História A.m.o.r - 10, abril 2019

Capítulo – Dezenove.

10, abril 2019...

Eu juro que nunca foi tão difícil cumprir uma promessa na vida!

Hoseok ia completar dois meses de nascido e eu estou acompanhando cada dia da vida dele e da melhora da minha mãe. Eu vou para a faculdade de manhã cedo, almoço com o meu grupo de estudos para fazer o nosso trabalho do semestre, passo a tarde em casa cuidado do Hoseok e da minha mãe, limpo a casa para eles, volto para o apartamento quando o meu pai chega do trabalho, tomo banho, janto e tudo o que quero fazer é cair no sono, mas não consigo.

Quando chego em casa, ainda tenho que procurar mais vagas de trabalho para um aspirante a jornalista e dar atenção ao Mark mesmo que ele não exija isso. Nem me lembro a última vez que nos vimos pessoalmente ou tivemos uma conversa mais longa do que “oi, como foi o seu dia?” “Cansativo, preciso dormir mais” “ah, então vá descansar”.

Hoje o meu pai saiu mais cedo do trabalho para que eu pudesse descansar um pouco, mas quando ele chegou tivemos uma briga feia sobre essa história de psicóloga. A médica deu um cartão para ele também pensando no caso de eu jogar o meu fora – o que aconteceu no mesmo dia que recebi – e agora ele diz que eu preciso disso mais do que nunca.

Só que eu não preciso de uma psicóloga!

Eu cheguei com tanta raiva em casa que acabei batendo a porta. Eu me joguei no sofá da sala e apoiei a minha cabeça no encosto, respirando fundo o ar do único lugar que eu posso pensar e explodir se eu quiser. Quando eu abri os olhos, vi Taehyung saindo da cozinha com uma xícara branca com a frase “o livro era melhor” que eu dei para ele de presente ano passado.

- Quer conversar? – Se sentou do meu lado sem nem esperar a resposta, acho que ele sabe que a resposta é sempre sim.

- O meu pai voltou com a história de que eu preciso de uma psicóloga, isso não é ridículo? – Ele me olhou surpreso e colocou a xicara em cima da mesa de centro.

- Não é ridículo, estou supresso por você pensar assim, ficou tão feliz quando o Jin-hyung começou a ter consultas.

- O Jin tentou se matar, Taehyung! Os pais dele morreram! É claro que ele precisava!

- Bom, você quase perdeu a sua mãe, agora você não é mais filho único e está começando um relacionamento pela primeira vez desde que o seu primeiro namorado, e melhor amigo, se matou.

- E daí? – Taehyung riu. – Todo mundo tem problemas.

- Isso não são problemas Namjoon, são fatos! Fatos que você precisa tentar lidar.

- É exatamente isso que eu estou fazendo nos últimos dois anos, Taehyung, lidando com isso!

- Tá, mas em nenhum momento você pensou que estava acumulando sentimentos demais? – Eu fiquei calado.

Ele não leu as cartas que eu escrevi para o Jin, mas sabia que eu estava acumulando sentimentos esse tempo todo, eu sou alguém tão fácil de ser lido assim? Eu olhei para outro lugar e só ouvi o suspiro que ele deu antes de pegar a xicara e dar um gole grande.

- Não tem problema nenhum em acumular sentimentos.

- Como foi que você disse? Todo mundo tem problemas? – Debochou.

- Taehyung eu não sou um doente.

- É claro que não, só está confuso e cheio de sentimentos acumulados, também está sendo bem desrespeitoso com quem precisa de acompanhamentos psicológico.

- Ah, merda... Essa não é a minha intenção.

- Nunca disse que era, é só que para mim você era tão maduro, não entendo o que está acontecendo.

- Eu sou um adulto, Taehyung, eu estou indo atrás da minha vida e tentando fazer dar certo, é claro que sou maduro!

- Isso não é maturidade, Namjoon. Ser maduro é quando você sabe que o mundo é cheio de coisas nas quais você não sabe, mas ainda assim está disposto a aprender. O que você na verdade está fazendo é se fechando e não deixando que ninguém te ajude.

- Eu não sei... – Respirei fundo. – Eu não sei se devo.

- Bom, já é alguma coisa. Para alguém que tinha certeza de que não precisava, uma dúvida é um grande passo.

Eu ri sem graça e olhei para ele, ele tinha que fazer pose como sempre fazia quando sabia que estava certo. Ele tomou um gole grande de seja lá o que ele esteja bebendo e fingiu jogar um cabelo comprido para trás. Bem tal como ele faz quando acha que está certo.

