveis dormindo, me aproveitar disso me faria um péssimo amigo.

 Abaixo um pouco a cabeça e suspiro frustrado. Não tenho coragem. Olho novamente para ele e quando estava a ponto de me afastar, ele se mexe, procura por meu abraço e acaba selando nossos lábios.

Eu não acho certo, eu ia me afastar, mas nesse impasse de devo ou não ficar ali, acabo demorando demais para me mover, ficamos ligados por um selinho demorado que estava me deixando tímido, me afastei com medo de ele acordar. O abracei mais uma vez. O senti se mexer e sair do abraço.

— Joonie, tá acordado há muito tempo? — Ele pergunta enquanto esfrega os olhos e eu nego com a cabeça dando um sorriso sem mostrar os dentes. — Você continuou deitado? Meu deus Namjoon... Como tá teu braço?

— Ainda tenho? Aigoo, você é muito pesado. — Disse e arranquei uma pequena risada de presente. — Só tá dormente, tudo bem. — Falei mais baixinho, ainda estávamos bem perto um do outro.

— Por que não me acordou? — Dei de ombros e ele riu, ele não entenderia meus motivos. Acho que ele se esqueceu do meu braço, porque se deitou nele outra vez.

— Com o que você tava sonhando? — perguntei olhando em seus olhos, ele sorriu.

— Eu não lembro.

— Tá bem... — Ele também olha em meus olhos e ficamos assim por enquanto, só até o sorriso dele sumir e os olhos começarem a ficar mais brilhosos. Sorri sôfrego e assim que pisca, as lágrimas que se acumularam escorrem por seu rosto.

— O que eu vou fazer? — Falou tão baixo que se eu não estivesse perto, não escutaria. — Eu dependia deles... A escola...

— Sabe que isso é o de menos. — Tentei enxugar suas lágrimas e ele fungou.

— Eu sou menor de idade, provavelmente vou ser mandado para morar com os meus tios. — Respirou fundo.

— Você vai ter que ser forte...

— Eu... Eu... — Ele suspira e mais lágrimas caem de seus olhos. — Eu quero muito ser... Espero que entenda se eu não conseguir.

— Não posso dizer que te entendo. Só quem passou por isso tem o direito de dizer que te entende, mas eu quero te ajudar, quero muito. — Ele voltou a me olhar e mordeu o lábio tentando segurar o choro. — Eu odeio te ver chorar.

— É difícil segurar. — Soluçou alto e eu o abracei.

— Eu não pedi para você segurar.

Eu fico feliz de saber que o Hyung teve um momento de paz nesse dia, porque depois da hora do almoço as coisas começaram a ficar bem ruins.

Por ele ser o filho, teve o papel de ficar ao lado das cinzas de seus pais durante todo o velório. Ele teve que cumprimentar todos os amigos dos pais dele e ouvir mil vezes as mesmas frases de pêsames. Ele não podia chorar e nem falar a verdade de como estava se sentido quando perguntavam se estava bem e isso já foi complicado o suficiente.

As coisas só pioraram quando a assistente social chegou com a notícia que agora ele teria que conviver com seus tios maternos, eu não sabia muito sobre eles, os vi poucas vezes na casa do Jin, mas eu lembro que eles tinham um filho e o expulsaram quando ele engravidou a namorada, o Hyung me contou essa história, mas não entrou em detalhes.

O problema maior é que esse fato grita bem alto a palavra: conservadores! Se o Jin estava com medo de sair do armário antes, agora mesmo ele deve estar conhecendo o Aslan.

No fim do velório, os tios dele ofereceram a casa deles para que Jin passasse a noite, mas ele recusou, disse que tinha coisas que queria fazer em casa, então eu me ofereci para passar a noite com ele e por mais que tivesse negado, eu o convenci de que não iria o deixar só.

Fomos juntos para a casa dele na minha moto — o que de cara já fez com que os seus tios me olhassem como se eu fosse algum marginal, quando na verdade eu só ainda não tenho idade para dirigir carros. — e o ajudei a arrumar algumas coisas que ele levaria para a casa dos tios.

Ele não falou nada durante a noite inteira, eu tentei, mas ele só sorria fraco e concordava ou negava com a cabeça. Quando eu finalmente ouvi a voz dele, foi para me pedir comida e isso me animou, eu disse que ia comprar algumas coisas que eu sei que ele gosta e eu fui bem rápido para voltar logo.

