História Amor por acaso - Não ousa terminar essa frase, por favor.

Ana.

- O que eu faço pra conseguir me acalmar? – perguntei a Luan e encostei a cabeça no vidro do carro. Nós tínhamos acabado de chegar na festa de Frank, e eu estava nervosa.

- Só sorria e seja simpática com todo mundo, você vai estar comigo, não precisa se preocupar. – ele tentou me passar confiança através de um selinho demorado, e conseguiu. Que efeito era esse que ele tinha sobre mim? As coisas aconteciam de forma tão rápida e simples entre nós que eu não sentia medo, vergonha, nada.

Ele segurou minha mão com força, e um segurança alto conferiu nossos nomes na lista, permitindo a nossa entrada. O lugar tinha uma passarela enorme montada, algumas mesas com cadeiras ao redor, e um barzinho tinha sido montado. Havia muitas meninas da minha idade, e eu notei uma certa correria da parte delas, aliás, todos pareciam apressados ali. Luan me guiou até uma mesa e nos sentamos. Vez ou outra ele cumprimentava algumas pessoas que passavam pela gente, mas eu amava o jeito como ele dedicava sua atenção a mim.

- Frank avisou que vai falar com você depois do desfile. – ele enrolou um fio do meu cabelo. Ele viu minha cara de nervosismo e ergueu meu queixo. – Não faz essa cara, vem aqui. – ele pegou o celular no bolso, e havia uma foto minha dormindo na tela de desbloqueio, eu havia insistido para que ele apagasse, mas Luan foi teimoso e disse que me achava linda daquele jeito e abriu a câmera. – Vamos tirar uma foto pra eternizar o primeiro grande momento da sua vida.

Aproximei-me do seu rosto e beijei sua bochecha, depois tiramos uma sorrindo. Aproveitei a proximidade com o seu ouvido para dizer:

- O primeiro grande momento da minha vida foi quando eu te conheci.- sorri tímida.

- Se você continuar falando essas coisas, eu vou ter que te roubar só pra mim. Eu quero um beijo de verdade, amor. – ele grudou nossas bocas antes que eu respondesse, e ouvi mais um clique da câmera. Minha vontade era aprofundar aquele beijo, dizer que ele me deixava queimando, com pensamentos que eu nunca tinha tido na vida, só que eu não tinha coragem o suficiente pra falar essas coisas, muito menos me entregar tão cedo.

Luan parou o beijo bruscamente, me deixando confusa por alguns segundos. Foi então que entendi, ele olhava para frente e segui seu olhar, era Jade quem vinha entrando. Meu estômago embrulhou quando eu a vi, encolhi meus ombros e por instinto, acabei escondendo meu rosto no peito dele. Por que ele tinha tido essa reação? Será que Luan ainda sentia algo por ela e estava me usando só para causar ciumes? Não, eu não podia pensar assim, ele estava fazendo coisas inacreditáveis por mim, me senti burra só de ter imaginado uma coisa dessas e me encolhi mais ainda. Pelo que eu sabia, ela estava com um mês de gravidez e por ser magrinha, a barriga já estava um pouco saliente. E se esse filho fosse mesmo do Luan? Eu não queria ser um empecilho na vida dele.

- Tá tudo bem, ela não nos viu. Eu não sabia que ela estaria aqui, desculpa. Quer ir embora?

- Não, é só que... a presença dela me incomoda.

- Apenas esqueça que ela está aqui. Vou pegar algo para que a gente beba, me espera. – Luan saiu e me deixou só.

Um grupo de homens olhava para mim, eu estava tensa. Luan simplesmente não voltava e eu não o via no local onde as bebidas eram servidas. Um dos grandalhões estava vindo na minha direção e fiquei de pé, pronta pra sair dali. Não deu tempo.

- Boa noite, senhorita. – ele beijou minha mão e forcei um sorriso.

- Boa noite. – tentei parecer educada.

- Não lembro de você por aqui antes, é nova? – ele me examinava como se eu fosse um pedaço de carne e comecei a ofegar diante de tanto nervosismo.