- Como a sua mãe está? – Respirei fundo.

- Melhorando, finalmente. Ela já pode interagir mais com o Hoseok além de amamentar e hoje ele descobriu as mãos enquanto estava com ela. – Nós rimos.

- Deve ter sido muito fofo.

- Foi, ele olhava para a mão e ficava tipo “ora ora, o que temos aqui?” – Taehyung riu alto. – Eu gosto de ir cuidar deles, só é muito cansativo ficar indo e vindo e o meu pai ainda resolve ter uma conversa dessas.

- Você não acha melhor voltar a morar lá? Por um tempo?

- Está tentando se livrar de mim?

- É pagar aluguel sozinho? Claro que não!

- Sua cobra!

- É só que... – Divagou um pouco. – Não é legal te ver tão cansado assim.

- Eu entendo, mas não. Aqui é o único lugar que eu ainda posso fugir de tudo. – Ele sorriu sem mostrar os lábios. – Você tem razão quando diz que eu tenho que relaxar. – Eu me levantei. – Já estava pensando em fazer isso.

- Aonde você vai? – Perguntou quando me viu pegando as chaves do carro.

- Vou sair para beber, ouvir uma música ao vivo... Relaxar. Quer vir comigo?

- Eu adoraria, mas não posso. Amanhã de manhã tenho que entregar um trabalho na faculdade e ainda não terminei. – Concordei com a cabeça. – Mas não vá sozinho, chama o Mark.

- Ah... Eu acho melhor não. – Sorri sem graça e me virei para pegar a minha jaqueta de frio. Taehyung me olhou desconfiado.

- Kim Namjoon, que porra você está me escondendo?

- Não vou demorar, prometo.

Saí antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa.

Ultimamente eu tenho aprendido muito sobre mim mesmo, uma das coisas que aprendi é que sou péssimo cumprindo promessas. Quando eu saí de casa realmente esperava voltar mais cedo, mas o que eu poderia querer de uma quarta-feira a noite? Os bares não estavam tão lotados e no que eu fui quase não dava para ouvir o jogo de futebol americano que colocaram na televisão, a música ao vivo estava mais alta e muito mais gostosa de ouvir.

Eu fiz amizade com o barman quando já estava na quinta garrafa de cerveja, ele viu que eu não estava esperando por ninguém e veio conversar comigo para saber se eu estava bem. Nós pegamos intimidade bem rápido, foi como eu falei, não tinha quase ninguém no bar, se fosse fim de semana e eu estivesse com os meus amigos eu provavelmente já estaria morto de bêbado – que não é bem diferente de agora – e gritando “toca uma da Britney!” para o cara fazendo o show solo.

- E eu perdi o amor da minha vida, acredita? – Falei e ri de mim mesmo.

- Relaxa cara, ela vai voltar.

- Não ela... Ele! É um garoto! – O barman riu negando com a cabeça. – E não tem como ele voltar, ele morreu.

- Sei que pode parecer isso para você, eu não sou muito bom com garotos, mas se vocês se amam, vocês podem consertar tudo, não precisa dizer que ele morreu.

- Não, você não entendeu, ele literalmente morreu. Ele se matou. – O barman parou o que fazia para me olhar surpreso. – O amor da minha vida morreu e eu não superei isso!

- Eu sinto muito... Eu não sa...

- Kim Namjoon! – Me virei para trás na hora.

Mark, Jungkook e Jimin estavam atrás de mim e não tinham expressões nada boas, ou tinham, não sei dizer, mas que bom que eles vieram, certo? Nós podemos beber juntos.

- O que fazem aqui?

- Taehyung nos mandou mensagem desesperado por você não ter voltado para casa. – Mark falou chegando mais perto de mim.

- Mas por quê? Eu disse que não ia demorar e ainda está tão cedo. – Bebi mais um gole da minha cerveja.

- Namjoon são três horas da manhã! – Jimin falou com raiva e eu arregalei os olhos puxando o meu celular, eu comecei a rir e me desequilibrei, caindo em cima da mesa.

Caralho eu não vi o tempo passar e nem percebi que estava bêbado.

Jungkook foi falar com o meu novo amigo enquanto Jimin pegava uma garrafa d’agua em uma geladeira grande. Ele me empurrou a garrafa aberta e eu quase derramei tudo em mim, me engasguei enquanto eu bebia porque essa situação toda era muito engraçada.