 Eu voltei e fui para a cozinha deixar as poucas compras que fiz, estava animado para começar a cozinhar que até já deixei separado as panelas que eu vou usar, não sou tão bom cozinhando como o Jin hyung, mas eu sei fazer algumas coisas e eu espero que isso ajude um pouco.

— Certo... — Bati palma e entrelacei meus dedos. — Vou chamar ele. — Respirei fundo e fui em direção ao seu quarto no fim do corredor, mas estranhei quando não o encontrei lá.

— Jin? – Chamei, mas não tive resposta. — Hyung? — Chamei mais alto na direção do corredor, mas nada.

Olhei para a porta do banheiro e ela estava fechada. Bati duas vezes com os nós dos dedos.

— Hyung, você está aí?

Nada.

Tento abrir a porta, mas está trancada e ela só tranca por dentro.

— Jinnie, só me res... — Parei de falar quando pisei em algo estranho. Uma poça d’água. — Hyung.. .— Bati mais forte na porta, mas ele não respondeu. — Jin! — Forcei a maçaneta, mas nada!

— JIN! — Começo a me desesperar! Ele não tá respondendo! — JIN, HYUNG! ME RESPONDE POR FAVOR!

Já sem controle, eu chutei a porta várias vezes até conseguir abrir e que se foda como ficaria depois.

Ela abriu de forma barulhenta e consegui entrar. A água vinha da torneira aberta, enchia a pia e transbordava pelo chão do banheiro, o chão que também estava sujo de sangue.

Meu corpo todo gelou na hora e minhas pernas tremeram. Vejo Jin a ponto de desmaiar deitado dentro da banheira vazia.

— Não... Hyung...

Corri até ele e peguei em seu corpo, procurando por onde saía o sangue. Seus pulsos estavam cortados, eu queria fazer algo! Mas o medo de o machucar ainda mais era maior! Era um desastre, eu não conseguia parar de chorar e me sujar de sangue!

— Não... Joon, não. — Ele pedia fraquinho, tentando me impedir e puxando os braços. — Não faz nada, por favor... — Começou a chorar. — Não chora, desculpa, desculpa. — Segurou o meu rosto, me sujando mais.

— Não... Não fala!

Tentei o tirar da banheira e o carregar, mas eu não tinha força o suficiente. A campainha começou a tocar e isso estava me deixando louco. Poderiam ser os seus tios, ou quem sabe até mesmo um vizinho! Seja quem for poderia me ajudar!

— Eu já volto, hyung. Aguenta firme por favor! — Beijei sua testa e corri para a porta.

Quando eu a abri, me assustei, era a polícia. O Policial se assustou com o meu estado e o sangue nas minhas roupas e puxou a arma para apontar para mim, eu apenas levantei as mãos chorando para ele ver que eu não tinha nada.

— SE EXPLIQUE AGORA!

— Senhor, o meu amigo! Ele tentou se matar! Eu, eu não sei o que fazer! Me ajuda por favor! — Ele e o seu parceiro se olharam e ele o mandou entrar enquanto ficava de olho em mim, eu só conseguia chorar.

— Onde ele está?

— No quarto do fim do corredor, no banheiro!

Ele foi e o outro não me deixou ir junto. Ficamos na sala, eu chorando e o policial me olhando com desconfiança. Quando o outro gritou dizendo que era verdade e que precisava de ajuda, ele me deixou ir para ajudar.

Carregamos o Hyung até a viatura e eu entrei com ele, o segurando enquanto o guarda cortava o trânsito com a sirene ligada para que dessem espaço. O hyung estava desmaiado nos meus braços e eu estava sem ar, não conseguia respirar.

Toquei no seu rosto mais pálido que o normal e eu chorei mais quando quase não sentia mais sua respiração.

Quando chegamos ao hospital, eu entrei com Jin e o outro policial, comecei a gritar por ajuda, não demorou para várias enfermeiras e médicos correrem até mim com uma maca e pranchetas. Colocamos o hyung deitado. Eu os acompanhei arrastando a maca, mas quando estávamos para entrar na UTI, uma enfermeira me segurou e não me deixou passar.

— Desculpe Rapaz... — Ela diz de forma acolhedora tentando me acalmar. — Você não pode passar.

— Mas ele... Eu preciso... Ele precisa... — Tentei, mas não consegui formular nada!

— Ele está em boas mãos, eu prometo! — Olhei para ela e concordei com a cabeça, ainda assustado. — Eu preciso fazer algumas perguntas, você o conhece bem?

