Acordo com dores horríveis na cabeça e no corpo. Involuntariamemte, pus as mãos na cabeça, pois estava realmente insuportável. Só aí percebo que eu não estava deitada em minha cama, e sim no chão. Olho em volta e não era o meu quarto, e sim um deposito de alimentos. Havia várias prateleiras de enlatados com nomes coreanos por todos os lados, e eu não sabia nada de coreano! Quem traduzia tudo para mim eram os meus pais... Mas onde eles estavam?...
Lagrimas começaram a rolar em meu rosto enquanto vou me lembrando aos poucos o que havia acontecido...
~flashback on~
-filha, já está acordada?- Minha mãe fala batendo em minha porta. Coço os olhos e olho o relógio.
-nossa, mãe. 7 da manhã em pleno sábado?
-eu vou comprar algumas coisas na mercearia e no supermercado e vou precisar da sua ajuda e a do seu pai. A geladeira está praticamente vazia.
-mãe, se esqueceu de que eu não sei falar nada em coreano?
-eu sei, amor! Eu só quero que você me ajude a carregar os pacotes. Se arrume rápido, por favor.
-aafs...-fico na cama e hesito por alguns minutos, olhando para o teto.-aai, tá bom.-me levantei, fiz minha higiene matinal e vesti um short e uma blusa qualquer.
-mãe, estou pronta!
-certo, sente-se com seu pai para comer algo antes de irmos.
Observo meu pai comendo sem tirar os olhos da tv. Estava passando o jornal, ao que me parecia. Sento ao lado dele e tento entender alguma coisa que o apresentador falava, mas eu não entendia nada mesmo, por maior esforço que eu fizesse. Meu pai, no entanto, entendia tudo e não parecia estar gostando muito.
-pai, o que ele está dizendo?
-surgiu alguma doença nova, um tipo de raiva nas pessoas...
-que doença é essa?-falo, claramente preocupada.
Ele sorri.
-não precisa se preocupar,____. São muito poucos os relatos de pessoas que pegaram o vírus. Vai ficar tudo bem, eles estão cuidando disso.- ele fala sorrindo e segurando meu queixo.
-hum...certo...
Não demorou muito para que estivéssemos caminhando pelas ruas mais movimentadas da cidade. Minha mãe lia e relia sua lista de compras para ter certeza de que não havia esquecido nada. Meu pai ia a guiando para que ela nao batesse em ninguém enquanto lia. Eu apenas observava as pessoas que andavam por ali. A rua estava mais agitada do que o normal, pessoas corriam em meio as pessoas que caminhavam devagar. Estava tão lotada que não dava para saber se havia acontecido realmente algo ou se era apenas lojas com grandes descontos.
De repente uma movimentação estranha, alguns metros ao meu lado. Me virei para ver o que estava acontecendo e avistei um homem, vindo de uma rua mais vazia, ao longe, estranho demais. As pessoas paravam para olhar e comentar sobre ele.
Seus olhos estavam um tanto vermelhos, e suas pernas não definiam bem uma reta. Seus braços se esticavam e retraíam o tempo todo, sem uma frequência certa para ser considerado um tique. Aquilo era tão estranho que chegava a ser assustador.
-pai, mãe... estão vendo aquele homem?-os dois olharam o homem que se aproximava aos poucos.- o que ele tem? Eu nunca vi ninguém assim antes...
-eu não sei, filha. Se não for um tique, ele pode ter tido algum acidente que afetou a cabeça dele...-meu pai tenta explicar, enquanto continuávamos observando.
Um guarda que estava por ali percebeu que havia algum problema com o rapaz e se aproximou.
-moço, está tudo bem?...- o guarda fala, pondo a mão no ombro do homem.
O doente para de andar e vira o rosto devagar para olhar o guarda. E quando todos menos esperavam, ele avança no braço do policial e morde, arrancando um grande pedaço. Ele grita alto, e seu braço já estava todo ensanguentado. Eu não conseguia piscar, meu coração estava a mil. Minha respiração estava atropelada.
-Pai...