- Ahn, ainda não fui contratada pelo Frank. – respondi rapidamente. Cadê o Luan?

- Que ótimo. – ele lambeu os lábios e se aproximou. Eu iria gritar. – Então, como a gente pode se acertar? Além de uma carreira promissora, eu posso oferecer outras coisas mais interessantes a você.

- Perdão, acho que não entendi direito o que está querendo dizer.

- Só quero uma noite com você, loirinha.

Luan.

Voltei com as bebidas e de longe vi Ana sendo cercada pelo Isaías, um dos caras mais sem vergonha desse ramo. Ela não estava a vontade, e isso foi o suficiente para que eu apressasse o passo, chegando mais rápido para tirá-la daquela situação. Coloquei as duas taças de champanhe em cima da mesa, e a puxei pela cintura para os meus braços.

- Desculpa a demora, amor. Pedi ao garçom que ele pegasse o melhor champanhe, para a mulher mais linda da noite. – disse alto o suficiente para que ele ouvisse. E a beijei como nunca tinha beijado antes, de um jeito quase selvagem e ela retribuiu, para minha surpresa. Eu precisava me controlar. Quem esse cara pensava que era pra dar em cima da minha namorada? – Ah, Isaías, você está aqui. Não tinha reparado sua presença. – ironizei. Ele encarava a nós dois como um descarado. Nunca tinha tido uma boa relação com ele.

- Estava apenas admirando a beleza da sua, ahn... – ele se perdeu e completei:

- Minha namorada? Sim, ela é bastante linda, sou um cara de sorte. – murmurei com convicção e ele concordou com a cabeça.

- Tenho que conversar com uns amigos, se não se importam... Com licença. – finalmente ele tinha saído.

Ana soltou todo o ar de seus pulmões quando Isaías deu as costas e a abracei.

- Desculpa ter te deixado nessa sozinha, eu realmente pensei que nenhum homem fosse corajoso o suficiente pra dar em cima de você. Ele disse algo que te ofendeu?

- Ele disse que queria uma noite comigo, se você não tivesse chegado tão rápido, eu acho que ele teria me levado a força daqui.

Fechei as mãos em punho e contraí a mandíbula com força. Idiota. Se nem eu tinha tocado Ana ainda, por que ele iria tocar?

- Algumas modelos fazem book rosa, a maioria consegue emprego porque passam a noite com esses caras.

- Book rosa? – ela estreitou os olhos. – Pensei que isso fosse só coisa de novela.

- Infelizmente não é. Que droga! Eu já te fiz passar por cada situação e me sinto tão culpado. – falei bravo.

- Para de falar isso. – ela pediu baixinho.

- É a verdade, Ana. Eu não sei se deveríamos...

- Shhh! Nem ousa terminar essa frase, por favor. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu, desde então eu tenho coragem pra enfrentar qualquer coisa, desde que você esteja do meu lado.

{...}

O desfile já tinha começado há mais de meia hora, e eu sabia que estava próximo do fim. Não prestava atenção em nenhuma das mulheres que passavam na minha frente, meus olhos fitavam Ana ao meu lado, que parecia encantada com tudo aquilo. Acho que esse era realmente o sonho dela. Quando todas já tinham desfilado, o salão explodiu em palmas e guiei Ana pela mão até uma porta restrita que dava acesso ao camarim de onde Frank estava. Empurrei a porta, e ele estava nos esperando.

- Ah, Luan! Luan e minha próxima jóia a ser lapidada. – ele falou animado.

- O que? – Ana disse sem graça.

- Oi Frank. – o cumprimentei. – Ana e eu queremos uma resposta sua.

- Não serei longo, essa menina tem talento, eu soube disso desde quando a vi. Ainda não decidi se ela me servirá como modelo de passarela ou fotográfica, mas com certeza me servirá.

- Isso é um sim?

- Não, isso é um com certeza. Uns ajustes aqui, outros ali, logo logo ela vai ser a mais nova modelo do mercado. Está preparada?

- Oh meu Deus. – ela sorria. – Mal posso acreditar!