— Sim... Sim! — Eu voltei a chorar. — É claro que sim! Ele é o meu mundo!

Talvez eu me arrependa em algum momento por ter chorando na frente de uma enfermeira e meia dúzia de pacientes bem na recepção do hospital, mas eu estava com tanto medo e tanta culpa!

Eu respondi as perguntas que fizeram como se fosse uma prova da escola, principalmente nas partes das alergias, eu queria que fizessem o possível para cuidar bem do meu hyung. Fiquei de comunicar os tios dele e ficar de acompanhante até que eles chegassem, eu não podia fazer muitas coisas, ainda sou menor de idade.

Eu estava completamente sujo de sangue, então liguei para meu amigo Jimin, pedi para que passasse na minha casa e pegasse uma camisa limpa para mim. Fui até o banheiro e me pus na frente do espelho. Olhava meu reflexo e sentia certa repulsa. Eu merecia estar daquele jeito, eu não deveria ter deixado!

Cada segundo que passei olhando para as manchas de sangue no meu rosto, me fez lembrar mais ainda do que eu vi, eu nunca imaginei que veria alguém que amo nessa situação e agora que aconteceu, não consigo esquecer!

Liguei a torneira e comecei a tirar o sangue das minhas mãos, eu não quero mais pensar nisso, mas a água vermelha que vejo descer pelo ralo me deixa ainda mais desesperado! Depois que minhas mãos estavam limpas, comecei a limpar meu rosto. Passo sabão em minhas bochechas e logo em seguida enxaguo tirando qualquer vestígio de sangue.

Depois de secar meu rosto eu decidi sair do banheiro, passei pelo corredor cheio de gente e respirei fundo. Os tios do Jin estavam para chegar e os meus pais não paravam de me ligar, mas antes que eu pudesse atender eu encontrei Jimin e Jungkook perdidos na recepção, tentando ter alguma informação de uma enfermeira.

— Hyung! — Jungkook fala mais alto quando me vê e corre para me abraçar. Depois de um aperto muito bom ele olha para as minhas roupas e funga, não tinha percebido que estava chorando. — Olha só pra você...

— Isso é culpa minha... — Acabei desabafando e ele se assustou.

— Que papo é esse, Namjoon? Ficou maluco? — Jimin perguntou e tocou no meu ombro.

— Eu deixei ele sozinho em casa sabendo que ele estava mal!

— O Jin não é uma criança, ele sabia muito bem o que estava fazendo e os riscos em que ele se colocaria. — Jungkook falou.

— Ele não tem culpa, ele estava com medo!

— Se ele sentiu vontade de fazer algo, não é culpa sua! — Jimin brigou. — Ninguém sabe o que se passou pela cabeça dele.

— Namjoon, você não sabia o que ele estava querendo fazer, ele não comentou isso, você não prevê o futuro! — Eu ri irônico, Jungkook conseguiu me colocar no lugar do Jin, na conversa que tivemos ontem de noite.

— Talvez eu devesse... — Talvez eu entenda o seu lado agora.

— A única coisa que qualquer um de nós devemos fazer é proteger ele!

— De que? — Pergunto sem paciência.

— Dele mesmo. — Jungkook conclui e Jimin concorda com a cabeça.

— Eu... Só estou com medo... — Suspirei segurando a vontade de chorar. — Vocês sabem o que eu sinto.

— Kim Seokjin! — Uma voz masculina atrapalhou nossa conversa. O médico segurava uma prancheta branca na porta da UTI procurando por quem estava com ele.

— Sim! — Disse quase aos berros e nos aproximamos do médico. —Nós estamos com ele!

— Doutor, ele vai ficar bem? — Jimin perguntou e o médico nos olhou surpreso.

— É... Vocês são os responsáveis dele?

— Somos amigos dele... — Jungkook respondeu já começando a se irritar, ele não tinha muita paciência. — Algum problema?

— Eu só preciso falar com os responsáveis dele.

— Mas por quê? Aconteceu alguma coisa com ele? Ele está bem? — Jimin perguntou assustado e acabou me assustando também.

— Sim! — O médico disse mais afetuoso, querendo nos acalmar. — Ele vai ficar bem, eu só preciso falar com os responsáveis dele, ele ainda é menor de idade.

— Doutor, os responsáveis dele estão resolvendo algumas coisas, me pediram para avisar.

— Mas eles virão? — Concordei com a cabeça e ele respirou fundo, eu realmente não gosto de ser um adolescente. — Certo... Bom, vocês não precisam se preocupar, ele está bem agora.