- Quanto deu a conta dele? – Ouvi Jungkook perguntando e voltei a rir, eu já tinha pagado, eu não sou doido de beber mais do que o dinheiro que eu tenho, meu bolso está cheio de recibos.

- Namjoon, vamos embora. – Mark me puxou para ficar em pé.

O Mark! Eu preciso concluir a minha história pro barman.

- Espera vem aqui! – Eu o puxei para perto e o virei de frente para o Barman. – Olha, era dele que eu estava falando.

- Você é o amor da vida dele que morreu?

- O que? – Mark perguntou.

- Não! – Respondi. –  É ele que tem o sorriso parecido! – Comecei a rir de novo, ele não entendeu nada do que eu falei? Expliquei tão direitinho. – Vai Jin, sorrir pra ele.

- Do que você me chamou?

- Eu disse para você sorrir para ele! – Tentei falar mais alto para que ele me entendesse.

- Namjoon, chega! Você já fez merda o suficiente! – Jungkook me puxou com agressividade e procurou alguma coisa em mim, eu ri de novo porque estava fazendo cocegas. – Achei. – Ele mostrou a minha chave.

Caralho! Eu tenho que ir para casa, prometi pro Taehyung que eu não ia demorar.

- Verdade! Eu tenho que ir pra casa! – Tentei pegar as chaves, mas Jungkook não deixou.

- Eu levo ele. – Ele disse e eu olhei em volta.

- Levar quem?

- Jun, tem certeza de que consegue? – Jimin perguntou, sério? Eles estavam falando de quem?

- Sim, leva o Mark para casa. – Ele jogou outras chaves para o Jimin. – Depois me busca na casa deles.

- Toma cuidado, Jun, por favor. – Jungkook sorriu e concordou com a cabeça.

- Vem, seu grande imbecil! – Ele passou um dos meus braços pelo pescoço dele e me ajudou a ficar em pé.

- Ei... – Sussurrei para ele o fiz parar no meio do caminho.

- O que é?

- Eu acho que você deveria namorar o Jimin... – Sussurrei de novo para o Jimin não ouvir. Jungkook olhou para mim e começou a rir. – Eu observo você há muito tempo, vocês têm que namorar! – Continuei sussurrando.

- Entendi, mais alguma coisa?

- Sim, eu também acho que preciso ir ao banheiro, me ajuda?

- Porra Namjoon...

Quando o meu alarme tocou no outro dia, eu quis jogar o meu celular na parede e tentar voltar a dormir, mas se eu fizesse isso minha rotina iria ficar completamente bagunçada. A muito custo eu me levantei as sete horas da manhã e desci morrendo de sede e dor de cabeça. Taehyung já estava arrumado e estava sentado à mesa comendo alguma coisa que eu não tive vontade de saber o que era.

Eu queria água.

Quando consegui colocar água em um copo, Taehyung apareceu na minha frente com dois comprimidos, não fiz perguntas, eu só tomei.

- Eu acho que exagerei ontem. – Ele respirou fundo.

- Você acha? – Ele cruzou os braços. – Você fez tanta merda que meu deus!

- Tudo bem, você pode me contar depois? Eu estou atrasado.

- NAMJOON! PARA! – Eu me assustei e olhei para ele. – Caralho, olha pra você! Você chegou as quatro da manhã em casa! Foi dormir quase cinco! Você está parecendo um zumbi de ressaca, caindo por todos os lugares e ao invés de você sentar e descansar você quer voltar pra correria!

- Taehyung eu não tenho escolha. – Tentei falar mais baixo dessa vez, minha cabeça está um caos. – Eu tenho responsabilidades.

- Você não vai conseguir fazer nenhuma delas se estiver morto! – Ele pegou o copo da minha mão e colocou na pia. – Seu pai ligou para o fixo depois que você não atendeu ele a noite toda. Eu disse que você estava dormindo mais cedo porque o cansaço te deixou doente, ele disse que vai tirar folga hoje e que é para você descansar.

- Não precisava fazer isso...

- Se você não se cuida, alguém tem que fazer isso por você. – Ele pegou a bolsa que costuma levar para a faculdade e as chaves de casa, inclusive as minhas. – Eu vou falar na diretoria que você está doente. – Ele levantou as minhas chaves no ar. – E isso aqui, eu vou dar para o Mark, ele vem aqui depois do trabalho para conversar com você e é melhor você se desculpar pelo o que fez!