-É raiva!-meu pai fala, nos puxando dali para longe. A rua já estava um caos, todos gritando e correndo para vários lados, fugindo daquilo.-vamos levar a ____ daqui, agora! Isso se transmite pela mordida, e não dou meia hora para essa rua estar tomada por essas coisas!
Corremos para o mais longe possível, e mesmo com toda aquele alvoroço conseguimos sair daquela rua. Mas logo que entramos em outra rua, ela estava quase lotada de pessoas com raiva. Olhavamos para os lados, mas não havia saída. Minha mãe aperta o braço do meu pai, desesperada.
-não tem como fugir disso, Isaque!
Meu pai não conseguia raciocinar, apenas olhava para os lados. Havia, um pouco mais adiante, um depósito de alimentos. Meu pai empurrou várias vezes seu próprio corpo contra a porta até ela finalmente se abrir. Ele nos empurrou para dentro, fechando a porta atrás de nós. Eu não conseguia acreditar.
-Isaque, o que está fazendo?!- minha mãe grita vendo o meu pai derrubar tudo ao chão desesperado.
-procurando algo afiado! Me ajudem!
Vasculhamos tudo, e achamos uma faca e uma chave de fenda.
-para quê o senhor quer isso?
-eu tenho que descobrir como se para essa coisa!
-está louco? vai virar um assacino?!
-____, você não entende?! Essas pessoas estão perdidas! Devemos nos preocupar com nossa pele agora! Se algum vier para cima de você, não exite em fazer isso! Marília, vamos. E não deixe ela sair!
-como assim?! Pai! Não pode me deixar sozinha aqui!
Vejo minha mãe fechar a porta na minha frente.
-mãe! por favor!!
- é para o seu próprio bem,____. Nós só precisamos resolver isso. Não importa quanto tempo a gente demore, se for horas ou se for dias. Eu vou voltar, filha, eu prometo. Eu vou proteger você...
-não! Abre a porta! Por favor! Por favor! Eu não posso ficar aqui!
Batia com tanta força tentando sair que algumas coisas começaram a cair. De repente, senti uma forte dor na minha cabeça, e então tudo escureceu.
~flashback off~
Meu rosto estava molhado de lágrimas. "ela ainda não voltou." Me levantei com esforço, tudo doía. Eu ia voltar a bater na porta, mas percebi que estava entre aberta. Algo lá fora deve ter batido com força e aberto.
Com cuidado, abri.
Aquela cena era devastadora. Tinha corpos caídos por todos os cantos. Haviam facas em suas testas, corpos ao meio... aquilo era simplesmente horrível, eu não conseguia olhar. Mas não demorou muito para eu ouvir um rosnado, perto de mim.
Era uma mulher, seu rosto estava todo desfigurado, e vinha em minha direção. Eu apenas corri o mais rápido que pude, mas meu pé ficou preso em algo e dei de cara no chão. Me virei e ela se aproximava, eu me contorcia tentando me soltar, mas não conseguia. Ela já estava em cima de mim, rosnando em seu rosto.
Foi quando alguém enfiou uma faca em sua cabeça, e o sangue espirrou em meu rosto.
Eu tentei olhar seu rosto, mas estava tudo muito embaçado. Então ele fala um inglês quase perfeito, língua que eu sabia muito bem.
-você está bem?
-E-Eu não sei dizer... eu...
-Ei, tudo bem... consegue ficar de pé? - ele tira o cadáver de cima de mim, solta o meu pé que estava preso e me ajuda a levantar.
-olha, meu nome é Sehun. Eu posso proteger você, procuro sobreviventes. Você tem nome?
-s-sobreviventes?-olho em volta, finalmente encarando todos aqueles cadáveres. -Ai meu Deus,...- eu estava em choque, minha cabeça começa a girar.-... me tira daqui, por favor. Me tira daqui...
-você precisa se acalmar. Por favor. Para lhe tirar daqui eu vou precisar da sua ajuda... se entrar em desespero, vai acabar desmaiando. Aqui é perigoso. Precisamos sair...
Já era tarde. Parecia cada vez mais difícil respirar, minha visão foi apagando aos poucos e não demorou muito para meu corpo desmoronar nos braços dele.
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