— Eu... Posso vê-lo?

— Ele está na UTI agora e para permitir a entrada...

— Eu teria que ter 18 anos. — Completei.

— Sim, é isso mesmo. Então não. — Concordo com um sorriso triste. —, mas ele terá que ficar internado por alguns dias, então terá que ir para um apartamento, nesse caso você poderá até dormir com ele.

— Ele não pode sair hoje? — Jimin disse preocupado.

— Ele ainda não acordou. E não sabemos bem quando vai acordar, inclusive peço que avise para os pais dele. — Nós nos olhamos e isso se tornou pior do que eu imaginei. — Algo errado?

— É que... Ontem os pais do Jin morreram. Os responsáveis dele são os tios e eles estão terminando algumas burocracias do velório, que foi hoje de tarde.

— Isso... Bom, isso explica muitas coisas.

— Pois é... Estamos aqui por causa disso!

— Jungkook! — Jimin o repreendeu e Jungkook revirou os olhos.

— Desculpe. — Ele murmurou e o médico riu um pouco sem graça. — Nós só queremos saber como o nosso amigo está.

— Eu entendo..., mas eu não posso ir contra a conduta e...

— Doutor, por favor. Ele é o meu melhor amigo. — Pedi o mais sincero que pude e o homem de jaleco branco suspirou.

— Tudo bem, mas tem que me prometer que vai avisar aos tios dele. — Concordei várias vezes com a cabeça. — A situação dele é séria. Nós chegamos a perdê-lo e tivemos que fazer uma reanimação para que o coração dele voltasse a bater. Ele perdeu muito sangue e teve muita sorte. Acredito que se tivesse demorado mais um minuto, poderia ser tarde demais.

— Que merda... — Eu sussurrei e Jimin me abraçou de lado, eu já estava voltando a chorar.

— Nós tínhamos sangue o suficiente para salvá-lo. — Olhou na ficha e sorriu. — Você fez um ótimo trabalho nos dando as informações, se não fosse por você, talvez seu amigo não resistisse.

Jimin me apertou mais, isso não me ajudou a parar de chorar, era uma sensação de dever cumprido, mas o medo ainda estava me deixando com muita vontade de chorar.

— Ele não é independente financeiramente e ainda está em uma situação de risco, talvez passe alguns dias desacordado... É um assunto para conversar com os tios.

— Acredite, nós somos os mais interessados. — Jungkook murmurou outra vez e Jimin lhe beliscou.

— Com a situação, eu não duvido, mas precisaríamos do consentimento dos responsáveis dele mesmo assim.

— Eu... Posso ligar para eles e resolver de uma vez. — Eu disse.

— Tudo bem, mas se você quiser estar com ele quando acordar, seja rápido. Não podemos liberar sua entrada até que eles estejam aqui.

— Eu vou ligar agora. — Ele concordou e saiu de perto.

Que grande merda! Eu acabei um dia ruim pior do que antes! Eu realmente nunca odiei tanto ser menor de idade em toda a minha vida! Absolutamente tudo o que eu faço ou preciso fazer se torna impossível por culpa da minha pouca idade e isso me frustra.

— Toma, hyung. — Jimin chamou minha atenção e me estendeu a mão com a camisa que eu pedi. — Vai trocar de roupa, a gente vai ficar aqui com você.

— Obrigado meninos. — Peguei e suspirei. —, mas vocês têm certeza? Eu não sei quanto tempo vamos ficar aqui.

— Não tem importância, os meus pais estão fora da cidade então sem hora pra voltar. — Eu ri.

— E você Jungkook?

— Eu sou um cara mal. — Deu de ombros.

— Um cara mal de verdade não sai por aí se gabando disso. — Jimin alfinetou.

— Eu não falei com você!

— Gente... – Os interrompi. — Eu realmente amo as brigas de vocês, mas não hoje, tá? — Eles se olharam hesitantes.

— Tudo bem, vai. Desculpa. — Jungkook respondeu.

— Como você veio?

— Com alguns policiais.

— O que? Como assim?

— Alguns vizinhos me ouviram arrombando a porta do banheiro e chamaram a polícia. — Arg, que cena grotesca! — Eu não conseguia trazer o hyung sozinho, eles me ajudaram depois que eu expliquei a situação. Como se eu já não estivesse assustado o suficiente, ainda tive uma arma apontada para mim.

— Que droga!

— Você quer que a gente busque a sua moto? — Jungkook perguntou.