- Vai me deixar sem chave?

- Vou! Você vai dormir até a hora do almoço, nós vamos almoçar juntos e depois vou te deixar pensando em que tipo de homem você quer se tornar, um amargurado que se autossabota o tempo inteiro ou o cara maduro e inteligente que eu sempre admirei!

Ele se virou para ir embora e eu fui atrás dele. Ele ainda estava na frente da porta colocando os sapatos.

- Tae! – Ele terminou de amarrar os cadarços e olhou para mim. – O que eu fiz de tão ruim para o Mark? – Ele ajeitou a postura e respirou fundo.

- Só vai dormir, certo? Conversamos na hora do almoço, eu vou trazer algo que você gosta.

- Me desculpe por isso tudo.

- Se desculpe descansando! – Ele disse e fechou a porta.

Eu ouvi o barulho da tranca e oficialmente estava sozinho.

Era muito fácil dizer para que eu dormisse quando não era ele que ia ficar com a pulga atrás da orelha pelo resto da manhã pensando no que fez. Eu voltei para o meu quarto e peguei o meu celular. Realmente estava lotado de mensagens e ligações de todo mundo.

Eu abri a minha conversa com o Mark e mandei um “Ei, você está aí”, mas só recebi um “Indo trabalhar, conversamos depois”. Eu mandei mensagens para Jungkook e Jimin também, mas os dois me disseram a mesma coisa, que eu tinha que esperar e conversar com o Mark, não com eles.

Foi assim até a hora do almoço. Eu não consegui dormir, só tomei um banho bem demorado, troquei de roupa e fiquei esperando Taehyung chegar. Enquanto almoçávamos, ele me contou o que eu fiz e não falamos mais nada, até perdi o meu apetite. Como eu deixei tudo isso ir tão longe?

No fim da tarde, Taehyung foi para a casa do namorado e eu fiquei à espera do Mark. Eu ainda não sabia o que ia dizer, não fazia ideia de que desculpa iria elaborar ou se eu queria mesmo dar explicações que não são verdadeiras.

Quando ele chegou, eu fiquei de pé esperando que ele terminasse de destrancar a porta e aparecesse para mim. Quando nos olhamos, nós dois soubemos que aquela conversa não ia ser fácil, mesmo assim eu o abracei e ele me abraçou.

Fomos juntos para o meu quarto e nos deitamos no chão. Olhando para o teto e em total silêncio. Sem saber como começar aquela conversa, foi quando ouvi a voz do Taehyung na minha cabeça.

- Me desculpa...

- Isso não vai funcionar, Namjoon.

- Isso o que?

- Nós dois. – Eu fechei os olhos com força e respirei fundo. Eu sei que não.

- Você tem certeza disso? – Ele riu e virou o rosto para mim. Fiz o mesmo.

- Você ainda ama muito o Jin ao ponto de não conseguir ficar com outra pessoa. – Ele tocou no meu rosto e fez carinho com o dedo. – Você ainda está todo confuso.

- Você, não é real Mark. Você deveria estar me odiando agora. – Ele sorriu.

- Ninguém tem culpa por não retribuir os sentimentos de outra pessoa. – Eu sorri sem mostrar os dentes. – Eu sei que você gosta de mim, mas Namjoon, você está procurando algo que eu não sou!

- Como assim?

- Eu não sou o Jin! – Merda... – Eu te disse isso desde o começo.

- Eu sei, me desculpa mesmo! Eu nunca quis que você se sentisse assim. – Respirei fundo. – O Jin teve e tem uma influência muito grande na minha vida, eu nunca admiti isso, mas é... Eu não superei.

- Namjoon, o Jin te amava mais do que tudo. – Eu ri debochado.

- Como pode ter tanta certeza? Você nem o conhecia. – Acabei falando um pouco mais rude do que gostaria, mas aquele assunto me irritava.

- Sim – Ele abaixou a cabeça e sorriu sem graça. –  Mas ninguém que não ame de verdade se dá o trabalho de escrever cartas para alguém.

- Vocês realmente são muito parecidos. – Falei frustrado.

- É eu já ouvi isso algumas vezes. – Rimos juntos. – Arruma a sua mente antes de pensar em seguir em frente com alguém.

- As vezes eu queria que as coisas fossem mais claras.

- Você acredita que existe vida após a morte? – Eu ri.

- Não é algo que eu acredito que tenha, mas é algo que eu queria que existisse, tipo sereias e unicórnios. Poder ver o Jin de novo seria incrível.

- E se o Jin não estivesse morto?

- Como assim?

- Se... – Ele pensa enquanto se senta para me olhar melhor. – Ele tivesse conseguido vencer os tios, vocês ainda estariam juntos?

A maldita pergunta.

- Eu não sei, Ele sempre deixou bem claro o que sentia por mim, e mesmo assim se matou. Às vezes eu acho que ele sabia que não conseguiria, não acho que seus sentimentos eram fortes.

- Namjoon, ninguém vive só de amor. – Eu respirei fundo, quantas vezes eu já não ouvi isso? – Você não pode deixar tudo a merecer do destino, ele já tem muito o que fazer.

- Então agora você quer falar sobre destino? – Me sentei igual a ele, para conversar melhor. – Vai vender a ideia de que tudo está predestinado?

- Não me importa se você não acredita, eu acho que você está predestinado a ser um cara incrível e seguro de si. – Ele tocou na minha mão. – Mas isso é você quem vai correr atrás e, de preferência, sem envolver mais ninguém.

- Eu quero ser esse cara.

- Então me responda. Você consegue viver sem o Jin?

Eu fiquei surpreso, muito para falar a verdade. Eu nunca me fiz essa pergunta e nunca pensei que alguém me faria algum dia. Eu não costumo pensar em perguntas que eu não tenho as respostas. Juro que realmente estava pensando nisso, mas meu celular começou a tocar.

Quando peguei vi que era Taehyung, Taehyung sabia o que eu estava fazendo, então para ele me ligar assim do nada, algo de grande deveria estar acontecendo.

- Só... Só um minuto. – Eu atendi. – Oi Tae, o que aconteceu?

- Namjoon liga no canal sete, agora.

- O que? Por quê?

- Não faz pergunta!

- Tá, calma! Espera! – Me levantei e Mark fez o mesmo, preocupado. Procurei o controle da televisão e coloquei onde ele mandou.

“Hoje nessa tarde de quinta-feira, um casal foi preso acusado de maus tratos e fraude no sistema de saúde contra o sobrinho do qual eram responsáveis legais. Kim Seokjin, um jovem de dezessete anos, fugiu de casa no dia trinta de novembro de dois mil e dezesseis; horas depois, seu corpo foi encontrado na ilha do amor em Busan no dia primeiro de dezembro do mesmo ano. A polícia sul-coreana recebeu na metade do ano passado uma gravação anônima com cenas da agressão e registros de propinas que os médicos psiquiátricos do jovem receberam para que o invalidassem como independente financeiro. Seus tios estavam vivendo fora do país enquanto o julgamento acontecia de forma sigilosa. Decretados culpados, Raymond e Dorine Tuan foram apreendidos no aeroporto assim que chegaram em solo coreano e agora respondem o processo da promotoria...”

- Taehyung, mais que porra, eles estavam em julgamento desde quando?

- Eu não sei! – Ele praticamente gritou e eu me sentei na cama, sem força. – Eles tiveram o que mereciam, Namjoon!

- Sim, mas quem ajudou o Jin?

- Namjoon... – Mark me chamou e eu lembrei que ele estava aqui. – Eu vou para casa, você tem um assunto sério para lidar. – Ele sorriu sem graça e abaixou o rosto.

- Taehyung, espera um pouco. – Deixei o celular em cima da cama e me levantei. – Nós combinamos de nos acertar.

- E já fizemos. – Ele enxugou os olhos, estava quase chorando. – Você ainda tem muita coisa para resolver, o Jin pode estar morto, mas ainda tem muito dele que você não sabe... – Tocou no meu rosto de novo. E sorriu.

- Mark...

Ele ficou na ponta dos pés e me deu um beijo fraco que eu nem pude corresponder, se afastou tão rápido quanto se aproximou.

- Amigos.

- Amigos? – Perguntei para ter certeza, ele concordou com a cabeça e saiu do quarto. Me deixando sozinho outra vez.

Eu me sentei na cama sem saber o que fazer, a televisão no mudo ainda mostrava as fotos do Jin e dos tios dele, eu peguei a celular e coloquei de volta na orelha, podia ouvir a respiração de Taehyung, mas não conseguia dizer nada.

- Está aí? – Ele perguntou e eu respirei fundo para que soubesse que sim. – Quer que eu volte para casa?

- Por favor... Eu não sei o que fazer.