— Vocês podem? — Tirei minhas chaves do meu bolso.

— Sim! Nós viemos na moto do Jungkook, podemos ir até a casa do Jin e eu dirijo a sua.

— Vocês dois, em uma moto e ela não, tipo: bateu em algum poste? — Brinquei um pouco e eles riram. — Aliás, o que o gato e o rato estavam fazendo juntos?

— Jimin foi me ver correr. — Puta merda...

— Jungkook! Essa porra é ilegal!

— Certo, mãe! — Falou mais alto e puxou a chave da minha mão. —Vem rato, vamos buscar a moto.

— Eu não sou o rato, você que é!

— Isso mesmo, se ilude.

Foram falando enquanto iam em direção a saída. Eu ri, Jungkook e Jimin adoravam se alfinetar o tempo todo por serem de mundos bem diferentes. Jimin é filho do diretor da nossa escola e Jungkook é bolsista, mas eles sempre dão um jeito de se entender no fim das contas e nunca passam de certos limites, mas devo admitir que eles são bem criativos quando querem. Ter os dois aqui nesse tempo vai ser um pouco menos ruim.

Tinha que trocar de roupa. Voltei para o banheiro e vesti a camisa que Jimin trouxe para mim, não me importei de jogar a que estava suja de sangue fora, eu não quero esse tipo de lembrança comigo. Não demorei muito lá, saí para ligar para os tios do Jin mais uma vez.

Não tenho certeza se era algum tipo de desculpa muito mal contada, mas eles disseram que ainda estavam enrolados com o velório e a assistente social iria ligar para o hospital e resolver tudo, isso é: se eu e os meninos não ficássemos com ele, Jin passaria a noite sozinho.

Grande bosta de tios.

Eu sabia que isso seria um pesadelo! Bom... Pelo menos até o hyung completar a maioridade. Seria o pior ano da vida dele e nem precisava ser íntimo para saber disso.

Jungkook e Jimin ainda não haviam voltado e eu não queria entrar sem eles, então aproveitei que ainda tinha um tempinho e liguei para os meus pais, acho que nem preciso dizer que os dois se desesperam. Os meus pais são muito apegados ao Jin, eles me encheram de perguntas e agora tem mais duas pessoas odiando os tios dele, o que não é muito difícil de acontecer.

Como eu já esperava, eles me apoiaram em continuar com ele e meu pai se ofereceu para me trazer mais algumas roupas mais tarde, eu aceitei e chorei bastante com essa ligação, eu só queria que tudo ficasse bem. Os meninos chegaram um pouco antes de eu desligar e nós entramos juntos.

O médico que nos atendeu estava nos esperando, a assistente já havia ligado e os tios permitiram que tivéssemos acesso, eu fiquei responsável por passar para eles tudo o que acontecia. Era obvio que eles não tinham intensão de aparecer tão cedo para ver o Jin e isso me deixava mais irritado!

Uma hora depois transferiram Jin para o apartamento. Nesse meio tempo o meu pai trouxe as minhas roupas e eu e os meninos ficamos esperando a liberação, até que finalmente nos deixaram entrar.

Mas eu não estava preparado para isso e percebi da pior forma.

No momento que entrei, meu coração partiu. Ele e os lençóis eram quase que apenas um. Ele estava tão branco, tão fraco... Respirava por ajuda de aparelhos. Seus pulsos estavam com grandes curativos envoltos de grossas ataduras cor beges, seus lábios estavam roxos e a roupa hospitalar deixava aparente as marcas do desfibrilador.

Todo o clima alegre que irradiasse de Seokjin estava inexistente. Toda a magia, toda a vontade de voar e tocar o céu que ele possuía e, de certa forma, compartilhava com qualquer um a sua volta, não existia mais. Ele poderia estar vivo, mas de que consolo isso servia se vimos que ele não estava feliz e nem conseguia aguentar sem tentar coisas extremas?

Jimin segurou meus ombros e me guiou até a cama. Me sentei na poltrona do lado e peguei na mão dele, ele está tão frio, é como se estivesse morto, se seu abdômen não subisse e descesse conforme sua respiração eu poderia jurar que ele não estava vivo.

— Hyung... — Jimin sussurrou, mas sei que não foi pra mim.

— A gente vai cuidar de você, Hyung... — Eu falei sério e senti a mão de um dos dois em meu ombro, me dando forças. — Eu prometo.

 


Notas Finais


https://www.cvv.org.br/

Até segunda.
bjs da Kim ;u;


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